Petrobras

IMAGEM: REUTERS/Sergio Moraes


O TCU havia determinado que a petroleira adotasse os procedimentos previstos na lei das licitações. Acontece que o STF já decidiu que esta norma não se aplica à Petrobras.

 

Nesta terça-feira, 19, a 1ª turma do STF decidiu que a Petrobras pode aplicar nas contratações administrativas o procedimento licitatório simplificado. Por unanimidade, o colegiado anulou decisões do TCU, que obrigavam a petroleira a aplicar a lei 8.666/93 - a lei das licitações.

A decisão do órgão fracionário da Corte é uma aplicação do que já decidido em plenário. Em março deste ano, o Supremo decidiu que a Petrobras não precisa se submeter à lei das licitações.

Na decisão, a Petrobras afirmou que ela procedeu a seleções e contratações com base no decreto 2745/98, que regula o procedimento licitatório simplificado. Para a estatal, o TCU ignorou o que assentou o STF no julgamento do RE 441.280, oportunidade em que a Corte decidiu que a Petrobras não está sujeita às normas para licitações previstas na lei 8.666/93.

Por maioria, naquele recurso extraordinário, o colegiado entendeu que as empresas de economia mista que disputam livremente o mercado devem estar submetidas a regime próprio diferenciado. Desta decisão, o TCU recorreu.

Regime simplificado

Na tarde de hoje, a 1ª turma negou provimento ao recurso do TCU a fim de manter a nulidade das decisões do Tribunal de Contas. A ministra Cármen Lúcia considerou que os contratos que já foram firmados com base na licitação simplificada e que estão em vigência há mais de uma década. Por unanimidade, o colegiado seguiu o entendimento da relatora.

 

FONTE: MIGALHAS

https://www.migalhas.com.br/quentes/353420/stf-petrobras-faz-jus-a-procedimento-licitatorio-simplificado

IMAGEM: ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO

 

Ministro Fachin pediu destaque e retirou o caso do plenário virtual.

 

O ministro Edson Fachin, do STF, pediu destaque e retirou do plenário virtual recurso extraordinário que analisará a representatividade sindical de micro e pequenas indústrias artesanais. Agora, o caso será julgado pelo colegiado durante a sessão plenária, em data a ser definida.

O RE, apresentado pelo Simpi - Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Tipo Artesanal do Estado de São Paulo, discute se a entidade possui, ou não, representatividade sindical em relação às micro e pequenas empresas com até 50 empregados e, em consequência, se tem direito a receber contribuição sindical. A discussão é feita com base nos princípios constitucionais da liberdade e da unicidade sindical, bem como no tratamento diferenciado dispensado a esse tipo de empresa pela Constituição (artigo 8º, incisos I e II; e artigos 146, 170 e 179).

No STF, o Simpi questiona acórdão do TST, que manteve decisão de primeira instância, a qual impediu que a entidade fosse ressarcida pelo Sindinstalação - Sindicato da Indústria de Instalações Elétricas, Gás, Hidráulicas e Sanitárias do Estado de São Paulo, em razão de contribuições sindicais pagas por micro e pequenos empresários a esta entidade.

O Simpi sustenta que o pagamento foi ilegal, visto que desde 1994 a entidade possui registro no ministério do Trabalho e Emprego como representante das empresas industriais com até 50 empregados no Estado, independente da forma de produção ou da natureza da atividade desenvolvida. Alega também que existe acordo judicial firmado com a Fiesp - Federação das Indústrias do Estado de SP, que garante a representatividade do requerente (Simpi) em relação às micro e pequenas indústrias artesanais em SP.

O relator do caso, que tem repercussão geral reconhecida, é o ministro Dias Toffoli.

https://www.migalhas.com.br/quentes/353318/adiada-analise-de-representacao-sindical-de-micro-e-pequenas-empresas

 

FONTE: MIGALHAS

 

Testes clínicos devem demorar entre 9 e 12 meses

IMAGEM: KARINA HESSLAND/REUTERS 

 

O número representa 106.670.101 pessoas com o ciclo vacinal completo

O Brasil chegou na noite desta terça-feira (19) a marca de 50% da população vacinada com a segunda dose ou dose única das vacinas contra Covid-19.

O número representa 106.670.101 pessoas  

Os dados são da plataforma coronavirusbra1, que compila registros das secretarias estaduais de Saúde.

São Paulo é o estado com o ritmo mais avançado de vacinação. Roraima, por sua vez, tem o ritmo mais lento. São Paulo também é o estado com a maior proporção da população totalmente vacinada, 64%. O Amapá tem o menor percentual, 27,2%.

 

FONTE: BRASIL 247

 

Movimentação portuária brasileira cresce 3,71% no quadrimestre

IMAGEM: PORTO DE SANTOS/GOV.BR

 

Nos oito meses do ano, foram movimentados 809,8 milhões de toneladas


O setor portuário movimentou 809,8 milhões de toneladas até agosto de 2021. Isso representa um crescimento de 7,5% em comparação com o mesmo período de 2020 (753,6 milhões de toneladas). Os dados são da Gerência de Estatística e Avaliação de Desempenho da ANTAQ.

Em relação aos perfis de carga, o granel sólido (58,4% do total) apresentou um crescimento de 3,5% em comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo uma movimentação de 472,8 milhões de toneladas. O granel líquido teve um total de 209,3 milhões de toneladas (25,9% do total) e apresentou até agosto de 2021 aumento de 12,2% em relação a jan-ago de 2020. Carga Geral Solta (4,9% do total) cresceu 15,4%, chegando a 39,7 milhões de toneladas.

