IMAGEM: AGÊNCIA FPA

Especialistas e interessados se reuniram no Ministério para avaliar o projeto da primeira concessão hidroviária interior do país
 

Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) e a Secretaria Nacional de Hidrovias e Navegação (SNHN) promoveram na segunda-feira (15), na sede do ministério, o Market Sounding da Concessão da Hidrovia do Rio Paraguai, incluindo o Canal do Tamengo, entre Corumbá (MS) e a foz do Rio Apa. Essa modalidade de consulta visa promover rodadas de conversas com investidores e especialistas para avaliar o interesse do mercado e reunir sugestões sobre projetos em estudo.

O encontro com potenciais investidores apresentou o projeto da primeira concessão hidroviária interior do país e colheu sugestões técnicas e econômicas que serão analisadas para que o projeto de concessão seja aprimorado.

“É um momento importante de escuta que vai nos permitir aprimorar a proposta de concessão da Hidrovia do Rio Paraguai, minimizando entraves jurídicos e tornando o processo mais ágil”, afirmou o secretário-executivo do MPor, Tomé Franca.

O formato do evento foi one-on-one, permitindo reuniões individuais entre participantes, diretores e secretários do ministério. “As sugestões foram coletadas e agora serão analisadas criteriosamente por nosso corpo técnico em parceria com a Secretaria Especial de Programas de Parcerias de Investimentos e Agência Nacional de Transportes Aquaviários”, concluiu.

“O Market Sounding é estratégico para ouvir o mercado, fortalecer políticas públicas de transporte sustentável, ampliar a integração logística e garantir maior eficiência na navegação interior”, destacou o secretário Nacional de Hidrovias e Navegação, Dino Antunes.

A diretora de programas do MPor, Helena Venceslau reforçou que “a iniciativa também contribui para a modernização da logística nacional e a atração de investimentos privados, fortalecendo o desenvolvimento regional e a competitividade do agronegócio”.

Também estiveram presentes representantes da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), e do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).

Modernização e integração
A concessão da Hidrovia do Rio Paraguai integra o Novo PAC, Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal, e tem como objetivo modernizar a navegação interior, fortalecer a logística sustentável e promover a integração entre os modais rodoviário, ferroviário e aquaviário.

O projeto prevê dragagem, sinalização náutica, monitoramento hidrográfico, gestão de tráfego e operações ambientais, garantindo navegação segura durante todo o ano, com calado operacional de 3 metros em períodos de cheia e 2 metros na estiagem. Está previsto um investimento inicial de R$ 43 milhões nos cinco primeiros anos, chegando a R$ 311 milhões ao longo da vigência da concessão.

A próxima etapa do projeto será a consolidação dos estudos finais, submetidos ao Tribunal de Contas da União (TCU). Após a aprovação, o edital da concessão será publicado e o leilão poderá ser realizado.

FONTE: MPOR

IMAGEM: HIDROVIAS DO BRASIL/DIVULGAÇÃO

Brasil tem potencial para explorar mais 20 mil quilômetros de hidrovias e deve realizar no começo de 2026 a primeira concessão de uma delas ao setor privado, o diretor do Ministério de Portos e Aeroportos Otto Burlier, nesta terça-feira.

Burlier, diretor da Secretaria Nacional de Hidrovias e Navegação do ministério, afirmou em entrevista à Reuters que o Brasil possui 40 mil quilômetros de rios navegáveis, mas apenas 20 mil quilômetros são explorados comercialmente.

"Temos um potencial de crescimento muito grande nos próximos anos", avaliou.

Burlier afirmou que o projeto para a concessão da Hidrovia do Paraguai foi encaminhado ao Tribunal de Contas da União (TCU), última etapa antes da publicação do edital para o leilão.

A Hidrovia do Paraguai, que vai de Corumbá (MS) a Porto Murtinho, na foz do rio Apa, fronteira com Paraguai, tem 600 quilômetros de extensão e fica numa área estratégica para o escoamento de cargas no Centro-Oeste, importante região produtora de grãos do Brasil.

"Haverá uma cobrança módica, mas o custo do frete vai cair e vai ser bom para todos", disse o diretor do ministério de Portos e Aeroportos. "O Brasil precisa explorar mais esse potencial", adicionou citando que o leilão poderia ocorrer em 2026, ante expectativas anteriores do governo do certame ocorrer no final deste ano.

Dentro desse potencial a ser concessionado pelo governo nos próximos anos, seis hidrovias são apontadas como as mais promissoras: Paraguai, Madeira, Tapajós, Tocantins, Amazonas (Manaus a Barra Norte) e Lagoa Mirim.

Atualmente, apenas 5% das cargas do país são movimentadas através de hidrovias, segundo dados do ministério. A maior parte é movimentada via rodoviária.

FONTE: REUTERS

IMAGEM:  Canadian Coast Guard/Handout via REUTERS

WSC lança programa global de segurança de carga para combater incêndios crescentes em navios porta-contêineres

O World Shipping Council (WSC) lançou um Programa de Segurança de Carga, pioneiro no setor, com o objetivo de prevenir incêndios devastadores em navios causados ​​por mercadorias perigosas declaradas incorretamente, anunciou a organização.

