Repasses caíram 18% em comparação com mesmo período do ano passado. Nos três primeiros meses de 2023, balanço do MPor contabiliza entrega de dois rebocadores da Starnav que obtiveram financiamento com recursos do FMM e foram construídos no estaleiro Detroit

O repasse de recursos das contas vinculadas totalizou R$ 187 milhões no primeiro trimestre, queda de 18% em relação ao mesmo período de 2022. A maior parte dos valores liberados se concentra no Amazonas, estado que também tem o maior número de operações: 63 das 101 registradas no acumulado de 2023. Outros R$ 45 milhões correspondem à categoria ‘não especificada’, cuja complexidade das operações podem beneficiar dois ou mais estados, conforme os critérios do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Na sequência, aparecem o Rio de Janeiro, com R$ 21,5 milhões em valores liberados, e Santa Catarina (R$ 9,5 milhões), ambos com 2 operações, além de Pernambuco, com uma operação de R$ 5,1 milhões, Amapá (9 operações/R$ 2,3 milhões) e Pará, com uma operação de R$ 1,4 milhão.

Dos R$ 187 milhões de liberações das contas vinculadas, R$ 81 milhões correspondem a 27 projetos de construção naval, R$ 64 milhões à categoria serviços (61 projetos) e os demais R$ 42 milhões da rubrica ‘prestação’ (13 projetos). A navegação interior, com 79 projetos, concentra R$ 106 milhões e os outros R$ 81 milhões são de valores liberados para 22 projetos de cabotagem.

Em relação ao status, R$ 23 milhões foram concluídos, distribuídos em um total de 37 projetos, R$ 110 milhões foram considerados com andamento ‘intermediário’ (42) e R$ 54 milhões (23) estão em estágio inicial.

As operações com recursos das contas vinculadas beneficiaram principalmente armadores dos estados do Amazonas (56 operações, R$ 100,3 milhões liberados), Rio de Janeiro (7 operações, R$ 46,6 milhões), São Paulo (13 operações, R$ 24,7 milhões liberados) e Paraíba (20 operações, R$ 4,3 milhões). Os desembolsos liberados por intermédio dos agentes financeiros às empresas brasileiras de navegação (EBNs) no último ano somaram R$ 684 milhões, ante R$ 614 milhões em 2021.

Em 2022, a execução financeira do FMM alcançou R$ 673 milhões e não houve liberação de recursos desde o final do ano passado até 31 de março de 2023, quando os valores foram consolidados. De janeiro ao fim de março de 2022, o volume acumulado de desembolsos do FMM para empréstimos contratados em relação à receita anual primária proveniente do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) era de R$ 57 milhões.

A conta vinculada é um mecanismo de fomento aos armadores nacionais para que estes renovem, equipem ou reparem suas embarcações em empresas especializadas e estaleiros nacionais. Ela teve origem na implantação da política de fomento à marinha mercante nacional e à indústria naval no país e foi mantida na Lei 10.893/2004, que destina parte do AFRMM gerado nas operações de frete às empresas de navegação. Esses recursos podem ser utilizados na aquisição ou reformas de embarcações e são depositados nas contas vinculadas de AFRMM das EBNs. As contas são abertas no Banco do Brasil em nome das empresas de navegação cujo objetivo é receber parcelas do produto da arrecadação do AFRMM que lhes cabe, movimentadas pelo BNDES.

Contratações e entregas

No acumulado de 2023, com dados informados pelos agentes financeiros do período de 1º de janeiro a 22 de março, não houve a celebração de novos contratos de financiamentos com recursos do FMM. Em 2022 foram firmados 4 contratos que somam R$ 491 milhões, ante R$ 570 milhões em 2021, por meio de 6 contratações de empréstimos com recursos do FMM. De janeiro até o último dia 22 de março, houve duas entregas de dois rebocadores da Starnav contempladas pelo apoio financeiro do FMM, que foram construídos no estaleiro Detroit (SC), no valor total da ordem de R$ 75 milhões.

Os dados do boletim de março/2023 do Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) compilaram informações da Coordenação-Geral dos Projetos dos Fundos de Infraestrutura/Departamento de Fomento e Desenvolvimento da Infraestrutura/Secretaria de Fomento, Planejamento e Parceria (CGFI/DEFOM/SFPP), com base nas resoluções CDFMM.

FONTE: Portos e Navios – Danilo Oliveira

 

Nesta quinta-feira (13), representantes da Conttmaf e das três federações portuárias nacionais se reuniram com o secretário nacional de portos e transportes aquaviários, Fabrizio Pierdomenico, em Brasília. Foi “um primeiro passo na direção de um diálogo permanente entre o governo e as entidades sindicais do nosso setor nas questões de interesse dos trabalhadores”, disse o secretário.

Ao se discutir a necessidade de investimentos em formação, capacitação e treinamento de trabalhadores portuários e aquaviários, as entidades sindicais manifestaram preocupação com o Projeto de Lei 079/2020, do senador Wellington Fagundes (PL/MT).

O PL busca retirar recursos do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Profissional Marítimo (FDEPM), destinando-os ao Serviço Social do Transporte (SEST) e ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT). A Conttmaf acredita que, se isso acontecer, a verba servirá para custeio do sistema sindical patronal, como já ocorre no restante do Sistema S, e os trabalhadores serão obrigados pagar pelo ensino profissional, que atualmente é público.

A Conttmaf e as federações do setor portuário presentes se posicionaram contra esse projeto, defendendo que os recursos do FDEPM sejam excepcionados e desvinculados do orçamento da Marinha do Brasil, vindo a ser destinados diretamente à autoridade marítima brasileira. Deste modo, os recursos que são recolhidos ao fundo poderão ser efetivamente aplicados em benefício dos trabalhadores, na forma prevista em lei, em vez de contingenciados para o pagamento de dívida pelo Tesouro Nacional. As três federações portuárias nacionais reforçaram, ainda, o pedido de apoio ao Ministério para retomar a discussão do PL 3.546/2020, que cria o Serviço Nacional de Aprendizagem Portuária (SENAP).