Carga Conteinerizada

(10,9% do total)

Janeiro a Agosto

87,9 milhões de toneladas

Crescimento: 15,9%

Tabela

Entre as cargas que merecem destaque em 2021 (jan-ago), além dos contêineres, estão Petróleo e Derivados, que representaram 23,1% de toda a movimentação (187,1 milhões de toneladas), com crescimento de 11% em comparação com o mesmo período de 2020. Outros destaques foram: Adubos (Fertilizantes), com 23,9 milhões de toneladas, crescimento de 14,3%; Carvão Mineral teve movimentação de 16,8 milhões de toneladas, alta de 37,7%; e Ferro e Aço registraram 16,3 milhões de toneladas, com 29,8% de elevação.

Minério de Ferro foi a carga mais movimentada no período:

241,7 milhões de toneladas

Já as instalações com maiores crescimentos relativos foram (considerando as 20 principais):

- Terminal Aquaviário de São Francisco do Sul (Total: 11,8 mi t, 17º em mov.), +103,9%

- Terminal Aquaviário de Osório (Total: 9,9 mi t, 20º em mov), +57,7%

- Terminal Ilha Guaíba – TIG (Total: 17,6 mi t, 11º em mov), +31,1%

- Terminal Aquaviário da Ilha d’Água (Total: 14,2 mi t, 14º em mov), +30,1%

- Terminal Portuário do Pecém (Total: 13,4 mi t, 15º em mov), +29,6%

- Itaqui (Total: 21,6 mi t, 9º em mov), +29,0%

- Itaguaí (Total: 35,7 mi t, 5º em mov), +26,8%

Navegações

Entre as navegações, o longo curso, que representa 70,3% da movimentação, apresentou crescimento de 7,9% até agosto de 2021 em comparação com mesmo período de 2020. A cabotagem teve crescimento próximo de dois dígitos, alcançando 9,8% de elevação e, por fim, a navegação interior apresentou queda de 5,3% no período.

A cabotagem de contêineres cresceu 16,2% no período analisado, com 2,4 milhões de TEUs

 

FONTE: ANTAQ

IMAGEM: Getty Images/Hector Mata/AFP

Governo acusa companhia de favorecer imigrantes em contratações

Facebook concordou em pagar até US$ 14 milhões (R$ 77,7 milhões) para resolver um processo do governo dos Estados Unidos que acusa o gigante tecnológico de favorecer os imigrantes em detrimento dos cidadãos americanos no recrutamento para milhares de postos de trabalhos com altos salários, anunciaram as autoridades nesta terça-feira (19).

Os procuradores americanos alegam que o Facebook "canalizou" postos de trabalho para detentores de vistos ao evitar anunciá-los em sua página web de recrutamento e a aceitar apenas solicitações enviadas fisicamente por correio, ou se negando diretamente a considerar trabalhadores americanos.

A ação, apresentada em dezembro de 2020, representa uma nova frente na crescente pressão judicial, regulatória e antimonopólio sobre o gigante das redes sociais, que chega a bilhões de pessoas em todo o mundo com suas plataformas.

"O Facebook não está acima da lei e deve cumprir com as [proteções] de direitos civis federais de nossa nação", assinalou a procuradora-geral adjunta Kristen Clarke em um comunicado. 

A companhia, por sua vez, escreveu em outra nota que acreditava "firmemente" que estava cumprindo com os requisitos do governo federal, mas concordou em encerrar o litígio e "seguir em frente".

"Essas resoluções nos permitirão continuar focados em contratar os melhores colaboradores, tanto dos Estados Unidos como de todo o mundo", afirmou uma porta-voz.

Segundo o acordo do Departamento de Justiça, o Facebook pagará US$ 4,75 milhões (R$ 26,4 milhões) de dólares aos Estados Unidos e até US$ 9,5 milhões (R$ 52,7 milhões) às pessoas elegíveis afetadas pela suposta discriminação da companhia.

A rede social também deve capacitar seus funcionários sobre as medidas contra a discriminação na lei de imigração dos Estados Unidos e fazer mais para recrutar trabalhadores americanos.

A demanda apontou mais de 2.600 postos, com salário médio de US$ 156 mil dólares (R$ 866 mil), oferecidos de janeiro de 2018 até setembro de 2019.

Os procuradores alegaram que a gigante da internet reservou vagas para candidatos com vistos H1-B de "trabalhador qualificado" ou outros vistos de trabalho temporários.

As permissões para trabalhadores qualificados são valiosas para as empresas de tecnologia do Vale do Silício, que buscam engenheiros e outros talentos altamente capacitados, principalmente nos países da Ásia.

O acordo chega em meio à tempestade de críticas que o Facebook enfrenta por conta da denunciante que vazou estudos internos, que mostravam que a companhia sabia que suas plataformas poderiam ser prejudiciais à saúde mental dos jovens.

As autoridades americanas têm lutado para regulamentar as plataformas de redes sociais como o Facebook, em meio à proliferação de acusações sobre como os gigantes tecnológicos invadem a privacidade de seus usuários e proporcionam um espaço para a propagação de informações falsas e perigosas.

