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A taxa de desemprego nos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo passou de 18,3%, em julho, para 17,9% da População Economicamente Ativa (PEA) em agosto. A queda representa um recuo de 2,2%.
Desde maio, têm-se registrado ligeiras quedas na taxa, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade), que foi divulgada nesta quarta-feira (27).
No entanto, as chances de se encontrar um emprego estão abaixo do verificado nos dois últimos anos. Em agosto de 2016, havia 17,2% de desempregados e, em 2015, 13,9%. Em agosto deste ano, foram estimadas 1,988 milhão de pessoas desempregadas, número inferior a julho em 63 mil pessoas.
Apesar de as empresas terem demitido mais do que contrataram, o desemprego diminuiu porque 102 mil pessoas saíram do mercado de trabalho por motivos diversos. O saldo de postos criados ficou negativo (-0,4%) com o fechamento de 39 mil vagas.
O pior quadro foi constatado no comércio, que efetuou um corte de 61 mil empregados (-3,7%). A indústria, por sua vez, eliminou outros 15 mil trabalhadores (-1,1%). Os efeitos só não foram maiores porque as contratações superaram as demissões na construção civil e nos serviços. Na construção, surgiram 7 mil empregos, uma alta de 1,2% e, nos serviços, 40 mil, um aumento de 0,7%.
A pesquisa aponta ainda que o setor público enxugou mais o seu quadro de pessoal (-4,3%) do que o setor privado (-0,3%) e que houve uma melhora na qualidade dos empregos criados. Os contratos sem carteira assinada caíram 1,6% e manteve-se praticamente estável o número de trabalhadores registrados (-0,1%).
O Dieese registra ainda queda de 2% no total de autônomos e crescimento de 2,8% nas oportunidades de emprego doméstico.
Em relação aos ganhos, ocorreu recuperação de 1,7% entre junho e julho com os assalariados passando a receber a média de R$ 2.137. Em relação aos ocupados, o rendimento aumentou 2% ,com a média de R$ 2.076.

 

Fonte: Empresa Brasileira de Comunicação

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De setembro a dezembro, a perspectiva é que sejam contratados 374,8 mil temporários na indústria, comércio e serviços - um número 5,5% maior do que no mesmo período de 2016
 

Após duas quedas seguidas, a contratação de trabalhadores temporários de fim de ano deve voltar a crescer em 2017, puxada pela melhora da economia e pela mudança na legislação dos temporários, em vigor desde março, que deu mais segurança jurídica para as empresas admitirem.

De setembro a dezembro, a perspectiva é que sejam contratados 374,8 mil temporários na indústria, comércio e serviços - um número 5,5% maior do que no mesmo período de 2016, aponta o estudo da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), que reúne 200 agências de emprego.

Do lado dos candidatos, a procura por uma vaga temporária ganhou força neste fim de ano porque o desemprego ainda está em níveis elevados. Levantamento feito em agosto com 2 mil currículos cadastrados no portal de carreiras Vagas.com.br revela que 77% dos candidatos pretendem realizar trabalho temporário neste fim de ano. "Foi o maior resultado desde que a pesquisa começou, em 2013", diz o coordenador do levantamento, Rafael Urbano.

Um dado do levantamento que chama a atenção é que, entre aqueles dispostos a realizar trabalho temporário de fim de ano, 65% pretendem procurar um emprego do mesmo tipo no restante do ano também.

Apesar da reação na oferta de vagas temporárias, o volume do emprego sazonal neste ano é bem menor do que o registrado três anos atrás, observa Márcia Constantini, presidente da Asserttem. Em 2014, foram abertas 490 mil vagas nesse período. "Houve anos em que se chegou a contratar 180 mil trabalhadores só em dezembro", lembra. Para 2017, a expectativa é de 115 mil admissões no mês, segundo a Asserttem, que projetou as admissões com base na reação observada no emprego temporário no ano até agora.

"Até 2016, as empresas estavam receosas e seguraram as contratações de temporários por causa da crise", diz Fernando Medina, diretor da agência Luandre. Ele conta que neste ano o quadro mudou. Na sua agência, ele notou a antecipação das admissões de temporários, de agosto para fim de junho, e o aumento de 18% nas vagas ante 2016. Desde junho, a agência admitiu 1,2 mil temporários. A maioria para o varejo, sobretudo o de vestuário.

A Besni, por exemplo, varejista de vestuário, com 36 lojas no Estado de São Paulo, vai admitir entre 800 e mil temporários neste fim de ano, um número 10% maior do que em 2016, segundo o gerente de Recursos Humanos, Arnaldo de Paula. O aumento das admissões reflete a melhora na venda.

A Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) calcula que 25 mil temporários serão admitidos neste ano - entre outubro e novembro -, com crescimento de 30% ante 2016. "Será o maior número desde 2014, quando foram admitidos 30 mil", diz Jair Vasconcellos, economista da Fecomércio-SP.

A projeção da Fecomércio considera o aumento de 5% no receita real do varejo no Estado para este ano e o fato de o quadro de empregados estar muito enxuto. De janeiro de 2015 a junho de 2017, foram fechadas 140 mil vagas no Estado.

Lei

Para o advogado José Carlos Wahle, da Veirano Advogados, a nova lei de trabalho temporário acelerou a contratação neste ano. "Mas não foi o fator determinante." Antes, sob o risco de multa, as empresas não podiam admitir temporários para eventos previsíveis, como a alta sazonal do consumo. "A nova lei permite. Além disso, o prazo de admissão foi ampliado de 90 para 180 dias." Wahle frisa que a lei não gera emprego, mas dá flexibilidade em períodos como o atual que, com a demanda incerta, a empresa não quer ampliar o quadro de efetivos.

Fonte: Correio Braziliense

Como acontece todos os anos, a Organização Marítima Internacional (IMO) celebra na última semana de setembro o Dia Marítimo Mundial. O tema do evento este ano será “IMO – Conectando navios, portos e pessoas”. A Marinha do Brasil, no Rio de Janeiro, vai comemorar a data no dia 27, no Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA), com a presença de autoridades e representantes da comunidade marítima, da Sociedade Amigos da Marinha (SOAMAR), Sociedade Brasileira de Marinha Mercante (SOBRAMAM), das empresas de navegação e dos Sindicatos ligados à atividade.

Entre as homenagens previstas no CIAGA está a entrega do Distintivo de Comodoro ao Capitão de Longo Curso (CLC) Antônio Mário Conor de Oliveira. A cerimônia contará também com uma reverência ao patrono da Marinha Mercante do Brasil, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. Alunos das Escola Técnica e Estadual de Ensino Fundamental Visconde de Mauá são convidados a participar.

