IMAGEM:A.H Camogli /Divulgação CBO

 

Valor total da transação é de US$ 94,4 milhões

A CBO anunciou, através de Fato Relevante, que concluiu, nesta quinta-feira (9), o fechamento da aquisição da empresa brasileira Finarge Apoio Maritimo Ltda., proprietária de uma embarcação de bandeira brasileira do tipo AHTS (Anchor Handling Tug Supply); e de quatro embarcações de bandeira estrangeira, também do tipo AHTS, pertencentes à italiana Finarge Armamento Genovese SRL, totalizando cinco embarcações. O valor total da transação é de US$ 94,4 milhões.

O pagamento será realizado em três partes: em dinheiro (parte até esta data e parte ao longo dos próximos 24 meses); pela assunção da dívida existente na Finarge Apoio Marítimo Ltda.; e por meio de emissão de novas ações da CBO, representando 5,60% de seu capital social, que serão subscritas e integralizadas pela Finarge SRL.

Com a conclusão da transação, as cinco embarcações AHTS que a CBO passa a contar em sua frota são: AH Giorgio P, um AHTS Terminal Oceânico (AHTS TO) de bandeira brasileira, e outros quatro AHTS de bandeira estrangeira — AH Valletta e AH Varazze (ambos AHTS 19.000 Break Horse Power "BHP"), AH Liguria (AHTS 16.000 BHP) e AH Camogli (AHTS TO). Com a aquisição, essas últimas embarcações estarão aptas a receber o Registro Especial Brasileiro (REB).

Quatro das embarcações adquiridas na transação já possuem contrato assinado com a Petrobras, com duração de dois a quatro anos, o que representa um backlog de receita bruta de, aproximadamente, US$ 126 milhões. A embarcação que ainda não possui contrato, AH Valletta, já se encontra no Brasil, totalmente apta a operar.

Ao assumir as operações da Finarge no Brasil a CBO incorpora, além de ativos, o quadro de funcionários da Finarge, passando a contar com mais de 1.450 colaboradores, entre marítimos e administrativos. Para este processo de incorporação, a companhia está contando com o apoio técnico da Consultoria Integration desde antes da assinatura do Acordo de Investimentos, sendo a mesma responsável pela coordenação e planejamento de todas as atividades relacionadas a transição da estrutura da Finarge para a CBO.

"Com esta aquisição a CBO se consolida como um dos principais operadores de AHTS no mercado brasileiro de apoio marítimo offshore, com destaque para a capacidade de se adaptar aos requisitos estabelecidos por seus clientes, com dos AHTS TO, cuja operação se concentra no apoio aos FPSOs no manuseio e manutenção dos mangotes. Estas embarcações ganharam relevância nas licitações da Petrobras deste ano", aponta Marcos Tinti, CEO da CBO.

FONTE: PORTOSeNAVIOS

IMAGEM: TERRAÇO ECONÔMICO

Negociação deixaria para trás os demais membros do bloco

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, anunciou na noite de terça-feira (7) que o país realiza "avanços concretos" para um acordo de livre-comércio com a China.

Trata-se do primeiro anúncio de negociações fora do Mercosul desde que o Uruguai comunicou a seus parceiros do bloco que, ao não poder avançar com a proposta de flexibilização do grupo, apostaria em iniciar conversas unilaterais com outros países com o objetivo de obter mais acordos comerciais.

O mandatário convocou líderes de todos os partidos políticos para transmitir a notícia sobre as negociações. O país passará agora a um período de análise sobre as possibilidades de o acordo ir adiante, e para isso, segundo afirmou o presidente, seria necessário o empenho das demais forças políticas, assim como de empresários e sindicatos.

Lacalle Pou afirmou que conversou com o líder chinês, Xi Jinping, e que a previsão de ambos é que o documento esteja pronto em novembro. 

Indagado em uma entrevista a jornalistas locais se isso causaria problemas com os demais membros do Mercosul, o uruguaio respondeu que acreditava que não.

"Se houver algum incômodo, não passará disso", afirmou. E acrescentou: "Temos uma vocação histórica de pertencer ao Mercosul e, ao mesmo tempo, de abrir nossas fronteiras ao mercado mundial. Já tínhamos dito a nossos sócios que iríamos avançar com relação a esse acordo, e isso fizemos." 

Lacalle Pou disse ainda que os ministros das relações exteriores de Paraguai, Brasil e Argentina já estão a par dos avanços da negociação com a China.

O governo do Uruguai entende que não precisa do aval dos demais sócios do bloco para avançar com esse acordo, algo que vem sendo contestado pela Argentina, o membro mais protecionista do Mercosul.

Na entrevista, Lacalle Pou afirmou que o Uruguai tem a intenção de fazer outros acordos de livre-comércio. "Queremos fazer com todos. Se os EUA quiserem, nós queremos fazer com eles também. Estamos passando da palavra à ação porque queremos a prosperidade para nossos compatriotas".

Num encontro comemorativo dos 30 anos do Mercosul, em março, o presidente argentino, Alberto Fernández, afirmou que o país não queria ser "um peso para ninguém, se somos um peso, que tomem outro barco" em resposta a uma colocação de Lacalle Pou sobre a necessidade de flexibilizar o Mercosul.

Lacalle Pou e Fernández tiveram dois encontros depois dessa ocasião, um no Uruguai e outro em Buenos Aires. Segundo o uruguaio, o argentino, apesar de contrariado, havia aceito a posição do vizinho. Apesar disso, na quarta-feira (8), o governo argentino se disse "surpreendido" pelo avanço do Uruguai.

A China é o principal parceiro comercial do país —27% dos produtos uruguaios, principalmente do setor agropecuário, como lácteos, carne e soja, são exportados para o gigante asiático.