FONTE: AFP

 Ponte liga a cidade de Guayaquil à Ilha de Santay

IMAGEM: REPRODUÇÃO

 

Marinha diz que acidente provavelmente ocorreu por efeito da correnteza; ninguém ficou ferido

O Navio-Veleiro Cisne Branco da Marinha do Brasil colidiu com uma ponte durante uma manobra no Rio Guayas, em Guayaquil, no Equador, nesta segunda-feira (18). Segundo nota oficial, a batida pode ter ocorrido devido ao efeito da correnteza.

Um rebocador que estava apoiando o navio virou durante a colisão. Ninguém ficou ferido no acidente.

No momento, o Cisne Branco está ancorado em segurança, aguardando a disponibilização para ser atracado no cais de Guayaquil. Após isso será avaliado detalhadamente as condições do navio-veleiro.

A Marinha do Equador e as autoridades locais estão dando apoio ao Cisne Branco. A Marinha brasileira está apurando as causas e circunstâncias do acidente.

 

FONTE: CNN

 

IMAGEM: AGÊNCIA PETROBRAS

Proposta prevê que governo pague, no mínimo, 50% do valor médio do botijão; texto retorna à Câmara

O Senado aprovou nesta terça-feira (19) a criação do programa Gás dos Brasileiros, auxílio que vai subsidiar, no mínimo, 50% do valor do botijão de gás para famílias de baixa renda. Foram 76 votos favoráveis e 1 contrário.

A intenção é minimizar o efeito do aumento do preço do produto no orçamento familiar, que já ultrapassa a média de R$ 100.

O texto foi votado pelos deputados em setembro, mas foi alterado pelos senadores, que incluíram na versão final propostas apresentadas por Paulo Paim (PT-RS) e Eduardo Braga (MDB-AM). Por isso, o projeto voltará à Câmara. A principal mudança feita pelos senadores foi a exclusão da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) como fonte de recursos da iniciativa. 

Outra modificação foi no nome do programa, que anteriormente era chamado de Gás Social.

De acordo com a versão final, o governo deverá pagar, a cada bimestre, durante cinco anos, uma parcela que corresponda a pelo menos a metade da média do preço nacional de referência do botijão de 13 kg. Esse era um dos pontos previstos no projeto do deputado Carlos Zarattini (PT-SP).

Poderão ser beneficiadas pelo auxílio as famílias inscritas no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal) com renda familiar mensal per capita menor ou igual a meio salário mínimo nacional.

Além delas, o texto prevê o pagamento do benefício para aqueles que morem com quem receba o BPC (Benefício de Prestação Continuada) do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

O repasse, segundo o projeto, deverá ser concedido preferencialmente às famílias com mulheres vítimas de violência doméstica que estejam sob o monitoramento de medidas protetivas de urgência.

De acordo com estimativas do relator, Marcelo Castro (MDB-PI), as despesas com o programa devem variar entre R$ 4 bilhões a R$ 8,5 bilhões por ano, a depender do percentual de subsídio concedido.

Para bancar o Gás dos Brasileiros, serão utilizados os dividendos pagos pela Petrobras à União, as parcelas dos royalties devidos à União em função da produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos sob o regime de partilha de produção e o bônus de assinatura nas licitações de áreas para a exploração de petróleo e de gás natural.

A proposta da Câmara previa que o programa fosse bancado com recursos da alíquota da Cide, mas Castro optou por retirar essa possibilidade para evitar um aumento no preço dos combustíveis.

“Eliminamos qualquer aumento da Cide. A nossa carga tributária já é por demais elevada e, além disso, haveria um indesejável impacto inflacionário. As fontes de custeio são relacionadas à produção de petróleo e de gás natural”, explicou o relator.

O governo deverá utilizar a estrutura do Bolsa Família para organizar e operacionalizar o auxílio-gás.

Dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) mostram que o preço médio do gás na semana de 10 a 16 de outubro foi de R$ 100,44. Em algumas localidades, como em Santo Angelo (RS), o valor cobrado pelo botijão chega a R$ 135.

O resultado é reflexo do aumento anunciado pela Petrobras no início de outubro, quando os preços da gasolina e do gás de cozinha subiram 7,2% nas refinarias.

Com isso, o quilo do gás de cozinha passou de R$ 3,60 para R$ 3,86, alta de R$ 0,26. Assim, os 13 quilos necessários para encher um botijão custarão na refinaria o equivalente a R$ 50,15.

 

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

IMAGEM: WIKIPÉDIA

 

O governo federal editou decreto que regulamenta a obrigação de revitalização das bacias hidrográficas do Rio São Francisco e do Rio Parnaíba e daquelas localizadas na área de influência dos reservatórios das usinas hidrelétricas de Furnas.

A medida está prevista na lei de privatização da Eletrobras (ELET3), sancionada em julho deste ano após aprovação pelo Congresso Nacional. 

De acordo com a lei, que previu uma série de obrigações após a desestatização, as empresas que vencerem o leilão deverão aportar R$ 350 milhões por ano em projetos de revitalização dos recursos hídricos das bacias do Rio São Francisco e do Rio Parnaíba e outros R$ 230 milhões anuais em projetos de revitalização dos recursos hídricos das bacias hidrográficas na área de influência dos reservatórios das usinas hidrelétricas de Furnas.

Esses investimentos, segundo o governo federal, “buscam assegurar a necessária disponibilidade de água em padrões adequados de quantidade e qualidade”.