E claro, os grandes anfitriões, os alunos da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante, razão de existir do CIAGA, darão um brilho especial ao evento.

Além do CIAGA, o Dia Marítimo Mundial também será celebrado em outras Organizações Militares do Brasil, como o Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (CIABA) e as Capitanias dos Portos da Bahia (CPBA), do Ceará (CPCE), do Espírito Santo (CPES), do Maranhão (CPMA), de Pernambuco (CPPE), do Paraná (CPPR), do Rio Grande do Sul (CPRS) e de São Paulo (CPSP).

A IMO, agência especializada das Nações Unidas responsável pela proteção e segurança da navegação e a prevenção da poluição marinha causada por navios, celebra esta edição do Dia Marítimo Mundial ressaltando o transporte marítimo e os portos como instrumentos importantes na criação de condições para ampliação do emprego, da prosperidade e da estabilidade mediante a promoção do comércio marítimo.

O Dia Marítimo Mundial foi criado em 1978, durante a Convenção da Organização Marítima Consultiva Intergovernamental (IMCO), entidade que deu origem à atual IMO. Desde então, a data passou a ser comemorada em todo o mundo, especialmente para destacar a importância das indústrias marítimas no comércio internacional.

 

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Empresas já estão usando as novas regras trabalhistas para precarizar a situação dos trabalhadores. Com a nova lei de terceirização e as mudanças na legislação, companhias consideram que não precisam garantir os direitos dos empregados. O exemplo mais recente é o da rede de lojas Riachuelo. A empresa é acusada pelo Ministério Público do Trabalho de deturpar a terceirização e, por esse motivo, responde a uma ação civil pública.

A ação foi ajuizada com base em um caso ocorrido no Rio Grande do Norte, onde o Ministério Público denunciou que a empresa varejista terceiriza seus serviços têxteis por meio da contratação de 50 pequenas confecções situadas em 12 municípios no interior potiguar.

De acordo com o Ministério Público, em nota, os funcionários são contratados com menor remuneração, menos direitos trabalhistas e condições mais precárias de trabalho do que os empregados que trabalham diretamente para a Riachuelo.

O juiz do Trabalho de Jundiaí, em São Paulo, Jorge Luiz Souto Maior lembra que as novas regras trabalhistas não eximem as empresas da responsabilidade social. “Do ponto de vista do Direito do Trabalho, que está previsto constitucionalmente, a responsabilidade social do capital e da propriedade não pode ser excluída por meio de mecanismos que tentam afastar, distanciar o capital do trabalho. Essa produção em rede é só uma aparência, no fundo quem explora o trabalho não é a pequena, aquela lá ao final”, explica.

Por isso, os trabalhadores que tiveram seus direitos negados podem entrar com ação de reparação contra a empresa responsável pela atividade. Souto Maior explica que há uma tentativa de eliminar a responsabilidade de quem detém os meios de produção e transferem a produção para empresas subcapitalizadas:

“É nesse sentido que essas ações vislumbram, essa perspectiva da subordinação em rede e estabelecer a responsabilidade de quem efetivamente detém o capital pelo qual ele ela explora essas empresas. Na verdade, a grande empresa está explorando não só os trabalhadores, mas também as subsidiárias do processo de produção”, afirma. Na ação, o MPT pede indenização de R$ 37,7 milhões por danos morais coletivos argumentando que as facções funcionam como “verdadeiras unidades de produção em estabelecimentos de terceiros”. Esse valor corresponde a parte do lucro com as facções, que, em 2016, foi de R$ 317,6 milhões. Segundo o Ministério, centenas de ações individuais já foram propostas por empregados demitidos, cobrando parcelas rescisórias não foram pagas e, inclusive, alegando a responsabilidade da Guararapes pelo pagamento dessas verbas.

FONTE:DIAP

 

Ao todo, sonegação representa rombo de R$ 1,406 bilhão

A Receita Federal identificou irregularidades no pagamento da contribuição previdenciária em 46.483 empresas de pequeno e médio porte. Esse grupo apresentou dados inconsistentes na hora de acertar as contas com o Leão, o que indica uma sonegação de R$ 1,406 bilhão. Diante disso, o Fisco já emitiu um alerta aos contribuintes dando a eles a chance de fazer uma autorregularização antes de serem autuados.
Segundo a subsecretaria de Fiscalização da Receita, isso já trouxe resultados. Do total alertado, 8.849 empresas corrigiram suas declarações e recolheram R$ 461 milhões aos cofres públicos. No entanto, ainda existe um universo elevado de companhias que vão passar por auditoria e, com isso, terão que pagar os tributos atrasados, acrescidos de multas e juros.
Até agora, o Fisco já selecionou 17.231 empresas de pequeno e médio porte que serão autuadas num montante de R$ 1,188 bilhão. Deste total, R$ 500 milhões são relativos a multas. Segundo o subsecretário de Fiscalização da Receita, Iágaro Martins, embora o foco do órgão seja identificar sonegação praticada por grandes empresas, as pequenas e médias têm um índice elevado de irregularidades e, por isso, também estão na mira:
— A fiscalização da Receita dá mais atenção aos grandes contribuintes, mas também temos que dar atenção aos pequenos, que conseguem sonegar mais. Eles têm mais facilidade de ficar sem emitir nota fiscal, por exemplo. Os menores sonegam mais, proporcionalmente, em relação a sua receita bruta — afirmou Martins.
Uma as irregularidades identificadas pelo Fisco foi no pagamento da contribuição previdenciária por empresas com risco ambiental. Isso incluiu os segmentos químico, de siderurgia e construção civil. Por lei, esse grupo precisa pagar um adicional previdenciário em função dos riscos que a atividade apresenta aos trabalhadores. No entanto, a Receita observou que as empresas estavam recolhendo a alíquota mais baixa, de 1%, quando deveriam pagar um percentual de 2% ou 3%.
Neste caso, 7.271 empresas com indício de sonegação de R$ 386,7 milhões foram alertadas. Deste total, 4.889 fizeram uma autorregularização e recolheram R$ 340 milhões. Outras 2.382 serão fiscalizadas e podem ser autuadas em R$ 280 milhões.
Outro problema ocorreu com empresas fizeram o pagamento da contribuição previdenciária com se fossem do Simples para recolher menos tributos. Neste caso, foram alertados 14.115 contribuintes com indícios de sonegação de R$ 420 milhões. De acordo com o Fisco, 1.191 fizeram a autorregularização e pagaram R$ 50 milhões. Os 12.924 restantes poderão ser autuados. A Receita já selecionou neste grupo 6.312 pessoas jurídicas para fiscalização que devem um valor estimado de R$ 398,3 milhões.
Numa terceira frente, a Receita observou problemas em empresas optantes do Simples que apresentaram discrepâncias entre a receita bruta declarada e os valores emitidos em notas fiscais eletrônicas e de serviços. Também houve inconsistências entre os valores recebidos com cartão de crédito e a receita bruta informada. Neste grupo estão 25.097 contribuintes com indícios de omissão de receita de R$ 15 bilhões, o que representaria uma sonegação de R$ 600 milhões.
Neste caso, apenas 2.769 empresas acertaram as contas com o Leão e pagaram R$ 71 milhões. Os demais estão sob risco de fiscalização e podem ser autuados em R$ 510 milhões.
Segundo Martins, os contribuintes que forem autuados podem recolher os valores de forma parcelada, pois têm condições de aderir ao novo Refis. Ao ser questionado sobre o fato de o programa dar descontos muito elevados para quem sonegou, o subsecretário preferiu não entrar na polêmica e rebateu:
— Nós autuamos e criamos a poupança para o governo poder negociar.