Enquanto isso, continua o impasse com relação à proposta de redução da Tarifa Externa Comum por parte do Brasil. A Argentina afirma ser contra uma redução radical, defendendo uma transição gradual. A gestão de Fernández afirma querer proteger alguns setores da indústria, como o automobilísitico, a metalurgia e a indústria têxtil.

 

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

 

Campanhas anti-pobreza passam pelo combate ao desemprego

IMAGEM: PORTAL ESQUERDA

Antes da pandemia, percentual estava em 25%; entre os mais ricos, número foi de 2,6% para 2,9%

taxa de desemprego da metade mais pobre dos brasileiros subiu quase dez pontos durante a pandemia, de 26,55% para 35,98%. Entre os 10% mais ricos a mesma foi de 2,6% para 2,87%, aponta um estudo da FGV Social divulgado nesta quinta-feira (9).

A renda individual média dos brasileiros, incluindo os informais e desempregados caiu 9,4% em relação ao fim de 2019, antes da pandemia.

O estudo comparou os dados do último trimestre de 2019, antes da eclosão do vírus no país, com os do segundo trimestre de 2021. O cálculo considera a metade mais pobre da população, em termos relativos. 

No caso dos mais pobres, no entanto, essa perda é ainda mais dramática, chegando a 21,5% no período —o que revela que a desigualdade só aumentou durante a crise sanitária. Enquanto isso, os 10% mais ricos tiveram, em média, uma queda de 7,16%, ou menos de um terço dos brasileiros de menor renda.

Os pesquisadores da FGV Social apontam que mais da metade (11,5 p.p.) dessa queda na renda dos mais pobres se deve a muitos terem desistido de procurar uma vaga diante da alta taxa de desemprego, situação conhecida como desalento.

A taxa de desemprego estava em 14,1% no Brasil, no segundo trimestre, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), quando o país registrava 14,4 milhões de desempregados.

Ainda segundo a FGV Social, os que mais perderam renda foram os moradores da região Nordeste (-11,4%). Em contraste, no Sul, essa perda foi de 8,86%, por exemplo. Além deles, as mulheres, que tiveram jornada dupla de cuidado das crianças em casa tiveram uma queda de 10,35% na renda, em comparação com uma redução de 8,4% entre os homens.

"Os idosos com 60 anos ou mais também perderam especialmente por terem de se retirar do mercado de trabalho em função da maior fragilidade em relação ao Covid-19 (-14,2% de perda)."

Segundo o estudo, coordenado pelo professor Marcelo Neri, a redução de renda dos ocupados por hora —por causa da aceleração da inflação, do desemprego e da redução das jornadas de trabalho— também está entre as causas da perda de renda entre os mais pobres.

Nesta quinta-feira, o IBGE apontou que a inflação oficial do país, pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), atingiu 0,87% em agosto, puxada pelo aumento da gasolina.

A taxa é a maior para o oitavo mês do ano desde 2000, quando o indicador alcançou 1,31%. O resultado ocorreu após avanço ainda mais forte em julho, de 0,96. No acumulado de 12 meses, o IPCA encostou em dois dígitos, alcançando a marca de 9,68%

A inflação é apontada como um pedágio alto para que os mais pobres consigam recuperar as perdas que tiveram durante a pandemia, e as altas recentes da inflação, ao lado do desemprego ainda elevado, tiveram consequências distributivas.

Nos 12 meses terminados em julho de 2021, a inflação dos pobres foi de 10,05%, 3 pontos de percentagem maior que a inflação da alta renda, segundo estimativas do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Isto significa que o chamado índice de desconforto, composto pela soma simples das taxas de desemprego e de inflação, não só subiu, como subiu muito mais entre os mais pobres.

 

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

IMAGEM: COMEX DO BRASIL

 

O presidente da República, Jair Bolsonaro, editou decreto que torna pública a decisão do Brasil de não renovar, a partir de 7 de outubro de 2021, a vigência do Convênio sobre Transporte Marítimo entre a República Federativa do Brasil e a República Oriental do Uruguai, celebrado em 12 de junho de 1975, e, a partir de 5 de fevereiro de 2022, a vigência do Acordo sobre Transportes Marítimos entre a República Federativa do Brasil e a República Argentina, celebrado em 15 de agosto de 1985.

A medida contribui para o processo de acessão do Brasil à OCDE, que é uma das prioridades da política externa brasileira, além de incentivar a concorrência e a competitividade na prestação de serviços do setor.

A decisão foi tomada na 2ª Reunião Ordinária do Conselho de Estratégia Comercial da CAMEX, realizada em 09 de dezembro de 2020, tendo sido comunicada ao governo do Uruguai em 09.02.2021, bem como ao governo da Argentina em 03.02.2021. A possibilidade de não-renovação está prevista expressamente nos próprios tratados - Artigo XXXI do Convênio Brasil-Uruguai e Artigo XIV do Acordo Brasil-Argentina, bem como na Convenção de Viena de 1969 que, por sua vez, remete às disposições dos respectivos tratados.

Decreto nº 10.786, de 6 de setembro de 2021

Torna pública a decisão, pela República Federativa do Brasil, de não renovar a vigência do Convênio entre a República Federativa do Brasil e a República Oriental do Uruguai sobre Transporte Marítimo, firmado em Rivera, em 12 de junho de 1975, e do Acordo sobre Transportes Marítimos entre a República Federativa do Brasil e a República Argentina, firmado em Buenos Aires, em 15 de agosto de 1985.

