A proporção da remuneração dos admitidos em relação a dos demitidos, que era de 93% em janeiro, recuou para 87% no mês seguinte

Encontrar trabalhadores no mercado formal dispostos a receber salários inferiores aos de quem foi desligado se tornou uma missão mais fácil este ano para as empresas. A proporção da remuneração dos admitidos em relação a dos demitidos, que era de 93% em janeiro, recuou para 87% no mês seguinte e tem se mantido próxima a esse patamar desde então, mesmo percentual registrado em agosto. Os cálculos foram feitos pela MB Associados, a pedido do  com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Considerando a média dos últimos 12 meses - medida que o economista-chefe da MB, Sergio Vale, considera mais correta, uma vez que o dado mensal é muito volátil - o salário dos recém-contratados com carteira assinada também equivalia a 87% da remuneração dos demitidos em agosto.
Esse movimento tem ocorrido principalmente na indústria, setor em que um recém-admitido no mercado formal recebe, em média, 81% de quanto ganhava um trabalhador desligado, também considerando a média dos 12 meses encerrados em agosto. "A indústria é o setor que se ajusta mais rapidamente. Com a capacidade ociosa elevada, consegue ampliar a produção num cenário de melhora fazendo poucas novas contratações", observa Fabio Romão, economista da LCA Consultores.
Entre o fim de 2011 e início de 2012, pico da série calculada pela consultoria, um recém-admitido no mercado formal entrava ganhando, em média, 94% do valor pago a um funcionário desligado. Naquele período, o mercado de trabalho mais apertado, com pouca oferta de mão de obra e desemprego baixo, ainda favorecia a contratação de pessoas com pouca experiência ganhando salários mais elevados.
Segundo Vale, a recessão aprofundou a diferença de salários entre demitidos e admitidos. Esse processo, em sua avaliação, está "retirando renda da economia", apesar da alta no rendimento real dos ocupados provocada sobretudo pela desaceleração da inflação.
"A observação do mercado formal de emprego leva a entender porque o crédito ao consumidor também se recupera a passos de tartaruga. Dependente das garantias que apenas o emprego formal em geral dá, empregos com salários menores levam a menor crescimento da demanda por bens e serviços e, consequentemente, do crédito para comprá-los", afirma Vale, para quem a menor remuneração dos salários de admitidos deve moderar o ritmo de recuperação do consumo das famílias.
Estruturalmente, os salários de admissão já são menores, observa Romão, porque a remuneração daqueles que estão no primeiro emprego puxa a renda dessa categoria para baixo, mas a distância em relação à remuneração dos desligados aumenta ainda mais em períodos recessivos. "As chances de se reinserir no mercado de trabalho são menores, e as pessoas aceitam receber menos", diz.
A legislação brasileira impõe travas à redução de salários e, por isso, o ajuste das empresas acaba acontecendo mais pelo lado da ocupação, comenta Romão. Por isso, é de se esperar que, quando o mercado de trabalho fica menos aquecido as companhias acabem demitindo funcionários com remuneração mais elevada e contratando pessoas com menos experiência e salários menores.
Diretor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio aponta que parte significativa do aumento de desemprego ocorreu entre homens chefes de família, o que elevou a disparidade entre os salários de demitidos e admitidos. Segundo microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, 1,6 milhões de chefes de família perderam seus empregos desde o fim de 2014.
"Isso significa menor capacidade de consumo interno", diz Ganz Lúcio, que destaca, ainda, o aumento da informalidade. Também de acordo com a Pnad, no trimestre encerrado em agosto, havia 10,7 milhões de trabalhadores sem carteira no setor privado, alta de 5,4% em relação a igual período de 2016. "Parte da força de trabalho está conseguindo se recolocar, mas com salários menores", o que também é prejudicial ao consumo, diz.
Para Tiago Cabral Barreira, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) a recuperação em curso no mercado de trabalho ainda não é forte o suficiente para puxar para cima a remuneração dos admitidos. "Os rendimentos com carteira assinada tendem a crescer mais devagar", afirma, devido ao maior contingente de pessoas buscando uma vaga e, também, à menor inflação, que é um farol para grande parte das correções na parte formal do mercado.
Por isso, diz, a tendência é que a distância entre os salários de admitidos e desligados siga maior, mesmo com a retomada das contratações observada nos últimos cinco meses. "Com uma grande massa de pessoas procurando emprego, cresce a disposição em aceitar salários menores", avalia o pesquisador.
 
Fonte: Valor Econômico

 

 

De acordo com o IBGE, aumentou o número de trabalhadores em empresas menores e diminuiu o total nos empreendimentos de grande porte

De 2015 para 2016, o número daqueles que trabalham em empreendimentos de pequeno porte (com até cinco pessoas) aumentou de 48,1% para 50,1% do total, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE. Já o total ocupado nos de grande porte (com mais de 50)  caiu de 29% para 26%.
O instituto considera um universo de 73,7 milhões de empregadores, trabalhadores por conta própria e empregados, com exceção dos setores público e doméstico. Esse número também foi menor em comparação com 2015, quando o país tinha 75 milhões de ocupados no setor privado. Em 2012, eram 72,4 milhões.
Os dados divulgados nesta quarta-feira (18) mostram ainda que a taxa de sindicalização no Brasil registrou, no ano passado, seu menor nível desde o início da série, em 2012. Nesse intervalo, o total de associados a algum sindicato foi de 13,6% para 12,1%, o equivalente a 16,9 milhões de pessoas, 1 milhão a menos em comparação com quatro anos antes.
Entre os homens, os sindicalizados representavam 13,1% do total, ante 15,3% em 2012. No caso das mulheres, em igual período, a taxa foi de 11,9% para 11,2% Houve redução em todas as regiões. No ano passado, a sindicalização era maior no Nordeste (14,7%) e no Sul (14,2%). Foi de 10,7% no Sudeste, 10,6% na região Norte e 9,4% no Centro-Oeste.
Dos trabalhadores por conta própria, 18,9% eram registrados no CNPJ, ante 14,9% em 2012. Entre os empregadores, a participação aumentou de 75,6% para 82%.
 