Segundo a lei, essa obrigação persistirá pelo prazo de 10 anos.

O emprego desses recursos será acompanhado por Comitês Gestores, cuja instituição também foi em lei, e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

 

FONTE: AGÊNCIA BRASIL

 

IMAGEM: ENAP

Na retomada, mercado de trabalho requer caminho rápido para educação

À medida que os países latino-americanos enfrentam a formidável tarefa de recuperação econômica após a pandemia de Covid-19, eles também enfrentam um mercado de trabalho que pode ter mudado de maneira irreversível durante a pandemia. Embora muitos empregos tenham sido eliminados, muitos outros —relacionados, por exemplo, à automação, plataformas eletrônicas e análise de dados— foram criados. Suprir o mercado com habilidades relevantes será fundamental para uma recuperação rápida e equitativa.

De acordo com o novo estudo do Banco Mundial, “The fast track to new skills” [O caminho rápido para novas habilidades], os cursos tecnólogos no Brasil ou cursos de ensino superior de curta duração (SCPs, na sigla em inglês) são particularmente adequados para esta tarefa. Com duração de apenas dois ou três anos, esses são cursos práticos voltados para o mercado de trabalho. Eles são atraentes para muitos estudantes, incluindo não apenas aqueles sem interesse, tempo ou preparação acadêmica para um curso mais longo, mas também aqueles que buscam novas competências após uma graduação.

Os cursos também são atraentes para os empregadores, que muitas vezes enfrentam dificuldades para encontrar mão de obra qualificada. No entanto, apenas 9% de todos os estudantes de ensino superior na América Latina e no Caribe (ALC) estão matriculados em SCPs (cerca de 10% no Brasil), muito abaixo da média mundial de 24%.

Existem muitas razões para ser otimista em relação aos SCPs na América Latina e no Caribe. Embora seus estudantes sejam geralmente mais desfavorecidos, menos tradicionais do que os estudantes em programas de graduação, esses cursos formam mais profissionais. 

Além disso, os graduados em SCPs obtêm melhores resultados no mercado de trabalho —menor índice de desemprego, maior índice de emprego formal e salários mais altos— do que os estudantes que iniciam e abandonam um programa de graduação, ou cerca da metade de todos os estudantes de ensino superior da região.

A demanda por graduados em SCPs é alta, especialmente nas áreas de tecnologia, engenharia, ciência, administração e finanças. Graças à sua estreita conexão com a economia local, os SCPs podem responder com agilidade às demandas do mercado de trabalho local —abrindo, fechando e atualizando os currículos conforme a necessidade dos empregadores locais. Esta característica é fundamental neste momento de mudanças tecnológicas rápidas e frequentes.

A fim de obter informações mais granulares sobre os SCPs na região, entrevistamos mais de 2.000 diretores de cursos em cinco países da ALC, incluindo 600 no Brasil (nos estados de São Paulo e Ceará). A pesquisa constatou que no Brasil os cursos apresentam muitas características desejáveis. Ainda mais do que nos outros países pesquisados, o Brasil tem estudantes mais velhos em seus cursos tecnólogos de meio período. A maioria dos cursos teve início há apenas alguns anos e as turmas são relativamente pequenas, com poucos alunos por professor.

Quase todos oferecem um currículo fixo, o que facilita a progressão dos alunos ao longo do programa. Cerca de metade do tempo é dedicada à formação prática, e aproximadamente um quarto a um estágio fora da instituição. Os professores são altamente qualificados e contratados principalmente por sua experiência prática na área. As instalações e a infraestrutura são adequadas e bem mantidas. No entanto, antes da pandemia, 67% dos programas não ofereciam aulas online, sugerindo que eles podem ter enfrentado dificuldades para se ajustar ao ensino remoto.

De modo geral, os SCPs no Brasil estão vinculados ao setor privado. Cerca de 80% deles têm acordos de estágio com empresas privadas e muitos SCPs colaboram com as empresas na criação de currículos ou no treinamento de professores. Os SCPs ajudam os estudantes em sua busca por emprego. Por exemplo, 75% deles fornecem aos estudantes informações sobre o mercado de trabalho. Muitos coletam dados sobre o emprego dos graduados e a satisfação dos empregadores com eles. Em média, os resultados dos alunos são satisfatórios: 75% dos diretores de cursos no Brasil relatam que quase todos os seus graduados conseguem emprego formal, e os graduados ganham, em média, mais que o dobro do salário-mínimo —dois quesitos nos quais o Brasil supera os demais países da pesquisa.

Ao mesmo tempo, nem todos os SCPs apresentam resultados igualmente bons para seus alunos —nem no Brasil nem em outros países. As evidências indicam que os cursos com os melhores resultados utilizam práticas deliberadas e intencionais. Por exemplo, eles desenvolvem fortes conexões com o setor privado, auxiliam os estudantes na busca por emprego, oferecem a infraestrutura necessária, contratam professores com experiência prática na área, oferecem a oportunidade de correção durante o curso e ensinam competências numéricas.

Embora os SCPs sejam promissores, a realização de seu pleno potencial exigirá alguma intervenção de políticas em quatro áreas principais.

A primeira é a informação, uma vez que, para fazer escolhas conscientes, os estudantes precisam de informações detalhadas sobre os resultados do mercado de trabalho, custos e requisitos acadêmicos para cada programa de ensino superior - graduação e SCP. Felizmente, o Brasil já coleta os dados necessários para produzir e relatar estas informações.

