Paratexto

Segundo dados da OIT, a crise econômica decorrente da pandemia de Covid-19 está afetando os jovens – especialmente as mulheres – com mais força e rapidez do que qualquer outro grupo. Em todo mundo, mais de 1 em cada 6 jovens deixou de trabalhar desde o início da pandemia. Com isso, globalmente, o número de jovens desempregados chega a 67,9 milhões.

O diretor do Escritório da OIT no Brasil, Martin Hahn afirmou que  “a pandemia causa um triplo choque na população jovem. Ela mostrou que tem o potencial de destruir o emprego e de afetar negativamente a educação e a capacitação profissional e de colocar grandes obstáculos no caminho de quem procura entrar no mercado de trabalho ou mudar de emprego”.

Em 2019, o Brasil tinha 47,2 milhões de jovens de 15 a 29 anos, que representavam 28% da população ativa acima de 15 anos. No entanto, os jovens somavam mais da metade dos trabalhadores desocupados (54%). Com a pandemia, houve um aumento da inatividade, principalmente do número de jovens desalentados, que desistiram de procurar emprego por não ter esperanças de que vão encontrar.

O primeiro estudo, intitulado “Inserção dos Jovens no Mercado de Trabalho em Tempos de Crise“, analisa como os jovens brasileiros foram atingidos pela pandemia no momento de inserção no mercado de trabalho. Os dados mostram que, nesse período de crise, tanto os jovens que perderam a ocupação como os desempregados estão deixando a força de trabalho. “Isso aponta para um maior distanciamento do mercado de trabalho do que o observado na recessão anterior de 2015 a 2017”, disse a consultora da OIT/Ipea, Maíra Franca. Entre os ocupados, segundo ela, é possível observar jovens ocupando postos de pior qualidade (com baixa remuneração, baixa produtividade e ausência de proteção social), o que mostra uma tendência de pior trajetória futura.

O segundo estudo, “Os Jovens que não Trabalham e não Estudam no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil”, faz uma análise complementar mais focada no grupo de jovens que estão em situação de não estudar, não trabalhar e nem estar em treinamento. Os dados mostram que esse não é um grupo homogêneo: entre os jovens desocupados de curto prazo, 36,29% estavam fora da força de trabalho em junho de 2020, enquanto entre jovens vivenciando gravidez, problemas de saúde ou incapacidade, 76,98% estavam fora da força de trabalho.

A pesquisadora do Ipea Enid Rocha, ao apresentar o segundo estudo, alertou que, além da faixa etária, é importante considerar as diferentes vulnerabilidades dos jovens que estão sem trabalhar e sem estudar, a maioria mais pobres e na condição de cônjuges com filho, com fundamental incompleto e na região Nordeste. “É importante a contribuição do Ipea no sentido de mostrar a heterogeneidade do jovem nessa população ao dividir em categorias os jovens nem nem, os desempregados de curtos e de longo prazo incluídos na força de trabalho e aqueles que estão excluídos”, ponderou.

O terceiro estudo, “Subsídios para a Formulação de Políticas Públicas de Juventude no Brasil“, busca identificar as principais características de políticas públicas voltadas para os jovens no período de 2005 a 2019, avaliando as políticas nacionais para a juventude e as principais experiências internacionais com possibilidade de implementação no Brasil. Esse estudo foi apresentado pela diretora do Cintefor, centro de conhecimento da OIT, Anne Caroline Posthuma, e pelo consultor da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) Luiz Caruso.

Posthuma mostrou as políticas públicas voltadas aos jovens em países da Comunidade Europeia, da América Latina e Caribe, entre outros: “A tendência é no sentido da adoção de modelos de formação por alternância, na qual a parte teórica ocorre na escola e a prática se dá nas empresas”. Atualmente, esse modelo tem bastante capilaridade em diversas formas de atuação, completou Luiz Caruso, da Unesco. “Na formação por alternância, a empresa está mais próxima das mudanças tecnológicas do que a escola, além de reduzir as desigualdades entre as qualificações oferecidas pelos jovens e aquelas requeridas pela empresa”, disse.

Ao ressaltar que a parceria Ipea-OIT vem desde 2018, já tendo realizado quatro oficinas sobre o jovem no mercado de trabalho brasileiro, a diretora de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Lenita Turchi, lembrou o envolvimento de outras instituições como a Secretaria do Trabalho e o Centro de Análise e Planejamento. “Foi um trabalho contínuo, inovador, que gerou conhecimento acumulado e os pesquisadores puderam responder sobre o impacto da pandemia no momento em que estava no auge e mais que isso, foram análises orientadas para propostas de políticas públicas focadas e de maior efetividade”, destacou Lenita Turchi.

FONTES: UGT/IPEA

 

Sérgio Lima/Poder360

 

17 setores da economia beneficiados

Governo cedeu e aceitou rejeição

 

O Congresso Nacional derrubou o veto do governo federal que impedia a prorrogação por 1 ano da desoneração da folha de pagamento de 17 setores. Em vez de deixar de valer no fim deste ano, o benefício será estendido também em 2021.

Foram 64 votos contra 2 no Senado. A sessão não foi presidida não pelo presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), mas pelo líder do governo Eduardo Gomes (MDB-TO). Antes, os deputados votaram pela derrubada por 430 a 33. Saiba como foi a votação na Câmara.