Fonte: Rede Brasil Atual

 

Resultado de imagem para TST

 

TST considerou princípio da estabilidade financeira ao manter decisão de tutela de urgência.
 

A SDI – 2 do TST negou provimento a recurso do Banco do Brasil e manteve decisão que, em tutela provisória, determinou o pagamento de gratificação de função para funcionário.

O autor da reclamação trabalhista argumenta na ação principal que recebeu a gratificação por mais de 10 anos, tendo exercido o cargo confiança - gerente de relacionamento administrativo e conta - de 2003 a 2016, com o pagamento da correspondente gratificação de função; exerceu ainda o cargo de gerente geral por seis meses. No ano passado, o banco o reconduziu ao cargo de origem (escriturário) após uma avaliação de desempenho.

A defesa do banco alega que houve justa causa para a retirada do cargo e, consequentemente, da gratificação, haja vista o desempenho insatisfatório na tal avaliação, e conforme as regras internas da instituição, bastaria uma única avalição de desempenho insuficiente.

Na origem, foi deferido parcialmente o pedido de tutela de urgência para determinar o restabelecimento da gratificação de função exercida por mais de 10 anos.

Estabilidade financeira

A relatora do MS, ministra Maria Helena Malmann, consignou no voto ser incontroverso que o reclamante recebeu a gratificação por prazo superior a 10 anos, em virtude do exercício de cargo de confiança, do qual foi dispensado.

“O poder diretivo do empregador confere-lhe a prerrogativa de nomear ou destituir empregado do cargo de confiança, com ou sem justo motivo, a qualquer tempo. Todavia, é vedado ao empregador retirar a gratificação de função percebida ao longo de mais de 10 anos, em razão do princípio da estabilidade financeira e em virtude da irredutibilidade salarial, nos termos da súmula 372 desta Corte. Caso haja percepção de gratificação por mais de dez anos, imputa-se ao empregador a obrigação de manter a estabilidade financeira.”

Assim, considerando a razoabilidade do pedido do autor, a ministra manteve a liminar. A decisão da turma foi unânime, tendo o ministro Renato de Lacerda Paiva destacado o fato de que, na decisão impugnada, o magistrado asseverou que a desconstituição no cargo foi em razão de não ter alcançado a média exigida na avaliação por “poucos décimos”.

Processo relacionado: RO 20046-81.2017.5.04.0000

Fonte: Migalhas

Resultado de imagem para MPT

Para Luiz Eduardo Bojart, procurador-geral em exercício do MPT (Ministério Público do Trabalho), a portaria do governo Temer sobre trabalho escravo é uma "monstruosidade".
A norma, divulgada pelo Ministério do Trabalho nesta segunda-feira (16), acrescenta à definição de trabalho escravo, para fins de fiscalização, a exigência de que haja "restrição da liberdade de locomoção da vítima".
Desde o início dos anos 2000, a lei brasileira considera que bastam condições degradantes e análogas à escravidão para caracterizar o crime.
A restrição do conceito é uma demanda da bancada ruralista desde 2013, quando foi votada a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do Trabalho Escravo e o senador Romero Jucá (PMDB) defendeu a mudança no Congresso, sem sucesso.
A portaria também diminui a transparência da "lista suja" de empresas que praticam o trabalho escravo, determinando que ela só poderá ser divulgada com autorização do ministro do Trabalho.
Folha - Qual a ilegalidade apontada pelo MPT na portaria do Ministério do Trabalho?
 
Luiz Eduardo Bojart - Com uma simples portaria, o governo está desconstruindo todo um conceito legal do que seria o trabalho escravo. Voltamos à situação de dois séculos atrás, quando o trabalho escravo exigia restrição à liberdade de locomoção, ou seja, tem que ter senzala, tronco, grilhões, chicote. O conceito moderno inclui condições análogas à escravidão, condições de trabalho degradantes. Então esse é um absurdo jurídico, uma monstruosidade. Estamos perplexos.
Nesta terça-feira, recomendamos, junto ao MPF (Ministério Público Federal), que o governo revogue a portaria em até dez dias.
A imagem do Brasil pode ficar prejudicada?
 
Sim. Estão revogando de uma hora para outra uma política bem-sucedida do país, que ajudou a construir uma imagem internacional de referência no combate ao trabalho escravo. O Brasil foi de um modelo no resto do mundo para um pária. Nós sabemos que o mercado internacional é muito fechado para países escravagistas, e essa repercussão está por vir.
Existe algum lado positivo que justifique essa portaria?
 
Não. O que eu vejo é uma pequena parcela do empresariado brasileiro sendo favorecida para destruir a imagem internacional do país. Toda a economia brasileira será duramente afetada, vamos perder penetração.
A limitação na transparência da "lista suja" vai contra a Lei de Acesso à Informação?
 