 

Fonte: O Globo

A produção de gás natural do pré-sal vai corresponder a 64% da produção total do insumo em 2026, contra a participação de 41% atualmente. Essa é a previsão apresentada pelo superintendente de Gás Natural e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Giovani Machado, em palestra nesta segunda-feira, 25, no 18º Seminário de Gás Natural promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP).

"Será um crescimento de 16 milhões de metros cúbicos por dia até 2026. A gente percebe uma participação crescente do pré-sal dentro da oferta nacional", disse o executivo.

O aumento da oferta poderá compensar a redução de fornecimento por parte da Bolívia, país que não vem conseguindo atrair investimentos no setor.

Machado informou que o contrato com a Bolívia deve cair do atual patamar, de até 30 milhões de metros cúbicos diários, para algo em torno de 20 a 16 milhões de metros cúbicos diários. O contrato vence em 2019 e as discussões já foram iniciadas com o objetivo de conclusão em 2018.

Fonte: Estadão

 

 

A intensificação da crise econômica observada nos últimos dois anos fez com que o desemprego e a insegurança no mercado de trabalho da região aumentassem. Temendo perder seus postos de trabalho, muitos operários acometidos por doença ocupacional resolveram buscar respaldo na Justiça, a fim de obter indenização pelas sequelas provocadas ou acentuadas, geralmente, por atividades repetitivas.
Como reflexo, o volume de ações trabalhistas tramitando no Judiciário cresceu 64,7% entre 2014 e 2016, ao saltar de 2.283 para 3.762 processos. Neste ano, até agosto, foi verificado o ingresso de 2.419 documentos à Justiça, número que corresponde a dez ações por dia e supera o total de 2014. Os dados são do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 2ª Região, que engloba toda a Região Metropolitana de São Paulo e a Baixada Santista.
Para o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Sivaldo Pereira, o Espirro, as massivas demissões das montadoras de veículos da região podem ter influenciado no aumento dos processos. “Causou um efeito em cadeia. As autopeças, inclusive, sentiram bastante nos últimos tempos por conta disso. O medo em perder o emprego também impulsionou o ingresso de ações”, avalia.
É importante ressaltar que o Grande ABC conta com seis fabricantes nas sete cidades: Ford, Mercedes-Benz, Scania, Toyota e Volkswagen em São Bernardo, além da General Motors, situada em São Caetano.
“O principal motivo para o aumento do número de ações por causa de doença ocupacional é a informação. As pessoas estão ficando mais cientes dos seus direitos e de que elas não serão mandadas embora por isso. Ao contrário, terão direito à estabilidade”, explica o advogado especialista em Direito Previdenciário João Badari, sócio do escritório Aith, Badari e Luchin, João Badari.
Na concepção do médico especialista em medicina do trabalho e sócio da Ziviti, empresa voltada à realização de perícia médica Rodrigo Camargo, as doenças ocupacionais são causadas não apenas por problemas na ergonomia física, mas também na cognitiva. “Por este motivo, tanto alguém que desempenha um movimento repetitivo quanto a pressão psicológica podem desencadear algum problema. Assim, uma das doenças que mais estão crescendo é a depressão”, afirma. “No Grande ABC, uma das enfermidades mais comuns é a síndrome do impacto, problema desenvolvido no ombro, quando o trabalhador passa longos períodos com o braço elevado acima de 60 graus.”
Camargo destaca que a reforma trabalhista, que passará a vigorar a partir de novembro e deverá ampliar a terceirização, também tem influência no maior ingresso de ações trabalhistas. O presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Raimundo Suzart, partilha da opinião. “Com o risco maior de perder o trabalho tanto por conta da crise quanto pelo temor pós-reforma, ele (o trabalhador) acaba recorrendo a isso (o ingresso das ações) para, quem sabe, se sair do emprego, ter algum tipo de reserva.”
Profissionais da região sofrem com movimentos repetitivos
Quem faz parte da estatística é Uilson Ventura Piovezani, morador da Vila São Pedro, em São Bernardo, que contabiliza diversos problemas ocasionados por 22 anos atuando no chão de fábrica da Ford. “Tenho tendinite, bursite, ruptura no tendão, artrose, hérnia de disco e, há mais ou menos quatro anos, ingressei com ações por danos morais, periculosidade e, também, por irregularidades nas horas extras”, contou o ex-funcionário que atuou nas áreas de estamparia e pintura da montadora norte-americana, localizada no bairro Taboão, na mesma cidade.
Outro operário, morador de Santo André, que trabalhou na Mercedes-Benz e preferiu não se identificar, relatou que possui três procedimentos em tramitação na Justiça. “Tenho duas (ações) contra a empresa a respeito do horário de janta e da lesão que tenho no ombro, além de mais uma outra contra o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).”
Outra profissional que atua no setor bancário e também preferiu não revelar seu nome, afirmou estar afastada pelo INSS até o dia 31 de dezembro, além de receber auxílio-doença e se tratar por TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada). “Tudo começou em 2012, quando a agência em que eu trabalhava foi assaltada. Eu tinha medo de tudo, até de colocar o lixo para fora de casa. Sem saber, tinha desenvolvido a síndrome do pânico e fiquei assim por seis meses, até que comecei a ter sintomas físicos, como dores no estômago e no peito. Até procurei um advogado para ingressar com ação contra a instituição, mas tenho medo de ser demitida. Vou processar apenas se me mandarem embora.”
Especialistas elencam motivos para doenças
As ações motivadas por doença ocupacional podem ter três reflexos, aponta o especialista em Direito Previdenciário e sócio do escritório Aith, Badari e Luchin, João Badari.
“O primeiro se dá na esfera trabalhista, em que a pessoa tem direito à estabilidade de 12 meses após o fim do período de incapacidade e recebe uma indenização”, afirma. “O segundo, no âmbito previdenciário, prevê que o segurado do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) poderá receber auxílio-doença, auxílio-acidente ou será aposentado por invalidez”, completa. “Já o terceiro é na esfera securitária. A maioria das empresas possui um seguro para o caso de acidentes, então, caso aconteça algum, a vítima também terá direito a receber quantia.”
Para a diretora do Sindicato dos Bancários do ABC e integrante do setor de Saúde da entidade, Adma Gomes, a quantidade de casos de síndrome do pânico e depressão estão crescendo muito na categoria, mas muitos não reconhecem que estão com a doença, além de terem medo e vergonha da condição. “Grande parte que possui alguma doença ocupacional só entra com processo caso seja demitido e, mesmo assim, teme não conseguir outro emprego, por isso apenas cerca de 50% o fazem. Os problemas físicos mais comuns aos bancários são os de coluna, porque eles passam muito tempo sentados. Mas, é um dos mais difíceis de serem reconhecidos como doença ocupacional.”
Para o médico especialista em medicina trabalhista Rodrigo Camargo, “na maioria dos casos, o motivo que leva à doença ocupacional é conhecido, por isso ela deveria ser evitada”.
Ainda segundo Adma, “em alguns casos, as pessoas tomam remédios, porém não pedem afastamento e, muito menos, entram com algum processo contra a empresa.”

