Geração eólica offshore é capaz de reduzir impactos do óleo e gás. Na imagem, Hywind Tampen, usina eólica offshore da Equinor na Noruega (Foto: Divulgação)

IMAGEM: HYWIND TAMPEN, USINA EÓLICA OFFSHORE DA EQUINOR NA NORUEGA/DIVULGAÇÃO

 

Syndarma/Abeam pretende trabalhar em agenda para regras consideradas adequadas à atividade e acredita que Antaq continuará a coibir eventuais situações de utilização indevida. Renovação da frota empregada na indústria de O&G também está no radar e, segundo associação, depende da estabilidade regulatória.

A renovação da frota empregada na indústria de O&G e a regulamentação considerada adequada das atividades das embarcações de apoio necessárias à exploração de energia eólica offshore estão entre as prioridades da pauta de desafios e prioridades para o setor elencados pela Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam) e pelo Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma). Um dos objetivos nessa agenda é possibilitar investimentos por empresas brasileiras de navegação (EBNs), seja com construção, seja por meio da conversão de embarcações existentes.

O Syndarma/Abeam não identifica conflitos para enquadramento de embarcações de apoio marítimo para novas atividades em águas jurisdicionais brasileiras (AJB). A avaliação é que, assim como na indústria de O&G, embarcações de apoio marítimo e de cabotagem serão empregadas para atendimento da produção de energia eólica offshore. “Eventuais situações de utilização indevida de embarcações não típicas de apoio marítimo certamente serão coibidas pela Antaq [Agência Nacional de Transportes Aquaviários], como temos verificado ao longo dos últimos anos”, analisou a vice-presidente executiva do Syndarma/Abeam, Lilian Schaefer.

Ela observa demandas pelos mais variados tipos de embarcações de apoio marítimo para atender à indústria de petróleo e gás na costa brasileira em razão da diversidade de fainas que as embarcações de apoio marítimo podem realizar. O Syndarma/Abeam acredita que a demanda, somada ao marco regulatório brasileiro (Lei 9432/97), geraram a decisão de investimentos em novas embarcações no país, e adequações/modernização nas existentes, com maior tecnologia e elevado valor aportado por várias empresas de navegação brasileiras.

Lilian destacou que o cenário permitiu que o Brasil hoje tenha uma frota moderna e em quantidade que levaram o país a ocupar posição de destaque entre os principais mercados que possuem frota no mundo. “Estamos seguros de que o marco regulatório brasileiro é equilibrado porque incentiva a formação de frota brasileira — o que garante autonomia ao país, ao mesmo tempo que permite o afretamento de embarcações estrangeiras sempre e quando não há embarcação brasileira disponível para o atendimento do usuário”, explicou. Ela acrescentou que a política pública de fomento à constituição da bandeira brasileira continua eficaz e que a atividade do apoio marítimo vem sendo adequadamente regulada pela Antaq.

O Syndarma/Abeam considera que a estabilidade regulatória é indispensável para que investimentos sejam realizados e alcancem a cadeia de fornecedores da indústria. Para a entidade, a política pública bem sucedida para a navegação de apoio marítimo brasileira e as regras vigentes devem ser perpetuadas e ajustadas, quando necessário, apenas para que alcancem a amplitude da frota de embarcações dedicadas ao suporte à exploração e produção de energia offshore, a exemplo da prática adotada nos países que se destacam nessa indústria.

A Lei 9.432/97 abrange todas as modalidades de navegação, alcançando diferentes embarcações, sendo as exceções previstas na própria legislação. A Constituição Federal de 1988 trouxe a prerrogativa de emprego da bandeira brasileira, tratando o afretamento de embarcações para operar em AJB como exceção. Lilian lembrou que em 1997, quando a lei foi publicada, as únicas explorações de energia no mar eram as de petróleo, gás e minerais. A avaliação é que a exploração de energia eólica offshore vem sendo desenvolvida recentemente e precisará igualmente de embarcações para fazer o apoio marítimo que já ocorre na exploração de O&G em todas as suas etapas – da exploração ao descomissionamento.

As atividades e funções das embarcações são semelhantes: instalação da plataforma de energia eólica, desenvolvimento, exploração e descomissionamento. Para o Syndarma/Abeam, a exploração da energia eólica offshore é uma oportunidade para trazer novos investimentos, emprego e renda para o Brasil, o que depende que a política pública para a navegação prevista na Lei 9.432/97 seja aplicada a este segmento. “Assim, as EBNs e os investidores estrangeiros terão a segurança jurídica necessária e que já se mostrou eficiente no atendimento ao mercado de O&G”, afirmou Lilian.

FONTE: PORTOS e NAVIOS – Danilo Oliveira

 (Jornal Brasil em Folhas/Flickr)

IMAGEM: (Jornal Brasil em Folhas/Flickr)

No quarto trimestre, desocupação atingiu 7,9% , diz IBGE

A taxa de desemprego do Brasil foi estimada em 7,9% no quarto trimestre de 2022, informou nesta terça-feira (28) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Antes da divulgação do resultado, analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam taxa de 8%.

O desemprego marcava 8,7% no terceiro trimestre de 2022, o período anterior da mesma série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). No trimestre até novembro, que integra outra série da Pnad, o indicador já estava em 8,1%.

Com os novos dados, a taxa de desemprego fechou 2022 em 9,3% na média anual. É o menor nível desde 2015.

O número de desempregados, por sua vez, foi estimado em 8,6 milhões no quarto trimestre de 2022. O contingente somava 9,5 milhões no terceiro trimestre e 8,7 milhões no intervalo encerrado em novembro. 

A população desempregada, conforme as estatísticas oficiais, é formada por pessoas de 14 anos ou mais que estão sem trabalho e seguem à procura de novas vagas. Quem não tem emprego e não está buscando oportunidades não entra nesse número.

A Pnad retrata tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal. Ou seja, abrange desde os empregos com carteira assinada e CNPJ até os populares bicos. 

Após os estragos causados pelo início da pandemia, em 2020, a geração de vagas foi beneficiada pela vacinação contra a Covid-19 a partir de 2021. A imunização permitiu o retorno da circulação de pessoas e a reabertura dos negócios, intensificada em 2022.