A iniciativa surge num momento em que os incêndios em navios atingiram o seu nível mais alto em mais de uma década, de acordo com o Relatório de Segurança e Navegação 2025 da Allianz. Mercadorias perigosas declaradas incorretamente são responsáveis ​​por mais de um quarto de todos os incidentes relacionados com cargas.

“Temos visto muitos incidentes trágicos em que cargas declaradas incorretamente levaram a incêndios catastróficos, incluindo a perda de vidas”, disse Joe Kramek, Presidente e CEO do World Shipping Council. “O Programa de Segurança de Carga do WSC fortalece a rede de segurança do setor, combinando tecnologia de triagem compartilhada, padrões de inspeção comuns e feedback do mundo real para reduzir os riscos.”

O programa utiliza triagem de carga com tecnologia de IA e protocolos de inspeção padronizados para identificar remessas de alto risco antes de serem embarcadas. Em sua essência, está uma ferramenta de triagem digital desenvolvida pelo National Cargo Bureau, que utiliza buscas por palavras-chave, reconhecimento de padrões comerciais e algoritmos de IA para analisar milhões de reservas em tempo real.

Quando riscos potenciais são sinalizados, as transportadoras revisam os alertas e, se necessário, verificam as remessas por meio de inspeções físicas direcionadas. O programa já conquistou apoio significativo da indústria, com transportadoras representando mais de 70% da capacidade global de TEU participando do lançamento.

O TT Club, que fornece cobertura de seguro para o setor de transporte marítimo, destacou a urgência da iniciativa, observando que "um grande incêndio em um navio porta-contêineres ocorre aproximadamente a cada 60 dias", de acordo com sua declaração de apoio ao programa.

O Grupo Internacional de Clubes de P&I e o Fórum Global de Transportadores também endossaram a iniciativa, reconhecendo seu potencial para aumentar a segurança no transporte de cargas em contêineres e proteger embarcações, marítimos e o meio ambiente marinho.

Kramek enfatizou que, embora o programa adicione uma camada crucial de proteção, ele "não substitui a obrigação fundamental dos transportadores de declarar mercadorias perigosas com precisão. Esse é o ponto de partida para a segurança e é exigido pelo direito internacional".

A WSC representa transportadoras marítimas que transportam aproximadamente 80% do comércio global. A organização mantém escritórios em Bruxelas, Londres, Cingapura e Washington, D.C.

FONTE: GCAPTAIN

IMAGEM: VRL EXPRESS


Cabotagem está presente no cotidiano das pessoas e vem sendo redescoberta como pilar essencial para a logística limpa do país

Com cerca de oito mil quilômetros de costa navegável – incluindo o trecho de Manaus até a Foz do Amazonas – e grande parte da população concentrada em uma faixa de até 200km do litoral, o Brasil tem vocação para utilizar a navegação de cabotagem, que acontece entre portos do mesmo país e vem sendo redescoberta como um pilar essencial para a logística limpa do país. Com vantagens sobre os outros modais de transporte:

“A cabotagem é entre 15% e 30% mais barata do que o transporte rodoviário. É também mais ecológica, porque emite quatro vezes menos CO2 por tonelada transportada. E oferece mais segurança: a carga chacoalha menos e é menos propensa a roubos porque fica mais tempo da viagem em ambiente protegido, dentro do navio”, lista o presidente da Associação Brasileira dos Amadores de Cabotagem (Abac), Julian Thomas.

Estas são apenas algumas das características que podem justificar o aumento da demanda por esse tipo de transporte no país. Dados divulgados pela Abac mostram que houve um crescimento de 12% no transporte pela cabotagem comparando o primeiro semestre de 2024 e o primeiro semestre de 2025.

Em números absolutos, isso quer dizer que este ano já foram transportados 820 mil contêineres no Brasil, enquanto no mesmo periodo do ano de 2024 foram 730 mil conteineres.

Apesar de estarem comemorando este momento, os armadores de cabotagem também enfrentam alguns desafios, como a preocupação com a elaboração do Plano Nacional de Logística (PNL) 2050, lançado pelo Governo Federal.

Nosso crescimento não está sendo refletido no PNL, apesar do nosso esforço. O governo precisa olhar para isso, poderia dar um selo verde para quem usa a cabotagem, por exemplo. E é preciso dizer: no nosso entender, todos os incentivos para o uso da cabotagem devem ir para os usuários, não para as empresas de navegação”, comenta Luis Resano, diretor da ABAC.

Do aparelho de TV à latinha

Em cada canto de uma residência familiar há objetos que foram transportados por cabotagem, mas segundo Luis Resano, esta ainda não é uma modalidade de transporte conhecida pela maioria da população.

“Nós transportamos grandes volumes, por isso somos contratados por CNPJs (empresas), não por CPFs (pessoas físicas). São, por exemplo, 60 mil toneladas de bauxita por viagem, 40 mil toneladas de bobinas de aço. Um navio carrega até cinco mil contêineres, e isso significa uma fila de caminhões, colado parachoque com parachoque, do Rio de Janeiro até 

Fortaleza. Costumo dizer que, da televisão à latinha de cerveja ou de refrigerante até motocicletas, computadores, papel higiênico, tudo é transportado por cabotagem”, enumera Resano.