 

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV e VIII, da Constituição, e Considerando que o Convênio entre a República Federativa do Brasil e a República Oriental do Uruguai sobre Transporte Marítimo, firmado em Rivera, em 12 de junho de 1975, foi promulgado pelo Decreto nº 78.621, de 25 de outubro de 1976;

Considerando que o Acordo sobre Transportes Marítimos entre a República Federativa do Brasil e a República Argentina, firmado em Buenos Aires, em 15 de agosto de 1985, foi promulgado pelo Decreto nº 99.040, de 6 de março de 1990;

Considerando que a República Federativa do Brasil comunicou a República Oriental do Uruguai, em 9 de fevereiro de 2021, acerca da decisão de não renovar o referido Convênio; e Considerando que a República Federativa do Brasil comunicou a República Argentina, em 3 de fevereiro de 2021, acerca da decisão de não renovar o referido Acordo;

DECRETA:

Art. 1º Torna pública a decisão, pela República Federativa do Brasil, de não renovar a vigência do: Ver tópico

- o Convênio entre a República Federativa do Brasil e a República Oriental do Uruguai sobre Transporte Marítimo, firmado em Rivera, em 12 de junho de 1975, promulgado pelo Decreto nº 78.621, de 25 de outubro de 1976; e Ver tópico

II - o Acordo sobre Transportes Marítimos entre a República Federativa do Brasil e a República Argentina, firmado em Buenos Aires, em 15 de agosto de 1985, promulgado pelo Decreto nº 99.040, de 6 de março de 1990. 

Art. 2º Ficam revogados: Ver tópico

- o Decreto nº 78.621, de 1976; e Ver tópico

II - o Decreto nº 99.040, de 1990. Ver tópico

Art. 3º Este Decreto entra em vigor: Ver tópico

- na data de sua publicação, quanto ao art. 1º; Ver tópico

II - em 7 de outubro de 2021, quanto ao inciso I do caput do art. 2º; e Ver tópico

III - em 5 de fevereiro de 2022, quanto ao inciso II do caput do art. 2º. Ver tópico

Brasília, 6 de setembro de 2021; 200º da Independência e 133º da República.

JAIR MESSIAS BOLSONARO

Carlos Alberto Franco França

Paulo Guedes

Este texto não substitui o publicado no DOU de 8.9.2021

 

FONTE: SECRETARIA GERAL PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

A garantia de emprego do Dirigente Sindical

IMAGEM: JUSBRASIL

 

A recuperação judicial é uma situação distinta da extinção da atividade empresarial, acontecimento que afasta o direito à estabilidade do dirigente sindical. Com esse entendimento, a 3ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou o recurso de uma empresa em recuperação, e de outras do mesmo grupo, contra decisão que determinou a reintegração no emprego de um dirigente de sindicato.

Admitido pela Companhia Agrícola Nova Olinda em 1995, o empregado foi demitido em 2017, quando exercia o cargo de auxiliar administrativo da Agrisul Agrícola Ltda., do mesmo grupo, em Sidrolândia (MS). Ele foi eleito dirigente sindical pela primeira vez em 1998 e seu mandato, sucessivamente renovado nas eleições seguintes, acabaria em junho de 2019. Na ação, o trabalhador argumentou que tinha direito à estabilidade provisória até um ano após o término do mandato.

O juízo de primeiro grau não reconheceu a estabilidade, considerando que a dispensa decorreu do encerramento da atividade produtiva da empresa. Contudo, o Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (MS) concluiu que as empresas não foram extintas, mas estavam em recuperação judicial, e, portanto, continuavam a atuar no mercado, "mesmo que com a capacidade mínima de produção". A corte regional determinou, assim, a reintegração do auxiliar.

O relator do recurso de revista das empresas, ministro Agra Belmonte, observou que o item IV da Súmula 369 do TST afasta a estabilidade do dirigente sindical quando há extinção da atividade empresarial na base territorial do sindicato. Segundo ele, porém, esse entendimento não se aplica ao caso porque a extinção das sociedades empresariais não tem apenas natureza distinta da recuperação judicial, mas também consequências jurídicas diversas.

O ministro explicou que enquanto a extinção da empresa representa o seu fim no mundo jurídico, em um processo que se assemelha à morte da pessoa natural, a recuperação judicial visa à superação do momento de crise, a fim de conservar a atividade produtiva, os interesses dos credores e os empregos dos trabalhadores, nos termos do artigo 47 da Lei de Falências (Lei 11.101/2005). A decisão foi unânime. Com informações da assessoria de imprensa do TST.

 

FONTE: REVISTA CONSULTOR JURÍDICO/CONJUR

A pesca do atum foi mais fraca em 2015. Foto: FAO

IMAGEM: FAO/ONU NEWS

 

Com a pandemia do coronavírus e as restrições das atividades econômicas em muitos países, o Rio Grande do Norte se destacou ainda mais nas exportações de atum nos últimos tempos, por ser um dos peixes mais demandados pelos consumidores internacionais. Em 2021 a produção potiguar, até o fim do mês de julho, foi de 2.500 toneladas. Desse total, 1.700 toneladas foram para exportação, principalmente para os Estados Unidos. 

Atualmente 70% das capturas da pesca industrial - atum, meca e lagosta - no Rio Grande do Norte vão para exportação e 30% ficam no mercado interno. De 1 de Janeiro a 31 de Julho deste ano, a produção gerou um montante de aproximadamente US$ 20 milhões de dólares, com US$ 14 milhões referentes ao comércio dos peixes e US$ 6 milhões das lagostas. No ano passado, a produção total representou um faturamento de aproximadamente 9 milhões de dólares.
 
A evolução no setor no estado é explicada diante do aumento de empresas de pequeno e médio porte com o crescimento de embarcações trabalhando especificamente na pesca do atum. "A produção foi sensacional e a procura também. Trabalhamos duro, mas conseguimos gerar empregos, mesmo em meio a uma pandemia", disse o empresário Marcelo Martini, proprietário de empresa que atua no mercado há quatro anos e tem produção média de 10 toneladas por mês.  
 