Nesta 3ª feira (3.nov), em reunião com líderes de bancadas do Congresso, o governo desistiu de defender a manutenção do veto e abriu caminho para a sessão ser realizada. Antes, tentava evitar a votação para ganhar tempo.

O líder do Governo do Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), que conduziu o acordo, afirmou em plenário durante a sessão dos deputados que a decisão de abrir mão do veto da desoneração foi difícil porque o Executivo avalia que está criando despesas sem apontar uma receita, o que é proibido.

“Mas, no entendimento que o Congresso Nacional faz da necessidade de que nenhuma correção pode ser melhor neste momento do que, em véspera de fim, em fim de exercício fiscal, colocarmos 6 milhões de pessoas na possibilidade do desemprego”, disse.

A desoneração ganhou 1 ano a mais de vigência por causa de trecho incluído pelos congressistas na MP (medida provisória) 936 de 2020. Trata-se do texto que permitiu redução de salários e jornada durante a pandemia. À época, em julho, governo não aceitou.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, é favorável à desoneração, mas de todos os setores. Defende que seja criado 1 imposto sobre transações digitais para bancar a renúncia fiscal. O tributo lembra aos congressistas a antiga CPMF, e tem poucas chances de prosperar atualmente.

O Executivo pode vetar trechos ou a totalidade de projetos aprovados pelo Legislativo. O Congresso, porém, pode não aceitar. Para isso precisa do voto de mais da metade dos deputados e dos senadores. O processo costuma causar atritos entre os 2 Poderes.

As empresas beneficiadas pela desoneração podem escolher pagar 1 percentual que varia de 1% a 4,5% de sua receita bruta como contribuição previdenciária, em vez de calcular o valor sobre 20% da folha de salários. Com isso, podem diminuir a carga tributária.

O Poder360 já mostrou que o governo abriu mão de receber R$ 118,3 bilhões em 8 anos de desoneração da folha de pagamentos. O valor equivale a praticamente a metade do que o governo desembolsou com o programa Bolsa Família no período (R$ 235,7 bilhões).

Em 2019 o governo deixou de arrecadar R$ 9,8 bilhões por causa das desonerações. Leia a seguir quais são os setores beneficiados e quanto a política custou nos últimos anos:

Os congressistas também votaram para restituir trecho do projeto sobre o Suas (Sistema Único de Assistência Social) que suspende por 120 dias as metas dos Estados e Distrito Federal. A votação foi feita juntamente à do veto da desoneração. Assim, teve o mesmo placar.

Essas obrigações dos entes federados são, normalmente, necessárias para que estes recebam repasses da União para a assistência social. Com a queda do veto, não serão cobradas por 4 meses a partir de 1º de março de 2020.

VETOS MANTIDOS

Ainda no acordo fechado com os congressistas e o governo, os deputados mantiveram pelo menos parcialmente outros 6 vetos presidenciais. Como para 1 veto ser mantido basta ser essa vontade de uma das Casas, os trechos aceitos pela Câmara não serão analisados pelo Senado. Eis 1 resumo:

  • Pronampe – foram mantidos trechos do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte que tratavam do compartilhamento dos dados dos participantes, da proibição de usar informações bancárias para restringir o crédito e a prorrogação por 180 dias dos parcelamentos com a Receita;
  • Programa emergencial de emprego – a proibição de que quem tinha direito ao auxílio desemprego em março ou abril poderia receber os R$ 600 por 3 meses;
  • Sistema S – foi mantido o veto presidencial que reduzia diversas alíquotas cujos recursos são destinados a instituições do grupo em maio e abril;
  • Remédios na pandemia – o trecho vetado permitia que pacientes de grupos de risco do coronavírus indicassem terceiros para a retirada de medicamentos com receita médica;
  • Assistência social – determinava que os entes federativos (Estados e municípios) medissem a temperatura de quem buscasse refeições e acolhimento temporário –moradores de rua em restaurantes populares, por exemplo. A medida seria uma forma de combate ao coronavírus.
  • Contratos na pandemia – suspende os efeitos da não observância de indicadores financeiros ou de desempenho de 30 de março a 31 de dezembro de 2020. A lei trata de assembleias de sociedades anônimas e outras organizações;
  • Emprego na pandemia – veto dava direito ao auxílio emergencial para aqueles que forem demitidos durante a pandemia e não conseguisse acessar o seguro-desemprego;
  • Sorteios na TV – proíbe que prêmios de até R$ 10 mil por mês sejam distribuídos sem a autorização prévia do governo e também impede que o cadastro para essas promoções seja feito por telefone.

Os senadores também mantiveram 1 veto que, por isso, não precisará de análise da Câmara. Trata-se de trechos que alteravam as regras do auxílio emergencial pago durante a pandemia. Possibilitavam, por exemplo, acumular o benefício com o Bolsa Família. Também ampliavam o BPC (Benefício de Prestação Continuada).

Os vetos começam a ser analisados na Casa em que o respectivo projeto foi iniciado.

Outros 2 vetos importantes que tinham análise aguardada não foram deliberados. Pacote anticrime e ao Novo Marco do Saneamento ficaram para depois do 1º turno das eleições municipais.