 

Fonte: Diário do Grande ABC

 

Com a entrada em vigor das novas regras trabalhistas, em novembro, especialistas em direito chamam atenção para possíveis distorções que podem surgir entre trabalhadores que exercem atividade semelhante, só que em cidades diferentes.
 
O carioca Alexandre Cavalcante Loyola, de 42 anos, trabalha como metalúrgico em uma fabricante de peças para carros e caminhões desde 1997. Sindicalizado desde o início da carreira, ele diz participar de todas as assembleias sindicais e avalia que houve avanço na relação entre os empregados e as empresas, mas reconhece que a representatividade da categoria no Rio é mais fraca do que em polos tradicionais de montadoras, como a região do ABC.
 
"Sempre levamos desvantagem nas pautas que já podiam ser negociadas. Como é uma profissão em que o trabalhador se expõe a condições insalubres, a relação com as empresas nunca foi das mais tranquilas. Não é por acaso que grande parte da força do movimento sindical brasileiro surgiu nas fábricas de automóveis. Agora, com a aprovação da reforma, as desigualdades vão aumentar".
 
As novas regras trabalhistas definem, entre outras questões, que o negociado passa a prevalecer sobre o legislado em 15 itens, que vão passar a ser definidos por meio dos sindicatos - como intervalo para almoço, enquadramento do grau de insalubridade e participação nos lucros e resultados da empresa.
 
"Nossa categoria pode perder tudo que conquistou, sobretudo em questões sérias, como os benefícios de insalubridade. Onde o sindicato é mais fraco, o trabalhador não vai ter condições de discutir. Por mais que a empresa seja qualificada, ela vai impor regras mais vantajosas para ela, se perceber que a categoria é menos organizada naquela região", acredita Loyola.
 
A negociação sindical vale apenas para a base territorial que aquela associação representa - um sindicato dos trabalhadores de uma determinada categoria na região metropolitana de São Paulo já podia negociar benefícios específicos para os seus associados antes da aprovação da reforma trabalhista. O que a mudança na CLT fez foi ampliar as possibilidades do que pode ser negociado.
 
FLEXIBILIZAÇÃO
 
Para entidades patronais, a mudança é vista como uma forma de flexibilização na relação entre empresa e trabalhador. Sindicatos dos empregados, no entanto, avaliam que as alterações também devem aumentar o número de distorções entre trabalhadores.
 
"É preciso levar em conta que os sindicatos mais experientes e combativos levam vantagem, agora que se ampliou o leque de discussão. Não dá para comparar as entidades de regiões em que as forças sindicais são mais combativas com aquelas que os próprios representados consideram inexpressivas. O poder de barganha vai ser menor", diz Carla Romar, da PUC-SP.
 
Ela também lembra que a reforma trabalhista coloca que os itens que forem negociados pelos sindicatos não terão necessariamente uma contrapartida por parte do empregador. "Se um benefício é revisto e acordado pelo sindicato de forma que acabe sendo mais vantajoso para a empresa, ela não será obrigada a oferecer algo em troca".
 
De acordo com o também especialista em direito do trabalho José Carlos Wahle, da Veirano Advogados, os itens que tendem a gerar mais controvérsia são as normas de insalubridade e de intervalo entre jornadas.
 
Ele avalia que as diferenças entre os acordos feitos pelos sindicatos não necessariamente devem ser ruins para o trabalhador. "A tendência é que a maior parte dos acordos reflita uma alternativa aceitável para as duas partes. Um acordo de jornada de trabalho conquistado em São Paulo pode não ter importância para a categoria que trabalha no interior do Estado. Sindicatos mais fracos, por terem de atuar em mais discussões, podem até se fortalecer."
 