A diferença entre a cabotagem e a navegação de longo curso é que, para o transporte internacional, os navios precisam ser maiores, chegam a levar até 13 mil contêineres ou até mais, dependendo da capacidade do porto. Já a cabotagem exige navios menores, que possam entrar em todos os portos da costa brasileira.

Por mar e por terra

Uma das maiores operadoras multimodal e de transporte marítimo de cabotagem do Brasil, a Aliança Navegação e Logística, associada à Abac, tem oito navios que transportam cerca de 330 mil contêineres de 20 pés de comprimento (o que equivale a cerca de seis metros). Mas ela tem também 200 caminhões, além de armazéns / depósitos, que completam uma proposta de uma logística multimodal e integrada e possibilita oferecer um serviço chamado de porta a porta, ou seja: a carga chega no porto, onde já há um caminhão à espera para fazer o percurso, geralmente curto, até o destino final pedido pelo cliente. A empresa opera, atualmente, em 14 portos brasileiros e conta com mais de 1.200 funcionários.

“A Aliança combina eficiência, tecnologia e planejamento logístico, garantindo que cada carga percorra toda a sua jornada de forma integrada, segura e confiável. Nosso objetivo é tornar a cabotagem cada vez mais competitiva e relevante, transformando-a em um pilar sólido da logística brasileira. Além disso, temos um olhar estratégico para regiões com alto potencial de crescimento, como o Nordeste”, diz o head de Políticas Públicas da empresa, Felipe Cassab.

O executivo lista as vantagens da cabotagem sobre o transporte rodoviário: redução de sobrecarga de rodovias, transporte de grandes volumes e maior previsibilidade em prazos e gestão de custos. Cassab lamenta, porém, que apesar dos avanços recentes, como a modernização de portos, a expansão de rotas e a implementação do Programa BR do Mar de 2025, ainda existam desafios a superar para “dar mais resiliência, competitividade e sustentabilidade à matriz de transportes nacional”:

“Nosso objetivo é tornar a cabotagem cada vez mais competitiva e relevante, transformando-a em um pilar sólido da logística brasileira”, explica Felipe Cassab.

Nessa mesma linha de proposta, Cristiane Marsillac, CEO da Marsalgado, plataforma que se dedica a apoiar a transição energética da navegação, acrescenta que a cabotagem tem ainda uma vantagem que torna este tipo de transporte especialmente atraente: o enfrentamento às mudanças climáticas.

“O transporte rodoviário polui 74 gramas de CO2 equivalente por tonelada por quilômetro transportado, enquanto a cabotagem polui 14 gramas de CO2. Além disso, a cabotagem é mais barata e oferece uma série de benefícios para o cliente”, calcula Cristiane.

A executiva, que trabalha com navegação há três décadas, concorda que a cabotagem poderia estar “mais no radar do Governo Federal”: 

“É importante lembrar que, quando se fala em cabotagem, não se fala só em cabotagem marítima, mas sim em multimodalidade. Vai ter um caminhão que sai da casa do cliente até o porto, um navio que vai fazer o trecho principal do transporte e outro caminhão no destino. Ou seja: tem a parceria do marítimo com o rodoviário, cabendo a este o trecho mais eficiente e rentável para o próprio caminhoneiro porque são trechos curtos, possibilitando que ele trabalhe perto de casa, durma com a família, consiga fazer várias viagens por dia”, explica.

Estudo mostra como descarbonizar os transportes

Setor é responsável por 11% das emissões de CO2 do país

Um estudo realizado em 2025 por quatro instituições – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Motiva, CNT e Observatório Nacional de Mobilidade Sustentável demonstrou como tornar o setor de transportes um um contribuidor ativo para a redução das emissões brasileiras.

Segundo a pesquisa, este setor é responsável por 11% das emissões de CO2 do país, das quais mais de 90% são emitidas pelo modal rodoviário.

Considerado o “primeiro passo de uma longa jornada de contribuição do setor para a agenda climática brasileira”, o documento listou 90 alavancas para a descarbonização do setor, sendo três vetores responsáveis por 60% do potencial de redução de emissões.

A expansão da participação do modal aquaviário de 15% para 22%, também na movimentação de cargas, está entre as medidas para a descarbonização do setor. Outras providências seriam a redução da participação do modal rodoviário de 70% para 45%; a ampliação do uso de combustíveis mais limpos; e o aproveitamento da matriz energética limpa do Brasil para eletrificação, em especial para o transporte individual rodoviário.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

 

 

 

IMAGEM: ARSENAL DE MARINHA/DIVULGAÇÃO

Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro: 262 anos de tradição e novos rumos na construção naval

O Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) carrega em sua história mais de dois séculos e meio de tradição e relevância para a construção naval militar do Brasil. Fundado em 29 de dezembro de 1763, a instituição foi inicialmente instalada no sopé do Mosteiro de São Bento, com a missão de construir e reparar navios da Marinha de Portugal.
 