A segunda área de política diz respeito ao financiamento. Esta questão é crucial no Brasil, onde 87% dos estudantes frequentam instituições privadas e pagam mensalidades, na maioria das vezes de seu próprio bolso. Além disso, o Brasil (e outros países) oferece mais subsídios aos estudantes de graduação em instituições públicas do que aos estudantes dos SCPs, muito embora estes últimos sejam mais desfavorecidos. A realocação de recursos financeiros entre estudantes e instituições, além da ampliação dos empréstimos estudantis, é fundamental neste momento.

A terceira área de política diz respeito à supervisão e regulamentação dos SCPs - anualmente, com ênfase nos resultados, e por meio de sistemas ágeis que não limitem o dinamismo dos SCPs.

A quarta área de política diz respeito à facilitação da aprendizagem ao longo da vida –para facilitar o aprendizado de habilidades em módulos e a transição dos SCPs para os programas de graduação.

Neste momento crítico, é difícil pensar em uma política pró-emprego e antipobreza melhor do que desenvolver (rapidamente) as habilidades que são tão necessárias para empresas e indivíduos. O momento para os SCPs é agora. Se não, quando?

 

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

Navios de contêiner esperando para descarregar no porto de Los Angeles
IMAGEM: REUTERS

Na Califórnia, algumas embarcações têm de esperar dias até conseguirem descarregar as mercadorias.

Há semanas navios-contêineres fazem fila na costa Califórnia, nos Estados Unidos, para descarregar suas mercadorias. Em meio a um verdadeiro congestionamento das cadeias globais de suprimentos, alguns têm de esperar dias para aportar.

"Estamos enfrentando um aumento sem precedentes de chegadas de novas cargas nos portos de Long Beach e Los Angeles. É uma mistura de velhos desafios da cadeia de abastecimentos com grandes mudanças no comércio global por conta da pandemia", afirmou o prefeito da cidade californiana de Long Beach.

Imagens de satélite da região dos portos de Long Beach e Los Angeles mostram um formigueiro de grandes embarcações estacionadas, esperando para descarregar.

São navios porta-contêineres carregados mercadorias — quase tudo o que se possa imaginar, de brinquedos a raquetes de tênis — vindas da Ásia pelo Oceano Pacífico até costa oeste dos EUA.

O Marine Traffic, site de rastreamento de navios, contabilizou mais de 50 navios porta-contêineres na costa de Long Beach e Los Angeles no último dia 13 de outubro, depois de engarrafamentos recordes em setembro.

Os dois portos são a principal referência para a carga que vem da China. Assim, uma vez que um congestionamento começa, a probabilidade de ele piorar com rapidez é alta, diz Janet Porter, presidente do Conselho Editorial da Lloyd's List, publicação sobre o setor marítimo.

"Todo o ciclo de embarque ficou mais lento. Alguns navios ficam esperando dias, até mesmo algumas semanas, para descarregar."

Nos primeiros oito meses de 2021, o volume de carga enviada da Ásia para os EUA aumentou cerca de 25% em comparação com o mesmo período de 2019, antes da pandemia de covid-19, conforme os dados do Container Trades Statistics. O cenário foi diferente, por exemplo, na Europa, em que os números permaneceram praticamente inalterados entre os dois períodos.

Na costa leste dos EUA, também há filas de navios no porto de Savannah, na Geórgia. Agosto foi o segundo mês mais movimentado na região de que se tem registro.

Motivos

A chamada crise dos contêineres tem diferentes aspectos. Cerca de dois meses atrás, o epicentro era a própria China, que decidiu fechar alguns de seus mais movimentados portos de contêineres no esforço para evitar a disseminação da covid-19, diagnosticada em alguns funcionários. Esse gargalo fez disparar o custo de frete marítimo e provocou uma escassez global de produtos.

Parte do congestionamento de navios-contêineres nos EUA se deve ao aumento da demanda por parte dos americanos, que muitas vezes têm preferido gastar comprando pela internet do que para sair de férias ou jantar fora.

A demanda de bens de consumo, de forma geral, cresceu 22% em relação aos níveis pré-pandêmicos (comparando-se agosto de 2021 com fevereiro de 2020).

A consultoria Capital Economics chama atenção para o aumento expressivo nas importações de brinquedos, jogos e artigos esportivos (de até 74%) e de eletrodomésticos (até 49%).

"Neste momento, muitos transportadores marítimos estão com seus contêineres cheios de mercadorias temáticas. São bilhões de dólares em artigos para o Halloween e muitos bilhões de dólares em decorações natalinas, como árvores e luzes de Natal", acrescenta o professor Christopher Tang, da Universidade da Califórnia em Los Angeles.

O próprio esforço do país para recuperar a economia também contribui para pressionar a demanda, diz ele.

À medida que as empresas incentivam seus funcionários a retomar o trabalho presencial, aumenta a procura por equipamentos de escritório, como computadores e impressoras - muitos dos quais hoje presos em vários contêineres vindos da Ásia.

E há ainda os equipamentos novos que serão usados dentro das estratégias para evitar a contaminação pelo coronavírus dentro do ambiente do escritório.

"Muitos filtros de ar e equipamentos de ventilação também estão nesses contêineres esperando para serem descarregados", completa Tang.

Quando a carga finalmente chega ao porto, contudo, o problema não acaba.