Fonte: O Estado de S. Paulo

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Considerada uma das “leis imorais” do país pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, a norma que garante aposentadoria especial para deputados e ex-deputados ganhou o apoio do governo na Justiça. A Advocacia Geral da União (AGU) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) parecer contrário à ação de Janot contra o Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSS), que favorece a aposentadoria dos atuais e de ex-integrantes da Câmara.
A manifestação ocorre no momento em que o governo busca angariar votos para os seus dois maiores desafios no Legislativo: barrar o andamento da mais nova denúncia criminal contra o presidente Michel Temer e para aprovar a reforma da Previdência, que reduz direitos e para os demais brasileiros. Criado em 1997, o PSSC garante aos parlamentares benefícios como aposentadoria integral, averbação de mandatos passados, atualização no mesmo percentual do parlamentar na ativa, a chamada paridade, acúmulo de benefícios que extrapolam teto constitucional, pensão integral em caso de morte e custeio das aposentadorias por conta da União.
Em parecer enviado ao Supremo, a advogada-geral da União, Grace Mendonça, defende a manutenção das regras atuais para os congressistas. A ministra alega que elas fazem parte das “prerrogativas constitucionais do Poder Legislativo, tendo em vista a natureza política da função exercida”.
“Deve-se, ainda, salientar que a Constituição não veda a criação de regimes previdenciários específicos e nem limita a sua existência aos modelos atualmente em vigor”, diz trecho do documento ao qual o site Jota teve acesso. “O texto constitucional não permite necessariamente extrair-se uma interpretação restritiva, de que este é o único regime possível. Neste caso, entende-se que a previsão constitucional quis garantir àqueles ocupantes de cargos sem vínculo efetivo que estes não ficariam excluídos do amparo de um regime previdenciário”, acrescenta a AGU.
Isonomia e republicanismo
O raciocínio da ministra é oposto ao expressado por Janot na ação de inconstitucionalidade. Para ele, a aposentadoria especial para parlamentares contraria o princípio da isonomia previsto na Constituição. “É inadmissível elaboração de leis imorais, cujo único propósito seja privilegiar alguns poucos indivíduos, locupletando-os injustificadamente à custa das pessoas que sustentam financeiramente o Estado com seu trabalho”, argumenta.
Caberá ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação, decidir se concede liminar (decisão provisória) antes do julgamento do mérito do processo. O pedido da medida cautelar foi feito por Janot para evitar que ex-parlamentares continuem a receber benefícios indevidos, lesando segundo ele, os cofres públicos.
“A manutenção do plano de benefícios especial dos parlamentares ofende persistentemente a noção de republicanismo e isonomia que a sociedade deve nutrir, com o que degrada o ambiente institucional e a credibilidade do sistema representativo”, ressalta o ex-procurador.
Casta
Na avaliação da PGR, as aposentadorias especiais distinguem indevidamente determinados agentes políticos dos demais cidadãos e “cria espécie de casta, sem que haja motivação racional – muito menos ética – para isso”. O Ministério Público entende que, mesmo durante a ocupação de cargos públicos, é desejável que os mandatários do povo sejam tanto quanto possível tratados com direitos e deveres idênticos aos dos demais brasileiros.
“Não há critério razoável e proporcional capaz de legitimar tratamento privilegiado em favor de ex-membros do Congresso Nacional, os quais somente exerceram múnus público temporário – conquanto da mais alta relevância e nobreza, quando dignamente exercido –, plenamente conscientes disso”, defende Janot.
Ainda na ação, o ex-procurador argumenta que, desde a Emenda Constitucional 20/1998, todos os ocupantes de cargos temporários, inclusive agentes políticos, se tornaram contribuintes obrigatórios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Por isso, acrescenta Janot, em observância aos princípios da solidariedade, da universalidade e da diversidade da base de custeio, a Constituição dispõe que a filiação ao RGPS é obrigatória, e, portanto, não constitui faculdade do beneficiário ou do sistema.
Regalias parlamentares
Durante o mandato, o deputado segurado paga R$ 3,7 mil por mês ao PSSC – parcela igual àquela paga pela Câmara. Isso representa 11% do salário do parlamentar, que está em R$ 33,7 mil. Se comprovar os 35 anos de exercício de mandatos – federais, estaduais ou municipais – e 60 anos de idade, recebe aposentadoria integral, no mesmo valor do salário de deputado. Segundo a lei atacada, parlamentares, ex-parlamentares e dependentes beneficiários do PSSC podem receber benefícios até o valor do subsídio pago a deputados federais e senadores e, no caso de pensão, seu importe será de, no mínimo, 13% do subsídio.
A média de aposentadoria recebida por um ex-parlamentar, se levados em consideração os que se aposentam proporcionalmente, é de R$ 14 mil. Todo reajuste dos salários de deputados e senadores é repassado para as aposentadorias. Após a morte do parlamentar, os pensionistas (viúva ou os filhos até 21 anos) passam a receber a pensão.
Janot cita a disparidade das regras e do valor recebido entre um congressista e um trabalhador comum. “A concessão de benefícios previdenciários com critérios especiais distingue indevidamente determinados agentes políticos dos demais cidadãos e cria espécie de casta, sem que haja motivação racional – muito menos ética – para isso. Um cidadão comum, além de contribuir por 35 anos, se homem, ou 30 anos, se mulher, deve completar 60 anos de idade, se homem, e 55 anos, se mulher, para aposentar-se pelo RGPS, cujo teto atualmente é de R$ 5.531,31″, diz na ação ao STF.
Em 2015, 24 deputados se aposentaram, com benefício médio de R$ 18,4 mil. Nem todo o período de averbação é aproveitado. Quando sobra tempo de contribuição, ou falta dinheiro ao deputado, acontece a “desaverbação” parcial ou total. Mais uma regra bastante flexível do PSSC.
Dois anos de Câmara
O atual sistema permite casos extremos, como mostrou o Congresso em Foco em fevereiro. O deputado Manuel Rosa Neca (PR-RJ) chegou à Câmara como suplente, em janeiro de 2013. Cinco meses mais tarde, ingressou no plano de previdência dos congressistas. Completou apenas dois anos de mandato como deputado federal. Com o aproveitamento (averbação) de parte de mandatos anteriores de vereador e prefeito em Nilópoles (RJ), além de mais 26 anos de contribuição ao INSS, conseguiu a aposentadoria e recebe, hoje, R$ 8,6 mil.
Mas as regras do plano são ainda mais permissivas. Um deputado pode se aposentar a partir de apenas um ano de exercício do cargo, desde que faça averbações de outros mandatos ou contribuições ao INSS. O ex-deputado Junji Abe (PSD-SP) exerceu o cargo por  apenas quatro anos, entre 2011 e 2015. Em janeiro de 2015, teve aprovadas pela Câmara a averbação de mandatos de deputado estadual, vereador e prefeito de Mogi das Cruzes que somavam 20 anos de exercício desses cargos. O valor da averbação ficou em R$ 1,4 milhão. Em junho daquele ano, conseguiu ainda o aproveitamento de 12 anos de contribuições ao INSS. Fechou 24 anos de mandatos e assegurou uma aposentadoria de R$ R$ 23 mil.
 
FONTE: CONGRESSO EM FOCO

 

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Relatório da Oxfam divulgado nesta segunda-feira (25) mostra que o topo da pirâmide destina 21% de sua renda com impostos, enquanto os menos favorecidos pagam 32%.

A população 10% mais rica do Brasil paga uma parcela menor de sua renda com tributos que os 10% mais pobres, mostra um estudo sobre desigualdade divulgado nesta segunda-feira (25) pela organização não-governamental britânica Oxfam.
A parcela mais pobre da população gasta 32% de tudo o que recebe em tributos, enquanto quem está no topo da pirâmide destina apenas 21% de sua renda para pagar impostos, segundo o relatório “A Distância que nos Une – Um Retrato das Desigualdades Brasileiras".
 
No Brasil, a renda mais baixa também é a que paga mais impostos indiretos (cobrados sobre produtos e serviços): 28% de tudo o que ganham os mais pobres é consumido para este fim, enquanto que os mais ricos pagam somente 10% do rendimento neste tipo de imposto.
 