Pierdomenico declarou aos dirigentes sindicais que o governo não fará privatizações no setor e informou que o Ministério de Portos e Aeroportos buscará retomar as obras estruturantes e necessárias ao desenvolvimento nacional, inclusive as de dragagem. O secretário afirmou que está negociando com a Casa Civil a inclusão de no PAC de Portos e Hidrovias a fim de viabilizar os recursos necessários para tais investimentos. Por outro lado, ressaltou que o governo não é contrário aos Terminais de Uso Privado (TUP), desde que não sejam criados em prejuízo dos portos públicos existentes.

 

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IMAGEM: RH MASTER GESTÃO ONLINE


Até o momento, dois ministros votaram no sentido de validar a cobrança de contribuição estabelecida em acordo ou convenção coletiva, desde que o trabalhador não se oponha ao pagamento.

Nesta semana, em plenário virtual, o STF julga embargos de declaração que podem alterar o entendimento sobre a obrigatoriedade de pagamento da contribuição assistencial a sindicato. Se não houver pedido de vista ou destaque, o julgamento será finalizado na próxima segunda-feira, 24.

Até o momento, dois ministros votaram no sentido de validar a cobrança de contribuição estabelecida em acordo ou convenção coletiva, desde que o trabalhador não se oponha ao pagamento. O ministro Gilmar Mendes, relator, mudou seu entendimento em relação ao julgamento realizado em 2018 após os apontamentos feitos por Luís Roberto Barroso.

Entenda

Em junho de 2018, o Supremo, em processo com repercussão geral, assentou a inconstitucionalidade da contribuição assistencial imposta por acordo, convenção coletiva de trabalho ou sentença normativa a empregados não sindicalizados. O acórdão ficou assim ementado:

"Recurso extraordinário. Repercussão geral. 2. Acordos e convenções coletivas de trabalho. Imposição de contribuições assistenciais compulsórias descontadas de empregados não filiados ao sindicato respectivo. Impossibilidade. Natureza não tributária da contribuição. Violação ao princípio da legalidade tributária. Precedentes. 3. Recurso extraordinário não provido. Reafirmação da jurisprudência da Corte."

Desta decisão foram interpostos embargos, nos quais o ente sindical sustenta omissão e contradição no acórdão embargado, ao argumento de que teria ocorrido confusão entre a jurisprudência relacionada à contribuição assistencial e à confederativa.

Indica que a Corte já teria entendimento consolidado no sentido de ser matéria de índole infraconstitucional a discussão sobre a cobrança de contribuição assistencial, instituída por assembleia, a trabalhadores não filiados ao sindicato.

Aduz, ainda, a existência de jurisprudência do STF, no sentido de que a contribuição assistencial prevista em norma coletiva pode ser cobrada de todos os integrantes da categoria profissional, independentemente de sua associação a sindicato, havendo divergência de posicionamento entre os ministros apenas no tocante à garantia do direito de oposição dos trabalhadores não sindicalizados à cobrança.

Cronologia

O feito foi inicialmente levado a julgamento virtual na data de 14/8/20, quando o relator Gilmar Mendes se manifestou pela rejeição dos embargos de declaração, tendo sido seguido pelo ministro Marco Aurélio.

Na oportunidade, Dias Toffoli pediu destaque do processo, o qual foi levado a julgamento presencial em 15/6/22, sob a presidência do ministro Luiz Fux.

Em julgamento presencial, Gilmar foi acompanhado pelos ministros Dias Toffoli, Nunes Marques e Alexandre de Moraes. O ministro Edson Fachin divergiu, para acolher e sanar as omissões e contradições apontadas, porém sem efeitos modificativos. Naquela ocasião, pediu vistas dos autos o ministro Luís Roberto Barroso.

O feito foi novamente devolvido a julgamento na sessão virtual que se iniciou na sexta-feira, dia 14/4/23, oportunidade em que Barroso trouxe uma nova perspectiva sobre a matéria.

Mudança de entendimento

De acordo com o posicionamento de Barroso, os embargos de declaração devem ser acolhidos para reconhecer a constitucionalidade da cobrança da contribuição assistencial a trabalhadores não sindicalizados, desde que lhes seja garantido o direito de oposição.

"Refletindo sobre os fundamentos de seu voto, entendo que é caso de evolução e alteração do posicionamento inicialmente por mim perfilhado para aderir àqueles argumentos e conclusões, em razão das significativas alterações das premissas fáticas e jurídicas sobre as quais assentei o voto inicial que proferi nestes embargos de declaração, sobretudo em razão das mudanças promovidas pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) sobre a forma de custeio das atividades sindicais", disse Gilmar em seu voto.

"Isso porque, como mencionado pelo Ministro Roberto Barroso, a exigência de autorização expressa para a cobrança da contribuição sindical prevista na nova redação do art. 578 da CLT impactou a principal fonte de custeio das instituições sindicais. Caso mantido o entendimento por mim encabeçado no julgamento de mérito deste Recurso Extraordinário com repercussão geral reconhecida, no sentido da impossibilidade de cobrança da contribuição sindical a trabalhadores não filiados aos Sindicatos respectivos, tais entidades ficariam sobremaneira vulnerabilizadas no tocante ao financiamento de suas atividades."

Segundo o relator, há uma necessidade de evolução do entendimento anteriormente firmado pela Corte sobre a matéria, de forma a alinhá-lo com os ditames da Constituição Federal.

"Tendo em vista que a contribuição assistencial é prioritariamente destinada ao custeio de negociações coletivas, as quais afetam todos os trabalhadores das respectivas categorias profissionais ou econômicas, independentemente de filiação, entendo que a solução trazida pelo Ministro Roberto Barroso é mais adequada para a solução da questão constitucional controvertida por considerar, de forma globalizada, a realidade fática e jurídica observada desde o advento da Reforma Trabalhista em 2017, garantindo assim o financiamento das atividades sindicais destinadas a todos os trabalhadores envolvidos em negociações dessa natureza."