Como destaca Gary Hufbauer, membro sênior do Peterson Institute for International Economics, hoje há um déficit de trabalhadores portuários qualificados, motoristas de caminhão e tripulação ferroviária para garantir que a mercadoria seja distribuída de forma eficiente nos EUA.

"Isso é reflexo em grande parte da variante Delta, mas também da aposentadoria de muitos trabalhadores, principalmente entre os motoristas de caminhão."

Era possível ter evitado o problema?

"Acho que ninguém previu esse aumento expressivo na demanda — especialmente depois que os navios tiveram de 'ficar de molho' por conta da pandemia", opina Porter.

A imagem dos engarrafamentos de navios na costa da Califórnia levantou um debate mais amplo sobre a situação das cadeias de abastecimento no país. Há algum tempo existe uma demanda por parte do setor para que a infraestrutura seja modernizada. 

Especialistas afirmam que parte dos problemas de capacidade logística nos portos norte-americanos de fato existiam antes da pandemia.

"Isso reflete anos de investimento inadequado. A capacidade de um porto não se deteriora tão rapidamente, mas havia provavelmente menos de 5% de margem de capacidade ociosa [antes da pandemia]", pontua Hufbauer.

Em manifestação sobre o assunto, o chefe de gabinete da Casa Branca declarou que o governo Biden estaria lidando com a "bagunça da cadeia de suprimentos" que herdou de gestões anteriores.

Uma força-tarefa da Casa Branca foi criada para tentar aliviar os gargalos. Entre as iniciativas está a ampliação do horário de funcionamento do porto de Los Angeles, uma tentativa de amenizar os congestionamentos.

 

FONTE: BBC

papa francisco em 16out21

IMAGEM: REPRODUÇÃO/VATICAN NEWS

 

O Papa Francisco pediu uma análise séria da redução da jornada de trabalho como elemento redistributivo da carga de trabalho da população.

O Papa Francisco pediu " um salário universal, para que cada pessoa neste mundo possa ter acesso aos bens mais básicos da vida" e "a redução da jornada de trabalho" como meio de um maior acesso de todos ao trabalho.

“Este sistema, com sua implacável lógica de lucro, está escapando de todo domínio humano. É hora de frear a locomotiva, uma locomotiva descontrolada que nos leva ao abismo. Ainda estamos na hora”, disse o pontífice, em mensagem com motivo para o IV Encontro Mundial de Movimentos Populares.

Nele ele enfatizou a necessidade de mudar o atual sistema socioeconômico e pediu a governos, políticos, empresas e líderes religiosos que ajudassem nesse objetivo.

Desta forma, exortou governos e políticos a "trabalharem pelo bem comum", cuidarem de "escutar apenas as elites econômicas" e "serem servidores dos povos que clamam por terra, abrigo, trabalho e uma vida boa". e aos líderes religiosos que "nunca usamos o nome de Deus para fomentar guerras ou golpes".

Ele também reivindicou "uma renda básica (o IBU) ou salário universal, para que cada pessoa neste mundo possa ter acesso aos bens mais básicos da vida", bem como uma análise séria da redução da jornada de trabalho como elemento redistributivo da carga de trabalho da população.

"NÃO AO NEOCOLONIALISMO"

Ao mesmo tempo, o Papa exigia "a liberação das patentes" das vacinas, o cancelamento da dívida dos países pobres e o fim da destruição de "florestas, pântanos e montanhas" por grandes empresas extrativistas; da contaminação de rios e mares, e do envenenamento "de cidades e alimentos".

Ele também pediu aos países poderosos que parassem com as agressões: “ Não ao neocolonialismo”, disse ele , acrescentando que a ONU deve ser o órgão para resolver os conflitos porque “já vimos como terminam as intervenções, invasões e ocupações unilaterais, embora o façam pelos motivos mais nobres ou vestimentas ".

Ele também se referiu aos "protestos pela morte de George Floyd ". “É claro que este tipo de reação contra as injustiças sociais, raciais ou sexistas pode ser manipulada ou orquestrada”, mas “aquele movimento não passou quando viu a ferida da dignidade humana atingida por tal abuso de poder”.

Mencionou "medidas concretas que podem permitir algumas mudanças significativas", como " a integração urbana, a agricultura familiar, a economia popular. A estas, que ainda exigem continuar a trabalhar em conjunto para as alcançar, gostaria de acrescentar mais duas: a universal. salário e redução da jornada de trabalho.

 

Pessoas aguardam numa enorme fila de um mutirão de emprego

IMAGEM: AGÊNCIA SINDICAL

Segundo especialistas, a taxa de desocupação não ficará abaixo de 10% nesta década devido à tendência de baixo crescimento do país

Apesar do avanço da vacinação contra a covid-19 no país, com 101,3 milhões de brasileiros totalmente imunizados — conforme dados do Ministério da Saúde —, a atividade econômica patina em meio às incertezas conjunturais e a pandemia vai deixando suas cicatrizes, que devem ser profundas. Além das perdas de pouco mais de 600 mil vidas e das inevitáveis sequelas nos recuperados, o mercado de trabalho também sofre um baque forte com a covid-19 e a taxa de desemprego deve demorar para ficar abaixo de dois dígitos, alertam os especialistas.