O empresário explicou que sua empresa, a Martuna Pescados, faz a captura e o beneficiamento e comercializa pescados nobres. A pesca é feita pela modalidade Espinhel Horizontal, tendo como foco a pesca oceânica, de forma sustentável. Os barcos são equipados com tecnologia de última geração, operando na zona econômica exclusiva brasileira, como também em águas internacionais. "Hoje, temos 20 colaboradores na Martuna Pescados e, além de exportar para os EUA, também comercializamos para São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte", destaca o empresário. 
 
Brasil
 
Com o esgotamento dos recursos pesqueiros costeiros, a principal alternativa para o desenvolvimento do setor pesqueiro nacional, excetuando-se a aqüicultura, reside na pesca oceânica, voltada para a captura de atuns e peixes afins. Tanto que mesmo com entraves, como falta de mão-de-obra especializada, tecnologia e embarcações adequadas, ainda existem vantagens para essa modalidade. Entre elas, a localização geográfica. As frotas operando a partir de portos brasileiros alcançam cardumes mais rapidamente, enquanto que países com tradição pesqueira, como Japão, Taiwan, Coréia, Espanha e Portugal são obrigados a viajar mais de 20.000 km para atingir áreas de pesca.
 
FONTE: TRIBUNA DO NORTE

 

IMAGEM: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA

 

Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados realiza audiência pública nesta quinta-feira (9) para debater a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 23/21, do Poder Executivo, que altera as regras de pagamentos de precatórios.

O debate será realizado no Plenário 1, às 9 horas, e poderá ser acompanhado de forma virtual e interativa pelo e-Democracia.

Segundo o governo, a medida é necessária porque em 2022 o montante em precatórios deverá alcançar R$ 89,1 bilhões, um acréscimo de R$ 34,4 bilhões em relação a 2021. Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, esse valor poderá comprometer os demais gastos do Executivo.

Debatedores
Confirmaram presença na audiência:
– o advogado da União substituto Adler Anaximandro de Cruz e Alves;
– o secretário especial da Secretaria do Tesouro Orçamento, Bruno Funchal;
– o presidente da Comissão Especial de Precatórios da OAB Nacional, Eduardo de Souza Gouvea;
– a procuradora do Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo e professora de Finanças Públicas da Fundação Getúlio Vargas Élida Graziane Pinto;
– o secretário de Assuntos Jurídicos e Legislativos da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Gabriel Magno;
– o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega;
– o procurador-geral da Fazenda Nacional, Ricardo Soriano de Alencar; e

– a presidente da Comissão Especial de Direito Tributário da OAB/SP, doutora pela USP e professora da FGV de Direito Tributário e Finanças Públicas, Tathiane Piscitelli.

 

 

FONTE: AGÊNCIA CÂMARA

 Aerial view cargo container ship sailing, container cargo ship in import export and business logistic and transportation of international by container ship in the open sea.  -----------  Navio de carga, importação e exportação, leva containers

IMAGEM: AVIGATOR PHOTOGRAPHER/íSTOCKPHOTO

 

As companhias de transporte marítimo de conteineres atingiram lucros de 28,6 bilhões de dólares só no segundo trimestre.

A estimativa é da Blue Alpha Capital, partindo dos resultados tornados públicos por 11 das maiores companhias do setor, e que juntas lucraram 18,44 bilhões de dólares no trimestre. Considerando que aquelas controlam 64,5% da capacidade mundial, e assumindo que as demais terão alcançado idênticas performance, chega-se aos 28,6 bilhões de dólares de lucros.

O resultado agregado do segundo trimestre supera largamente os 19,1 bilhões de dólares de lucros já apurados (seguindo o mesmo critério) no primeiro trimestre, e que constituíram um recorde histórico.

No segundo semestre, as companhias de transporte marítimo de conteineres terão realizado um volume de receitas de 88,9 bilhões de dólares. Um número impressionante, mas mais impressionante, como sublinha o fundador da Blue Alpha Capital, é todo um setor ter atingido uma taxa de rentabilidade média de 32,1%.

 

FONTE: TRANSPORTES&NEGÓCIOS

 

Evento será realizado em formato virtual e deverá ter o Afeganistão como um dos temas

A 13ª cúpula do Brics realiza-se nesta quinta-feira (9) em formato virtual na capital da Índia, Nova Deli. É a terceira vez que a capital indiana acolhe o grupo.

Os líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul vão discutir uma ampla variedade de assuntos, como reformas do sistema multilateral, contraterrorismo, as metas de desenvolvimento sustentável, ferramentas digitais e tecnológicas e a promoção do intercâmbio de pessoas. 

Em 2021, a organização celebra 15 anos de sua formação. A cúpula tem por tema central: "Brics 15: Cooperação Inter-Brics para Continuidade, Consolidação e Consenso". 

A agenda da cúpula também vai incluir discussões sobre o impacto da pandemia, entre outros assuntos regionais e globais. 

Nesta quinta, o presidente da China, Xi Jinping, vai participar do evento via teleconferência, por convite do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. O presidente Vladimir Putin também deve participar da cúpula. Com mais de 40% da população mundial, os cinco países do Brics representam 24% do PIB global e 16% do comércio mundial.

 

FONTE: BRASIL 247

 

IMAGEM: SITE PT

 

De um lado, 42 novos bilionários, em plena pandemia. De outro, a pobreza extrema não para de subir. A divulgação da nova lista da revista Forbes, com alta no número de bilionários no Brasil, acontece semanas depois de cenas de pessoas comprando ossos para fazer sopa gerarem comoção no país. O que explica tanta desigualdade?.