 

FONTE: PODER360

Obras

Foto: Ministério da Infraestrutura

Setores não beneficiados chamam desoneração de lobby de Brasil antigo

A derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à prorrogação da desoneração da folha de pagamentos foi motivo de comemoração para empresários e entidades ligados aos 17 setores envolvidos.

Segundo estimativa feita por associações dos setores, o veto do presidente teria um custo de R$ 10 bilhões para as empresas que deixariam de contar com o benefício tributário no momento em que a recuperação da economia, baqueada pela Covid-19, ainda não se consolidou.

O setor têxtil, por exemplo, estima que as 1225 companhias contempladas com a desoneração teriam um custo total de R$ 270 milhões a mais por ano.

“O número é significativo. Cerca de 80% das empresas do setor são beneficiárias do simples nacional e não usufruem da desoneração, mas das 20% restantes, cerca de 25% delas representam o total de 1225 companhias que são contempladas com o benefício”, afirmou Fernando Pimentel, presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção).

 

Ele diz que a derrubada do veto abre espaço para a manutenção e criação de novos postos de trabalho. “Temos 14,4% da população desempregada e esses números podem ir a 18%. A contratação de pessoas vai ser mais ou menos veloz de acordo com o custo da contratação.”

 

No Brasil, cada pessoa contratada formalmente custa 20% de INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Para os setores contemplados pela Lei 12.546, em 2011, criada no governo Dilma Rousseff para desonerar a folha de pagamento, essa contribuiu passou a ser de 2,5% do faturamento bruto.

Na época, o argumento para criação da lei foi reduzir o peso da folha para incrementar a geração de novos postos de trabalho.

“Mas aconteceu o contrário. Um estudo do Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, vinculado ao Ministério da Economia] mostrou que a desoneração foi usada lá atrás para recompor o lucro da empresas e não gerou mais postos de trabalho”, diz o advogado tributarista Guilherme Braidotti Filgueiras.

Segundo o próprio Filguiras, o cenário atual é outro, e a desoneração no atual momento de crise tem justificativa. “Agora é para não haver novas demissões, pois se aumentar a tributação agora certamente as empresas vão demitir.”

José Velloso, presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) diz que caso o veto fosse mantido, o custo do emprego aumentaria.

O setor, as 1.580 empresas que utilizam o benefício contam com um alívio tributário de R$ 1,1 bilhão por ano.

“Nosso setor saiu da crise, já está contratando, mas uma empresa vai pensar duas vezes antes de contratar caso o custo aumente. A gente entende que a desoneração não é 'não pagamento' de imposto. Eu continuo pagando, mas pago menos. Fica mais barato e justifica gerar mais emprego”, afirma Velloso.

A manutenção de empregos também é o argumento usado por Haroldo Ferreira, presidente da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados) na defesa de mais prazo para a desoneração.

“A vitória no Congresso foi pela manutenção do emprego, que é fundamental nesse momento. Estamos em plena recuperação dos postos que foram perdidos. Chegamos a demitir 60 mil pessoas, já recontratamos 19 mil. A manutenção da desoneração permite que a gente continue no processo de recuperação”, diz.

Para ele, a indefinição da mudança tributária no fim deste ano também gerava uma indefinição com relação aos investimentos para o próximo ano. “Bem como a definição dos preços”, afirma.

Além de evitar demissões, a derrubada do veto também ajuda a evitar a precarização do trabalho.

“Quando eu estou pagando sobre a folha, posso não contratar alguém porque tenho 20% sobre cada funcionário. A partir do momento que é sobre a receita, não muda minha carga tributária”, afirma Fábio Silva, coordenador do MBA de Gestão Tributária da faculdade Fipecafi.

Setores que não estão entre os 17 contemplados pela desoneração, no entanto, criticam a condução da discussão porque preferiram ver as reformas andando e transformando a estrutura fiscal de forma coletiva.

Segundo presidentes de entidades ouvidos pela reportagem, com a condição de não terem seus nomes revelados, a desoneração, no fundo, representa aquele Brasil antigo que está distante do modelo liberal defendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

Um dos presidentes chegou a dizer que o problema é que esse benefício significa um subsídio que atende 17 setores, mas muitos outros não são atendidos. O que eles defendem é que as reformas dariam um resultado muito mais eficiente sobre o emprego.


ENTENDA A DESONERAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO

2011
Criada durante o primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff para incentivar a criação de empregos

2018
Durante o governo de Michel Temer o Congresso decidiu que aquela seria a última prorrogação. Que a desoneração acabaria em dezembro de 2020.

2020
Com a pandemia do coronavírus o Congresso inclui a desoneração na MP 936, que permite a redução da jornada de trabalho e de salários frente à pandemia do novo coronavírus.

CONHEÇA OS 17 SETORES BENEFICIADOS:

  • Calçados
  • Call Center
  • Comunicação
  • Confecção/vestuário
  • Construção civil
  • Empresas de construção e obras de infraestrutura
  • Couro
  • Fabricação de veículos e carroçarias
  • Máquinas e equipamentos
  • Proteína animal
  • Têxtil
  • TI (Tecnologia da informação)
  • TIC (Tecnologia de comunicação)
  • Projeto de circuitos integrados
  • Transporte metroferroviário de passageiros
  • Transporte rodoviário coletivo
  • Transporte rodoviário de cargas

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

O polo compreende 28 concessões de produção terrestres, localizadas em diferentes municípios (Foto: Petrobras)

Ao anunciar nesta quarta-feira o desinvestimento de mais um conjunto de campos terrestres – o Polo Bahia Terra – a Petrobras coloca à venda o seu último grande ativo onshore. A estatal brasileira já sinalizou a intenção de sair da produção em terra e já disponibilizou ao mercado praticamente toda a sua produção, em negócios que tem atraído novos agentes para o mercado brasileiro.