Assim sendo, Gilmar votou no sentido de alterar seu entendimento anteriormente proferido, de modo a acolher o recurso com efeitos infringentes, para admitir a cobrança da contribuição assistencial prevista no art. 513 da CLT, inclusive aos não filiados ao sistema sindical, assegurando ao trabalhador o direito de oposição.

O relator incorporou ao seu voto a tese sugerida por Barroso:

"É constitucional a instituição, por acordo ou convenção coletivos, de contribuições assistenciais a serem impostas a todos os empregados da categoria, ainda que não sindicalizados, desde que assegurado o direito de oposição."

Apenas os dois ministros votaram até o momento.

FONTE: MIGALHAS

https://www.migalhas.com.br/quentes/384903/stf-pode-rever-decisao-sobre-contribuicao-assistencial-a-sindicato

IMAGEM: Pexels

Presença dos sindicatos só se tornou exigida a partir de 14 de junho do ano passado, quando foi publicada ata do julgamento

O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou esclarecimento sobre a exigência de negociação sindical nos casos de demissão em massa, tema de julgamento realizado em junho do ano passado. De acordo com a Corte, essa exigência se aplica apenas às demissões ocorridas após 14 de junho de 2022. Essa foi a data da publicação da ata do julgamento do Recurso Extraordinário (E) 999.345, que resultou em tese de repercussão geral.

Isso aconteceu porque as empresas envolvidas no caso Embraer e Eleb Equipamentos, apontaram possível contradição entre a tese do julgamento e o acórdão. Assim, o STF “teria deixado em aberto a possibilidade de aplicação retroativa do entendimento”.

“Embora o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST), contra o qual o recurso foi interposto, fosse de que a negociação coletiva era imprescindível, a matéria não estava pacificada na Justiça do Trabalho, e Tribunais Regionais do Trabalho proferiram decisões que validavam dispensas coletivas apesar da ausência de intervenção sindical”, diz o STF. O tribunal estava analisando embargos (recursos) sobre o julgamento.

Para o ministro Luís Roberto Barroso, a retroatividade iria impor “ônus desproporcional” aos empregadores. Além disso, não existe disposição legal ou constitucional que impusesse essa exigência. Ele foi acompanhado nesse voto por Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, André Mendonça, Nunes Marques e Gilmar Mendes. As ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia acompanharam o relator, Edson Fachin, pela rejeição dos embargos. Por sua vez, Luiz Fux se declarou impedido. Neste momento, o STF está com 10 ministro, porque Ricardo Lewandowski se aposentou.

FONTE: REDE BRASIL ATUAL

 

Revisão do FGTS impactará diretamente no seu bolso; entenda TUDO sobre esse projeto

IMAGEM: fdr

Para o Dieese, TR não preserva valor dos depósitos do FGTS, com perda de 68% desde 1999

Fórmula precisa conciliar operações de crédito com preservação de um patrimônio que é do trabalhador. Questão será julgada pelo STF

A Taxa Referencial (TR) é inadequada para preservar o valor dos depósitos no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). De junho de 1999 a dezembro do ano passado, a perda acumulada pode chegar a 68,32%. Em nota técnica, o Dieese aponta que “descasamento” entre TR e inflação compromete a correção do saldo do FGTS.

O documento foi divulgado em razão da proximidade do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 5.090. Essa ADI questiona o uso da TR como fator de correção dos depósitos das contas vinculadas. O Supremo Tribunal Federal (STF) agendou o tema para a próxima quinta-feira (20). “A iminência do julgamento recolocou o problema da insuficiência da correção dos depósitos em relação à inflação, que resulta em perdas para os trabalhadores titulares das contas”, afirma o Dieese.

O Solidariedade protocolou a ADI em 2014. O relator é o ministro Luís Roberto Barroso.

Influência dos juros

A nota técnica, o Dieese lembra que a trajetória de queda da taxa de juros pós-1999, que afetou diretamente a TR, se acentuou nos seis últimos anos. “Em junho de 2013, a Selic anualizada havia atingido 7,32%, o menor patamar observado até então. A taxa voltou a subir até acumular 14,15% ao ano, em agosto de 2016, em virtude da política monetária restritiva perseguida pelo Banco Central naquele período.” Agora, está em 13,75%.

Além da taxa básica, o instituto lembra que o BC fez “ajustes” no redutor da fórmula de cálculo, usando como justificativa exatamente a queda da Selic. “Assim, de setembro de 2017 a novembro de 2021, a TR mantida em 0% restringiu a remuneração das contas vinculadas do FGTS aos juros de 3% ao ano. Com a elevação da Selic, a partir do segundo trimestre de 2021, também o redutor aplicado à TBF (taxa básica financeira) foi elevado, ampliando a distância entre essa taxa e a TR.”

Distribuição de resultados

Devido à remuneração insuficiente e com, ao mesmo tempo, desempenho superavitário do FGTS, o governo criou a distribuição de resultados do Fundo de Garantia, por meio de medida provisória, que se tornou lei (13.446, 2017). O argumento era o de que “participação nos resultados seria uma forma de contornar o problema do baixo rendimento das contas vinculadas, sem afetar o custo dos empréstimos e financiamentos concedidos pelo Fundo”.

Assim, de 2016 a 2021, o FGTS contabilizou R$ 72,4 bilhões em resultados – R$ 54,6 bilhões (75,4%) foram distribuídos aos trabalhadores. Para o Dieese, isso mitigou o problema, mas não assegurou proteção do valor real dos depósitos”.

Oferta de crédito

Uma mudança no fator de correção precisa considerar, também, as operações de crédito, para manter sustentabilidade a longo prazo. Com isso, nas áreas de habitação popular, saneamento e infraestrutura urbana, onde os recursos do Fundo de Garantia se aplicam, se exigirá “encontrar uma fórmula que permita a continuidade da oferta de crédito a baixo custo. E, ao mesmo tempo, assegure a sustentabilidade de longo prazo do FGTS”.

“Considerando que os recursos depositados são de propriedade dos trabalhadores, mas estão à disposição da União para aplicação em políticas públicas de habitação, saneamento, infraestrutura e microcrédito, é razoável e justo que o Estado garanta a preservação e valorização desse
patrimônio”, sustenta o Dieese.