Com uma trajetória marcada por inovações e conquistas, o AMRJ não se limita ao passado. Sua capacidade de adaptação às demandas da Defesa Nacional permitiu que o estaleiro mantivesse relevância estratégica ao longo dos anos. Hoje, a Organização Militar vive um novo ciclo, retomando a construção naval militar com projetos modernos que reforçam a presença da Marinha do Brasil (MB) em águas jurisdicionais e ampliam a proteção da Amazônia Azul.

Segundo o Diretor do AMRJ, o Contra-Almirante (Engenheiro Naval) Mauro Nicoloso Bonotto, a produção paralela dos Navios-Patrulha (NPa) “Mangaratiba” e “Miramar” simboliza a retomada da tradição construtiva e da capacidade do Arsenal de Marinha.

Do Arsenal da Corte ao AMRJ

Ao longo de sua história, o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro passou por diferentes denominações e momentos de transformação. Com a Independência, em 1822, passou a ser denominado Arsenal de Marinha da Corte, até a Proclamação da República, quando recebeu oficialmente o nome de Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. O crescimento das demandas navais levou, em 1840, à expansão da infraestrutura, com a construção de novas instalações na Ilha das Cobras, incluindo o primeiro dique seco.

A consolidação definitiva na Ilha das Cobras ocorreu em 1938, quando a infraestrutura já superava a existente no continente, dando origem ao Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras. Durante alguns anos, os dois estaleiros funcionaram de forma simultânea, até que, em 1948, apenas o da Ilha permaneceu ativo, adotando definitivamente a denominação de Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, que se mantém até hoje.

Ao longo de sua trajetória, o AMRJ consolidou-se como um polo de inovação e tecnologia naval no País. Desde a construção da Nau “São Sebastião”, em 1763, o estaleiro foi responsável por marcos importantes, como a Corveta “Campista” (1824), o Cruzador “Tamandaré” (1884) e o Monitor Fluvial “Parnaíba” (1936), este último em plena atividade até hoje. Já nas décadas seguintes, destacou-se na produção de Navios-Patrulha Costeiros, Navios de Assistência Hospitalar e Corvetas da Classe Inhaúma, consolidando a capacidade nacional de projetar e construir meios complexos.

Um dos maiores saltos tecnológicos ocorreu a partir de 1982, com o início do programa de construção de submarinos. Fruto de uma parceria com a Alemanha, o projeto possibilitou a formação de gerações de engenheiros e técnicos brasileiros e a transferência de conhecimento de tecnologias. O resultado foi a produção, no próprio AMRJ, de três submarinos da Classe Tupi: “Tamoio”, “Timbira” e “Tapajó”, além do “Tikuna”, entregue à Esquadra em 2006.

Na mesma linha, o Arsenal construiu a Corveta “Barroso”, evolução do projeto da Classe Inhaúma, incorporada à Marinha em 2008 e considerada um marco da capacidade nacional em engenharia naval militar.

Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro divulga entregas previstas até 2028

O AMRJ iniciou o segundo semestre de 2025 com a entrega de duas Lanchas de Operações Ribeirinhas (LOpRib) ao Exército Brasileiro. As duas unidades foram destinadas ao Comando Militar da Amazônia e ao Comando Militar do Oeste. A LOpRib é uma embarcação moderna que alia blindagem e proteção balística à alta mobilidade em águas interiores. 

Em 2026, o Arsenal já tem em sua agenda a cerimônia de batismo do Navio-Patrulha (NPa) “Mangaratiba” e, no mesmo ano, o navio será incorporado ao Setor Operativo da MB. O planejamento inclui também, para dezembro de 2028, a entrega do Navio-Patrulha “Miramar”. Essas construções se devem à inclusão do Programa de Obtenção de Navios-Patrulha (PRONAPA) no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que garantiu investimentos no processo construtivo e na infraestrutura de oficinas especializadas do AMRJ.

As embarcações desse tipo têm um papel relevante e estratégico na proteção da Amazônia Azul. Os navios-patrulha garantem a segurança do tráfego aquaviário, auxiliam na fiscalização das águas jurisdicionais e atuam no combate a crimes como contrabando, pesca ilegal e tráfico de drogas. Além de contribuir para a geração de empregos, eles também desempenham um papel vital em missões de busca e salvamento e no apoio à população em áreas isoladas.

O Arsenal de Marinha também segue disponibilizando parte de seus serviços para embarcações de uso comercial e atendendo às demandas de manutenção de meios navais da MB, como foi o caso da primeira docagem do Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico” no País, desde sua incorporação à MB. Durante o período de docagem no Dique “Almirante Régis”, iniciado em setembro de 2024 e concluído em março de 2025, foram realizados diversos serviços de manutenção, como parte do período de docagem de rotina do Capitânia da Esquadra.

De acordo com o Diretor do AMRJ: “A primeira docagem do NAM ‘Atlântico’ no Dique ‘Almirante Régis’ foi uma manobra desafiadora, não somente pelas dimensões do navio, mas pelo seu ineditismo no Brasil”, relembra.