Em 2020, a Petrobras mudou a estratégia e passou a ofertar ao mercado polos maiores. O Polo Bahia Terra, que reúne 28 concessões, totaliza uma média de 14 mil barris diários de petróleo – cerca de 14% da produção onshore da companhia. É o terceiro maior ativo terrestre colocado à venda pela estatal em terra. O maior destaque, nesse sentido, é o Polo Potiguar (23 mil barris/dia), no Rio Grande do Norte, e o Polo Urucu (16,5 mil barris/dia), no Amazonas. Só esses três polos concentram mais da metade de tudo o que a empresa produz em terra.

A Petrobras colocou os primeiros ativos à venda em 2016, mas depois de contestações do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a sistemática dos desinvestimentos, reconfigurou o modelo de venda e retomou as ofertas em 2017. Só em 2019, contudo, a petroleira começou a concretizar as primeiras vendas e a destravar os negócios.

Desde então, a empresa já vendeu cerca de US$ 850 milhões em ativos terrestres – incluindo negócios ainda pendentes de conclusão.

A saída da estatal do onshore tem representado uma oportunidade para a expansão de pequenas petroleiras no país, a maioria suportada por fundos de private equity, como 3R Petroleum, Karavan e Petrorecôncavo – candidatas naturais aos desinvestimentos da Petrobras no onshore. Essas três empresas têm sido os agentes mais ativos em aquisições de campos maduros da estatal.

A Karavan, por exemplo, assinou este ano contrato para compra do Polo Cricaré (ES), por US$ 155 milhões, em sociedade com o Seacrest Capital Group, fundo internacional que investe em óleo e gás. O Seacrest já atuava no Brasil, por meio da AziLat, em concessões de exploração no mar, mas se prepara agora para estrear em campos operacionais em terra. Com foco até então voltado para o offshore, o fundo viu na abertura dos campos terrestres uma oportunidade interessante e se associou à Karavan - chefiada por Fabiano Ramos, ex-diretor do Merril Lynch, ao lado de um time de egressos da Petrobras e da antiga HRT. Com a compra, a Karavan assume uma produção de 1,7 mil barris/dia.

A 3R Petroleum, por sua vez, é uma empresa controlada pela Starboard e se prepara, agora, para uma abertura de capital. A companhia opera desde julho o Polo Macau (RN), adquirido por US$ 191 milhões, e desde então assinou mais dois novos contratos, num total de US$ 129,4 milhões, para assumir os polos Rio Ventura (BA) e Fazenda Belém (CE). Os negócios consolidam a empresa como maior produtora privada de óleo em terra no Brasil, ao lado da Petrorecôncavo – que conta com investimentos do fundo Opportunity. Com as compras recentes, a 3R deve atingir uma produção da ordem de 5,8 mil barris/dia, patamar atual da Petrorecôncavo.

Além delas, outras produtoras, maiores, estão de olho nos ativos onshore da Petrobras. A Eneva já manifestou interesse na compra de Urucu, no Amazonas. Recentemente, o presidente da Enauta, Décio Oddone, disse que a empresa tem cerca de R$ 2 bilhões em caixa e promete ir às compras, para recompor sua carteira. Até então focada em águas profundas, a ideia é ampliar os horizontes e olhar “sem restrições” para outras oportunidades de negócios, como os campos maduros à venda pela Petrobras, incluindo ativos terrestres.

Fonte: Valor

 

FONTE: G1 Santos

 

 

Crédito: Pedro Ventura/Agência Brasília

Líderes do Congresso fecharam acordo para analisar nesta quarta-feira, 4, o veto do presidente Jair Bolsonaro à desoneração da folha salarial de 17 setores da economia. Os parlamentares prometem derrubar o veto. A análise do tema se arrasta há quatro meses, desde que Bolsonaro barrou a proposta de prorrogar o benefício por mais um ano, até o fim de 2021.

 

Bancadas da Câmara e do Senado têm pressionado o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a manter a votação independentemente de acordo com o governo. Desde julho, Alcolumbre tem agido para adiar votação em um aceno ao Palácio do Planalto. A equipe econômica, que defende a manutenção do veto, calcula em R$ 10 bilhões o impacto da desoneração em 2021 nas contas do governo.

Parlamentares farão nova reunião nesta quarta para bater o martelo sobre a pauta do Congresso. Além da desoneração, há outros vetos considerados polêmicos, como a trechos do novo marco legal do saneamento básico e do pacote anticrime – este último, na pauta desde o início do ano.

Para concordar com a análise dos vetos, o governo pediu a inclusão de projetos que abrem um crédito adicional no Orçamento deste ano e garantem recursos para projetos de interesse de Bolsonaro, como obras sob responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Regional. Em sessões anteriores, o Planalto agiu para esvaziar a votação e impedir uma derrota na análise dos vetos. Alcolumbre confirmou que o Congresso vai realizar hoje a sessão.