FONTE: REDE BRASIL ATUAL

Secom/TST/Divulgação

IMAGEM: Secom/TST/Divulgação

As horas extras incorporadas ao valor do descanso semanal remunerado passaram a entrar no cálculo dos benefícios no dia 20 de março

A partir do dia 20 de março as horas extras incorporadas ao valor do descanso semanal remunerado também devem entrar no cálculo de benefícios, como férias, 13º salário, aviso prévio e FGTS. Este é o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que estabeleceu a nova regra e afastou o que era seguido sobre duplicidade de pagamento.

O relator do IRR (incidente de recurso repetitivo), ministro Amaury Rodrigues, classifica como “questão aritmética” e que a decisão conserta erro que impedia a integração das horas extras sobre os benefícios do descanso semanal remunerado.

“O cálculo das horas extras é elaborado mediante a utilização de um divisor que isola o valor do salário-hora, excluindo de sua gênese qualquer influência do repouso semanal remunerado pelo salário mensal, de modo que estão aritmeticamente separados os valores das horas extras e das diferenças de RSR (repouso semanal remunerado) apuradas em decorrência dos reflexos daquelas horas extras (cálculos elaborados separada e individualmente)”, afirmou.

Dessa forma, quando o trabalhador realizar uma hora extra a mais na semana, receberá por mais uma hora no dia do repouso semanal – como já acontece -, e essa hora agora passa ser contabilizada também nos benefícios: 13º salário, aviso prévio, FGTS e férias.

Ou seja, estes valores ficam maiores para o trabalhador que faz horas extras.

Com a decisão, o TST alterou que Orientação Jurisprudencial (OJ) 394 para garantir que a decisão vai ser seguida pelas demais instâncias da Justiça Trabalhista.

Tese jurídica

A tese jurídica aprovada para o Tema Repetitivo 9, que orientará a nova redação da OJ 394, foi a seguinte:

REPOUSO SEMANAL REMUNERADO. INTEGRAÇÃO DAS HORAS EXTRAS. REPERCUSSÃO NO CÁLCULO DAS FÉRIAS, DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO, AVISO PRÉVIO E DEPÓSITOS DO FGTS. 
I. A majoração do valor do repouso semanal remunerado decorrente da integração das horas extras habituais deve repercutir no cálculo, efetuado pelo empregador, das demais parcelas que têm como base de cálculo o salário, não se cogitando de bis in idem por sua incidência no cálculo das férias, da gratificação natalina, do aviso prévio e do FGTS.
II. O item I será aplicado às horas extras trabalhadas a partir de 20.03.2023.

Ficaram vencidos os ministros Ives Gandra, Maria Cristina Peduzzi, Sergio Pinto Martins e Dora Maria da Costa, que mantinham a redação original da OJ 394.

Julgado o incidente, o processo retornará à SDI-1 para que prossiga o julgamento dos embargos interpostos pela Mix Ideal Atacado e Distribuidora de Alimentos Ltda. na reclamação ajuizada por um carregador, contratado pela empresa em Salvador (BA).

Processo: IncJulgRREmbRep – 10169-57.2013.5.05.0024

FONTES: Agência Brasil e Tribunal Superior do Trabalho

IMAGEM: Elaine Menke/Câmara dos Deputados

O projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, que ficará condicionado à aprovação da nova regra fiscal, foi entregue na sexta-feira (14)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entregará nesta terça-feira (18) ao presidente da Câmara dos Deputados, Arhur Lira (PP-AL), a proposta de arcabouço fiscal que vai substituir o teto de gastos.  

O projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, que ficará condicionado à aprovação da nova regra fiscal, foi entregue na sexta-feira (14).

O líder do governo na Câmara, José Guimarães, diz que como a LDO foi entregue na sexta, quando Lula e Haddad estavam em agenda no exterior, adiou-se a entrega do projeto desta segunda-feira (17) para amanhã.

“A comitiva chegou de madrugada e ainda tem a agenda com o ministro da Rússia [Sergei Lavrov, Relações Exteriores]. Então não tem problema nenhum deixar o texto principal ser entregue amanhã”, disse o líder em entrevista à GloboNews.

José Guimarães diz que há um clima político para votar a matéria em no máximo 20 dias. “O novo arcabouço fiscal trará avanços importantes ao país. Um texto muito bem debatido por todos nós”, afirmou.

Sobre a votação, o líder prevê que a matéria será aprovada com tranquilidade. “Nós aprovamos a PEC da transição em dezembro com boa margem. É certo que o Congresso era outro, mas os líderes eram os mesmos. De lá para cá, os partidos dialogam conosco para formar uma boa base para aprovar matérias importantes ao país”, assegurou.

Juros

Apesar de toda essa movimentação para equilibrar as contas e abrir caminho para os investimentos, o líder criticou a política de juros do Banco Central que está na direção contrária das medidas que estão sendo tomadas.

“O país está numa encruzilhada histórica, de um lado todo o país lutando pelo crescimento econômico e de outro o Banco Central com essa taxa de juros abusiva. Precisa mudar urgente!”, cobrou.

De acordo com ele, não há cenário e nem riscos para uma taxa de juros tão alta. “O governo faz um esforço para aprovar a nova regra fiscal, melhorando o cenário econômico. O BC tem que abaixar os juros abusivos. Precisamos garantir previsibilidade, credibilidade e estabilidade”, disse.

Fim do teto

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse que já enviou a proposta da nova regra fiscal para a Casa Civil com os ajustes necessários.

“Acabei de assinar e já encaminhamos para a Casa Civil o arcabouço. Diante do fato inusitado de termos entregado a LDO com um teto de gastos inexequível (…) O teto já praticamente não existe mais. Por isso, fizemos alguns ajustes jurídicos”, afirmou.

“Hoje, temos um teto de gastos que, se continuasse, não permitiria que pudéssemos cumprir despesas”, disse Tebet, para quem a nova regra traz realismo orçamentário e transparência. “Foi uma determinação da equipe econômica que a LDO tenha esse realismo e transparência”, afirmou.