Fonte: Agência Marinha de Notícias – Primeiro-Tenente (RM2-T) Thaís Cerqueira

IMAGEM: WIKIPÉDIA
 
Hidrovia do Rio Madeira possui uma extensão de 1.075 km. Além do Rio Madeira, o decreto também incluiu no PND as hidrovias dos rios Tocantins e Tapajós.
 

O presidente Lula incluiu a Hidrovia do Rio Madeira, que liga Porto Velho (RO) a Itacoatiara (AM), no Programa Nacional de Desestatização (PND). O decreto publicado na última semana no Diário Oficial da União oficializa a intenção de transferir a gestão do trecho para a iniciativa privada.

A Hidrovia do Rio Madeira possui uma extensão de 1.075 km. Ela funciona como uma rota para o escoamento de grãos dos estados de Mato Grosso e Rondônia para o mercado internacional. Além disso, garante o abastecimento de combustíveis e produtos em Rondônia.

Além do Rio Madeira, o decreto também incluiu no PND as hidrovias dos rios Tocantins e Tapajós. Com isso, o programa passa a abranger mais de 3 mil quilômetros de vias navegáveis que, futuramente, poderão ser concedidas à iniciativa privada.

Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), o objetivo da concessão é garantir o abastecimento em Rondônia, melhorar a infraestrutura, reduzir custos no transporte, facilitar a exportação de grãos e atrair investimentos, além de gerar empregos.

Veja os principais pontos da concessão:

O contrato inicial da concessão da Hidrovia do Rio Madeira terá duração de 12 anos, com investimento previsto de R$109 milhões. Os custos operacionais anuais devem girar em torno de R$38,6 milhões. Para viabilizar o projeto, o governo planeja um aporte de R$561,35 milhões, vindo da venda da Eletrobras.

Segundo o governo federal, a concessão permitirá que empresas privadas assumam a operação e manutenção da hidrovia, com investimentos previstos em:

  • Dragagem
  • Sinalização
  • Gestão ambiental
  • Recuperação de terminais

Inicialmente, a meta é transportar 13 milhões de toneladas, podendo chegar a até 21 milhões de toneladas.

Fases do Projeto

Os estudos para a concessão da Hidrovia do Rio Madeira foram apresentados em junho de 2024. Os próximos passos do projeto são:

  • Audiência pública, aberta à sociedade para debater o projeto, receber sugestões e esclarecer dúvidas;
  • Análise do Tribunal de Contas da União (TCU), que avalia a legalidade do projeto;
  • Publicação do edital de concessão;
  • Leilão de Concessão; Assinatura do Contrato.
  • FONTE: G1

IMAGEM: VALOR ECONÔMICO/BANCO DE IMAGENS

Foram 26 milhões de toneladas movimentadas com crescimento de 2,09%. Longo curso também apresentou recorde
 

Com recordes seguidos, o setor portuário teve mais um mês com diversos resultados positivos. A cabotagem - transporte de mercadorias e passageiros entre portos do mesmo país - movimentou 26 milhões de toneladas de cargas em julho. Um crescimento de 2,09%. 

Esse é o maior volume de cargas para a cabotagem no mês de julho desde o início da série histórica, em 2010. Os dados são do Estatístico Aquaviário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ). 

A navegação de longo curso também teve recorde para o sétimo mês do ano. Com alta de 5,8% em comparação com o mesmo período do ano passado, foram movimentados 90,8 milhões de toneladas de cargas. A navegação interior, por sua vez, movimentou 7,8 milhões de cargas.

Movimentação total

Em julho, o setor aquaviário movimentou 124,7 milhões de toneladas de cargas, um crescimento de 4,16%, frente ao mesmo mês de 2024. O que também representa um recorde para o período. A movimentação acumulada, entre janeiro e julho, soma 780,4 milhões, alta de 1,76%.

A movimentação nos portos públicos cresceu 4,32% e 4,07% nos Terminais de Uso Privado (TUPs) em julho. Esse foi o maior volume de cargas registradas nas instalações portuárias para o mês. 

Entre os 20 portos públicos que mais movimentaram no país, o com maior crescimento percentual no sétimo mês do ano foi o Porto de São Francisco do Sul (SC). A instalação, que movimentou 1,7 milhão de toneladas, cresceu 51,04%.

Outro destaque do período é o Porto de Itajaí (SC), que no mês de julho movimentou 0,42 milhão de toneladas de cargas.

Por sua vez, entre os 20 TUPs que mais movimentaram no período, o com o maior crescimento é o Terminal Marítimo Ponta Ubu (ES), com alta de 61,68%. A instalação movimentou 1,2 milhão de toneladas de cargas.

Perfis de carga

A alta na movimentação foi puxada pelos recordes nas movimentações das cargas conteinerizadas, nos granéis sólidos e nas cargas gerais. As cargas conteinerizadas atingiram movimentação de 13,9 milhões, um aumento de 3,32% frente a julho do ano passado.

Desse total, 9,3 milhões de toneladas foram movimentadas em longo curso, 4,5 milhões por cabotagem e 0,1 milhão por navegação interior e apoio portuário. Em TEUs, a movimentação de contêineres foi de 1,3 milhão.