“Eu já assisti a este filme antes, tudo acordado até o início da sessão do Congresso e simplesmente não houve quórum. Tomara Deus que se cumpra a palavra empenhada na reunião (de líderes dos partidos) e que se resolva esta questão”, afirmou o líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP).

Demissões

A desoneração permite às empresas pagarem um imposto menor na contribuição previdenciária sobre a folha de salários, calculada com base na remuneração dos empregados. Setores beneficiados avaliam que, sem a prorrogação do benefício para o próximo ano, haverá demissões. A análise do veto é apontado como essencial pelas empresas para fechar a programação financeira de 2021.

A desoneração acabaria no fim deste ano. O Congresso aprovou um projeto adiando o benefício até o fim de 2021. Em julho, Bolsonaro vetou a medida. A sessão de hoje do Legislativo será dividia em duas etapas: uma às 10 horas, com deputados federais, e outra às 16 horas, com senadores. A derrubada de um veto depende de no mínimo 257 votos na Câmara e de 41 no Senado.

Sindicatos de trabalhadores fizeram ontem uma manifestação em Brasília para pedir a derrubada do veto. Representantes dos setores de tecnologia da informação, comunicação, indústria têxtil e de telecomunicações fizeram uma caminhada da sede do Ministério da Economia até a Praça dos Três Poderes.

FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO

Plataforma de petróleo

DIVULGAÇÃO/PETROBRAS

 

O Brasil subiu três posições no ranking global de produção de petróleo e gás natural nos últimos dez anos, chegando a setembro deste ano entre os dez maiores produtores mundiais, informa a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em levantamento publicado nesta quinta-feira para comemorar os 10 anos do início da divulgação da produção nacional da commodity.

 

“Entre setembro de 2010 e setembro de 2020 ocorreram profundas transformações no ambiente de produção petrolífero no País, trazendo os holofotes da produção da bacia de Campos para o pré-sal da bacia de Santos”, observou a ANP no documento, ressaltando que na última década o pré-sal se tornou a fronteira protagonista da indústria offshore em águas profundas no mundo.

Segundo projeções do governo, nos próximos dez anos o Brasil deve chegar à quinta colocação no ranking mundial de produção de petróleo.

Em dez anos, a produção do pré-sal subiu quase 60 vezes, superando a marca de 2 milhões de barris/dia. Entre os marcos destacados pela agência está a comemoração, em 2011, dos primeiros 100 mil barris produzidos por dia pela nova região. Em novembro de 2018, o então campo de Lula, hoje Tupi, superou a marca de 1 bilhão de barris por dia, depois de ter ultrapassado em abril de 2017 a produção da região acima da camada de sal do oceano, até então única região explorada no País.

 Outra marca destacada pela ANP foram os 3 milhões produzidos no pré-sal em setembro de 2019. Este ano, em janeiro, a produção ultrapassou a marca de 4 milhões se somado ao gás natural (barris de óleo equivalente).
 

Enquanto nos últimos 10 anos o volume do petróleo do pós-sal teve uma queda de produção da ordem de 57,3%, o volume no pré-sal disparou 5.877% no mesmo período.

Entre setembro de 2010 e setembro de 2020, o gás natural teve um crescimento de 96%, de 63,9 milhões de metros cúbicos por dia (m3/d) para 125,2 milhões de m3/d.

Levando em conta toda a produção fóssil – petróleo e gás, em mar e terra – a alta foi de 54% na década, passando de 2,399 milhões de boe/d para 3,694 milhões de boe/d em setembro deste ano.

Entre os Estados, apesar da redução da produção na bacia de Campos, o Rio de Janeiro continua liderando com grande margem, com a produção subindo de 1,544 milhão de barris de petróleo por dia para 2,389 milhões de b/d em setembro deste ano, devido ao fato de parte da bacia de Santos – onde fica grande parte do polígono do pré-sal – se localizar em frente ao Estado fluminense.

O Espírito Santo é o segundo maior produtor, porém manteve a produção praticamente estável em dez anos – de 240,3 mil b/d para 237,2 mil b/d – seguindo por São Paulo, saindo de praticamente zero para 192,4 mil b/d no período até setembro passado.

O pré-sal também ajudou a melhorar a qualidade do petróleo brasileiro, passando de uma média de 24,5 graus API em 2010 para 28 graus em 2020, alta de 14,3%. O grau API (American Petroleum Institute) é uma medida arbitrária que classifica a densidade do óleo, que fica melhor quanto mais de aproxima de 50 graus.
 

FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO

 

CEPED UFSC

Foto: CEPED UFSC

 

A Secretaria de Aquicultura e Pesca (SAP) do Ministério da Agricultura, com o apoio da Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos, lançou nesta terça-feira (3) edital para a realização de estudos para a concessão de Terminais Pesqueiros Públicos (TPPs) qualificados no PPI, localizados em Aracaju (SE); Belém (PA); Cananéia (SP); Manaus (AM); Natal (RN); Santos (SP); e Vitória (ES). O edital é referente a Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI).

A parceria entre a SAP/MAPA e a SPPI teve início com o processo de concessão do TPP de Cabedelo (PB), cujo edital de concessão está previsto para ser publicado ainda neste ano. O processo aguarda avaliação final pelo Tribunal de Contas da União.