 

FONTE: PORTAL VERMELHO

Terminal de Contêineres (Tecon), no Porto de Santos — Foto: Divulgação/Santos

IMAGEM: PORTO DE SANTOS/DIVULGAÇÃO

Após a decisão dos revisores e do presidente do Tribunal, a votação sobre a desestatização foi adiada para 60 dias.

A votação do processo de desestatização do Porto de Santos, no litoral de São Paulo, que aconteceria nesta quarta-feira (22), durante a sessão ordinária do Tribunal de Contas da União (TCU), foi adiada em 60 dias. A decisão foi tomada pelo plenário, pois foi proposto pelos juristas que o governo federal seja consultado sobre o interesse de dar continuidade ao projeto de privatizar o porto santista.

A proposta de consultar o governo foi do segundo revisor do processo, o ministro Benjamin Zymler. O jurista enfatizou a necessidade de ouvir a opinião do ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, tendo em vista a recente troca de governo. 

“Após a troca de governo, algumas autoridades reportaram em entrevistas a perda de interesse do governo federal no projeto. Óbvio que eu não conheço a posição do ministro Márcio França, mas ele tem dito, pelo menos é o que leio na mídia, que o projeto [de desestatização] seria abandonado pelo governo”, afirmou Zymler.

O ministro Vital do Rêgo, que é o terceiro revisor do processo de desestatização do complexo santista, concordou com a proposta de Zymler, enfatizando ser ‘eficiente’ e ‘prudente’ consultar o Ministério de Portos e Aeroportos.

Com a palavra, o presidente do TCU, o ministro Bruno Dantas, declarou que, pelo ponto de vista de dinâmica de trabalho, a votação deverá ser suspensa por 60 dias.

“O Tribunal pode muito, mas não pode obrigar o governo a privatizar algo que ele não deseja. [...] Como presidente do Tribunal, vou expedir um ofício ao ministro dos Portos e Aeroportos com o prazo de 15 ou 30 dias para manifestar o interesse ou não de desestatizar o Porto”, acrescentou Dantas.

Outros adiamentos

No início de março, a votação do processo de desestatização do Porto de Santos também foi adiada. Desta vez, por conta da ausência do ministro Vital do Rêgo, que é o terceiro revisor do processo.

Em dezembro de 2022, em uma sessão extraordinária, Dantas iniciou o acompanhamento do caso afirmando que o processo é absolutamente crucial e um dos mais importantes da sessão. O jurista pontuou algumas questões que constam nos autos, entre elas, a construção do túnel entre Santos e Guarujá.

Durante a sessão extraordinária, na época, o primeiro revisor o ministro Walton Alencar Rodrigues, e os ministros Benjamin Zymler e Vital do Rêgo pediram vistas ao processo, pois entenderam a necessidade de examinar detalhadamente os pontos que constam nos autos.

Divergências

A proposta de entregar o controle do Porto de Santos à iniciativa privada é motivo de divergências entre ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva desde janeiro. O ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, é contrário à privatização ou à concessão da gestão do porto a um grupo privado. Já o ministro da Casa Civil, Rui Costa, principal responsável pelo PPI (Programa de Parcerias e Investimentos), afirma que nada está descartado. 

Em janeiro, a defesa da privatização do porto foi um dos principais assuntos da reunião entre Lula e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, no Palácio do Planalto. Rui Costa e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, além do secretário da Casa Civil de São Paulo, Gilberto Kassab, estavam na reunião.

Tarcísio pediu a Lula que considerasse levar adiante a entrega do porto à iniciativa privada. O modelo de concessão foi desenhado pela equipe de Tarcísio quando ele ocupava o Ministério da Infraestrutura. A modelagem está em análise pelo Tribunal de Contas da União, uma das últimas etapas antes do leilão.

O governador de São Paulo tem especial interesse na construção do túnel para ligar Santos ao Guarujá. A obra, orçada em R$ 3 bilhões, seria de responsabilidade do consórcio que arrematasse o porto. Promessa antiga, a ligação terrestre entre as cidades tem grande impacto eleitoral justamente em um reduto de Márcio França.

Lula chegou a declarar, em dezembro, em um discurso repleto de críticas ao mercado, que não haveria privatizações em seu governo. Além disso, a equipe de transição se manifestou de forma contrária à privatização do porto.

Dois fatores, no entanto, animaram Tarcísio, que viu uma brecha para negociar: entrevistas no final do ano passado do próprio Márcio França em que o ministro admite a possibilidade de conceder algumas partes do porto, como o canal e terminais, mas não a gestão da autoridade portuária como um todo; e a ausência do porto na lista elaborada pelo governo Lula de empresas e equipamentos que não serão privatizados.

Segundo interlocutores de Tarcísio, Lula se mostrou aberto a estudar o assunto e não descartou a entrega do porto à iniciativa privada.

FONTE: G1

IMAGEM: IBDEC

Potencial de ganhos para quem tem carteira assinada é significativo

 

O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para a próxima quinta-feira (20) o julgamento que deve definir a taxa de correção monetária do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), com potencial de ganhos significativos para os trabalhadores com carteira assinada.

Na ação, aberta pelo partido Solidariedade, os ministros podem determinar que os valores nas contas do FGTS deveriam ter sido corrigidos sempre pela inflação, e não pela Taxa Referencial (TR), como ocorre desde o início dos anos 1990. A ação tramita desde 2014 no Supremo.

O julgamento tem grande relevância tanto para os trabalhadores quanto para o próprio Judiciário, que, ao menos nos últimos 10 anos, viu-se inundado com centenas de milhares de ações individuais e coletivas reivindicando a correção do saldo do FGTS por algum índice inflacionário.

Desde 2019, o andamento de todos os processos está suspenso por decisão do ministro Luís Roberto Barroso, relator do assunto no Supremo. Ele tomou a decisão depois que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, em 2018, depois de receber milhares de recursos, unificar o entendimento e manter a TR como índice de correção do FGTS, em decisão desfavorável aos trabalhadores.