Analistas avaliam que, mesmo após o recuo recente para 13,7% na média do trimestre móvel encerrado em julho, quando o país atingiu 14,1 milhões de desocupados, a tendência é de que a taxa de desemprego deva subir e não ficará abaixo de 10% nesta década. Eles reforçam que a pandemia agravou um quadro que já era ruim e, portanto, os futuros candidatos à presidência em 2022 precisarão olhar para essa questão com cuidado e elaborar um bom plano de governo, caso contrário, o país não mudará essa realidade.

O emprego só cresce com a atividade econômica aquecida. Mas as recentes estimativas do mercado mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) não são nada animadoras, porque estão em queda e mostram que, devido às mazelas da volta da inflação e às incertezas em relação à política, o PIB não tem fôlego para crescer de forma robusta, ou seja, acima do seu potencial, que encolheu e hoje está abaixo de 2%. As novas estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o PIB brasileiro, por exemplo, prevendo expansão do PIB de 1,5% em 2022 em vez de 1,9%, são criticadas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele disse que o FMI “vai continuar errando as projeções”.

O cenário previsto por especialistas, no entanto, são piores do que o estimado pelo organismo multilateral, pois já há estimativas para o PIB abaixo de 0,5% e muitos não descartam um cenário de estagflação — o pior dos mundos na teoria econômica, porque não há crescimento e o custo de vida continua elevado, corroendo a renda da população. O Fundo prevê o desemprego no país abaixo de 10% em 2026, cenário improvável pelos analistas.

Um exercício matemático feito por economistas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) e que o Correio teve acesso revela que, se o PIB do país crescer 3,5% entre 2023 e 2026, o desemprego ficará em 10,1% no fim do período, em uma projeção sem ajuste sazonal. Na série ajustada sazonalmente, a taxa passaria para 9,8%, considerando essa mesma expansão. Mas, se o PIB avançar 1,5% nos próximos cinco anos, o desemprego chegaria a 11,6% em 2026.

“A taxa de desemprego já vinha subindo desde 2014, com a primeira recessão da última década e estava em dois dígitos antes da covid-19 e piorou com a pandemia. Apesar de o país já ter voltado a criar emprego, o ritmo não é suficiente para fazer a taxa de desocupação voltar a um dígito tão cedo. Isso já era difícil antes, e, agora, será bastante desafiador”, afirma o economista e pesquisador do Ibre Fernando de Holanda Barbosa Filho, um dos responsáveis pelo levantamento. Para ele, a queda na taxa de desemprego será lenta e gradual, porque um crescimento de 3,5% no país, nos próximos anos, é pouco provável na atual conjuntura.

Vale lembrar que 2021 é um ponto fora da curva na trajetória do PIB brasileiro. As previsões de avanço do PIB, em torno de 5%, após o tombo de 4,1%, em 2020, precisam de um desconto do carregamento estatístico do ano anterior — que varia de 3,6% a 4,9% —, dependendo do cálculo utilizado. Isso só confirma a tendência de baixo crescimento do país, o que faz analistas não apostarem em uma taxa de desemprego de um dígito tão cedo.

“O desemprego não deve ficar abaixo de 10% nesta década. A não ser que tenha um milagre, o PIB não conseguirá crescer 3,5% nos próximos anos e isso significa que o desemprego vai continuar muito alto e a massa salarial não retoma o valor real de 2014”, frisa o economista Simão Silber, professor da Universidade de São Paulo (USP). Ele lembra que a desocupação deu um salto entre 2015 e 2016 e a média atual dos últimos sete anos é ascendente e, sem um crescimento robusto da atividade, o desemprego não tem como diminuir.

Alessandra Ribeiro, sócia da Tendência Consultoria, reforça o raciocínio de Silber. “Por mais que a economia esteja se recuperando, a taxa de desemprego ainda está elevada e, provavelmente, o país deverá recuperar a taxa de ocupação no nível pré-pandemia em maio do próximo ano. Mas o desemprego vai persistir em dois dígitos em um horizonte mais longo”, afirma. Ela lembra que a informalidade no país — de 40,8% da população ocupada, conforme os dados do Instituto Brasileiro de Economia (IBGE) — é elevada e a retomada do setor de serviços ajuda a melhorar as perspectivas para o mercado de trabalho, apesar de grande parte das vagas nesse segmento serem informais. “As pessoas devem começar a voltar a procurar trabalho, mas o volume de vagas geradas não deverá ser suficiente para absorver o contingente que começa a procurar trabalho de novo”, afirma.

Na avaliação do professor da USP, o país caminha para mais uma década perdida do ponto de vista do poder de compra do assalariado. “Em poucas palavras, uma das cicatrizes da pandemia é a piora na distribuição da renda, porque quem vai pagar o pato será o mais pobre. Primeiro, porque perdeu renda com o desemprego e, segundo, porque a inflação triplicou. Isso significa que temos hoje 20 milhões de pessoas com nível de acesso a calorias típico de campos de concentração nazistas”, lamenta Silber.
O economista José Luis Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB), é um dos analistas que não descartam o cenário de estagflação para a economia em 2022. Ele ressalta que, sem investimento público, o PIB continuará fraco. “O crescimento de 1,5% previsto pelo FMI seria o teto. Mas, com essa política de destruição do investimento público e com a incerteza gerada pelo governo, não vejo como recuperar, no curto prazo, o desemprego”, pontua.