Os TPPs a serem estudados não estão em operação ou operam de forma precária, gerando gastos com manutenção e vigilância, sem atender às demandas dos potenciais usuários.

Os sete TPPs têm capacidade, em plena operação, para beneficiar mais de 180 mil toneladas de pescado por ano, conforme avaliações preliminares, gerando incremento de aproximadamente 20% na produção anual brasileira, considerando somente as informações da produção aquícola.

“A entrada em operação dos TPPs resultará em maior renda e oportunidade de emprego à população, além de trazer condições de trabalho mais adequadas aos atuais pescadores. Ao propiciar infraestrutura, considerando as questões sanitárias envolvidas, os terminais possibilitarão maior qualidade de pescado à mesa da população, além de permitir o acesso a mercados externos”, explica o Secretário de Parcerias em Transportes do PPI, Thiago Caldeira.

O leilão dos TPPs está previsto para o 3º trimestre de 2021.

Estudos
O formato escolhido para a realização dos estudos é um marco para o programa de concessões do país, por se tratar do primeiro PMI com autorização exclusiva a um único interessado, conforme inovações do Decreto nº 10.104, de 6 de novembro de 2019.

Em um PMI ordinário, vários interessados podem apresentar estudos, sendo posteriormente selecionado um único estudo que melhor atenda aos critérios estabelecidos. Nesse modelo, os interessados assumem diversos riscos, entre eles o de incorrerem em custos relevantes para a realização dos estudos e não terem sua proposta selecionada. A falta de perspectiva de ser selecionado pode impactar na baixa disposição de investir tempo e recursos em executar estudos de qualidade.

Já no formato de PMI exclusivo, somente um dos interessados será selecionado para a realização dos estudos, mediante critérios previamente definidos no edital, como experiência profissional comprovada e apresentação de plano de trabalho. A lógica do procedimento busca alinhar os interesses envolvidos, reduzindo riscos dos consultores privados e possibilitando melhoria na qualidade dos estudos.

Em todos os casos, os custos para a realização dos estudos somente serão ressarcidos pela futura concessionária, portanto dependem de uma licitação que tenha êxito.

 FONTE: PORTOS&NAVIOS

 

Com votos contrários dos conselheiros governistas e representantes de empresas, o Codefat (Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador) rejeitou, com 12 votos contra e seis favoráveis, a proposta para pagar parcelas extras do seguro-desemprego aos trabalhadores, por causa da crise causada pela pandemia. O grupo contrário aos pagamento de parcelas extras do benefício também não apresentou qualquer contraproposta.

Para ser aprovada, a medida precisava de 12 votos favoráveis. O conselho é composto por seis representantes do governo, seis dos empregadores e seis dos trabalhadores. Os conselheiros governistas e patronais se uniram para barrar a criação de parcelas extras do seguro-desemprego.

O conselho é um órgão deliberativo ligado ao Ministério da Economia e que tem participação de governo, empresários e trabalhadores. Representantes de trabalhadores no Codefat propuseram conceder duas parcelas extras do seguro para quem fosse demitido até 31 de dezembro deste ano. O governo não aceitou, argumentando que isso aumentaria muito as despesas.

A contraproposta formulada por uma comissão era mais restrita que a dos representantes dos trabalhadores, e beneficiaria menos pessoas. A ideia era conceder até duas parcelas extras apenas para quem foi demitido sem justa causa entre 20 de março e 31 de julho de 2020, segundo apurou o UOL. Atualmente, o trabalhador recebe entre três e cinco parcelas do seguro-desemprego, dependendo do tempo trabalhado e de quantas vezes já fez o pedido.

2,76 milhões poderiam ser beneficiados

Pela proposta rejeitada pelo Codefat, segurados demitidos entre 20 de março e 31 de julho de 2020 e que já receberam todas as parcelas a que tinham direito poderiam receber os extras. Quem foi demitido em julho e já teria direito a cinco parcelas não receberia extras. Nas contas do governo, a proposta teria um custo de R$ 7,3 bilhões e beneficiaria 2,76 milhões de pessoas.

Ideia original incluía mais gente

A proposta original dos representantes dos trabalhadores no Codefat era de concessão de duas parcelas extras do seguro-desemprego para todos demitidos neste ano devido à pandemia. Assim, quem fosse demitido sem justa causa teria de cinco a sete parcelas do benefício. A medida atenderia seis milhões de pessoas e teria um impacto de R$ 16,1 bilhões nas contas públicas. O governo se manifestou contra o projeto. Os representantes governistas afirmaram que, se a medida fosse aprovada, teria impactos orçamentários em 2021.

Governo diz que proposta tinha problemas jurídicos

Após a publicação da matéria, a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia afirmou, em nota, que a proposta dos trabalhadores apresentou "problemas jurídicos incontornáveis". Segundo a pasta, a lei nº 7998 prevê apenas a possibilidade de extensão do seguro-desemprego para grupo determinado de trabalhadores, delimitados de forma geográfica ou por categoria profissional.

"A proposição rejeitada pelo Codefat não se enquadrava nesses critérios, uma vez que previa um pagamento irrestrito de duas parcelas adicionais aos demitidos durante a pandemia. Além disso, o custo extra de R$ 7,3 bilhões impede a aprovação pelo colegiado, que precisa trabalhar dentro dos recursos do Fundo", declarou a Secretaria.