A recuperação do trabalho foi acompanhada em um primeiro momento pela queda da renda média, que desabou com a disparada da inflação.

Recentemente, o rendimento deu sinais de melhora com a trégua de parte dos preços e a volta do emprego formal.

A recuperação do mercado de trabalho, contudo, tende a perder velocidade em 2023, segundo economistas. A projeção está associada ao efeito dos juros elevados, que costuma esfriar a atividade econômica e, consequentemente, a abertura de vagas.

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

IMAGEM: CARL DE SOUZA/AFP

Com petróleo caro, estatal lucrou R$ 188,3 bilhões no ano; nova gestão tenta reter dividendos

Beneficiada pela escalada das cotações internacionais do petróleo, a Petrobras fechou 2022 com o maior lucro anual da história das empresas brasileiras: R$ 188,3 bilhões, alta de 76,6% em relação ao resultado de 2021, que havia sido o maior já anunciado pela estatal.

Com o lucro recorde, a empresa teria que distribuir mais R$ 35,8 bilhões em dividendos, mas a nova gestão propôs a retenção de R$ 6,5 bilhões em uma reserva estatutária, que será avaliada pelos acionistas em assembleia.

A elevada distribuição de dividendos pela companhia, que se tornou a segunda maior pagadora do mundo em 2022, era alvo de fortes críticas do PT e de seus aliados. Mesmo se acatada a retenção, a empresa terá distribuído mais de R$ 200 bilhões pelo resultado do ano.

O lucro divulgado pela Petrobras nesta quarta-feira (1º) supera os R$ 129,1 bilhões anunciados pela Vale em 2021, em valores corrigidos pelo IPCA, até então o maior já registrado por uma companhia brasileira, segundo Einar Rivero, da TradeMap. 

No texto que abre o balanço, o diretor Financeiro da companhia, Rodrigo Araújo, diz que anuncia o resultado com "muito orgulho e um forte sentimento de dever cumprido". Ele foi indicado ainda no governo Jair Bolsonaro e será substituído pela nova gestão petista.

Araújo diz que o lucro recorde resulta "de uma longa trajetória de superação de enormes desafios, gestão eficiente, escolhas estratégicas consistentes que se mostraram acertadas e foco na geração de valor". A empresa fechou o ano com dívida bruta de US$ 53,8 bilhões, queda de 8,4%. 

De acordo com a Petrobras, o desempenho se deve principalmente à alta do preço do petróleo, maiores margens na venda de combustíveis, melhor resultado financeiro e ganhos com acordos de coparticipação em campos do pré-sal, que lhe renderam ressarcimentos por investimentos já feitos.

No ano, a estatal vendeu petróleo ao preço médio de US$ 101,19 por barril, alta de 43,1% em relação ao ano anterior. O preço médio de sua cesta de combustíveis bateu novo recorde, a R$ 632,2 por barril, alta de 51,9% em relação a 2021.

A escalada dos preços dos combustíveis levou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a intervir na estatal, com a troca de dois presidentes durante o ano, e no mercado em geral, com a desoneração de impostos federais e imposição de teto para o ICMS sobre os combustíveis.

A cobrança de impostos foi retomada nesta quarta, em alíquotas menores do que as anteriores, na primeira grande intervenção do governo Lula na empresa, que reduziu o preço da gasolina para compensar parcialmente a alta na carga tributária.

O governo decidiu também taxar as exportações de petróleo por quatro meses, o que terá impacto nos resultados da Petrobras pelos próximos trimestres. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as empresas de petróleo têm lucros "exorbitantes" e que a solução é de transição.

De fato, além da Petrobras, outras petroleiras globais como Shell e BP anunciaram lucros recordes em 2022, impulsionadas pela reação do mercado às sanções impostas à Rússia após o início da Guerra na Ucrânia.

De acordo com levantamento da TradeMap, o lucro anual da Petrobras é o terceiro maior entre as petroleiras globais com ações em Bolsa que já divulgaram balanços, atrás apenas de ExxonMobil e Shell.

Durante o ano, a estatal brasileira teve receita de R$ 641,2 bilhões, alta de 41,7% em relação ao verificado no ano anterior. O Ebitda, indicador que mede a geração de caixa, cresceu 45,1%, para R$ 340,5 bilhões. No quarto trimestre, a empresa lucrou R$ 43,3 bilhões, alta de 37,6% em relação ao mesmo período de 2021.

A proposta de retenção de parte dos dividendos já mostra influência da gestão petista, que pretende mudar a estratégia da companhia, ampliando investimentos e retornando a segmentos abandonados pelas gestões anteriores.

Caso a retenção não seja aprovada pelos acionistas, a empresa distribuirá R$ 215,8 bilhões pelo resultado de 2022, segundo o Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

O valor, diz o diretor técnico do Ineep, Mahatma dos Santos, reafirma "estratégia da empresa de seguir transferindo valor gerado a seus acionistas, em detrimento de uma política de investimentos de longo prazo."

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

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IMAGEM: Marcos Perioto/ arquivo pessoal

 

Na última quinta-feira (23), o DOU (Diário Oficial da União) trouxe a nomeação do novo secretário de Relações de Trabalho, do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), Marcos Perioto.

Perioto é economista e assessor da Força Sindical. Tem vasta experiência política. É um competente quadro técnico.