É lógico. A censura imposta à divulgação da chamada "lista suja" é flagrantemente uma subtração à cidadania brasileira, em benefício do mercado dos escravagistas.
A lista é uma informação extremamente relevante para as cadeias produtivas, e a portaria é expressa em afirmar que a relação das empresas não será divulgada sem autorização do ministro. É uma regra que só favorece os escravagistas, que vão se esconder sob critério arbitrário do ministro do Trabalho, sem nenhum pressuposto técnico.

 

Fonte: Folha de S. Paulo

 

Resultado de imagem para TRABALHADORES TEMPORARIOS

 

De acordo com o estudo anual da consultoria Hays “Global Skills Index”, que mede o acesso ao talento em 33 países e apresenta tendências do mercado de trabalho de profissionais qualificados, a adoção de arranjos de trabalho mais flexíveis, como o temporário, vem crescendo em diversos países nos últimos cinco anos.

Para empresas e profissionais, no entanto, essa é uma mudança cultural grande, diz o CEO global da Hays, Alistair Cox. “Se você não estiver acostumado com esses conceitos, todas as práticas e políticas de gestão e RH estarão voltadas para a força de trabalho permanente”, diz. Ainda há dúvida, mesmo entre muitas empresas de países acostumados com esse arranjo, sobre como administrar esses profissionais no dia a dia.

Cox cita questões como o tipo de pacote de incentivo ou treinamento a que eles terão acesso, já que estarão lá por menos tempo do que os demais. “As empresas que conseguem melhor resultado são as que consideram todos como parte da força de trabalho. Porque você está construindo uma cultura organizacional para a companhia inteira, e não só para três quartos dela”, diz o CEO.

Além de adaptação nas políticas de RH, o cenário demanda novas habilidades de gestores. “Se você é um líder com trabalhadores permanentes e temporários na mesma equipe, você precisa saber uni-los e não pode ter uma abordagem de ‘nós vs. eles’, ou você terá atrito no sistema e resultados abaixo do desejado”, diz. O desafio cresce quando se leva em conta outras tendências que estão impactando o mercado de trabalho, como a presença de mais profissionais de gerações diferentes, com perfis e necessidades distintas – hoje, enquanto os mais jovens avançam no organograma, os profissionais mais velhos adiam a aposentadoria.

“No passado, um executivo sênior entendia o que alguém em um cargo iniciante fazia porque ele provavelmente havia passado por aquela função”, explica Cox. Hoje isso não é mais uma realidade, por causa da velocidade das mudanças decorrentes da tecnologia – muitas funções, afinal, nem mesmo existiam há alguns anos. “Isso exige uma série de habilidades da liderança sênior, de reconhecer que eu pessoalmente não tenho as respostas, mas sei que o mundo está evoluindo e preciso ter um time com uma série de habilidades, trabalhando de forma colaborativa”, diz.

Fonte: Valor Econômico

 

Empresas com até 5 empregados ganharam relevância no mercado de trabalho entre 2012 e 2016; empresas de grande porte respondem pela maioria das vagas de trabalho fechadas no país.

A crise financeira que o Brasil enfrenta há três anos provocou mudança na dinâmica do mercado de trabalho. Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que são os micro e pequenos negócios que têm movimento a contratação no país.

O levantamento tem como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada em 2016. Os dados mostram que as empresas que têm entre um e cinco funcionários passaram a ocupar mais da metade dos trabalhadores ativos do país. Até 2014, empreendimentos deste porte empregavam, em média, 46,6% dos trabalhadores. Em 2015 este percentual saltou para 48,1%, chegando a 50,1% no ano passado.

Já as empresas de grande porte, com 51 ou mais pessoas ocupadas, respondiam em média, até 2014, por 30,3% dos trabalhadores ocupados. Em 2015 este percentual caiu para 29%, e chegou a 26% em 2016.

"Este não é um fenômeno restrito a uma região do país, mas difundido em todas elas",
afirmou a analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.

De acordo com a pesquisa, as regiões Norte e Sudeste do país foram as que apresentaram a maior redução no número de pessoas ocupadas em empresas de grande porte. Em 2012, na Região Norte, este percentual era de 20,8% e caiu para 14,7% em 2016. Já no Sudeste caiu, no mesmo período, de 36,2% para 31,8%.

“A gente sabe que o Sudeste tem a maior concentração de indústrias de grande porte no país e sabemos, também, que foi a atividade que teve mais dispensa de trabalhadores desde o início da crise”, destacou Adriana.

Ainda segundo a pesquisa, entre 2012 e 2016, o percentual de trabalhadores ocupados em microempresas saltou de 60,8% para 68% na Região Norte, e de 38,3% para 42,1% no Sudeste – um aumento de, respectivamente, 7,2 e 3,8 pontos percentuais em cada uma destas regiões. Conforme apontou a pesquisadora do IBGE, estes dados indicam que houve uma migração de trabalhadores das empresas de grande porte para as de pequeno porte neste período.

O desemprego na economia cresceu nesse período. O índice de desocupados no país, que foi em média de 5,5% em 2012, atingiu 11,5% em 2016, de acordo com dados do IBGE.

Formalização de pequenas empresas

Desde o começo da crise aumentou o número de pessoas ocupadas como autônomos, os chamados trabalhadores conta própria, e empregadores. Esse grupo, que reunia 24 milhões de pessoas em 2012, atingiu 28 milhões de trabalhadores em 2016.

Tradicionalmente, o crescimento do trabalho por conta própria indica um possível aumento do trabalho informal, já que a maioria desses trabalhadores não tem CNPJ.