Para Oreiro, com a inflação atual, também acima de dois dígitos — corroendo o poder de compra do brasileiro e o salário real — outro motor do PIB fica comprometido: o consumo. “Não tem como o consumo puxar o crescimento a curto prazo. O país tem uma crise energética contratada e precisa investir pesado em infraestrutura, mobilidade urbana e em uma economia descarbonizada, como os países desenvolvidos estão fazendo”, afirma

Risco de histerese

O professor da UnB alerta para o risco de a crise da covid-19 provocar uma histerese no mercado de trabalho, como na física, criando a tendência de um sistema que não consegue mudar a forma adquirida. Oreiro explica que os danos da pandemia nesse segmento podem ser definitivos sem uma boa política industrial, porque, como uma barra de ferro que, aquecida, entorta e não volta mais à forma normal, o mercado de trabalho pode seguir o mesmo rumo.

“O risco da pandemia é o desemprego de longa duração tornar permanente e, com isso, a taxa de desocupação não volta mais ao patamar inicial. E há vários mecanismos que explicam essa histerese. O primeiro é o sucateamento do capital, porque, quando a economia entra em recessão, as empresas deixam de investir na modernização do estoque e o nível de emprego diminui por conta do sucateamento. O segundo fator é a desqualificação, quando os trabalhadores ficam muito tempo sem emprego e ocorre uma depreciação nas habilidades”, frisa.

No entender do economista Ecio Costa, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o cenário não é tão desolador para falar em estagflação, mas ele reconhece que o desemprego no país permanecerá elevado por um período prolongado. Para Costa, sem mudanças estruturais na economia, como a reforma tributária e a administrativa, não há como o desemprego voltar para menos de um dígito no país.

“Houve poucos avanços em plena pandemia e a reforma tributária que poderia ajudar o emprego industrial não vai avançar e o país continuará crescendo no mesmo ritmo pré-pandemia, de 1%”, lamenta o acadêmico. Segundo ele, a reforma do Imposto de Renda, “não vai ajudar nesse sentido de melhorar o crescimento do país e do PIB per capita, passada a pandemia’’. “Para reduzir o desemprego, é preciso avançar com medidas que melhorem as regras tributárias e a burocracia, ainda muito engessada”, complementa.

Projeções

De acordo com os dados do FGV Ibre, a taxa de desocupação do Brasil era bastante baixa na década de 1980 e no início dos anos 1990, com uma média de 5% entre 1981 e 1994. O indicador passou de média de 9,3% entre 1995 e 2014. E, devido à crise econômica no país e à recessão de 2015 e 2016, a taxa de desemprego média entre 2014 e 2019 subiu para 11,4%. Com isso, entre 1995 a 2019, a taxa média foi de 9,7%. Para este ano, o instituto prevê que a taxa de desocupação encerrará dezembro em 14,1%, passando para 13% no fim de 2022, considerando as taxas de crescimento do PIB de 4,9% e de 1,5%, respectivamente. Já a previsão para a massa salarial ampliada é de queda de 4,7%, em 2021, e, no ano que vem, avanço de 3,4%. A Tendências Consultoria, apesar de ter previsões mais otimistas do que o Ibre para o PIB neste ano e no próximo, de 5% e de 1,8%, respectivamente, tem estimativas parecidas para o desemprego, de 14% e 13,5%, respectivamente. Em relação à renda do trabalho, prevê queda de 3,5%, neste ano, e alta de 1%, em 2022.

Problema estrutural

Um dos flagelos da pandemia é o aumento do desemprego, que não deve recuar para um dígito tão cedo e continuará sendo o principal desafio dos próximos governos

Evolução do desemprego
PeríodoTaxa — Em %
4tri126,9
4tri136,2
4tri146,5
4tri158,9
4tri1612,0
4tri1711,8
4tri1811,6
4tri1911,0
4tri2013,9
1tri2114,7
2tri2114,1
3tri21*14,4
4tri21*13,0
1tri22*13,4
2tri22*13,0
3tri22*13,4
4tri22*12,2
4tri23*11,6
4tri24*10,9
4tri25*10,1
4tri26*10,1

*Taxa projetada pelo FGV Ibre com base nos dados do IBGE, sem ajuste sazonal, considerando altas do PIB de 4,9%, em 2021, de 1,5%, em 2022, e de 3,5% de 2023 a 2026.

Renda instável

Rendimento do trabalhador brasileiro vem sendo corroído pelas crises e pela inflação, conforme projeção do FGV Ibre

Evolução da massa salarial
PeríodoEm R$ bilhões
4tri171.025,7
4tri191.107,6
1tri20936,9
2tri201.059,3
3tri201.055,4
4tri201.041,2
1tri21902,2
2tri21992,7
3tri21976,9
4tri211.027,5
1tri22944,9
2tri22978,8
3tri22999,2
4tri221.108,1

Motor fraco

PIB brasileiro encolheu mais do que a média global em 2020 e, pelas projeções do FMI, continuará crescendo menos do que o resto do mundo

Evolução do PIB do Brasil
AnoVariação - Em %
20107,54,2
20113,93,1
20121,92,5
20133,02,6
20140,52,8
2015-3.52,8
2016-3.32,6
20171,33,2
20181,83,1
20191,4-3,5
2020-4,15,7
2021*5,24,7
2022*1,53,1
2023*2.02,8
2024*2,12,7
2025*2,12,7
2026*2,12,7
*previsão do FMI

Fontes: FGV Ibre e FMI/CORREIO BRAZILIENSE