Isso criou o risco de que as ações sobre o assunto fossem indeferidas em massa antes de o Supremo se debruçar sobre o tema, razão pela qual o relator determinou a suspensão nacional de todos os processos, em qualquer instância, até a decisão definitiva do plenário do STF.

Esta é a quarta vez que a ação direta de inconstitucionalidade (ADI) sobre o assunto entra na pauta de julgamentos do plenário do Supremo. As outras foram em 2019, 2020 e 2021. Em todas as ocasiões, houve uma corrida para a abertura de ações individuais e coletivas, na expectativa de se beneficiar de uma possível decisão favorável aos trabalhadores.

Segundo estimativas do Instituto Fundo de Garantia, grupo que se dedica a evitar perdas no FGTS por seus associados, chegam a R$ 720 bilhões, no período de 1999 a março de 2023, as perdas dos trabalhadores com a correção pela TR no lugar do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) - um dos índices oficiais de inflação.

O instituto disponibiliza uma calculadora em que é possível saber qual seria a diferença no saldo do FGTS em caso de correção pela inflação.

Jurisprudência favorece trabalhadores

A expectativa da comunidade jurídica é que o Supremo decida que a aplicação da TR para a correção do saldo do FGTS é inconstitucional, estabelecendo algum outro índice inflacionário como taxa de correção -- o INPC ou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

“O Supremo já decidiu pela inconstitucionalidade da TR como taxa de correção monetária de depósitos trabalhistas e também de dívidas judiciais. Portanto, há esses precedentes que levam a crer em uma decisão similar sobre o FGTS”, disse o advogado Franco Brugioni, do escritório Raeffray e Brugioni Advogados, à Agência Brasil.

Em 2020, o Supremo considerou inconstitucional aplicar a TR para correção monetária de débitos trabalhistas. O entendimento foi de que a forma de cálculo da TR, que é definida pelo Banco Central, leva em consideração uma lógica de juros remuneratórios, não tendo como foco a preservação do poder de compra, que é objetivo central da correção monetária.

A maior reclamação dos trabalhadores com carteira assinada é que a TR costuma ficar sempre abaixo da inflação, o que, na prática, corrói o poder de compra do saldo do FGTS. Pela sua forma de cálculo, a TR ficou zerada por longos períodos, em especial entre os anos de 1999 e 2013. A taxa voltou a ficar zerada por longos períodos, como em 2017 e 2019, por exemplo.

“A TR não é um índice capaz de espelhar a inflação. Logo, permitir a sua utilização para fins de atualização monetária equipara-se a violar o direito de propriedade dos titulares das contas vinculadas do FGTS”, argumenta o Solidariedade, partido autor da ação sobre o assunto no Supremo.

Quem tem direito? 

Em tese, se o Supremo decidir pela aplicação de algum índice inflacionário, todos os cidadãos que tiveram carteira assinada de 1999 para cá teriam direito à revisão do saldo do FGTS, explica Brugioni. Contudo, o mais provável é que haja alguma modulação para amenizar o imenso impacto sobre os cofres da União, avaliou o advogado.

“É possível que o Supremo vá modular a questão de forma a não permitir novas ações, daqui para a frente. Talvez nem abarque quem entrou agora, talvez coloque uma linha temporal. O contrário também é possível”, disse Brugioni. 

A Defensoria Pública da União (DPU) entrou como interessada na ação, devido ao grande volume de trabalhadores de baixa renda que procuram atendimento em busca da revisão do FGTS. A DPU chegou a soltar nota pública orientando os interessados a aguardar a análise pelo Supremo antes de acionar o Judiciário.

A DPU informou que, desde 2014, move uma ação civil pública sobre o assunto na Justiça Federal do Rio Grande do Sul, e que esse processo já teve o âmbito nacional reconhecido. Em caso de desfecho favorável no Supremo e na JF, “deve ser publicado um edital a fim de comunicar os interessados para que proponham ações individuais com o objetivo de executar a decisão favorável”, disse a Defensoria Pública na nota. 

Sobre o FGTS

O FGTS foi criado em 1966 como uma espécie de poupança do trabalhador com carteira assinada. Antes facultativa, a adesão ao fundo se tornou obrigatória a partir da Constituição de 1988. Pela regras atuais, todos os empregadores são obrigados a depositar 8% do salário de seus funcionários no fundo. Isso se aplica aos empregados urbanos, rurais e, desde 2015, também aos domésticos. O dinheiro permanece sendo do trabalhado e fica vinculado a uma conta, gerida pela Caixa Econômica Federal, e somente pode ser sacado em condições previstas em lei, sendo uma das principais delas a demissão sem justa causa. Hoje o fundo serve para financiar diferentes políticas públicas, em especial o Sistema Financeiro Habitacional.

FONTE: AGÊNCIA BRASIL

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É preciso que a sociedade se mobilize pela queda dos juros, que participe das manifestações e pressões. Afinal, o povo sabe do que precisa e que projeto elegeu para isso

Sempre dissemos que a batalha atual está sob intensa guerra cultural, pulsando no campo das ideias, no combate permanente à divulgação de inverdades, acentuada no conservadorismo dos costumes derivando em elevação dos preconceitos, intolerância, ódio e violência. A resultante da política nós já experimentamos, vencemos, mas a guerra continua.

Há uma segunda guerra, com importantes interseções com a primeira, que pode determinar o futuro do Brasil. Ela determinará o papel do Estado no desenvolvimento nacional, e quem define os rumos do país. Esta se dá com o capital financeiro. A expressão mais aguda dessa guerra está no atual debate sobre a taxa de juros.

Temos os juros mais altos do planeta, sem que nenhuma base técnico-econômica a justifique. Estamos com o consumo rebaixado, uma economia herdada quase estagnada, há um largo espaço fiscal, grande desemprego e precarização do trabalho.

A recente autonomia do Banco Central, aprovada no Congresso Nacional (Lei Complementar nº 179), sem o meu voto, tem metas claras a serem cumpridas.

“Art. 1º O Banco Central do Brasil tem por objetivo fundamental assegurar a estabilidade de preços.