A pasta ainda afirmou que um levantamento realizado pela Secretaria do Trabalho mostrou que das pessoas demitidas entre 20/03 e 31/07, apenas 6,55% (cerca de 140 mil pessoas) não foram cobertas pelo seguro-desemprego por não terem completado os requisitos mínimos de tempo de permanência no emprego.

"Destas, 123 mil solicitaram o auxílio-emergencial. Cerca de metade deste contingente teve a solicitação atendida e a outra metade não estava habilitada a receber, por exemplo, por já ter algum familiar recebendo. Vale lembrar, também, que todos os setores da Economia já apresentam saldo positivo de contratações em todos os estados do país, conforme dados do último Caged, consolidando o cenário de retomada econômica", informou o Ministério da Economia.

FONTE: UOL ECONOMIA

EUA Acordo de Paris

 

Decisão foi comunicada há 1 ano

Promessa de campanha de Trump

 

Os Estados Unidos estão, a partir desta 4ª feira (4.nov.2020), oficialmente fora do Acordo de Paris. A saída ocorre no momento em que o país vive incertezas sobre quem ocupará a Casa Branca em 2021.

Renunciar ao acordo foi promessa de campanha de Donald Trump em 2016 e, se o republicano for reeleito, a decisão se manterá. Joe Biden, candidato democrata nas eleições presidenciais, prometeu que recolocaria o país no acordo caso seja o vencedor.

Os EUA notificaram a ONU (Organizações das Nações Unidas) sobre a decisão de deixar o Acordo de Paris em 4 de novembro de 2019. A organização informou, então, que a saída entraria em vigor a partir de 4 de novembro de 2020.

À época do anúncio da saída, Trump disse que negociaria 1 eventual retorno ao acordo climático em termos “mais justos para os EUA”.

O Acordo de Paris foi firmado em 2015. Mais de 190 países participaram da conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) para discutir os pontos do acordo. O documento final estabelece que o aumento da temperatura da Terra deveria ser limitado a 2º C acima dos níveis pré-industriais.

Os países signatários concordaram em atingir “1 pico das emissões de gases-estufa o mais cedo possível” e, “em seguida, iniciar reduções rápidas para chegar a 1 equilíbrio entre as emissões” originadas por atividades humanas e aquelas “absorvidas pelos sumidouros de carbono durante a 2ª metade do século”.

FONTE: PODER360

 

FOTO: BANCO DE IMAGENS

Cumprindo com sua missão institucional o DIAP se aliou a campanha que visa conscientizar e engajar toda a sociedade para o aumento da presença de mulheres nos espaços de discussão política e de tomada de decisões. 

Em meio às eleições municipais que terão seu primeiro escrutínio no dia 15 de novembro, que contou com recorde de candidatas, a Campanha #VEMVoteEmMulheres surge com a proposta de criar cenários mais diversos na política, além de incentivar que as pessoas exerçam seus papéis como cidadãs e cidadãos de maneira consciente. 

Segundo o Mapa Mulheres na Política 2019, um relatório da Organização das Nações Unidas e da União Interparlamentar, o Brasil ocupa a posição 149, dos 193 países pesquisados, no ranking de representatividade feminina no Parlamento. 

Já um levantamento da Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres, feito em 2016, mostra que as mulheres ocupam 12% das prefeituras de todas as regiões do Brasil e 13,5% dos cargos nas câmaras municipais. Isso em um país que tem quase 52% da população feminina.

Em meio a uma onda de machismo e feminicídio, que por ora toma conta dos noticiários nacionais, a Campanha, que reforça a participação das mulheres em ambientes de decisão, de debates e de construção de políticas públicas se torna um ato de cidadania.

Trabalho em casa

Em meio a Pandamia da Covid 19, o trabalho em casa foi uma rotina para todos, homens e mulheres. Porém, pesquisa revela que as mulheres continuam ainda sobrecarregadas com os afazeres domésticos, o que dificulta sua inserção na política e sua progressão em uma carreira profissional. 

Debater o assunto e criar leis que provoquem uma mudança cultural no pensamento machista da sociedade só poderá ser alcançado com uma maior participação das mulheres e dos grupos subrepresentados nos espaços de poder. 

Eleger prefeitas, vice-prefeitas e vereadoras pode representar o início de uma mudança de comportamento e de postura social necessária para equidade de gênero e melhora da qualidade da nossa sociedade.

FONTE: DIAP

 

Cidadãos aguardam em longa fila para votar, nesta terça-feira, em um colégio eleitoral de North Charleston, na Carolina do Sul (EUA).

Cidadãos aguardam em longa fila para votar, nesta terça-feira, em um colégio eleitoral de North Charleston, na Carolina do Sul (EUA).RICHARD ELLIS / EFE

 

“Vencer é fácil. Perder nunca é”, diz Trump. “Queremos a ciência em vez de ficção”, diz Biden sobre o comportamento do republicano na pandemia.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, parece ter chegado à terça-feira (3), dia em que se encerra a votação para as eleições presidenciais nos Estados Unidos, mais cauteloso, pelo menos nos pronunciamentos. Afirmou, por exemplo, que só declararia vitória “quando houver vitória, se houver vitória”. Nos últimos dias, ameaçou “melar” o processo eleitoral, falou em fraude e prometeu judicializar a eleição, provavelmente já consciente das dificuldades em que se encontra diante do democrata Joe Biden. “Vencer é fácil. Perder nunca é fácil. Não para mim”, disse hoje o presidente.