"É um país que já é muito desigual, integra sempre os primeiros lugares nos rankings de organizações multilaterais em termos de desigualdades, como um dos mais desiguais do mundo. Quando vem um choque totalmente adverso como esse, na economia, acaba por exacerbar ainda mais esse problema pré-existente", resume o economista Gedeão Locks, pesquisador sobre o tema no Centre d'Économie de la Sorbonne (CES), em Paris.

A maioria desses novos bilionários ascendeu ao posto graças à abertura de capital das suas empresas na bolsa — no chamado "boom" dos IPOs, na sigla em inglês para a operação. Eles se beneficiaram de uma conjuntura mundial favorável, com a abundância de liquidez nos mercados financeiros — especialmente os que se posicionam na área de tecnologia e saúde.

"Essa notícia dos bilionários em plena crise diz muito sobre o novo perfil dos ricos. A riqueza hoje está concentrada principalmente nos frutos das atividades no mercado financeiro. E isso, no Brasil, representa de fato muito da nossa concentração de riquezas", afirma Débora Freire, também especialista no tema e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "Isso exacerba ainda mais o fato de que são os ricos que detêm ações no mercado financeiro e, se elas se valorizaram, eles ficam mais ricos durante a pandemia", complementa Locks.

Economia real

O problema é que, ao se tornarem bilionários pela valorização de ações, a maior riqueza dessa parcela da população não significa ganhos para a economia como um todo — não gerou mais empregos, tampouco mais distribuição de renda pela arrecadação de impostos.

"Enquanto o setor financeiro se beneficiou, a economia real foi impactada fortemente. A produção, os investimentos, que de fato ampliam a capacidade produtiva da economia, os empregos, a renda gerada no trabalho, foram fortemente impactados", indica Freire. "E esses setores — comércio, serviços — são os que empregam a mão de obra menos qualificada. Então a maior parte da população, e mais vulnerável, que trabalha sem carteira assinada, para ganhar um salário mínimo, foi tremendamente abalada.".

Reforma tributária não corrige distorções

Um instrumento de correção dessas distorções seria uma tabela de Imposto de Renda mais progressiva. A alíquota máxima no Brasil é de 27,5% e atinge todos os que ganham mais de R$ 5,3 mil por mês — uma situação que a reforma tributária apresentada pelo governo não alterou.

"A alíquota marginal efetiva, ou seja, o quanto que é efetivamente o imposto dos mais ricos do Brasil, é insignificante. Especialistas do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) calcularam entre 7 e 8%, enquanto que uma pessoa que ganha um salário mínimo paga quase a metade da renda em impostos diretos e indiretos. É algo que não faz sentido algum", aponta Locks.

A reforma pautada pelo Ministério da Economia também propõe a isenção de impostos de pessoas jurídicas e autônomos cujas empresas faturam até R$ 4,8 milhões. Trabalhadores com renda até R$ 2,5 mil também ficam isentos, mas a medida se revela pouco efetiva, num país em que 41% dos trabalhadores estão na informalidade, segundo o IBGE.

Por outro lado, a tributação dos dividendos finalmente entrou na pauta — embora de maneira limitada, ao atingir apenas os ganhos superiores a R$ 2,8 milhões. "Por mais que a reforma seja um pouco bagunçada, é um avanço institucional que haja a cobrança de impostos sobre dividendos. Apesar de não ser uma grande arrecadação, isso é um passo na direção correta da progressividade tributária no Brasil", observa o pesquisador da Sorbonne.

Recuperação desigual

Da mesma forma em que a crise atingiu os brasileiros de maneira desigual, a recuperação econômica também será mais demorada para a base da pirâmide, que naturalmente fica mais exposta a uma depressão. A reabertura de postos de trabalho ainda é lenta, ressalta Freire.

"A recuperação foi para poucos. Recuperar o tecido social perdido, pessoas que estavam num emprego formal que foi perdido ou que, mesmo na informalidade, tinham rendimentos menos voláteis, é muito mais difícil e demorado", ressalta a professora da UFMG. "Quanto mais a gente aprofunda a pobreza — voltamos para o mapa da fome, por exemplo, e temos visto um aumento muito significativo da pobreza extrema —, mais difícil é de recuperar."

 

FONTE: rfi

A movimentação de contêineres pelo Porto de Paranaguá aumentou 29% em janeiro deste ano, na comparação com o primeiro mês de 2019. De acordo com a empresa que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), os 84.601 TEUs (unidade de medida equivalente a 20 pés) movimentados em 31 dias é um recorde histórico. Além da marca alcançada, também chama a atenção a diversidade das cargas movimentadas nos contentores.
IMAGEM: CLAUDIO NEVES/PORTOS DO PARANÁ
 

Crise no mar: entenda a escassez de contêineres que afeta produtores do mundo todo
 
Trabalhadores rurais dos setores de algodão e carne reclamam de frete caro e perda de oportunidades devido à demora dos envios, motivada pela demanda crescente de grandes exportadores, como Ásia, EUA e Europa.
 

O retorno das atividades comerciais após meses de paralisação devido à pandemia da Covid-19 veio mais forte do que o translado de mercadorias por contêineres e navios estava preparado para suprir, elevando o preço dos fretes e aumentando os prazos para a exportação e importação de produtos.

Por causa disso, na semana passada, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) enviou um ofício ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, pedindo ações de curto prazo para resolver esses problemas. A carta foi assinada também por entidades do setor.

A falta de contêineres é motivada, principalmente, pela alta demanda nos grandes portos exportadores, como Ásia, Estados Unidos e a Europa, que atraem os armadores por serem mais rentáveis comparado a outros países, como o Brasil, explica Wagner Rodrigo Cruz de Souza, diretor executivo da Associação Brasileira dos Terminais Retroportuários e das Empresas Transportadoras de Contêineres (ABTTC).