Parágrafo único. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental, o Banco Central do Brasil também tem por objetivos zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego….”

Taxa de juros real, acima da inflação de 8 pontos, quando o mundo inteiro tem taxas negativas, impede que o Banco Central viabilize as metas definidas na lei.

O povo brasileiro fez uma opção nas urnas, e disse ao Brasil e ao mundo que quer um governo que gere emprego, faça o país crescer, que invista em políticas sociais, que supere a fome. Não pode um único homem, não eleito, representante do sistema financeiro, sentado numa cadeira, em tese, de caráter técnico, definir acima das urnas, o rumo do Brasil

Esta, obviamente não é uma questão técnica, é política. É da guerra, é da luta de classes. Como dizia Betinho, “a alma da fome é política”. Só os bancos ganham. Ninguém consegue crédito, capacidade de investimento, pagar contas em dia, parcelar cartão de crédito com 409% acumulado no ano, gerar empregos. E com todo o discurso do Sr. Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, que a razão dos juros altos é o combate à inflação, a sociedade não vê impacto favorável nos preços dos alimentos e outros itens básicos, porque o argumento é falso.

Mas a lei que deu autonomia ao Banco Central também diz:

Art. 5º O Presidente e os Diretores do Banco Central do Brasil serão exonerados pelo Presidente da República:

I – a pedido;

II – no caso de acometimento de enfermidade que incapacite o titular para o exercício do cargo;

III – quando sofrerem condenação, mediante decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, pela prática de ato de improbidade administrativa ou de crime cuja pena acarrete, ainda que temporariamente, a proibição de acesso a cargos públicos;

IV – quando apresentarem comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do banco central do brasil.

Este inciso IV mostra que o presidente não é estável a ponto de confrontar o óbvio.

É preciso que a sociedade se mobilize pela queda dos juros, que participe das manifestações e pressões. Afinal, o povo sabe do que precisa e que projeto elegeu para isso. Quer emprego, renda, redução da inflação e ganhos para a maioria e não para os que sempre lucram e concentram riqueza.

Vamos ganhar esta segunda guerra já?

JANDIRA FEGHALI

FONTE: PORTAL VERMELHO

 

Lula caminhando ao lado de Xi Jinping

IMAGEM: REUTERS

A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China foi marcada por uma série de mensagens relativamente claras sobre aquilo que deverá ser a sua política externa neste seu terceiro mandato.

Tanto por meio de discursos quanto pelas agendas, Lula deu mostras de que vai manter a aposta nas parcerias com o chamado sul-global e suas críticas aos fóruns e organismos tradicionalmente ligados ou controlados por potências como os Estados Unidos.

Lula chegou à China para encerrar o que alguns diplomatas vinham classificando como uma espécie de "pontapé inicial" da sua agenda internacional.

Esse pontapé contou com visitas aos três principais parceiros do Brasil: Argentina, Estados Unidos e, agora, a China.

Recebido com entusiasmo pelos chineses, Lula aproveitou sua passagem pelo país asiático para deixar mais evidente o que esperar da sua agenda internacional.

Se havia alguma dúvida sobre qual era o principal recado que Lula queria dar à comunidade internacional durante essa viagem, ela foi dissipada na sexta-feira (15/04): o presidente diz que quer mudar as regras da governança global, tradicionalmente percebida como uma estrutura de poder que beneficia, historicamente, países como os Estados Unidos e a Europa.

"Os nossos interesses na relação com a China não são apenas comerciais [...] Temos interesses políticos e nós temos interesses em construir uma nova geopolítica para que a gente possa mudar a governança mundial dando mais representatividade às Nações Unidas", disse durante encontro com o presidente do Comitê Permanente da Assembleia Nacional Popular da China, o equivalente ao parlamento chinês, Zhao Leji.

E para deixar seu ponto claro, Lula defendeu a cooperação com países em desenvolvimento, criticou organismos multilaterais tradicionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), criticou uma suposta falta de força da Organização das Nações Unidas (ONU) e teve até "alfinetada" entendida como recado para os Estados Unidos.

Confira quais foram os principais recados de Lula durante sua passagem pela China:

Aposta no Brics e sul-global

O primeiro recado dado por Lula em sua viagem é de que ele vai continuar a apostar no Brics, grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

O grupo se consolidou na segunda metade dos anos 2000 e se tornou uma aposta da diplomacia brasileira para que o país tivesse alternativas de articulação política fora da zona de influência dos Estados Unidos e da União Europeia.

Atualmente, o Brics representa aproximadamente 46% da população mundial e estimativas apontam que os países são responsáveis por algo em torno de ¼ do produto interno bruto global.

A aposta redobrada de Lula no Brics ficou clara no discurso que ele fez durante a cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como nova presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido também como o Banco dos BRICS. Dilma foi afastada da presidência do Brasil em 2016, após um processo de impeachment.

Ela foi a primeira mulher a ocupar a presidência do banco, criado em 2014, quando ela era presidente do Brasil.

A chegada de Dilma ao comando do banco, aliás, só foi possível graças a uma articulação diplomática liderada pelo Brasil já sob o comando de Lula.

Em seu discurso na sede do banco, Lula fez uma série de menções a importância do Brics e prometeu se empenhar pelo seu fortalecimento.

"Precisamos utilizar de maneira criativa o G-20 (que o Brasil presidirá em 2024) e o Brics (que conduziremos em 2025) com o objetivo de reforçar os temas prioritários para o mundo em desenvolvimento na agenda internacional”, disse Lula.

Crítica ao sistema financeiro internacional

E nesse esforço de mudar as regras da governança global, Lula não poupou críticas ao sistema financeiro internacional.

Durante a cerimônia de posse de Dilma Rousseff como presidente do Banco do Brics, Lula defendeu a criação de bancos multilarerais de desenvolvimento nos moldes do banco do Brics como uma espécie e alternativa às instituições semelhantes tradicionais como o FMI e Banco Mundial.

Ele disse que essas organizações não deveriam ficar "asfixiando" as economias de países em desenvolvimento.