Os granéis sólidos, que representaram 61,4% de tudo que foi movimentado pelos portos brasileiros, registraram 76,6 milhões de toneladas de cargas, um crescimento de 3,73%. Carga geral apresentou alta de 0,89% no sétimo mês do ano, com movimentação de 5,4 milhões.

Os granéis líquidos apresentaram movimentação de 28,8 milhões de toneladas de cargas em julho deste ano e um crescimento de 6,38%.

Mercadorias

Entre os destaques percentuais de mercadorias movimentadas em julho estão os Resíduos da Extração do Óleo de Soja, com crescimento de 23,71% e 2,2 milhões de toneladas de cargas movimentadas; a Soja, com alta de 21,72% e 13,1 milhões movimentados; e o Sal, com aumento de 19,62% e 0,6 milhão movimentados.

Painel Estatístico

Painel Estatístico da ANTAQ está disponível no site da Agência e pode ser acessado via smartphones e tablets. 

FONTE: ANTAQ

 

Teve início o Setembro Amarelo, a campanha mundial de conscientização sobre a importância da prevenção ao suicídio.

Adotada em diversos países a partir dos anos de 1990, aqui no Brasil ela teve a sua primeira edição em 2015, capitaneada por entidades como a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Centro de Valorização da Vida (CVV).

A Conttmaf, que atua na defesa do bem-estar dos trabalhadores em transportes representados pelos sindicatos afiliados, participou na fundação do Observatório Nacional de Saúde Mental e Trabalho, e estabeleceu um grupo de trabalho para debater ações voltadas ao cuidado com a saúde mental no trabalho marítimo, portuário e aeroviário.

A Conttmaf pretende, com essa iniciativa, levantar as condições de “shore leave” nos portos públicos e terminais de uso privado no Brasil, considerando que este direito está relacionado ao bem-estar e à saúde mental.

Além disso, a Conttmaf espera chamar a atenção para a correlação entre a nova NR-1 (MTE) e a MLC 2006 (OIT) no que se refere à saúde mental da gente do mar. Com este trabalho, o GT poderá indicar a necessidade de revisão das NR-29 e NR-30 para adequação às exigências e às recomendações destes dispositivos normativos.

“Apesar da ratificação da MLC em 2021 pelo Brasil, ainda não temos os comitês de bem-estar portuários previstos na Convenção, cujo principal objetivo é garantir que os marítimos tenham acesso à terra quando o navio está no porto, para benefício de sua saúde, inclusive a mental”, disse o presidente da Conttmaf, Carlos Augusto Müller.

De acordo com o diretor de Previdência do Sindmar, Rinaldo Medeiros, o GT também pretende divulgar serviços de apoio psicológico disponíveis para os trabalhadores sem custo, como é o caso do CVV, que pode fazer toda diferença para quem se encontra em situação de dificuldade, desesperado, precisando conversar com alguém.

Participam do GT dirigentes sindicais marítimos, portuários e aeroviários, consultores e médicos.

*Telefone do CVV: 188

IMAGEM: MTE

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) realizará, em março de 2026, a II Conferência Nacional do Trabalho (II CNT), treze anos após a primeira edição. O evento ocorrerá após etapas estaduais e distrital agendadas para o segundo semestre de 2025, como parte da estratégia do Governo Federal de fortalecer a participação social e o diálogo entre trabalhadores, empregadores e poder público.

O documento-base da II CNT, divulgado pelo MTE, destaca o contexto de profundas transformações no mundo do trabalho, agravadas por transições tecnológica, digital, ecológica e demográfica. A Conferência tem como objetivo central formular diretrizes para políticas públicas que promovam trabalho decente, inclusão produtiva e transição justa, alinhadas ao desenvolvimento sustentável e à soberania nacional.

Em sua mensagem, o ministro Luiz Marinho reconhece os desafios enfrentados pelo país desde 2012, incluindo crises institucionais, polarização política e impactos econômicos. No entanto, ressalta avanços recentes, como a criação de mais de 4 milhões de empregos, a implementação do Crédito do Trabalhador – que já ultrapassou R$ 52 bilhões em operações – e a liberação de recursos do FGTS e FAT para fomentar o desenvolvimento.

A II CNT está estruturada em dois eixos temáticos: um dedicado às transformações no mundo do trabalho frente às transições em curso, e outro focado em políticas públicas para emprego, trabalho decente e transição justa. Dentro desses eixos, serão debatidos subtemas como relações do trabalho, negociação coletiva, qualificação profissional, financiamento de políticas via fundos públicos, inclusão produtiva e combate à discriminação.

Entre os objetivos específicos da Conferência estão o fortalecimento do diálogo social tripartite, a promoção da igualdade de oportunidades, a transição da informalidade para a formalidade, a erradicação do trabalho análogo ao escravo e do trabalho infantil, e a valorização dos direitos fundamentais do trabalho.

A metodologia do evento prioriza a participação plural e o debate democrático, com base nos princípios da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A expectativa é que a II CNT produza diretrizes robustas e pactuadas para orientar as políticas nacionais de trabalho na próxima década, integrando crescimento econômico, justiça social e sustentabilidade ambiental.