Os negros e as mulheres são os mais penalizados por essa diferença, mostra o estudo da Oxfam, já que eles somam três de cada quatro brasileiros na faixa menos favorecida. Na outra ponta, os homens brancos são dois em cada três dos 10% mais ricos do Brasil.
 
Imposto de renda e patrimônio
 
Quando se trata de impostos sobre a renda e patrimônio, o abismo entre ricos e pobres também é grande. Quem ganha 320 salários mínimos por mês paga a mesma alíquota efetiva de Imposto de Renda (após descontos, deduções e isenções) de quem recebe cinco salários mínimos, aponta a Oxfam.
 
Isso acontece porque a alíquota do IR para de crescer para quem ganha acima de 40 salários mínimos. Os mais ricos – boa parte empresários e acionistas – são também os mais beneficiados com as isenções sobre lucros de empresas e dividendos de ações. Na prática, apesar de ser uma renda, eles não precisam pagar imposto sobre estes ganhos, destaca o estudo.
 
Isenções beneficiam os mais ricos
O estudo aponta, ainda, citando dados da Receita Federal de 2016, que quem tem renda acima de 80 salários mínimos mensais (R$ 63.040) é beneficiado com isenção média de 66%. Para os que ganham 320 salários (R$ 252.160), o benefício vai a 70%.
 
Na outra ponta, a isenção para a classe média – quem recebe entre R$ 2.364 e R$ 15.760 é de 17%, e cai para 9% para quem ganha entre 1 e 3 salários mínimos mensais (R$ 788,00 a R$ 2.364,00), segundo o estudo.
 
Desigualdade salarial
 
O estudo também mostrou que a desigualdade salarial entre homens e mulheres só vai chegar ao fim daqui a 30 anos. Para chegar ao cálculo, a entidade usou a velocidade com que essa distância diminuiu em 20 anos, levando em conta os dados da Pnad Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ou seja, a projeção considera que esse ritmo seria mantido.
 
Se antes as mulheres recebiam 40% do rendimento dos homens, duas décadas depois elas passaram a ganhar 62% do que eles recebem, sobretudo com a entrada delas no mercado de trabalho, aponta a Oxfam. A renda média do sexo masculino, em 2015, era de R$ 1.508,00, contra R$ 938 das mulheres.

 

Fonte: G1

 

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Supersafra criou movimento em cadeia no Centro-Oeste e fez a população ocupada aumentar em 17 mil entre o 1.º trimestre de 2015 e o 2.º trimestre deste ano; no Nordeste, crise da indústria fez esse número cair 1,9 milhão no período

Apesar de o emprego dar os primeiros sinais de reação, o mercado de trabalho não se recupera da mesma forma em todo o País. Enquanto na região Centro-Oeste o total de pessoas em atividade já recuperou os níveis pré-crise, no Nordeste, essa trajetória vai na contramão: a queda da população ocupada só se aprofundou entre o primeiro trimestre de 2015 e os três meses encerrados em junho deste ano.

Nesse período, o número de pessoas com trabalho no Brasil caiu 2,4 milhões, segundo cálculos da consultoria A.C. Pastore e Associados, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-Contínua).

No Sudeste, a queda na indústria e na construção civil ainda impedem uma recuperação mais robusta no número de brasileiros ocupados. Sem depender demais de um setor específico, a região Sul, por sua vez, é a que já está mais próxima da retomada. Já o mercado de trabalho da região Norte, apesar de ter registrado queda no número de ocupados na indústria e também ser dependente de investimentos, tem números melhores que os dos Nordeste – uma queda amortecida, em partes, por resultados positivos na indústria extrativa.

A região que mais chama a atenção positivamente, no entanto, é o Centro-Oeste. A população ocupada no segundo trimestre superou em 17,1 mil a do primeiro trimestre de 2015, quando o País começou a ter redução no número de ocupados. A supersafra gerou um movimento em cadeia na região, que aumentou as contratações não só na agropecuária, mas também no setor de serviços. Lá, esse foi o segmento que puxou o número de ocupados para cima nos últimos três meses, com 149 mil a mais trabalhando desde 2015. Mato Grosso está atraindo mão de obra até de outros Estados.

“A agropecuária, mais dinâmica no Centro-Oeste, teve um desempenho tão positivo que ajudou a recuperar o Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre e acabou gerando renda e afetando a região como um todo”, analisa o professor da FEA/USP Hélio Zylberstajn.

Ao mesmo tempo, o Nordeste ainda amarga a maior perda de pessoas ocupadas e é a única região sem ter dois trimestres seguidos de queda no desemprego. Entre 2015 e junho, a queda da população ocupada nos Estados nordestinos foi de 1,9 milhão – reflexo da crise da indústria e da escassez de investimentos.

Retrato da crise. O município de Cabo de Santo Agostinho é um retrato da situação precária do emprego na região: está entre as cidades do Nordeste que mais perderam postos de trabalho entre janeiro e agosto deste ano. Foram 2.449 postos a menos nesse período. A cidade divide com a vizinha Ipojuca a sede do conjunto que reúne porto, empresas, estaleiros e a refinaria de Abreu e Lima.

O município, que atraía mão de obra de outros Estados, hoje sofre com a falta de previsão para a construção da segunda fase de Abreu e Lima, com investimento estimado em mais de R$ 3 bilhões, e com o fim dos contratos para a construção de navios. Em frente à antiga prefeitura, onde os recém-chegados logo conseguiam trabalho, os moradores agora disputam uma vaga temporária – a maioria volta para casa sem nada.

“No Nordeste, levou mais tempo para que a crise econômica se refletisse no emprego. Enquanto o emprego no Sudeste e no Sul já começava a desacelerar no fim de 2014, no Nordeste, crescia. A demora para reagir agora faz parte do ciclo econômico”, diz Fernando Holanda Barbosa Filho, do Ibre/FGV.

Segundo ele, parte do cenário se explica pela queda dos investimentos públicos e da transferência de renda. “A base eleitoral da chapa vencedora em 2014 estava no Nordeste, e a política de deslocar recursos foi suficiente para ganhar a eleição. O ajuste veio na forma de alta do desemprego e demora para recuperá-lo.”