"Os bancos têm de ter paciência. Se for preciso, renovar o acordo e colocar a palavra tolerância em cada renovação porque não cabe ao banco ficar asfixiando as economias dos países, como está fazendo agora com a Argentina o Fundo Monetário Internacional", disse Lula em seu discurso na quinta-feira.

Lula também defendeu a redução da dependência dos países em desenvolvimento em relação ao dólar como moeda preferencial em suas transações comerciais.

"Quem decidiu que é era o dólar a moeda depois que desapareceu o ouro como padrão? Por que não foi yene? Por que não foi o Real? Por que não foi peso? Porque as nossas moedas eram fracas [...] porque hoje um país precisa correr atrás do dólar para poder exportar, quando ele poderia exportar sua própria moeda e os bancos centrais certamente poderiam cuidar disso", disse Lula.

"É difícil porque tem gente mal-acostumada porque todo mundo depende de uma única moeda. Eu acho que o século 21 pode mexer com a nossa cabeça e pode nos ajudar, quem sabe, a fazer as coisas diferentes", afirmou o presidente na quinta-feira.

Aceno a empresa banida pelos EUA

O terceiro recado enviado por Lula foi menos sutil e parecia ter um endereço certo: os Estados Unidos.

Na quinta-feira, Lula foi ao um centro de pesquisas da Huawei em Xangai. A empresa é uma das maiores do mundo e lidera o mercado em áreas como a tecnologia 5G.

Na sexta-feira, Lula deixou claro que sua ida à empresa foi um recado.

"Ontem (quinta-feira, 13/4), fizemos uma visita à Huawei numa demonstração de que nós queremos dizer ao mundo que não temos preconceito na nossa relação como os chineses e que ninguém vai proibir que o Brasil aprimore sua relação com a China", disse Lula.

As declarações acontecem após uma série de pressões feitas pelo governo dos Estados Unidos para que o Brasil não permitisse que a Huawei participasse das licitações para a construção da rede 5G no país.

A pressão foi grande durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas ele permitiu que a empresa pudesse participar da disputa.

Nos últimos anos, a Huawei e outras companhias chinesas do setor de alta tecnologia, passaram a ser alvo de críticas do governo americano.

Autoridades dos EUA passaram a criticar a empresa e levantar suspeitas de que a companhia poderia usar informações de seus usuários em benefício do governo chinês.

A China, por sua vez, rebate as acusações e vem dizendo que elas são uma forma de retaliação.

Significados e consequências

Para especialistas em relações internacionais ouvidos pela BBC News Brasil, os recados enviados por Lula ao longo da viagem à China foram cuidadosamente pensados para gerar repercussão internacional e posicionar o seu governo diante dos demais atores globais.

"A questão do dólar é uma tentativa de o Brasil se colocar como um dos principais pautadores de agenda no sul-global, como um país que busca participar ou moldar a construção de um mundo menos centrado nos EUA", disse o professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Oliver Stuenkel.

Para o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisador visitante da Universidade de Oxford Dawisson Belém Lopes, as declarações de Lula mostram que ele continuaria a ser o que o professor chamou de "revisionista suave".

"Lula é um revinisiosta suave na medida em que ele atua sem desafiar os seus pilares da ordem mundial, mas reivindicando, a todo tempo, uma rediscussão e uma revisão das regras do jogo de novo para contemplar o Brasil mais generosamente com, por exemplo, um assento como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU ou para ter mais cotas em organismos multilaterais", disse Lopes.

Os dois afirmam que a atual postura do presidente pode, dada a conjuntura, gerar reações dos Estados Unidos.

"É claro que isso pode causar alguma fricção com os Estados Unidos. Mas acho que a aposta de Lula é que o Brasil seja tratado no Ocidente como a India, que tem sua política independente, que discorda, mas ao mesmo tempo, tem parceria muito profunda com potencias ocidentais como os EUA", disse Stuenkel.

Lopes, por sua vez, avalia que o mundo, atualmente, o acirramento das tensões entre Estados Unidos e China diminui a margem de manobra do Brasil para se manter equidistante em relação aos dois países.

"Quando o Brasil se aproxima da China, ele necessariamente se distancia dos Estados Unidos e vice-versa. O sistema internacional ficou menos permissivo com países que pendulam entre Estados Unidos e a China. Mas Brasil deve saber navegar por essas águas", disse.

FONTE: BBC

Edifício - sede do Banco Central do Brasil no Setor Bancário Norte

IMAGEM: MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

Força Sindical, CUT e UGT reagiram à manutenção da Selic em 13,75%

As centrais sindicais criticaram nesta quarta-feira (22) a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central em manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano.

Em nota a CUT disse que a decisão é inaceitável e que representa um boicote de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, à retomada do crescimento econômico. "A decisão também revela o quanto é ruim para o país um Banco Central, que se declara autônomo, mas se encontra nas mãos de rentistas, especialmente quando têm compromissos com forças políticas contrárias ao povo e ao governo federal", disse a CUT.

A Força Sindical afirma que os "juros continuam extorsivos" e que a mobilização pela queda da taxa vai continuar. 

"Essa nefasta política, infelizmente, resulta em queda da atividade econômica, deteriora o mercado de trabalho e a renda, aumenta o desemprego, diminui a capacidade de consumo das famílias e compromete em muito o crescimento econômico", disse em nota Miguel Torres, presidente da Força.

Para Ricardo Patah, presidente da UGT e do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, embora fosse previsível, a decisão do Copom preocupa. 

"Era esperado, mas é uma situação que nos traz desalento. Enquanto os juros estiverem elevados, há o receio de demissões, principalmente para nós que representamos os trabalhadores de comércio e serviços. Isso é muito ruim para o Brasil. Os juros estão diretamente ligados ao emprego", disse Patah.

Nesta terça (21), as centrais ocuparam a calçada em frente ao prédio do BC em São Paulo, na avenida Paulista, com queixas em relação à política de juros da autarquia. Os manifestantes pediam a saída de Roberto Campos Neto, apontado no ato como "cavalo de Tróia" do ex-presidente Jair Bolsonaro.

FONTE: FOLHA DE S.PAULO