Com estilo conhecido e que inspira o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, Trump atacou a Suprema Corte (o STF do país) pela decisão, que chamou de “terrível”, que as cédulas eleitorais da Pensilvânia possam ser recebidas após a eleição. “Na noite do dia 3, vamos entrar com nossos advogados”, prometeu o presidente.

“Trump tem um exército de advogados para contestar o resultado. A não ser que leve de lavada, ele de fato pode contestar”, diz Thomas Heye, do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF).

 Trumpismo: o supremacista branco, o desempregado, o terraplanista

“Mas, independentemente de ele perder ou ganhar, o fenômeno do trumpismo, infelizmente, vai continuar. Porque o supremacista branco, o desempregado, o terraplanista, que acha que a liberdade está numa arma de fogo,  esse personagem não vai desaparecer por causa de Trump. Ele vai procurar outro ‘pastor’, outro ‘guia’ para seguir”, acrescenta Heye.

Para ele, se a eleição for judicializada e chegar à Suprema Corte, Trump não conseguirá reverter uma decisão do tribunal que lhe seja desfavorável. Mas o cenário que poderia evitar uma briga judicial em torno do resultado seria uma derrota, de fato, acachapante do republicano.” Nesse caso, não tem como ser ‘fraude’, e ele vai voltar a vender apartamentos”, ironiza o professor da UFF. Trump é um bilionário empresário do setor imobiliário.

Na opinião de Heye, se Biden ganhar, o que é esperado por todo o mundo democrático, haverá um retorno “rapidamente ao que Trump tentou destruir, o multilateralismo, o arranjo das relações entre estados mediados por instituições internacionais”. Os exemplos são as Nações Unidas, a Organização dos Estados Americanos (OEA), Fundo Monetário Internacional (FMI).

Durante a pandemia, assim como Bolsonaro, Trump combateu orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da ciência. Os Estados Unidos é o líder do ranking em número de casos e de óbitos por covid-19. Por isso, a pandemia pode ser um fator decisivo, contra Trump, na eleição. “Queremos a ciência em vez de ficção’, disse Biden nesta terça.

O fator Texas

Especialistas discutem ainda sobre as expectativas relativas ao Texas, estado historicamente republicano, mas que teve um comparecimento, considerado recorde, de 9,6 milhões de votos antecipados. Com a expectativa de mudar o quadro no estado, a vice da chapa de Joe Biden, a carismática Kamala Harris, se dedicou a fazer campanha entre os texanos, deixados em segundo plano nas eleições anteriores, na tentativa de levar os 38 delegados do estado ao Colégio Eleitoral.

A população jovem compareceu no Texas, o que pode indicar uma reviravolta na hegemonia republicana, onde cerca de 1 milhão de jovens votaram antes mesmo do dia 3. Alguns deles disseram à imprensa que sua motivação era “tirar” Trump da Casa Branca.

Mas, em se tratando de eleições norte-americanas, fazer previsões é um jogo arriscado, observa Thomas Heye. “O número de jovens do Texas que está indo votar surpreende. Isso vai ter um impacto. Mas esses caras estão indo votar em quem? Tem que esperar para ver. Pode-se ter uma surpresa desagradável (os votos irem pra Trump), mas vamos torcer para que não.”

O The New York Times observou, ao final deste dia 3, que, após meses “de suspense” e temor de problemas durante a votação, “tudo se desenrolou sem grandes interrupções até agora”. Segundo o jornal, “o país está caminhando para o maior comparecimento em um século”. A informação, aparentemente, é favorável a Biden.

O NYT destaca também que 101 milhões de americanos votaram antecipadamente, antes mesmo de as urnas abrirem nesta terça.Esse dado é importante e pode significar uma reação contra o “trumpismo”. Biden mantém, na reta final, uma vantagem de aproximadamente oito pontos percentuais nas pesquisas.

O mundo e o Brasil

Se, para o mundo, a vitória de Biden significaria a revalorização do multilateralismo, em relação ao Brasil, se eleito, o democrata vai colocar Bolsonaro de escanteio. Mas a retomada de parâmetros civilizados no comportamento da política externa brasileira só acontecerá após 2020, com a eleição de um novo presidente para o lugar de Bolsonaro.

“Temos uma boa diplomacia. Num próximo governo, o Brasil começa a trabalhar para reverter a péssima imagem que temos hoje no exterior. Vai levar tempo, e o país tem que ser hábil. Do jeito que estão acontecendo as coisas, vai se formar um eixo muito poderoso, os Estados Unidos e União Europeia, contra Bolsonaro”, afirma Heye.

Para ele, se Biden for o próximo presidente americano, o Brasil vai ser “punido” devido às relações de Bolsonaro com Trump. O brasileiro disse que sua preferência por Trump é uma questão de “lealdade”. “Mas a política e o mundo dos negócios são dinâmicos, ou flexíveis. A França, a Alemanha voltarão às boas com o Brasil. Os Estados Unidos passarão a não nos verem mais como vilões ambientais, mas como aliados na luta contra aquecimento global. Isso pode ser feito, mas vai levar um tempo.”

FONTE: REDE BRASIL ATUAL