Pela nova configuração do MTE — conforme determinação do Decreto 11.359, de 1º de janeiro de 2023, aprova a Estrutura Regimental e o quadro demonstrativo dos cargos em comissão e das funções de confiança do Ministério do Trabalho e Emprego e remaneja cargos em comissão e funções de confiança —, e segundo o artigo 27 do decreto, compete à STR:

“I - formular e propor políticas, programas e projetos para a democratização das relações do trabalho, em articulação com as demais políticas públicas, com vistas a fortalecer o diálogo entre o Governo, os trabalhadores e os empregadores;

II - elaborar e propor diretrizes e normas voltadas para a promoção da autonomia das relações entre trabalhadores e empregadores;

III - planejar, coordenar, orientar e promover as práticas da negociação coletiva, da mediação e da arbitragem no âmbito das relações de trabalho;

IV - elaborar estudos, emitir posicionamento técnico e elaborar proposições sobre legislação sindical e trabalhista;

V - elaborar, organizar e manter sistemas de informações, gerenciais, de estatísticas e de bancos de dados sobre relações do trabalho e o Sistema Integrado de Relações do Trabalho;

VI - propor e promover ações que contribuam para a capacitação e o aperfeiçoamento técnico dos profissionais que atuam no âmbito das relações do trabalho;

VII - conceder, prorrogar e cancelar registro de empresas de trabalho temporário;

VIII - editar normas e instruções a serem seguidas quanto a relações de trabalho;

IX - registrar as entidades sindicais de acordo com critérios objetivos estabelecidos em lei;

X - manter e gerenciar o cadastro das centrais sindicais e aferir a sua representatividade;

XI - coordenar as atividades relativas à contribuição sindical;

XII - promover parcerias com órgãos da administração pública na formulação de propostas e na implementação de programas na área de competência;

XIII - apoiar tecnicamente os órgãos colegiados do Ministério, em sua área de competência; e

XIV - acompanhar o cumprimento, em âmbito nacional, dos acordos e convenções ratificados pelo Governo brasileiro junto a organismos internacionais, em especial à OIT, nos assuntos de sua área de competência.”

FONTE: DIAP

IMAGEM: CLASSIFY24

De acordo com o Ministério da Fazenda, o imposto de exportação representará um impacto de 1% sobre o lucro da estatal

Para reforçar a arrecadação, já que a reoneração dos impostos foi parcial, o governo anunciou a criação de um Imposto sobre Exportação de petróleo cru, que terá alíquota de 9,2%. A expectativa é que a nova tributação arrecade R$ 6,7 bilhões nos quatro meses em que ficar em vigor. Ele incide sobre empresas exportadoras de petróleo bruto do país, entre elas, a Petrobras.

De acordo com o Ministério da Fazenda, o imposto de exportação representará um impacto de 1% sobre o lucro da estatal. No entanto, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o novo imposto será positivo para incentivar o refino de petróleo dentro do Brasil. "O imposto de exportação é regulatório. Com isso, queremos atrair outras petroleiras para o refino interno. A medida pode atrair empresas estrangeiras que queiram explorar o refino no Brasil", afirmou Silveira.

Segundo ele, as mudanças devem corrigir uma distorção criada pelo governo anterior com um mecanismo tributário para financiar os acionistas. "O que estamos fazendo hoje é corrigir uma distorção, uma medida eleitoreira que criou um mecanismo contra a população, um mecanismo tributário para financiar acionistas de grandes petroleiras. Tirou dinheiro da educação, moradia, combate à fome e à miséria para financiar esses anúncios cada vez maiores de distribuição de dividendos de grandes petroleiras", disse.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Rio Paraná  (Foto: TV Morena)

IMAGEM: GSHOW/MEU MATO GROSSO DO SUL

 

Ministro diz que já foi enviado um decreto ao presidente Alberto Fernádez que pede a extensão da hidrovia de Posadas até Iguazú, pelo Rio Paraná.

Puerto Iguazú, na Argentina, poderá ter uma hidrovia para o transporte de cargas pelo Rio Paraná. A informação foi confirmada pelo Ministro de Transportes do país, Diego Giuliano, segundo o Portal Lavozdecataratas.

De acordo com o Ministro, já foi enviado um decreto ao presidente Alberto Fernádez que pede a extensão da hidrovia de Posadas até Iguazú, pelo Rio Paraná, além de outros dois portos em Misiones, uma deles no Rio Pilcomayo e outra no Rio Paraguay, em Formosa. 

A proposta foi apresentada durante evento que marcou a reativação do Porto de Posadas, que recebeu o primeiro comboio de barcaças após 45 anos sem atividades. Além do Ministro, também participou do evento o Governador da Província de Misiones, Oscar Herrera Ahuad.

O governador comemorou a reativação do Porto e salientou que o estado (província) terá novos desafios. “Que a província possa ter seu porto operativo e que também seja uma luz de esperança para todo o sistema produtivo industrial de Misiones, é uma reparação histórica” pontuou.

FONTE: 

News

IMAGEM: ©moofushi

Estudo inédito realizado pela Wilson Sons com apoio do Cubo Maritime & Port, iniciativa do Cubo Itaú, Porto do Açu e Hidrovias do Brasil para promover a colaboração entre grandes corporações, revela que há 528 startups vinculados à indústria marítima no mundo.

Os Estados Unidos são o líder do ranking, com 81 startups, seguidos de Israel, com 67. O Brasil fica em oitavo lugar, com 22 startups, à frente de países como França (19), Espanha (17) e Noruega (12).

De acordo com o estudo “Mapeamento de Startups Marítimas e Portuárias”, 214 das shiptechs mapeadas (mais de 40% do total) desenvolvem soluções com uso de Big Data & Analytics. E a Inteligência Artificial/Machine Learning, com 85 startups, fica em segundo entre as principais tecnologias, à frente de Internet das Coisas (IoT), Sensores & Monitoramento (83).

“A relevância econômica do setor, atrelado a seus conhecidos desafios operacionais na gestão, coordenação e segurança das atividades de navegação e atracação, vem chamando a atenção de startups e empreendedores mundo afora. Tal fato é evidenciado pela proliferação de soluções tecnológicas voltadas para a nossa indústria nos últimos anos”, destacou o CEO da companhia, Fernando Salek.

“Atualmente, existem cerca de 20 ecossistemas de inovação dedicados ao tema espalhados por todos os continentes, que englobam mais de 500 startups, com destaque para a quantidade oriunda de países como EUA, Holanda, Israel, Reino Unido e Cingapura. No entanto, apesar da relevância, do potencial econômico e da forte demanda por soluções tecnológicas em nosso setor, entendemos que este número de startups ainda pode aumentar significativamente”, complementou.