Fonte: O Estado de S. Paulo

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O rentismo não apenas enriquece o seleto grupo que o acessa, mas empobrece o trabalhador, que vê seu dinheiro escoar na forma de juros abusivos. Esse é o panorama que o economista Ladislau Dowbor e professor titular de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) descreve em seu novo livro A Era do Capital Improdutivo (Outras Palavras & Autonomia Literária).
Os 28 gigantes do mundo financeiro controlam 1,8 trilhão de dólares, mais que o PIB do Brasil. E como seria diferente? Enquanto o investimento produtivo rende 2%, as aplicações financeiras geram pelo menos 7% de retorno. A consequência é concentração de poder, de renda e vulnerabilidade da democracia. “Existe uma finança mundial, mas não um governo mundial”, afirma Dowbor, em entrevista a CartaCapital.
Segundo Dowbor, se olharmos a conta do trabalhador, ele é explorado pela taxa de juros, pois quando paga o dobro pelo que compra, é como se dividisse seu salário pela metade. “Reduzir juros é fechar a principal torneira por onde vaza o gasto improdutivo”, afirma o economista.
Confira abaixo a íntegra da entrevista.
CartaCapital: Como podemos definir a era do capital improdutivo, título do seu livro?
Ladislau Dowbor: O primeiro ponto é que é média de rentabilidade dos papéis no plano internacional é de 7% ao ano. Isso é aplicação financeira, não é investimento. O banco chama de investimento, mas não é. Quando se aplica em papeis não se tem uma casa a mais no país, um sapato a mais no país. Já no investimento produtivo o retorno é da ordem de 2% ou 2,5% ao ano. Então o dinheiro flui para onde rende mais. E rendendo mais em papeis, o investimento produtivo tem seus recursos desviados para o financeiro.
Se olharmos apenas os fundos de pensão, são cerca de 730 bilhões de reais. Em muitos países, esses fundos são obrigados a investir efetivamente em atividades produtivas, pois isso gera futuras riquezas que poderão cobrir as necessidades dos futuros aposentados. Já no Brasil, eles são autorizados a aplicar até 100% em títulos públicos. E isso é até divertido, porque é do nosso bolso, via impostos, que sai a pensão complementar privada.
O primeiro grande argumento, que deu lugar à popularidade do livro do Piketty (Thomas Piketty, autor de O capital no Século XXI). Ele demonstrou claramente isso: há um capitalismo improdutivo e quando você obtém 7% em papéis contra 2% na produção, na realidade se gera um sistema financeiro extrativo, que extrai riquezas. O Instituto Roosevelt fala em produtividade líquida negativa do sistema financeiro. Não há financiamento da produção, pelo contrário, ele extrai.
CC: E qual o papel dos paraísos fiscais nessa estrutura?
LD: O sistema de aplicação funciona no plano internacional e todo o sistema que administra esses recursos financeiros têm sólidas estruturas em paraísos fiscais. Como o dinheiro não é mais uma estrutura física, em grande parte isso escapa do controle dos bancos centrais.
Basicamente se tem um sistema financeiro que gira no planeta, enquanto os sistemas de controle são nacionais. São cerca de 200 bancos centrais e o Banco de Compensações Internacionais dá conselhos, mas não apita nada. Tem-se um descontrole dos recursos que circulam pelo mundo.
O PIB mundial de 2012 era 73 trilhões de dólares e o estoque de recursos financeiros em paraísos fiscais girava entre 21 e 32 trilhões de dólares segundo o TJN (Tax Justice Network). A revista The Economist fala em 20 trilhões de dólares. De qualquer maneira, constata-se que esses recursos financeiros não só deixam de ser reinvestidos, porque são reaplicados em outros papeis, como sequer pagam impostos.
CC: Quais as consequências desse esvaziamento do capital produtivo em nome do capital financeiro?
LD: De algum lugar vem os recursos para essa apropriação financeira. E de onde eles vêm? No caso do Brasil, da taxa de juros sobre as famílias. Todo mundo tem um cartão de crédito no bolso. Esse cartãozinho é uma ligação eletrônica com uma instituição financeira. É como ter um pipeta no bolso que permite a drenagem.
Quando se entra no crediário de qualquer uma dessas grandes lojas, são 105% de juros ao ano. Isso é absolutamente absurdo, porque eles não produzem, só recebem e repassam. Não são mais instituições de prestação de serviços comerciais, são essencialmente intermediários financeiros.
As famílias passaram a ter mais recursos na história recente – seja pelos programas de transferência de renda, a valorização do salário mínimo ou o crescimento do emprego – e rapidamente os bancos aprenderam a chupar esses recursos.
Primeiro as redes comerciais, que aumentaram os juros dos crediários, depois os bancos. Quando as pessoas não conseguem pagar o crediário, pedem empréstimo, numa média de 156% ao ano – lembrando que na Europa é 3,6%.
Então se extrai através do crediário, se extrai através dos juros bancários. Mesmo que se consiga entrar no crédito consignado, são 26%. Esse tipo de juros na Europa ou nos estados Unidos está em torno de 3%. Se a pessoa se enrosca e entra no cheque especial, acima de 300%. Se entra no rotativo do cartão, são 480%. Economistas estrangeiros que me visitam questionam: como é que o povo aceita? Mas em escola nenhuma há uma aula sequer sobre como funciona a moeda.
Há um resultado prático: hoje temos 61 milhões de adultos negativados. Num país que tem 206 milhões de habitantes, 40% dos adultos não consegue pagar as prestações, os juros, sobre o que já compraram. E então se paralisa o principal motor da economia, que é o consumo das famílias.
CC: A partir do momento em que os recursos das famílias e das empresas são desviados para o sistema financeiro, como é possível dinamizar a economia sem investimento produtivo?
LD: Isso não existe. A forma de sair disso é a mais clássica, a que funciona em qualquer parte do mundo, está comprovada e a gente sabe como fazer: basicamente tem que mobilizar o principal motor que é o consumo das famílias. E isso significa reduzir os juros. Reduzir os juros é fechar a principal torneira por onde vaza o gasto improdutivo das pessoas. Quando as famílias consomem, as empresas voltam a empregar. E aí se aumenta ainda mais a capacidade de compra.
CC: Como políticas públicas podem efetivamente ajudar a economia a girar?
LD: O bem-estar das famílias depende do salário direto, mas depende também do que chamamos de salário indireto. O norte-americano tem um salário mais alto do que o canadense, mas o canadense tem um salário indireto muito amplo. Eles têm a creche, a escola de graça, a saúde de graça… Na realidade, esse tipo de salário gera um equilíbrio social muito maior, porque o acesso é público, universal e gratuito.