Porém, nesta nova divulgação, o IBGE apontou que aumentou o percentual de formalização dos trabalhadores nesta categoria. Mesmo assim, os informais ainda são maioria.

De acordo com o levantamento, em 2012, o país tinha 23,9% dos empregadores e trabalhadores por conta própria registrados no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Em 2016, este percentual saltou para 28,9%. Separadamente, o percentual de empregadores registrados no CNPJ saltou de 75,6% para 82% no mesmo período, enquanto o de trabalhadores por conta própria aumentou de 14,9% para 18,9%.

“Pode ser que de 2012 para cá a facilitação do registro formal para estes trabalhadores tenha
viabilizado este aumento na formalização”, sugeriu a analista do IBGE Adriana Beringuy.

Em 2014, o governo editou uma lei complementar que simplificou o registro de Microempreendedores Individuais (MEIs). O G1 já havia mostrado que a grande maioria das novas empresas que surgiram no país após o início da crise é de MEIs.

Ao se formalizar como MEI, o profissional autônomo continua a contribuir com o INSS e tem acesso a linhas de crédito para empresas, que em geral têm taxas de juros mais baixas do que as cobradas no crédito pessoal.

De acordo com o IBGE, as atividades em que cresceu a proporção de trabalhadores por conta própria formalizados entre 2012 e 2016 foram as classificadas como "outros serviços, alojamento e alimentação e construção".

A analista do instituto Adriana Beringuy destacou que esta informação coincide com a revelação, por meio da PNAD, de que as mulheres compõem o maior percentual de trabalhadores registrados no CNPJ tanto na condição de empregadores quanto de conta própria. No ano passado, 20,3% das mulheres que trabalham por conta própria eram formalizadas, contra 18,2% dos homens.

“Isso pode estar associado ao aumento de formalização de trabalhadores ligados a ‘outros serviços’, já que estes correspondem, principalmente, a atividades como salão de beleza, maquiagem, estética e outras que são predominantemente desempenhadas pelas mulheres”, observou a pesquisadora.

Já o aumento do número de registros de no CNPJ de empregadores e trabalhadores por conta própria no setor da construção, explicou Adriana, tem a ver com o grande volume de demissões no setor. Trabalhadores em funções como de eletricista, por exemplo, uma vez desempregados precisam de registro formal para prestar serviços às empresas.

“Com o CNPJ, ele passa a poder emitir nota fiscal. Assim, este eletricista, por exemplo, consegue prestar serviço a um condomínio”, apontou.

O aumento no setor de alojamento e alimentação, conforme exemplificou a pesquisadora do IBGE, pode estar associado às pessoas que passaram a produzir marmitas em casa para vender nas ruas.

Ainda de acordo com o IBGE, o aumento do número de registros no CNPJ ocorreu em todas as regiões do país, com destaque para o Nordeste, onde o crescimento foi de 33,1% entre 2012 e 2016, seguido pelo Sudeste, com 21,1% de acréscimo na formalização.

Fonte: G1

 
Resultado de imagem para TRABALHO ESCRAVO
As mudanças em torno da definição de trabalho escravo no Brasil podem ter impactos sobre as exportações, segundo sinalizaram representantes da União Europeia (UE) e do setor empresarial brasileiro.
Na segunda-feira (16), uma portaria alterou a definição de trabalho escravo, os critérios de autuação e a forma de divulgação da chamada "lista suja" com o nome dos envolvidos nesse tipo de crime.
"Não podemos aceitar a importação de produtos feitos sob condições de escravidão", disse à Folha a finlandesa Heidi Hautala, deputada no Parlamento Europeu, braço Legislativo da UE. Ela é ligada ao Partido Verde.
Para Hautala, a decisão do governo brasileiro ainda pode criar "obstáculo" às negociações do acordo de livre comercio entre UE e o Mercosul.
BLOCOS
No momento, os blocos estão alinhando parte das propostas. Cotas para carne e etanol estão entre os produtos em destaque.
Rascunhos do acordo que circulam –em discussões conduzidas há anos, sem consenso– mencionam o fim do trabalho escravo.
Outros tratados de comércio com a UE foram congelados no passado por esse tipo de preocupação. Por exemplo, houve resistência à indústria têxtil do Uzbequistão.
O Parlamento Europeu tem se preocupado com essa questão. Em outubro de 2016, pediu o endurecimento das regras para a identificação de trabalho escravo. Exportações precisariam de uma certificação de que respeitam determinados parâmetros, incluindo a ausência de trabalho escravo.
Mudanças específicas de lei devem passar primeiro pela Comissão Europeia, braço Executivo do bloco.
Procurado pela reportagem da Folha, o órgão não comentou se já estuda medidas contra o Brasil devido às mudanças nas regras. Mas a Comissão afirmou que o respeito a direitos trabalhistas básicos é essencial para sua política comercial.
O Executivo europeu disse também que as questões de política social no Brasil serão discutidas durante as tratativas para o eventual acordo de livre comércio entre o bloco e o Mercosul.
Cerca de 20% das exportações brasileiras tem como destino países europeus. Praticamente metade da pauta é composta por matérias-primas. Muitas já foram alvo de denúncias de trabalho escravo no passado.
Na avaliação de José Augusto de Castro, da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) ainda é cedo para ter uma visão mais clara sobre os efeitos das mudanças sobre o setor externo. Na avaliação dele, o fato de o comércio de matérias-primas ser concentrado em grandes empresas pode reduzir um eventual impacto negativo.
No entanto, ele lembra que, no âmbito do comércio internacional, ter o nome inserido na lista suja do trabalho escravo pode afetar a imagem do exportador e, em alguns casos, ser usado como moeda para baratear preços.
Ele vê com especial ressalva a decisão de se colocar a divulgação da lista com os nomes dos autuados nas mãos do ministro do Trabalho. É uma questão que acende a luz amarela porque politiza o tema.
"A lista seria mais política do que técnica e isso poderia gerar dúvidas ao abrir espaço para se optar por incluir ou excluir informações", diz.
EUA
Em reação ao afrouxamento na definição de trabalho escravo no Brasil, a Customs and Border Protection, a autoridade alfandegária dos EUA, disse em nota à Folha que continua "comprometida com a prevenção à importação de mercadoria produzida com trabalho forçado".
O comunicado acrescenta que a agência vai "continuar a acionar seus parceiros para verificar como a mudança afeta a cadeia de insumos associada a mercadorias produzidas no Brasil" e lembra que aceita denúncias contra condições de trabalho análogas à escravidão pela internet.
Leis americanas em vigor desde a década de 1930 proíbem a "importação de mercadoria extraída, produzida ou fabricada em qualquer país estrangeiro com o uso de trabalho forçado" e que essas mercadorias estão "sujeitas a apreensão e exclusão" e ainda podem ser alvo de investigação da Justiça do país.
O governo dos EUA ainda oferece recompensa de US$ 250 mil, cerca de R$ 800 mil, a delatores com informações que possam levar à apreensão de mercadorias ilegais ou empresas que submetem trabalhadores a regimes de escravidão ou trabalho forçado.