Segundo o estudo, dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) indicam que entre 80% e 90% do comércio global são feitos pelo modal aquaviário, enquanto os produtos transportados somam cerca de USD 5 trilhões em valor agregado. E estão acontecendo agora mudanças, em larga escala, que irão transformar o cenário global, com quatro tendências principais: proliferação de ship techs com soluções integradas; mudanças regulatórias focadas em descarbonização; colaboração e compartilhamento de dados (crowdsourcing); e operações remotas ou autônomas de navios e equipamentos portuários.

No caso das startups, a maioria das empresas mapeadas pelo estudo oferece soluções para gestão e monitoramento de frota (155). Em segundo lugar vêm aquelas (147) que apoiam frete e comércio internacional. Outras quatro categorias foram identificadas: serviços especializados (93), gestão de portos e terminais (64), cibersegurança e sustentabilidade (50) e construção e manutenção naval (18).

Sobre as tecnologias, no ranking por Tech Clusters, o destaque é o Big Data, com 214 startups (mais de 40% das shiptechs mapeadas). Ele é aplicado em manutenção preditiva, otimização de rotas, gestão de documentos, automatização de operações e construção de embarcações. Depois, com 85 startups no total, estão a Inteligência Artificial, que é utilizada para a otimização da programação de navios pelas empresas de navegação, e o Machine Learning, um subconjunto de IA, para prever o consumo de combustível e traçar rotas ideais para as embarcações. Internet das Coisas, Sensores e Monitoramento (83) podem ser usados para prever o consumo de combustível e traçar rotas ideais para as embarcações. Além desses foram identificados, no ranking de Tech Clusters, Robótica & Drones (42 startups), Blockchain (20) e Realidade Virtual & Realidade Aumentada (12).istem hoje, em todo o mundo, 528 startups no setor marítimo e portuário ou com soluções que atendam diretamente a demandas dessa indústria, distribuídas por 45 países em cinco continentes.

A Wilson Sons é investidora minoritária em três startups, detentoras de tecnologias e soluções relevantes para a transformação digital da indústria. A israelense DockTech (faz mapeamento do leito dos portos para tornar mais eficientes a navegação e a dragagem), a brasileira Argonáutica (com a ferramenta de calado dinâmico otimiza a carga dos navios e a atracação nos terminais) e a britânica AlDrivers (conversão de veículos e maquinários convencionais, como caminhões, em equipamentos autônomos).

FONTE: PORTOSeNAVIOS

IMAGEM: MERCOSUL

Para a alemã Anna Cavazzini, vice-presidente de delegação voltada ao Brasil, governo Lula cria cenário favorável à cooperação, mas 'rede de segurança' é essencial

Em janeiro, durante visita do premiê alemão Olaf Scholz a Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse esperar concluir o acordo comercial entre União Europeia (UE) e Mercosul até a metade de 2023. O tratado, que se arrasta há mais de 20 anos, foi assinado em junho de 2019, no governo Bolsonaro, mas nunca foi ratificado, por uma série de entraves, em especial os retrocessos do Brasil na agenda socioambiental.

Para a eurodeputada alemã Anna Cavazzini, vice-presidente da delegação voltada ao Brasil e presidente da Comissão de Mercado Interno, antes de passar a valer, o texto precisará de uma revisão que garanta compromissos mais rígidos com o meio ambiente. Na visão dela, que é vice-presidente da delegação de relações com o Brasil, os termos, escritos há duas décadas, ficaram ultrapassados e, por serem não vinculativos, não garantem ações alinhadas com a redução do desmatamento.

"[O acordo] tem padrões de sustentabilidade realmente não vinculativos, suspensos, que no final não terão grande efeito. Então precisamos ajustar isso e colocar a sustentabilidade e o combate ao desmatamento no centro do acordo, e só assim poderemos avançar", diz ela, que deve visitar o Brasil com outros colegas de Parlamento Europeu em maio. 

A delegação é presidida pelo eurodeputado português José Manuel Fernandes, do Partido Social Democrata.

Em entrevista à Folha, Cavazzini demonstra, porém, otimismo em relação a outras legislações discutidas recentemente no Parlamento Europeu, como o novo regulamento que proíbe a entrada de commodities ligadas ao desmatamento. 

A legislação, que tem o potencial de afetar as exportações do Brasil, rejeita uma série de produtos —carne, soja, madeira, borracha, cacau, café e óleo de palma (dendê)— provenientes de áreas que tenham sido desmatadas, ainda que com permissão legal, depois de 31 de dezembro de 2020.

"Esse novo regulamento é realmente uma espécie de revolução, se você pensar bem, porque pela primeira vez temos regras na União Europeia que avaliam as cadeias de suprimentos e, no final, vão proibir a importação de mercadorias de áreas desmatadas. Esse é um grande passo na luta global contra o desmatamento", afirma.

Embora a regulamentação ofereça proteção à Amazônia, à mata atlântica e ao chaco, biomas tipicamente florestais da América do Sul, ela foi criticada por ambientalistas por excluir o cerrado do acordo.

Nessa e em outras discussões fundamentais às políticas contra as mudanças climáticas, diz Cavazzini, o desafio dos deputados verdes é mostrar que "o futuro só pode ser defendido como um todo", sem dicotomia entre economia e sustentabilidade.

"Se não protegermos o clima também destruiremos nossa economia e o futuro de nosso planeta", avalia.

Como vice-presidente da delegação de relações com o Brasil, quais são as suas principais prioridades para este ano? 

A delegação finalmente visitará o Brasil. Foi muito difícil nos últimos anos por causa da crise da Covid e depois também por circunstâncias políticas, mas agora planejamos fazer nossa primeira viagem em missão ao Brasil em maio.

Acho isso muito bom porque o mais importante também é nos comunicarmos com nossos colegas parlamentares e ver quais são os debates no Brasil, quais são os debates na Europa, como podemos trocar.

Nos últimos dois anos, me concentrei muito na luta contra o desmatamento e no apoio a todos no Brasil que lutam pelos direitos humanos, pelo estado de direito, pela democracia, pelo meio ambiente, é claro. Agora, o contexto provavelmente muda um pouco com o novo governo, e acho que há muito mais caminhos e áreas para cooperação do que antes. 