Souza diz que, no auge da pandemia, estas nações não estavam exportando com a intensidade atual e, portanto, o Brasil não tinha problemas. Agora, a concorrência acirrada acabou levando mais contêineres e navios para essas outras rotas.

Além disso, devido à queda nas compras e vendas, o setor de contêineres deu um freio na produção desse material durante a pandemia. Com o reaquecimento da economia mundial, este fornecimento não consegue ser feito rapidamente, diz Thiago Pera, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP).

 

Esses empecilhos se somam a problemas antigos. Segundo representantes do setor, existe ainda a falta de estrutura nos portos para atender à demanda. Como exemplo, é dado o caso das plataformas que não são adaptadas para contêineres que medem 40 pés, apenas para o tamanho menor, que é o de 20 pés.

E também não há otimização no uso do espaço, com o trânsito de embarcações que não estão operando em seu potencial máximo, devido às inúmeras solicitações de contratação dos fornecedores.

Em julho, uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontou que entre 128 empresas e associações industriais, mais de 70% relataram sofrer com a falta de contêineres ou navios e mais da metade passou por cancelamento ou suspensão de viagens programadas.

No agronegócio, os setores mais afetados foram a carne e o algodão. Ainda assim, a área continua batendo recordes em exportação, apesar da sensação dos produtores de que estes dados poderiam ser maiores sem os obstáculos na cadeia de envios.

Mais tempo no porto

A escassez de contêineres também é motivada, em menor grau, pelas medidas sanitárias contra a Covid-19, que podem gerar a retenção das embarcações por até 15 dias quando um caso é identificado entre a tripulação.

Essa contenção também ocorre quando há acidentes/imprevistos no geral, como do Canal de Suez.

"Tudo isso vai tirando a capacidade de transporte e por isso está faltando espaço nos contêineres e nas embarcações", diz Souza.

Duas consequências seguem estes problemas: o frete fica caro e grandes filas de navios se formam nos portos mais movimentados, que atraíram a contratação dos contêineres. Confira abaixo:

Veja o tempo de espera nos portos mais movimentados do mundo — Foto: Kayan Albertin / G1 Arte

Veja o tempo de espera nos portos mais movimentados do mundo — Foto: Kayan Albertin / G1 Arte

 

Apenas no porto de Santos, em São Paulo, linhas que eram atendidas com frequência semanal passaram a ter de esperar cerca de 10, 11 ou 12 dias, gerando um volume maior de cargas destinadas à exportação retidas no porto, diz Wagner Souza da ABTTC.

Ainda assim, não há preocupações em relação à qualidade dos produtos embarcados, como as carnes, pois mesmo nos portos, ficam em ambientes refrigerados e têm prazos de qualidade longos, explica Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

Produtores maiores, para obter mais previsibilidade dos seus embarques, optam por contratos de médio e longo prazo destes transportes. Porém, o pequeno produtor ou aquele que está adentrando neste mercado agora acaba sendo prejudicado por não ter esse tipo de relação com as empresas, conta o presidente da ABPA.

Em busca do tempo perdido

A alta da demanda teve início quando os governos no mundo todo criaram programas de transferência de renda, como o auxílio emergencial aqui no Brasil, para reaquecer o mercado e ajudar as pessoas que se encontravam desempregadas, explica o professor do grupo de pesquisa e extensão em logística da Esalq-USP, Thiago Pera.

No primeiro semestre de 2021, na comparação com o mesmo período de 2020, houve um aumento de 17% na movimentação de contêineres no Brasil, segundo o professor.

Em contrapartida, houve uma queda de 5% na proporção de contêineres cheios chegando aos portos do país, o que leva a um segundo problema: com a maior demanda, os navios, quando em portos importadores, retornam sem estarem completos para tentarem atender aos prazos acordados com os clientes.

"Um produto que usa contêiner, ele precisa de contêiner vazio, então tem logística para trazer ele vazio. O que tem observado, têm navios que não esperam todo o tempo para fazer esse carregamento de contêiner vazio, preferem já sair para melhorar a sua produtividade em decorrência dos atrasos e congestionamentos que têm acontecido nos portos", explica. 

Isso gera o que a ABTTC chama de “bookings fantasmas”, embarcações viajando sem atenderem sua capacidade total.

“Esse desequilíbrio está também muito associado aos preços de fretes marítimos muito atrativos para os navios, os quais optam muitas vezes por girar mais o navio do que ficar parado esperando contêineres vazios para carregamento”, explica Pera.

Por isso também, alguns portos que ou importam ou exportam mais têm um trânsito maior do que os que não possuem tanta demanda. O foco em rotas entre a Ásia, Estados Unidos e a Europa causa uma queda na oferta dos demais locais, como o Brasil.

"A reabertura dessas economias elevou a patamares monumentais o comércio e a demanda por bens que a China e outros países da Ásia produzem, gerando um desequilíbrio global na oferta e demanda de navios e contêineres. Ou seja, há maior demanda e a infraestrutura não é reativa de imediato, assim os portos se deparam com sua capacidade estrangulada", resume Marcos Matos, diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé)"

Além disso, há o problema de navios ficarem retidos devido a casos de coronavírus a bordo ou eventos excepcionais, gerando um acúmulo de produtos. Um exemplo é o bloqueio do canal de Suez, que alterou drasticamente o fluxo de entrada e saída de containers nos países e também o tempo de trânsito dessas cargas.