 

Fonte: Folha de S. Paulo

Resultado de imagem para CRISE FINANCEIRA

As entidades sindicais estão com atenção voltada para enfrentar o golpe violento desferido pelo capital contra o trabalho, através da chamada reforma trabalhista. 


As forças do capital introduziram na legislação o fim da contribuição sindical e, através do STF, impediram o desconto das taxas assistencial e confederativa dos não filiados. Aprofunda-se assim, uma crise inclusive financeira,que decorre, em última instância, da crise do sistema capitalista, que é estrutural, desemprega , precariza condições de trabalho, dificulta ao máximo a ação sindical.

O CES tem debatido - através de cursos e palestras, nos convênios que mantem com a CTB e outras entidades - essa crise financeira. No início de outubro, através do convênio com APROPUC de Campinas, SEAAC e SINPRO Campinas e Região, foi realizada uma palestra com o Assessor Técnico do DIEESE Victor Pagani, tendo como tema “Administração Sindical em Tempos de Crise – formas de enfrentamento “ .

Sem ter a pretensão de ter propostas definitivas para o enfrentamento da crise atual, relacionamos algumas que, se aplicadas, poderão trazer bons frutos:

1. Realizar Seminário de Planejamento Estratégico Situacional – PES - que permite às entidades estabelecer objetivos, levantar problemas, estabelecer metas, definir projetos prioritários, construir projetos que orientem as ações, definir calendário anual das atividades .

2. Fazer levantamento geral dos recursos financeiros obtidos regularmente e de como ficará a partir dos cortes relativos ao não recolhimento das taxas acima citadas.

3. Fazer levantamento geral de como os recursos financeiros são gastos. Não devemos concordar com cortes precipitados, inclusive com os que têm como objetivo principal atingir diretores e funcionários que não são dóceis aos que comandam a máquina sindical.

4. Fazer levantamento das dívidas da entidade, assim como das dívidas que outros têm para com a entidade. Aqui estão incluídos débitos das empresas que recolhem quantias relativas às taxas sindicais e não repassam aos sindicatos, ou repassam quantia menor do que arrecadam. Neste caso, é necessário encaminhar processos na Justiça.

5. Tendo essa visão de conjunto com os dados disponíveis à diretoria da entidade, estabelecer um processo de discussão democrática, para verificar que gastos são supérfluos e que podem imediatamente ser cortados. Não se deve começar com cortes que atinjam emprego dos funcionários e liberação dos diretores, seja porque não devemos contribuir para aumentar o desemprego, seja porque o trabalho desenvolvido pela entidade precisa ser intensificado.

6. Realizar campanha de sindicalização pela necessidade de envolver os trabalhadores e trabalhadoras na luta e de obter recursos para a ação sindical.

7. Assumir trabalho de base, constituição de Organizações por Local de Trabalho – OLTs , eleição de delegados sindicais, atuação nas CIPAS, enfim , aproximar-se dos trabalhadores , ouvindo-os e envolvendo-os na luta econômica, política e ideológica.

8. Intensificar trabalho de comunicação , através das redes sociais, do jornal , dos boletins, dos meios de comunicação disponíveis , tendo como objetivo a elevação do nível de consciência política .

9. Intensificar processo de formação política e sindical com a realização de cursos, palestras, seminários envolvendo dirigentes, militantes e trabalhadores da base. É fundamental neste momento, que haja uma compreensão da importância do sindicato enquanto instrumento de organização e mobilização na luta contra os interesses do capital.

10. Realizar planejamento financeiro baseado no PES e nos dados obtidos nos levantamentos de recursos e gastos indicados acima, com dotação de recursos para os vários setores (secretarias, departamentos, áreas de atuação, etc) , de acordo com as necessidades e possibilidades que a entidade apresenta.