Nesse sentido, a ministra Marina Silva está empenhada em levar adiante o acordo comercial Mercosul-UE. O que a senhora acha que é necessário para que isso aconteça? 

Acho que, antes de tudo, o governo brasileiro precisa restabelecer toda a legislação e as instituições ambientais que foram desmanteladas por Bolsonaro, porque acho que sem isso não poderemos ter nenhum acordo comercial que estimule ainda mais o desmatamento nas exportações de produtos agrícolas, enquanto não tivermos uma rede de segurança para que não ocorra mais desmatamento.

Portanto, acho que essa é a precondição para que eu tenha qualquer conversa sobre qualquer acordo comercial e, então, acho que partes do acordo comercial precisam ser ajustadas.

É um texto muito antigo, de 20 anos atrás. Tem padrões de sustentabilidade realmente não vinculativos, suspensos, que no final não terão grande efeito. Então precisamos ajustar isso e colocar a sustentabilidade e o combate ao desmatamento no centro do acordo, e só assim poderemos avançar.

A senhora poderia, por favor, descrever em que estágio está a implementação do Green Deal [Acordo Verde] da União Europeia? 

O Green Deal é o objetivo abrangente de criar uma economia neutra em relação ao clima na União Europeia, no máximo até 2050, mas provavelmente ainda mais depressa.

E todo o Green Deal é composto por vários documentos legislativos que garantem que atingiremos esse objetivo. Por exemplo, no que diz respeito a expandir as energias renováveis, maior eficiência energética, e também economias circulares, e ainda muitos artigos de legislação que estão sendo negociados no momento para que o meio ambiente alcance a neutralidade climática e também para mantermos nossa competitividade, ou mesmo aumentá-la, porque acreditamos que esse é o futuro. O futuro só pode ser defendido como um todo.

Como a senhora vê a implementação do acordo até agora? 

Nós, verdes, infelizmente, não somos a maioria no Parlamento Europeu, e muitas das legislações que estamos votando não vão longe o suficiente. Por isso, há sempre grandes brigas políticas e ideológicas no Parlamento Europeu, e também nos Estados-membros, sobre até onde podemos ir.

Digamos que o lado direito do Parlamento diga "ok, se formos longe demais, destruiremos nossa economia". Nós dizemos que se não protegermos o clima também destruiremos nossa economia e o futuro de nosso planeta. Dizemos que estamos no caminho certo, que vamos na direção certa, mas precisamos ir mais rápido.

A senhora preside o Comitê de Comércio Interno e Proteção ao Consumidor. Como o comércio pode contribuir para o esforço global contra a mudança climática e uma melhor proteção dos direitos humanos? 

No momento, do modo como o comércio está organizado e como a OMC [Organização Mundial do Comércio] e muitos acordos comerciais bilaterais funcionam, temos muitos problemas quando se fala nas causas das mudanças climáticas ou quando se trata de realmente proteger os direitos humanos.

Precisamos de padrões de sustentabilidade e acordos comerciais realmente executáveis, e que a sustentabilidade seja integrada em todos os acordos. Também precisamos examinar o transporte, porque o modo como os transportes globais funcionam, a remessa constante de mercadorias de um continente para outro, também precisam ser mais sustentáveis.

Qual a sua opinião sobre a versão atual do regulamento da UE para cadeias de abastecimento livres de desmatamento? 

Eu negociei esse caso na Comissão do Mercado Interno e o acompanhei muito de perto. Acho que esse novo regulamento é realmente uma espécie de revolução, se você pensar bem, porque pela primeira vez temos regras na União Europeia que avaliam as cadeias de suprimentos e, no final, vão proibir a importação de mercadorias de áreas desmatadas.

Esse é um grande passo na luta global contra o desmatamento, e nós e o Parlamento Europeu, especialmente com os verdes, conseguimos fortalecer a proposta da comissão. No fim, não conseguimos tudo o que queríamos nas negociações com os Estados-membros. No entanto, acho que é realmente uma regulamentação muito boa e espero que também tenha impactos no Brasil e ajude a combater o desmatamento.

O que virá a seguir em relação a esse processo? 

A legislação ainda precisa ser votada oficialmente no Parlamento, porque tivemos o chamado resultado do trílogo em dezembro. É como uma negociação informal entre o Parlamento e o Conselho, então há um período de transposição de 15 ou 16 meses, e depois entra em vigor.

Como o Brasil poderia se engajar melhor nesse processo de agora em diante? 

Acho importante que as partes interessadas no Brasil que exportam mercadorias reguladas por essa nova lei —por exemplo, óleo de soja ou palma, ou gado— realmente se adaptem e certifiquem-se de que não estão desmatando muito, mas se concentrem em áreas que já estão desmatadas ou que já são campos. É importante entender que, quanto mais o Brasil não desmatar, mais fácil será a exportação.

E como expandir a adoção dessas regulamentações para além da Europa, chegando a mercados como a China, menos engajados em sua agenda socioambiental? 

É muito importante cooperar com outros países, porque, claro, existe o medo de que as empresas depois exportem seus produtos limpos para o mercado europeu, e os outros produtos de áreas que foram desmatadas recentemente, para a China. E é por isso que é realmente importante ter países como a China a bordo.

Já existe muita comunicação. Há negociações com a China ou a Rússia no momento. Acho que também precisamos de um entendimento global sobre isso.

O acordo da COP de dezembro na Conferência de Biodiversidade da ONU [realizada no Canadá] realmente está ajudando, porque temos um acordo global de que todos os países querem manter as florestas, e também a China comprometida com isso. Portanto, acho que esse acordo internacional claramente ajuda.

Há uma discussão em andamento sobre a reforma da OMC (Organização Mundial do Comércio). O que a senhora acha que deveria acontecer na organização para fortalecer sua agenda ambiental e climática? 