A Conferência ocorre em um momento de retomada das estratégias de desenvolvimento nacional, com investimentos em infraestrutura, neoindustrialização, transição energética e modernização do Estado. Seu sucesso depende da capacidade de articulação entre governos, setor privado e sociedade civil para enfrentar os complexos desafios do futuro do trabalho.

FONTE: DIAP

IMAGEM: PORTAL DE PREFEITURA

Descoberto no Brasil o maior reservatório de água doce do mundo, superando o Aquífero Guarani


O Sistema Aquífero Grande Amazônia (SAGA) surpreende com volume recorde de água e levanta questões sobre gestão sustentável e segurança hídrica.

Pesquisas revelaram o Sistema Aquífero Grande Amazônia (SAGA), uma imensa reserva subterrânea de água doce que se estende desde o Equador até o Pará. Com volume estimado em 162.520 km³, é atualmente o maior aquífero mundial conhecido — superando qualquer outro, inclusive o famoso Guarani.

Superioridade em volume sobre o Guarani

Embora o Aquífero Guarani seja vasto em área e reconhecido como uma das maiores reservas do planeta, o SAGA o supera em volume total de água, consolidando-se como referência global para disponibilidade hídrica.

Abastecimento, pesquisa e desafios à vista

Essa descoberta muda o paradigma da segurança hídrica na América do Sul. O SAGA representa uma fonte estratégica de abastecimento futuro e um foco de pesquisa que pode ajudar na adaptação às mudanças climáticas.

Sustentabilidade e governança compartilhada

A magnitude do aquífero exige abordagem coordenada entre os países envolvidos. A gestão sustentável será essencial para garantir que a exploração da água seja feita de forma consciente, protegendo esse recurso vital para as próximas gerações.

FONTE: TERRA.COM.BR

https://www.terra.com.br/parceiros/portal-de-prefeitura/descoberto-no-brasil-o-maior-reservatorio-de-agua-doce-do-mundo-superando-o-aquifero-guarani,349459471065afc986f01a51f7e469c42rafy99j.html?utm_source=clipboard

IMAGEM: (Paradip Port Authority)

A Direção Geral de Navegação (DGS) da Índia publicou um rascunho de circular descrevendo as medidas que planeja tomar contra um grupo de 86 embarcações que, segundo ela, recebem relatos recorrentes de abusos de marítimos, problemas com condições de trabalho, foram detidas por autoridades portuárias ou operam sem a documentação adequada. A medida ocorre em um momento em que o setor vem pressionando por medidas mais rigorosas após a Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF) alertar que os abandonos estão atingindo níveis recordes.

O rascunho da circular, datado de 5 de setembro, destaca que o DGS recebeu repetidas reclamações e relatos de abandono, detenção ou prisão de marítimos indianos em determinadas embarcações. A maioria das embarcações, afirma ainda, opera sem a documentação mínima obrigatória, incluindo seguro P&I válido. A autoridade também relata "baixa conformidade" por parte das agências de recrutamento e colocação, afirmando que as embarcações operam sem a documentação adequada para os marítimos.

Além disso, a autoridade indiana relata que, em muitos casos, não recebeu respostas ao contatar o respectivo Estado de bandeira ou Estado portuário das embarcações. De acordo com as convenções trabalhistas marítimas, os Estados têm obrigações quando proprietários/operadores abandonam embarcações dentro de seus registros.

Os casos citados incluem falta de pagamento de salários, falta de repatriação e condições de trabalho desumanas e inseguras. Eles também relatam que as embarcações foram detidas pelas autoridades portuárias e, em alguns casos, estiveram envolvidas em casos de fraude e trapaça.

Um total de 86 embarcações foram identificadas em 2025 com base na "gravidade, recorrência e desafios de execução". O DGS relata que notificações de "justificação de causa" foram emitidas para várias agências de tripulação ligadas aos navios.

A lista de navios é variada, tanto em tipo de embarcação quanto em bandeira. Um nome que se destaca imediatamente é o do petroleiro Eagle S, que está no centro do caso na Finlândia, alegando que o petroleiro arrastou intencionalmente sua âncora, danificando cabos submarinos. Três tripulantes, incluindo um cidadão indiano, estão atualmente sendo julgados na Finlândia. Outras embarcações listadas incluem navios de carga geral, petroleiros e um RoPax.

O projeto de circular orienta as agências de recrutamento e colocação a interromperem imediatamente o recrutamento ou a contratação de marítimos indianos nas embarcações incluídas na lista negra. Além disso, elas são orientadas a providenciar a rápida aprovação, no mais breve possível, dos tripulantes indianos e seu repatriamento seguro para a Índia, com salários, saúde e assistência social.

As agências também são obrigadas a fornecer relatórios, no prazo de 14 dias, detalhando os marítimos empregados nas embarcações. Elas devem detalhar sua situação de repatriação, seus salários e quaisquer pagamentos pendentes. As agências que não concluírem as etapas estão ameaçadas de suspensão ou cancelamento de suas licenças.