Em síntese, o momento atual exige que as entidades, simultaneamente, planejem estrategicamente, aprofundem a compreensão de suas finanças relacionando-as com os objetivos estratégicos, façam adequações mantendo princípios de solidariedade com dirigentes e funcionários, aumentem suas receitas principalmente focando na sindicalização e na formação dos dirigentes, dos funcionários, dos militantes sindicais e dos trabalhadores em geral. Presença ativa nas bases deve ser palavra de ordem !

Augusto César Petta *

* Professor, sociólogo, Coordenador Técnico do Centro de Estudos Sindicais (CES), membro da Comissão Sindical Nacional do PCdoB, ex- Presidente do SINPRO-Campinas e região, ex-Presidente da CONTEE.

Resultado de imagem para HIDROVIA PARAGUAI PARANA

As obras de dragagem no rio Paraguai foram tema de audiência na Comissão de Viação e Transporte, que debateu um melhor escoamento da produção agrícola de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul

Estudo da Universidade Federal do Paraná mostra que o transporte hidroviário representa 25% do custo do transporte rodoviário

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) apresentou à Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (17), medidas para melhorar o uso do rio Paraguai no transporte de mercadorias e passageiros. Estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental feito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) constatou que, apesar das boas condições de navegabilidade, o rio, que tem 1.270 quilômetros em território brasileiro, tem trechos que precisam de manutenção para garantir o uso seguro durante todo ano.

No Brasil, a hidrovia Paraguai liga as cidades de Cáceres, em Mato Grosso, a Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul. Um dos principais problemas enfrentados pelas embarcações é a vegetação aquática que se desenvolve durante o período de seca e se desprende durante as cheias, prejudicando o ritmo de navegação. Outros dois problemas são a pouca profundidade e a largura do rio em alguns trechos.

Escoamento da soja

O superintendente do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura da UFPR, Eduardo Ratton, explicou que o custo do transporte hidroviário equivale a 25% do custo do transporte rodoviário. E citou um exemplo. O Mato Grosso produz 30 milhões de toneladas de soja por ano para exportação. Se 5 milhões de toneladas fossem transportadas pela hidrovia, haveria uma economia anual de R$ 1,2 bilhão.

“Aquele que hoje leva de caminhão a sua produção até Santos, Paranaguá, 1.800 quilômetros por rodovia, poderia utilizar a hidrovia com uma vantagem econômica bastante grande. Então o foco, o benefício é para o produtor. E o governo federal tem que garantir a manutenção da hidrovia para que isso se dê de forma a propiciar uma navegação segura”, observou.

Na opinião da deputada Christiane de Souza Yared (PR-PR), uma das requerentes da audiência pública, todos ganham com o uso da hidrovia. “A importância de estarmos sempre discutindo e trazendo essas questões à Câmara Federal, à Casa do Povo, é exatamente para que os deputados abracem essas causas”, disse.

Mercosul

As obras de dragagem no rio Paraguai são fundamentais para o melhor escoamento da produção de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O diretor de infraestrutura aquaviária do DNIT, Erick Moura de Medeiros, acrescentou que também cabe ao parlamento do Mercosul articular para que os outros países por onde passa o rio façam a sua parte para otimizar o uso dos 2.200 quilômetros da hidrovia fora do Brasil.

A meta, segundo ele, é ampliar as oportunidades de terminais para navegação naquela região do Paraguai, no tramo norte e no tramo sul, e possibilitar que os países do Mercosul possam se beneficiar do que está sendo estudando no trecho nacional. A primeira obra, disse, é o Passo do Jacaré, que vai acabar com um grande estrangulamento no rio Paraguai.

O Passo do Jacaré fica na região de Corumbá e é um dos 21 trechos críticos que necessitam de dragagem. Para fazer a dragagem do rio são necessários R$ 10 milhões anuais, o mesmo custo para implantar três quilômetros de rodovias.

Fonte: Agência Câmara Notícias

 