A OMC tem uma cláusula de exceção, o famoso Artigo 20 do acordo GATS (Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços, na sigla em inglês), em que os Estados-membros da OMC têm certo espaço de manobra para implementar uma regulamentação social sustentável para também discriminar entre produtos. Acho que esse artigo deveria ser mais usado e deve ser fortalecido.

Também precisamos realmente reformar a OMC para tornar a proteção climática, o clima em geral, o centro da OMC, o que ainda não é o caso.

Sabemos que qualquer reforma na OMC é muito trabalhosa, demora muito. Outros Estados-membros precisam concordar, mas acho que sim, os tempos mudaram desde os anos 90, desde que a OMC foi fundada, e é realmente importante também incluir o Acordo de Paris, os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) na OMC.

A senhora vê alguma oportunidade para isso em curto prazo? 

Sim, acho que estão acontecendo discussões, por exemplo, mais acordos sobre produtos verdes ou para facilitar produtos que sejam mais amigáveis ao clima.

Quero dizer, é mais como uma fruta ao alcance da mão, porque tem mais a ver com liberalização, e isso é sempre um pouco mais fácil na OMC. E acho que outras discussões estão acontecendo, como o acordo de subsídios à pesca, que é uma questão há anos, claro, também muito importante. Já as reformas estruturais mais demoradas são mais importantes, mas também mais difíceis.

Os negociadores da União Europeia chegaram recentemente a um acordo para reformar o esquema de comércio de emissões da UE. O que isso significa? 

Significa que estamos realmente obtendo a maior legislação climática do mundo, e é por isso que é tão importante, claro, também porque a União Europeia é um dos maiores emissores, também historicamente.

A reforma desse esquema de comércio de emissões, que emite muitos certificados, basicamente aumentará o preço do CO2 na Europa e limitará as emissões de CO2 automaticamente —e, com sorte, nos colocará no caminho de 1,5°C [limite de aquecimento do planeta, pelas metas do Acordo de Paris]. Portanto, esta lei é, penso eu, um grande passo à frente.

O que deve ser priorizado para reduzir a dependência da Europa do gás e petróleo russos o mais rápido possível e promover uma transição energética verde e justa, considerando o aumento das importações de gás natural liquefeito russo? A terrível Guerra da Ucrânia infelizmente mostrou o que nós, como verdes, já vínhamos dizendo há alguns anos: que é perigoso, que estamos realmente nos tornando muito dependentes de regimes autoritários com nossas importações de combustíveis fósseis.

Os combustíveis fósseis em geral o tornam dependente, enquanto as energias renováveis são como energias de liberdade. Você pode produzir em casa, pode usar sua eólica, sua solar, e assim por diante.

Portanto, pensamos que a aceleração das energias renováveis, mas também qualquer legislação que nos ajude a reduzir o consumo de energia e o uso de recursos como a economia circular, nos ajudará a nos livrar do combustível fóssil russo. Temos o Acordo Verde da UE e dizemos que o Acordo Verde é realmente a resposta à agressão russa na Ucrânia, que nos tornará mais independentes de regimes autoritários no futuro.

Mas qual é a proposta dos verdes em termos de combinar as prioridades de curto e longo prazos?

Como a senhora disse, ainda não teremos grandes transformações de um dia para o outro, mas, em termos da melhor combinação de medidas de curto e longo prazos, qual é a proposta do Partido Verde? É muito importante que, se no momento estamos substituindo o gás russo por um que não nos bloqueie, que não tenhamos contratos que duram mais 20 anos, mas que tenhamos estruturas de curto prazo.

Por exemplo, também construímos terminais de GNL muito rapidamente na Alemanha porque não tínhamos um, mas também é muito importante garantir que eles possam ser transformados o mais rápido possível em terminais de importação de hidrogênio.

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

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IMAGEM: SABRA SOCIEDADE ARTÍSTICA BRASILEIRA

 

Embora as forças democráticas tenham vencido cinco das últimas seis eleições presidenciais, permanece na ordem do dia a luta por um projeto nacional de desenvolvimento.

É quase consenso no Brasil a opinião segundo a qual o período de 1930/1980 foram os cinquenta anos de ouro do capitalismo brasileiro. Nessas cinco décadas o Brasil bateu sucessivos recordes de crescimento econômico.

Só para comparar, é importante lembrar que nestas cinco décadas o PIB brasileiro cresceu em média 6%. Nas décadas seguintes, o crescimento do PIB encolheu, girando em torno de 2%.

Nos cinquenta anos em pauta, houve mudanças estruturais no país. O Brasil deixou de ser um país essencialmente rural e passou por uma acelerada urbanização. O grande incremento industrial tornou-se o carro-chefe da economia do país.

Como resultado desse crescimento, o Brasil se tornou uma das dez maiores economias do mundo, com relativa mobilidade social. Surge uma potente classe operária e significativa ampliação das chamadas “classes médias” assalariadas.

O nacional-desenvolvimentismo brasileiro se aproveitou de condições externas favoráveis e pisou no acelerador do crescimento, nem sempre com grandes preocupações sociais ou com os desequilíbrios regionais.

Ademais, neste meio século o Brasil alternou períodos democráticos com regimes autoritários, maior ênfase no capital nacional e outros momentos de maior abertura ao capital estrangeiro.

A Era Vargas, como também ficou conhecido este período, sofreu um colapso a partir da década perdida dos anos 80 do século passado, coincidindo com o fim da ditadura militar no Brasil.

A redemocratização do país a partir de 1985 não veio acompanhada de um maior desenvolvimento econômico e social. A bem da verdade, pode-se dizer que a economia do país está há mais de quatro décadas com crescimento pífio.

Os economistas apelidam o crescimento do PIB brasileiro de voo de galinha. Demora a crescer e quando tem um surto de crescimento logo desaba. Esta tem sido a tendência geral do desempenho econômico brasileiro dos últimos 40 anos.

O resultado é que o Brasil, que já foi exemplo de grande crescimento econômico na periferia do capitalismo, padece hoje de uma estagnação crônica. Um exemplo disso é a grande e precoce desindustrialização brasileira.

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos apresentou um estudo apontando que, no início dos anos 1980, a produção industrial brasileira era superior a produção somada da indústria na China, Coreia e Indonésia.

