Embora o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tenha indicado crescimento da economia nos últimos trimestres e detectado uma deflação de 4,6% no preço dos alimentos entre janeiro e outubro deste ano, esses sinais de recuperação não foram percebidos pelas classes C e D, segundo pesquisa realizada pelo instituto Plano CDE, especializado no comportamento de consumo das famílias de baixa renda.
Após três anos de recessão, os tênues sinais de melhora econômica não atingiram esse contingente da população, diz Maurício de Almeida Prado, diretor do Plano CDE. A avaliação dessas famílias sobre a própria situação financeira na pesquisa feita em novembro é tão ruim quanto no levantamento de 2015, auge da crise - naquele ano, o Produto Interno Bruto (PIB) teve retração de quase 4%.
Um fator para explicar esse cenário é a composição de renda dessa população, que costuma ter forte componente informal. Se um membro da família perde o emprego, uma residência pode cair para a classe D ou até mesmo E de um mês para outro. Cerca de 68% dos integrantes das classes C e D discordam de que houve deflação dos alimentos.
Desde 2015, o processo de cortes de gastos nos lares das classes C e D foi intensificado, de acordo com a pesquisa do Plano CDE. Em 2017, os principais itens cortados, segundo o levantamento, foram comida fora de casa, lazer e serviços de beleza. Na lógica das famílias de baixa renda, somente o custo do ônibus para que pai, mãe e três filhos cheguem ao shopping - mesmo que não gastem nada - é suficiente para proporcionar outro tipo de diversão - um plano básico de internet ou de uma assinatura de serviço de streaming, como o Netflix, por um mês inteiro.
Fonte: Brasil 247