Resultado de imagem para VAGAS DE EMPREGO ARROMBADA
Iniciativa criada por publicitário e diretor de arte reúne anúncios de emprego que oscilam do trágico ao cômico
Receber dois reais por artigo escrito, suportar ser "zoado" por colegas de trabalho, aceitar 100 reais por mês para cuidar de duas crianças, ter "baixa ambição salarial", receber uma "gaveta de doces" como benefício trabalhista -- essas são algumas das propostas de emprego divulgadas na página do Facebook “Vagas Arrombadas”.
Com cerca de 81 mil seguidores, a página trata com humor a precarização do mercado de trabalho brasileiro por meio da exposição de anúncios de vagas que, em sua maioria, são enviadas aos administradores pelos próprios leitores da página. Hoje, eles recebem em média 600 “denúncias” por dia. 
Os exemplos oscilam entre o cômico e o trágico e, em sua maioria, mostram a falta de constrangimento dos empregadores em oferecer pagamentos abaixo do salário mínimo ou dos pisos das categorias, além de normalizar situações de violações de direitos.
Em busca de um estagiário de administração, por exemplo, uma loja de Campo Grande colocou como pré-requisito ser "do signo de virgem, por ser reconhecido por sua organização". 
Outra empresa, uma startup, listava o que o candidato poderia gostar ou não no estágio. Do lado negativo: trabalhar de graça nos primeiros três meses, com destaque para a informação de que, quando o dinheiro finalmente vier "não vai ser igual aos dos seus amigos que já estagiam, vai ser pior".
Além disso, anuncia-se que o emprego "vai atrapalhar a faculdade", exige-se disponibilidade aos finais de semana e alerta que não há funcionários disponíveis para "ensinar tudo o tempo todo". Já a lista positiva afirma que o local de trabalho classifica-se como "meritocracia na veia", mas alerta em caps lock "Não venha pelo dinheiro".
Já outra "vaga" republicada na página pretendia trocar "moradia por trabalho" em um hostel no Rio de Janeiro.
Em mais uma postagem, uma das que mais despertou a indignação dos seguidores da página, com 3,5 mil compartilhamentos, foi o de uma empresa que justificava o não oferecimento de benefícios ao funcionário por serem contra a "cultura" da empresa e tornarem os empregados "acomodados".
"Acreditamos que o fornecimento de benefícios como vale refeição, vale transporte, assistência médica e odontológica, entre outros, são totalmente contra a nossa cultura e o nosso sonho, pois não incentivam em nada as pessoas a empreender ou correrem atrás de seus objetivos e sonhos, ao contrário, na nossa visão, só as torna mais acomodadas e conformadas"
A descrição da vaga se desdobra na tentativa de justificar a decisão.
"Obviamente isso não está nem um pouco relacionado ao valor em si, pois uma empresa que se propõe a ter um plano de carreira tão agressivo e claro como o nosso, não seriam algumas centenas de reais por pessoa que afetaria nosso orçamento".
Oriundos do mercado publicitário, o analista de marketing Daniel Alves e o diretor de arte Tiago Perrart, responsáveis pela página, contam que a iniciativa nasceu de maneira informal, justamente da experiência de estarem desempregados e se depararem com anúncios de “vagas arrombadas” na busca por emprego.
Meio na brincadeira, começaram a postar as consideradas mais absurdas. “Isso acabou gerando repercussão, então, criamos a página para expor os contratantes. Era pra ser uma coisa tragicômica, mas acabou se tornando quase uma página de serviço. As pessoas começaram a se sentir representadas, vingadas mesmo”, explica Alves.
Para Perrart, a experiência ajudou a mostrar que a precarização, infelizmente, não é exclusividade de áreas como comunicação e publicidade, onde a contratação de prestadores de serviço (pessoas jurídicas, ou PJs) por baixos salários e com exigências absurdas não é incomum.
“Com a página, vemos que o problema é geral. As empresas dizem que é porque o mercado está saturado, mas nada justifica você querer lucrar em cima da miséria alheia”, afirma.
"Sem dúvidas, vamos receber denúncias de ofertas de emprego precarizantes cada vez mais no Ministério Público do Trabalho", analisa Ângelo Farias da Costa, presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT). "A criatividade do brasileiro é inimaginável para economizar e, muitas vezes, explorar o próximo. Serão criadas situações que você nem vai acreditar. E a reforma trabalhista dá margem a isso, uma vez que precariza a relação de trabalho". 
A reação das empresas “denunciadas” também varia: alguns ameaçam processar os administradores do Vagas Arrombadas, enquanto outros empregadores até pedem desculpas e pedem dicas de como redigir melhor suas oportunidades de emprego.
Para o procurador, o desafio é conscientizar a população brasileira sobre seus direitos. "Presentes os elementos da relação de emprego, o contrato precisa ser reconhecido e garantido. Mas vários trabalhadores serão enganados, e acharão que agora estão sem direitos e se submeterão a isso. Já que é preferível receber comida ou um salário ínfimo a ficar totalmente desempregado", afirma Farias da Costa. 
Apesar do tom de revolta que permeia a maioria das postagens e comentários, muitas vezes o pragmatismo e a necessidade de pagar as contas fala mais alto. “Muitos dizem que a vaga [enviada para nós] é arrombada, mas confessam que enviaram o currículo mesmo assim”, conta Alves.
 
Fonte: Carta Capital

 

 

O número de pessoas que ganham menos de um salário mínimo aumentou em 2,75 milhões nos últimos dois anos e atingiu 18,7 milhões de pessoas. No segundo trimestre deste ano, a proporção de pessoas com renda inferior ao mínimo nacional - de R$ 937 em 2017 - estava em 20,7% do total de empregados, acima dos 17,7% do mesmo período de 2015.
O levantamento foi realizado pela LCA Consultores nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), a pedido do Valor, e considera o rendimento habitualmente recebido em todos os trabalhos. Para especialistas, o resultado reflete o processo de precarização do emprego durante o período de recessão no país.
Cosmo Donato, economista da LCA e autor do levantamento, diz que mais pessoas estão dispostas a receber menos que o salário mínimo para continuar no mercado de trabalho. Trata-se de desdobramento das perspectivas ruins de obtenção de emprego e também da perda do poder aquisitivo enfrentada pelas famílias brasileiras ao longo de dois anos de crise.
"Muitos chefes de família perderam o emprego e buscaram uma ocupação sem registro de carteira. Familiares com menos capacitação do que esse chefe de família também tiveram que ingressar no mercado, via informalidade, para complementar a renda de casa. A perda de poder aquisitivo foi uma alavanca durante a crise", diz Donato.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o número de pessoas empregadas no setor privado formal ficou 7,2% menor de junho de 2015 a junho deste ano - 2,6 milhões de pessoas a menos. No período, o total de trabalhadores sem carteira cresceu 6%, em 556 mil pessoas. Os trabalhadores por conta própria (autônomos, como camelôs e manicures) cresceram em 443 mil, alta de 2%.
Segundo o economista, esse movimento de contingentes da formalidade para informalidade influencia a pesquisa porque o rendimento médio habitual no setor privado com carteira (R$ 2.025) é maior que o do setor privado sem carteira (R$ 1.197). O trabalhador por conta própria, por sua vez, tem rendimento médio de R$ 1.542, segundo estatística do instituto.
"Dessa forma, é de se esperar que a quantidade de pessoas recebendo menos que o salário mínimo dentro dessas duas últimas categorias é muito grande", avaliou o economista da LCA.
A fórmula de reajuste do mínimo também influencia o resultado, ao carregar a inflação do ano anterior e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Isso sobe a "régua" da pesquisa. Ou seja, um trabalhador informal que ganhava R$ 900 estava acima do equivalente ao mínimo em 2016. Com o reajuste em 2017, sua renda passa a ser menor que o mínimo.
"O salário mínimo continuou crescendo em termos reais por conta da legislação e da queda da inflação em queda e muita gente na informalidade não conseguiu acompanhar o salário mínimo [diante da crise]", disse João Sabóia, professor do Instituto de Economia da UFRJ, para quem o reajuste no início do ano está por trás dos picos de pessoas que recebem menos que o mínimo nos primeiros trimestres.
Fernando Holanda, economista do Instituto de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), lembra que o setor formal pode pagar salário mensal abaixo do mínimo, no caso de jornadas reduzidas. "No futuro vai ser possível reduzir a jornada, com a reforma trabalhista, mas é difícil imaginar que isso tenha acontecido de 2015 para cá. O suspeito pelas dados é a informalidade", disse o economista.
Existem, porém, sinais positivos para frente. No período de junho a agosto deste ano, o emprego com carteira assinada no setor privado cresceu 0,5% frente aos três meses anteriores. São apenas 154 mil postos a mais, porém trata-se do melhor resultado desde o trimestre encerrado em julho de 2014 (481 mil). O mercado de trabalho reage mais rapidamente do que o esperado.