“Um contêiner que usualmente fazia 4 ciclos completos no transpacífico (Ásia/Costa Leste dos EUA) hoje só consegue completar cerca de 2,5 ciclos, dada a retenção desses equipamentos ao longo de toda a cadeia”, explica Claudio Loureiro de Souza, Diretor Executivo do Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave).
Pagando mais caro

O exportador está tendo que desembolsar mais para pagar os fretes dos concorridos contêineres e navios.

Apenas no setor de pescados, por exemplo, os preços dos fretes subiram mais de 50%, “além de várias taxas que estão sendo cobradas, o que aumenta muito o custo do produto”, diz Eduardo Lobo, Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca).

 
Isso também pode afetar as mercadorias que necessitam de insumos que são importados, subindo o valor passado aos consumidores. Além disso, o item pode ficar mais caro por causa do dólar ter de ser convertido para real, que está depreciado na comparação com a outra moeda, conta o professor Pera.

Mas, o frete por si só não deve ter impacto nos alimentos do mercado interno, explica Ricardo Santin, presidente da ABPA, pois são setores completamente separados. Entretanto, a perda de oportunidades devido aos prazos mais complicados já é outra história.

Santin diz que o valor da exportação ajuda a compor o equilíbrio de custo de produção. “O nicho de capturar uma oportunidade em dólar, reflete indiretamente no preço do mercado interno, eu tenho que aumentar o preço do mercado interno para complementar”, diz.

Vai melhorar?

De acordo com a ABTTC, há entre os armadores consultados uma grande preocupação quanto ao "Golden Week", tradicional feriado chinês de 7 a 8 dias, iniciando em 1º de outubro, quando todas as atividades são interrompidas.

Segundo Souza, isso deve gerar uma nova pressão na cadeia logística global, que deve ser sentida pelos exportadores e importadores em 30 a 45 dias após a semana festiva.

A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) também está especialmente preocupada com o segundo semestre deste ano, que é quando o setor exporta mais.

É o mesmo caso do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco). Segundo a entidade, em levantamento feito junto às associadas - durante os meses de junho e julho - cerca de 2.740 contêineres não saíram dos portos nas datas previstas, o equivalente a 54 mil toneladas de tabaco, com valor estimado de US$ 170 milhões/FOB). 

De acordo com a ABTTC, apenas em janeiro de 2022 a situação deve ser aliviada, com recuperação total apenas no segundo semestre.

A Centronave aponta que algumas medidas estão sendo tomadas para mitigar este cenário, como o adiamento de desativação de embarcações mais antigas e reparos em containers danificados.

FONTE: G1

IMAGEM: CLIQUEDIARIO.COM.BR

 

A democracia brasileira saiu mais fraca do seu 199º aniversário da independência do Brasil, analisa a cientista política Amy Erica Smith, especialista em democracia e regimes autoritários na América Latina, particularmente no Brasil.

Em protestos que atraíram centenas de milhares de pessoas neste 7 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não cumprirá decisões judiciais, ameaçou fechar o Supremo Tribunal Federal, disse que um dos ministros, Alexandre de Moraes, "açoita a democracia", chamou o processo eleitoral sem voto impresso de "farsa" e disse que apenas Deus pode tirá-lo da Presidência.

"É possível que as coisas agora tenham chegado a um ponto tão ruim que forcem a ação de outros poderes", opina ela.

Após Bolsonaro intensificar os ataques ao Supremo e ameaçar não cumprir decisões do ministro Alexandre de Moraes, aumentaram as cobranças pela abertura de um processo de impeachment no Congresso.

Para a estudiosa, a demonstração de força de Bolsonaro não foi um "fracasso total", dado o número de pessoas que ele atraiu e a disseminação de suas palavras, mas deixou claro que Bolsonaro não reúne condições de dar um golpe. "Se tivesse, ele já teria dado".

Smith observa que Bolsonaro e seus apoiadores tentam projetar uma imagem de lideranças da direita global, com placas em inglês contra o STF e apoio de ex-assessores de Trump em suas empreitadas, mas, para a maioria da audiência internacional, "Bolsonaro pinta o Brasil como uma república das bananas".

Leia a seguir os principais trechos da entrevista de Amy Erica Smith à BBC News Brasil, editadas por clareza e concisão.

BBC News Brasil - Como qualifica os acontecimentos desse 7 de setembro?

Amy Erica Smith - A multidão tinha um tamanho razoável e o discurso de Bolsonaro está mais radical, talvez o mais radical que se possa ser sem provocar um confronto direto e imediato. O tipo de ataque que ele fez ao ministro Alexandre de Moraes hoje cruza a linha da democracia. As coisas que Bolsonaro disse não satisfazem os mínimos requisitos da democracia e, se for permitido que ele continue a fazer esse tipo de declaração, as coisas ficarão muito ruins no Brasil.

Ele até poderia recuar, mas não acredito que irá. A essa altura, nós já vimos o suficiente pra identificar um padrão de alguém que vai gradualmente ficando mais e mais radical. Declarações como "só saio da presidência morto" são extremamente anti-democráticas, assim como tudo o que ele disse hoje. Desse ponto em diante, as coisas só pioram.

BBC News Brasil - Alguns analistas, como o filósofo Marcos Nobre, veem nos movimentos de Bolsonaro em 7 de setembro uma espécie de ensaio do golpe, um teste de quão longe se pode ir. A senhora concorda?

Smith - Se Bolsonaro tivesse apoio para um golpe, provavelmente ele já teria dado um golpe. Muito do que ele faz é projetado para tentar atrair mais pessoas para o seu lado e viabilizar um golpe. Está claro que, se pudesse ter fechado o Supremo Tribunal Federal há um ano, ele já teria feito isso.