A ITF solicitou novas ações, alertando em agosto que a taxa de abandono estava registrando um "aumento preocupante" em 2025. A ITF relatou ter registrado 2.648 casos de abandono de marítimos em 259 embarcações, em comparação com 3.133 marítimos abandonados em todo o ano de 2024. Isso representou um aumento de 87% em relação a 2023.

FONTE: THE MARITIME EXECUTIVE

IMAGEM:RTE

Um dos grandes problemas dos oceanos diz respeito à sua fraca regulação e governança. Aproveitando estas brechas, está a indústria da pesca. Um estudo com imagens de satélite e inteligência artificial revelou que 75% da frota de pesca industrial mundial opera com navios clandestinos — os chamados “navios escuros”, que nunca se identificam e frequentemente invadem áreas marinhas protegidas.

 Segundo o Smithsonian Magazine, pela primeira vez, os pesquisadores criaram um mapa global da atividade humana nos oceanos e nos litorais, publicado na revista Nature. Ao aproveitar imagens de satélite, dados de GPS e inteligência artificial, a equipe descobriu atividades desenfreadas e não regulamentadas em alto-mar, incluindo embarcações de pesca não rastreadas e um aumento no desenvolvimento de energia offshore.

A amplitude e intensidade da atividade humana no mar

‘O estudo ajuda a eliminar os pontos cegos e a esclarecer a amplitude e a intensidade da atividade humana no mar. A afirmação é do principal autor do trabalho, David Kroodsma, diretor de pesquisa e inovação da organização sem fins lucrativos Global Fishing Watch.

Os pesquisadores descobriram que entre 72% e 76% dos navios de pesca industrial do mundo não aparecem em sistemas públicos de rastreamento. Por isso, relatórios anteriores sobre o uso dos oceanos ignoraram grande parte dessa frota.

Nós já sabíamos que a pesca ilegal se alastra tal qual uma pandemia. No mar argentino o prejuízo supera os US$ 2,5 bilhões de dólares! O Chile, em medida inédita, destacou um submarino para vigiar as frotas ilegais.

Mas agora descobrimos que isso é apenas a ‘ponta do iceberg’, em outras palavras, das barbaridades cometidas pela indústria mundial da pesca.

Como descobriram a ‘frota escura’ da indústria da pesca?

A equipe coletou dados de sistemas de identificação automática (AIS) — dispositivos usados em todos os navios para transmitir sua localização e velocidade, registrados publicamente.

Em seguida, analisaram dois milhões de gigabytes de dados de satélite da Agência Espacial Europeia.  E traçaram um panorama do tráfego oceânico entre 2017 e 2021. A equipe treinou um modelo de inteligência artificial para identificar embarcações e outras estruturas no mar. Ao comparar este mapa com as localizações apresentadas nos relatórios AIS, os pesquisadores descobriram muito mais embarcações de pesca do que o previsto.

O número crescente de “frotas negras” estava especialmente concentrado nas águas ao redor do sul da Ásia e da África. Imediatamente soou um alarme para os pesquisadores. Muitas embarcações que participam da pesca ilegal cortam deliberadamente sua conexão AIS.

“Tínhamos uma ideia de que estávamos perdendo uma grande parte da atividade que acontecia no oceano, mas não sabíamos quanto”, disse Fernando Paolo, um dos principais autores do estudo e engenheiro da Global Fishing Watch.

De cada dez embarcações, sete estão localizadas na costa da Ásia

Por exemplo, dados públicos anteriores sugeriam que a quantidade de pesca nas águas europeias e asiáticas era semelhante. Em vez disso, o novo mapa mostra uma história diferente: de cada dez embarcações no oceano, sete estão localizadas na costa da Ásia, enquanto apenas uma está perto da Europa.

No Mar Mediterrâneo, números anteriores mostravam que a pesca no lado europeu era dez vezes maior do que no lado africano. Mas o novo estudo sugere que a quantidade de pesca em ambos os lados é aproximadamente a mesma.

A frota de pesca industrial e as áreas protegidas

Outro estudo, de 2025 e comentado pelo New York Times trouxe algum alívio. Os dados foram fornecidos pela mesma Global Fishing Watch.

Apenas 8% do oceano é protegido por essas zonas, e a maioria não proíbe explicitamente a pesca industrial. De acordo com o Marine Protection Atlas, menos de 3% do oceano proíbe totalmente as atividades em escala industrial, como arrasto ou a mineração em alto-mar.

Atualmente tenta-se mudar esta triste realidade para 30%, ou seja, há um consenso de que os países precisam proteger 30% de sua área continental e mar territorial, enquanto a ONU protegeria outros 30% em alto-mar.

Jennifer Raynor, professora da Universidade de Wisconsin e principal autora de um dos estudos, e seus coautores analisaram quase 1.400 zonas protegidas com proibições explícitas de pesca industrial. Eles encontraram cerca de cinco navios de pesca por 100.000 quilômetros quadrados em qualquer avistamento por satélite, em comparação com 42 em águas costeiras desprotegidas.

FONTE: MAR SEM FIM/ JOÃO LARA MESQUITA - 22/08/2025