Segundo o economista da LCA, as empresas voltarão a contratar dentro da formalidade, de forma gradual, à medida que a economia continue a se recuperar em 2018 e 2019. Nesse movimento, trabalhadores informais vão migrar para o setor formal, o que inclusive pode levar a taxa de desemprego a recuar. "A LCA prevê que o percentual de pessoas ganhando menos que o mínimo tenda a se reduzir gradualmente", avalia.

Fonte: Valor Econômico

 

Resultado de imagem para MARANHÃO MÃO DE OBRA ESCRAVA

Levantamento do Ministério Público do Trabalho no Maranhão (MPT-MA), com base no Observatório Digital de Trabalho Escravo (SMARTLAB MPT / OIT), revela que de 2003 a 2017 mais de 8 mil maranhenses foram resgatados de situação análoga à escravidão em outros estados da federação. Esse dado coloca o Maranhão em primeiro lugar no ranking nacional de fornecimento de mão de obra escrava.

O estudo mostra que dos 43.428 resgatados em todo o país, 35.084 tiveram sua naturalidade identificada. Desse total, 22,85% afirmaram ter nascido no Maranhão (8.015 pessoas), o que garante uma média de um maranhense para cada cinco resgatados.

O município de Codó (MA) é o segundo maior fornecedor de mão de obra escrava do país, com 429 resgatados nascidos nessa cidade. O recordista é Amambai (MS), com 480 trabalhadores. Em terceiro lugar está São Paulo (SP), com 427 resgatados.

O balanço também constatou que o Maranhão lidera a estatística nacional de resgatados residentes. Nesse caso, 18,35% dos resgatados de condições semelhantes à escravidão declararam morar em território maranhense. Codó também figura entre os cinco municípios do país com maior número de residentes resgatados, com 356 trabalhadores.

Repressão insuficiente

Segundo a procuradora do Trabalho que coordena o combate ao trabalho escravo no MPT-MA, Virgínia de Azevedo Neves, a realidade que obriga os trabalhadores a deixarem suas comunidades em busca de emprego em outras localidades não mudou. “As pessoas continuam tendo que sair do Maranhão, pois não há oportunidades de emprego e renda para todos. Além disso, muitos resgatados de hoje voltam a ser vítimas do trabalho escravo amanhã”.

Para Virgínia Neves, apenas a repressão não é suficiente para romper com esse ciclo. “O trabalho escravo é um problema social. Precisamos de ações coordenadas e políticas amplas, eficazes e fortes, que garantam a reinserção e a qualificação dos resgatados”, lembra ela.

Acordo inédito no país

Uma das estratégias para transformar essa realidade foi a assinatura, em maio deste ano, de um termo de ajuste de conduta (TAC), inédito no país, com o governo do Maranhão, que se comprometeu em criar o programa estadual de enfrentamento ao trabalho em condições análogas a de escravo. O acordo possui 19 cláusulas que devem ser cumpridas até o dia 1º de março de 2018.

“Com esse instrumento, que tem força de uma sentença judicial, o Estado se compromete a implementar políticas públicas de combate ao trabalho escravo, assegurando direitos fundamentais aos trabalhadores”, explica Virgínia.

O programa estadual prevê a política de mobilização, prevenção e reinserção social das vítimas da exploração, com ações articuladas nas áreas de educação, saúde, assistência social, trabalho, promoção de acesso à terra, qualificação profissional e emprego e renda.

Combate ao trabalho escravo no Maranhão

Atualmente, o MPT-MA conduz 52 investigações dentro da temática do trabalho escravo em todo o estado. O órgão possui 65 ações civis públicas ativas na Justiça do Trabalho e acompanha o cumprimento de 72 termos de ajuste de conduta, que foram assinados pelos exploradores de mão de obra escrava em território maranhense.

Fonte: MPT