Com efeito, a indústria representava em torno de um terço do PIB brasileiro. Com o acelerado e precoce processo de desindustrialização, hoje a produção industrial no país gira em torno de 10% do PIB.

Estagnação, desindustrialização e reprimarização da economia têm como consequência social a piora nas condições de vida dos brasileiros. O país vive uma situação de empobrecimento generalizado e de perda de perspectiva.

Alguns números atestam a degradação social do país. Em 1990, havia no país 90 mil presos. Em 2019, este número já chegava a 820 mil, crescimento superior a nove vezes. O Brasil responde por 14% dos homicídios no mundo, recorde mundial.

Outros indicadores reforçam essa situação. Desemprego crônico, subemprego, precarização das relações do trabalho e por aí vai. Mesmo a minoria vinculada ao trabalho formal padece de diminuição real dos salários e perda de direitos.

Este é o grande impasse do país e o grande desafio do governo Lula III. Embora as forças democráticas tenham vencido cinco das últimas seis eleições presidenciais, permanece na ordem do dia a luta por um projeto nacional de desenvolvimento.

Sem dúvida alguma que, na atualidade, a mãe de todas as tarefas é construir uma ampla frente política e social para isolar e derrotar a extrema-direita golpista. A manutenção da democracia é fundamental para definir novos rumos para o país.

Ocorre que, em um país de dimensões continentais e população tão grande como a do Brasil, não se pode prescindir de um desenvolvimento econômico forte e duradouro. Governos não se sustentam com economia estagnada.

Por isso, o Brasil precisa realizar mudanças estruturais na sua economia. Uma tarefa fundamental é o forte investimento na reindustrialização, em ciência, tecnologia e inovação, em infraestrutura econômica e social, na geração de empregos.

Para cumprir essa missão, sem a qual a própria sustentação da democracia fica em xeque, o estado precisa ter papel protagonista, ser o indutor do crescimento econômico e promotor da justiça social.

Por certo que este desafio é complexo e cheio de vicissitudes. Como em outras épocas, o país pode se aproveitar de fatores externos favoráveis, como as mudanças na geopolítica mundial que podem abrir janelas de oportunidades para o Brasil.

Para superar a estagnação econômica e iniciar um novo ciclo virtuoso de desenvolvimento, está na ordem do dia a luta pela construção de uma maioria política e social disposta a enveredar por este caminho.

O desenvolvimento é premissa essencial para superar o empobrecimento e o esgarçamento social que dilacera o país. A terceira vitória do presidente Lula abre promissoras perspectivas neste rumo.

A luta pelo desenvolvimento, por justiça social e por valorização do trabalho encontra solo mais fértil com o avanço das forças democráticas e populares e a derrota da extrema-direita. Não podemos perder esta oportunidade!

NIVALDO SANTANA

FONTE: PORTAL VERMELHO

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IMAGEM: FOLHA DE S.PAULO

No mesmo período de 2022, essa proporção era de 29%

Em janeiro, 78% dos reajustes salariais ficaram acima da inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), aponta o boletim Salariômetro, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), divulgado neste sábado (25). Em janeiro de 2022, essa mesma proporção era de 29%.

Em 14,9% das negociações do primeiro mês do ano, o reajuste ficou igual à inflação. Em 7,1% dos acordos, os trabalhadores tiveram perdas reais no salário. O piso mediano ficou em R$ 1.400.

O Salariômetro registra uma tendência de melhora nos reajustes acima da inflação. Em dezembro, as negociações com ganho real representaram 72,9% do total. Em novembro, a proporção era de 45,3%. 

A prévia de fevereiro aponta na mesma direção: 85,7% dos reajustes devem ficar acima do INPC. Até o fechamento do boletim, 49 instrumentos foram tabulados. A Fipe destaca que esses resultados preliminares estão sujeitos a flutuações amostrais e podem se alterar.METODOLOGIA

O acompanhamento das negociações coletivas é feito por meio de acordos e convenções registrados no Mediador do Ministério da Economia.

A Fipe coleta os dados e informações disponíveis no sistema, tabula e organiza os valores observados para 40 resultados da negociação coletiva, reunidos em acordos e convenções e também por atividade econômica e setores econômicos.

FONTE: AGÊNCIA BRASIL

 

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Disputa pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) movimenta a Câmara; grupo de deputados criado para dar celeridade à reforma tributária volta a se reunir

Os trabalhos no Congresso Nacional serão retomados nesta semana após 11 dias de inatividade devido ao Carnaval. O retorno será marcado pela disputa de comando das comissões das casas e pelo debate acerca da reforma tributária.

Na Câmara dos Deputados a principal disputa é pelo comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas também a de Educação, Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC). Todas são acompanhadas de perto pelo Partido dos Trabalhadores (PT), do presidente Lula.

Como principal Comissão da casa, a CCJ é disputada pelo PT e deve contar com apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), uma vez que o partido apoiou sua eleição.

Geralmente as escolhas obedecem ao critério de proporcionalidade entre as bancadas. Nesse caso, isoladamente, o Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro, teria vantagem, pois tem 99 deputados. A Federação formada por PT, PCdoB e PV vem na sequência com 80 deputados e o União Brasil em seguida com 59.

No entanto, apesar da maioria, o acordo com Lira, que passa pelo próprio PL, pode garantir a CCJ ao PT. As definições são realizadas pela reunião de líderes de bancada.

Na Câmara são 30 comissões, já no Senado são 14.

No caso do CCJ do Senado tudo indica que o senador Davi Alcolumbre (União), ex-presidente da casa, deve continuar por mais dois anos à frente da comissão.

O União Brasil forma com MDB, Podemos, PDT, PSDB e Rede tem o maior bloco do Senado com 31 representantes, enquanto PT, PSD e PSB tem o segundo com 28 parlamentares e a minoria é formada por PP, Republicanos e PL com 22.