Mas ele não tem apoio institucional para fazer isso, nem dos militares nem de outros políticos. E se tentasse, não conseguiria se segurar no poder. Então acho que o termo ensaio não cabe, porque a verdade é que se ele tivesse tido condições de dar um golpe ontem, ele teria dado. E seus apoiadores também teriam apoiado o golpe se ele tivesse tentado.

O que eu acho que Bolsonaro está fazendo é deliberadamente mostrando que seu interesse é golpista e tentando arregimentar pessoas pra sua causa. Isso é mais um alerta do que ele gostaria de fazer se conseguisse obter mais poder. E eu acho que foi uma tentativa também de satisfazer alguns de seus apoiadores mais radicais, que pediam por esse tipo de comportamento. Então ele manda uma mensagem para esses apoiadores ao mesmo tempo em que tenta intimidar o Supremo e Congresso. E, honestamente, não vejo como isso possa ter funcionado, nem para intimidar, nem para ganhar novos apoiadores.

BBC News Brasil - Bolsonaro terminou o sete de setembro mais forte ou mais fraco do que começou o dia?

Smith - Não acho que foi um fracasso completo. Ele conseguiu reunir uma massa moderadamente grande. Não foi uma massa esmagadora, mas atraiu público e conseguiu levar seus discursos à TV. Mas em termos eleitorais práticos, a popularidade dele ainda está na casa de 20% e não houve ali nenhum sinal de que ele tem poder suficiente para mobilizar eleitores a ponto de alterar o cálculo eleitoral dos partidos em favor dele.

Já em relação à crise institucional, ao conflito com outros poderes, Bolsonaro termina o dia bem mais radical e aparentemente tendo dito coisas que podem levar a ações legais contra ele no Supremo e ao seu impeachment no Congresso. Esses são cenários possíveis. Então, ele sai do sete de setembro mais vulnerável em relação aos demais poderes. E podemos esperar resposta ao menos da Suprema Corte, com certeza.

BBC News Brasil - O Brasil vive uma crise institucional grave. Hoje o presidente disse que só Deus o tira do cargo, que não cumprirá decisões judiciais de um dos ministros do Supremo e que não participará do que chamou de "farsa" das eleições sem votos impresso. Com isso, afrontou o Congresso e a Suprema Corte. Como fica a democracia depois disso?

Smith - O que está claro é que a democracia brasileira saiu do sete de setembro mais fraca, em uma crise maior. Mas é possível que agora as coisas tenham chegado a um ponto tão ruim que forcem a ação de outros poderes. A democracia brasileira está em grande risco, especialmente com as ameaças ao Supremo.

BBC News Brasil - Alguns líderes partidários voltaram a falar em impeachment, e esse é um assunto que tem rondado a gestão Bolsonaro, mas nunca como algo viável. Isso pode ter mudado ontem?

Smith - As coisas que Bolsonaro falou ontem certamente aumentam suas chances de sofrer um impeachment. O sete de setembro pode ser o começo do fim pra ele.

Ele chamou o Conselho da República (órgão que decide sobre intervenção federal) e disse que mostraria a eles a fotografia do povo. Isso, em outras condições, seria o chamamento para o golpe. Mas as pessoas que compõem esse Conselho da República não dirão: 'sim, senhor, vamos dar um golpe'. Então é difícil entender os reais efeitos do que Bolsonaro diz. É bizarro imaginar que ele pense que os demais chefes de poderes vão coadunar com essa ideia. Não é possível que ele próprio acredite nisso. Pode ser um teatro político, mas não deixa de ser perigoso.

BBC News Brasil - A economia brasileira patina, e investidores estrangeiros não se sentem confortáveis em trazer seu dinheiro ao país. Como diferentes observadores internacionais veem o que acontece no Brasil e o que esperam do país?

Smith - É terrível para os negócios e os manifestos do agronegócio e de empresários brasileiros contra as ações de Bolsonaro mostram isso. Bolsonaro pinta o Brasil como uma república das bananas. O que estamos vendo hoje é uma instabilidade extrema e o que o presidente promete aos investidores é ainda mais instabilidade por vir. O comportamento de Bolsonaro em si é péssimo para atrair os investimentos. Essa instabilidade política poderia ser resolvida com um novo presidente, mas parte dos danos à imagem do Brasil no exterior, a relações com os EUA e a Europa, essas coisas demoram mais tempo a serem reparadas.

BBC News Brasil - Ainda em relação às relações internacionais, como vê o fato de ex-assessores de Trump, como Jason Miller e Steve Bannon, mostrarem tanta proximidade e interesse com o governo - e a campanha - de Bolsonaro?

Smith - Não são só os assessores, mas também chama a atenção a quantidade de placas em inglês carregadas por bolsonaristas. E isso acontece porque a direita, e especialmente a extrema-direita, da qual Bolsonaro faz parte, é um movimento de laços internacionais muito fortes. Isso é muito emblemático de que o presidente se vê como parte de uma direita global e acredita que ela poderá ajudá-lo. Mas a verdade é que a direita global - e especialmente a americana - não é mais tão poderosa quanto já foi e não será capaz de ajudá-lo nessa crise institucional. Todo o apoio do mundo de Trump e seu grupo não salvarão Bolsonaro. E isso seria verdade mesmo se Trump ainda fosse presidente, mas é ainda mais óbvio agora que Trump está fora do poder.

BBC News Brasil - Vimos manifestações contra e a favor de Bolsonaro no sete de setembro. Ambas diziam defender a democracia. O que significa essa contradição?

Smith - Isso é algo muito perigoso para a democracia, porque a situação de polarização e partidarização atingiu tal nível que pessoas com ideias totalmente opostas do que democracia signifique estejam dispostas a lutar até o fim umas com as outras enquanto supostamente defendem a mesma coisa. Isso é uma prova da tensão do estado de coisas na democracia brasileira.

 

FONTE: BBC