É preciso articular famílias consumindo mais – mas sem gastar com planos de saúde e coisas do gênero – à atividade empresarial e à política de estado – que em vez de cortar gastos, aumente o salário indireto das famílias. Esse é o tripé que coloca o motor em marcha. Isso é clássico.
CC: Mas com retornos tão atraentes para o capital financeiro, é possível interromper a dinâmica econômica que temos hoje?
LD: No quadro político existente – com o Congresso que foi eleito por corporações e um presidente com 5% de apoio da população – criou-se uma estrutura que inviabiliza justamente montar o que é necessário.
Por exemplo, o que o Roosevelt (Franklin Roosevelt, presidente dos EUA de 1933 a 1945) fez. Porque em 1929 era mais ou menos isso, mas a população votou no Roosevelt, que colocou impostos de 90% para as grandes empresas, entre outras medidas do New Deal.
E se olharmos o que está sendo discutido internacionalmente, é se pensar um imposto razoável sobre o capital improdutivo. Se o capital improdutivo é tributado, o dono de uma fortuna dessas em vez de apenas assistir o dinheiro crescer sem precisar produzir nada, verá que não é bem assim.
CC: Então uma ferramenta do estado para tentar esse equilíbrio seria uma cobrança mais assertiva de impostos?
LD: Mas não tem nem dúvida. A reforma tributária é vital nisso. É uma piada quando não só o rentismo rende o que rende, mas os dividendos sequer são tributados.
CC: Uma questão bastante central no livro é a concentração de poder nas megacorporações internacionais, que altera a arquitetura global de poder. Como a democracia se fragiliza diante do poder hegemônico do capital financeiro? 
LD: Existe uma finança mundial, mas não um governo mundial. Em muitos países se estuda a “captura do poder”, que se dá tradicionalmente através de lobby. Mas no Brasil ele acontece pelo financiamento das campanhas eleitorais pelas empresas, que podem comprar seus políticos.
E isso é engraçado, porque quando se paga um deputado para votar de uma determinada maneira chama corrupção, mas quando se compra por quatro anos, por atacado, é financiamento de campanha. Então temos algo mais sofisticado, que valeu de 1997 a 2015, em que as empresas podiam financiar diretamente seus deputados.
CC: E como todo esse contexto pesa sobre a concentração de renda e o aumento da desigualdade?
LD: Três quartos da população gasta seu salário até o fim do mês. Então quem é que paga as aplicações, quem faz render? O melhor modo das pessoas entenderem como isso vira uma bola de neve: se um bilionário aplica 1 bilhão de dólares a 5% ao ano, o que é bem modesto, ele aumentaria a fortuna, ao dia, em 137 mil dólares.
Do ponto de vista do trabalhador, é muito interessante. Os sindicatos ainda pensam que precisam brigar unicamente pelo salário, pois imaginam que é aí que está a exploração. Se olharmos a conta do trabalhador, ele está sendo muito mais explorado pelo capital financeiro, pela taxa de juros: ele paga o dobro ou mais pelos produtos que compra. Quando ele tem que pagar o dobro pelo que compra, é como se dividisse o salário pelo metade. Os pobres não só pagam mais imposto, como pagam o dobro pelo que consomem porque não podem pagar à vista. Não tem como uma economia funcionar com um sistema desses.
CC: Ainda nem saímos da crise de 2008, mas essa disfuncionalidade deixa o mundo sempre  vulnerável a novas crises. Como a concentração de renda entra nesta equação?
LD: Existe principalmente uma vulnerabilidade política. Quem faz aplicações financeiras são os ricos, que se tornam mais ricos. Essa modalidade de ganhar dinheiro não está na mão dos pobres, que precisam trabalhar e produzir para ganhar os seus salários. Então aumenta a distância política.
Isso gera uma situação explosiva, porque os pobres, em qualquer parte do mundo, não são mais aqueles coitadinhos que dizem “sim, senhor” para tudo. Estão conscientes de que podem parir numa clínica decente, que seu moleque pode estudar numa escola decente…
E aí o Trump diz que vai construir um muro para se proteger dos mexicanos, Israel constrói um muro para se proteger dos palestinos, os europeus colocam arame farpado no Mediterrâneo, mas não vai dar para fazer um condomínio de riquinhos no Planeta. A desigualdade planetária se tornou insustentável. Em termos econômicos, é insustentável porque se está cortando a capacidade de consumo das famílias.
CC: E se conhecemos a fórmula, quais são os interesses que impedem que ela seja aplicada?
LD: Os grupos financeiros estão ganhando tanto dinheiro, e em torno deles estão grandes empresas de intermediação desse dinheiro, um conjunto de mecanismos que se transformou em grandes burocracias internacionais.
Há os 28 gigantes e o capital médio com o qual trabalha cada um deles é 1,8 trilhão de dólares. O PIB do Brasil é 1,7 trilhão. Então hoje é o rabo que abana o cachorro. O equilíbrio mudou e o drama é esse: o espaço para um país mudar o seu sistema.
E os gigantes, a partir da crise de 2008, passaram a se estruturar de maneira organizada. Não se tem mais mercado, no sentido de concorrência, isso é passado. A melhor definição dessa dinâmica foi feita pelo sociólogo alemão Wolfgang Streeck. Ele mostra de maneira prática como seria se os governos servissem o povo e como eles servem efetivamente ao poder financeiro.
E ele tem uma frase muito poderosa: não é o fim do capitalismo, mas é o fim do capitalismo democrático. Porque quando o capitalismo era formado por milhões de pequenas empresas era necessário um governo que pusesse ordem, que regulasse essas atividades. Hoje são eles, esses gigantes, que fazem a regulação. Isso desloca em profundidade o conceito de democracia.
CC: Com isso não há espaço ou autonomia para o campo político colocar medidas que alterem esse quadro?
LD: O problema do Brasil não é só um problema do Brasil. É o problema dos governos de esquerda que acabam aplicando uma política de direita porque têm que satisfazer o sistema financeiro.
Em termos de compreensão concreta da crise brasileira atual, não é uma crise herdada da ex-presidente Dilma Rousseff que a direita está tentando consertar, mas sim uma crise gerada pelo sistema financeiro que se tenta atribuir aos governos anteriores. O que é uma farsa.
CC: E existe algum caminho de saída dessa dominação?
LD: Enquanto as pessoas não entenderem como estão sendo depenadas não haverá avanço. Todo esse raciocínio deveria ter muito mais visibilidade. Como os mecanismos financeiro são complicados, isso gera uma relação de forças fragilizada.
Por exemplo: quando se tem a exploração salarial que atinge um conjunto de trabalhadores de uma empresa, eles fazem greve, brigam com o patrão porque sabem quem é o patrão. Mas nesse sistema em que você é drenado através da tarja magnética que está no seu bolso – não é mais-valia salarial e sim mais-valia financeira – o que se faz? Uma manifestação em frente da agência bancária? Não há a quem endereçar.

 

Fonte: Carta Capital