Com as eleições o PL chegou a ter sozinho 15 cadeiras, porém as trocas fizeram com que o partido ficasse apenas com 12, sendo a segunda mais legenda atrás do PSD que atualmente conta com 15 nomes. Dessa maneira, o partido de Bolsonaro, que almejou a presidência do Senado vencida por Rodrigo Pacheco (PSD), pode ficar apenas com a Comissão de Assuntos Socais (CAS).

Reforma

Na principal proposta que deve permear os próximos passos do Congresso Nacional consta o avanço para implementação de uma reforma tributária. Um grupo de trabalho formado por 11 deputados federais deve retomar as atividades na terça-feira (28) e na quarta-feira (1) para o início da formalização de uma proposta.

O grupo tem o deputado Reginaldo Lopes (PT) como líder e a relatoria do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP). É previsto que o trabalho seja concluído em 90 dias, período em que se realizarão audiências públicas e reuniões com as diversas instâncias interessadas.

O grupo deve analisar as propostas já encabeçadas pela equipe do ministro da Fazenda Fernando Haddad que entende uma reforma em duas etapas, uma para o primeiro semestre de tributação sobre o consumo e outra no segundo semestre voltada ao imposto sobre renda.

 

FONTE: PORTAL VERMELHO/Com informações Agência Brasil

Austin Rating PIB Brasil Ranking mundial economia 2022

IMAGEM: GETTY IMAGES

É preciso aumentar o salário mínimo com uma política que de fato recupere seu poder de compra, fortalecendo o mercado interno e visando a possibilidade de o Brasil voltar a se desenvolver

O Brasil está tentando se levantar da tragédia que foi o governo Bolsonaro e algumas poucas centrais insistem em tirar o foco da necessidade de procurar o melhor caminho para tirar o País do atoleiro em que se encontra. É o que se vê com o chamado “Projeto de Valorização e Fortalecimento da Negociação Coletiva”.

Sem o consenso do Fórum das Centrais, apresentam uma proposta ainda em construção, antecipando-se ao que seria um projeto unitário para ser encaminhado ao Congresso Nacional. Preferiram divulgar, através do jornal Folha de S.Paulo, um frankstein muito mal elaborado, dado como favas contadas para tentar intimidar o movimento sindical e empurrar por goela abaixo esta excrescência.

O máximo que conseguiram foi revoltar o movimento sindical; várias notas de repúdio foram publicadas por muitas entidades sindicais sérias e representativas, que não aceitam ser manipuladas e nem desrespeitadas.

O fatídico projeto escrito por um assessor jurídico da CUT e por um assessor “político” de algumas poucas centrais desrespeita a inteligência dos dirigentes sindicais que não compactuam com a tentativa de neoliberais e socialdemocratas que quererem empalmar o movimento sindical brasileiro, com suas propostas divisionistas e liquidacionistas.

O tal documento retira o Estado da regulação para melhor atingir seus objetivos e cria um conselho ou câmara bipartite (patrão e trabalhadores) para resolver qualquer questão sindical, representatividade, eleições, acordos e outros temas.

Com isso, tira do sindicato o direito de ser legítimo representante dos trabalhadores. Em qualquer caso de divergência na representatividade, é só uma dessas centrais se aliar com os patrões que o sindicato de fato mais representativo fecha as portas, dando lugar a uma aliança esdrúxula que, ao final e ao cabo, vai representar os interesses patronais.

A tal proposta tira o poder de negociação dos sindicatos e os transforma em meros carimbadores de acertos feitos por centrais. Acaba com a unicidade sindical ao abrir espaço para os patrões perseguirem os trabalhadores filiados ao sindicato pelo trabalho sério dos dirigentes. Podem entupir assembleias de falsos associados para desmantelarem a verdadeira organização sindical no local de trabalho.

A presidência desse Conselho proposto será em forma de rodízio com três centrais que se dizem as mais representativas (CUT, Força Sindical e UGT), mesmo que não existam critérios de aferição há mais de quatro anos (muita coisa mudou nesse período).

Além disso, o documento prevê que o tal conselho passa a administrar milhões de reais da contribuição dos trabalhadores, de acordo com os seus interesses.

Pelo documento, as federações e confederações são extintas, como se essas entidades fossem responsáveis pelas retiradas de direitos realizadas por Temer e Bolsonaro, com a ajuda de alguns desavisados dentro do movimento sindical. As confederações e federações têm o papel de apoiar os sindicatos nas negociações e fortalecê-los.

O que precisamos, neste momento, é regulamentar o artigo 8° da nossa Constituição e garantir um custeio às atividades sindicais, por meio de uma contribuição negocial aprovada em assembleia. Isso fortaleceria o movimento sindical para realizar suas lutas e ajudar o governo federal também a enfrentar a ganância dos rentistas, agiotas e especuladores.

É preciso enfrentar com firmeza a atitude nefasta do presidente do Banco Central “independente” que inviabiliza e sabota o governo e o crescimento do país com uma taxa de juros absurda de 13,75%, sendo 8% de juros reais, a maior do mundo.

Ao manter a economia do País atrelada a essas taxas, não haverá crescimento, o parque industrial nacional vai se desmilinguido, o desemprego aumentando, a miséria e a fome destruindo os lares da população brasileira. Precisamos de uma forte união dos setores produtivos para defenestrar da presidência do Banco Central esse “Chicago boy” e colocar em seu lugar um que represente o resultado eleitoral de 2022.

É preciso aumentar o salário mínimo com uma política que de fato recupere seu poder de compra, fortalecendo o mercado interno e visando a possibilidade de o Brasil voltar a se desenvolver. O salário mínimo sugerido pelas centrais todas foi de R$ 1343, e não o de R$ 1320 definido pelo ministro da Economia, Fernanda Haddad, que se dobrou à pressão demagógica do “mercado”.

Esse tal mercado não sente fome, não fica desempregado, não fica no meio da rua da amargura como milhões de seres humanos ficam. Esse tal mercado não fica doente – ele só serve para assaltar as nações e espoliar os trabalhadores. Que se exploda o mercado. Vamos unidos tirar o Brasil do mapa da fome, da miséria e do desemprego.

UBIRACI DANTAS OLIVEIRA

FONTE: PORTAL VERMELHO