Um navio com bandeira de conveniência é aquele que arvora a bandeira de um país diferente do seu Estado de Registro.

Para os trabalhadores a bordo, isso pode significar:

  • salários muito baixos
  • condições precárias a bordo
  • subalimentação e escassez de água potável
  • longas jornadas de trabalho sem descanso adequado, levando ao estresse e à fadiga 

Usando a estratégia de 'flag out', os armadores podem tirar proveito de:

  • regulamentação mínima
  • taxas de registro baratas
  • pouco ou nenhum imposto
  • liberdade de empregar mão de obra barata do mercado de trabalho global

Deve haver uma 'ligação genuína' entre o verdadeiro proprietário de um navio e a bandeira que o navio arvora, de acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS). Registros de BDC tornam mais difícil para os sindicatos, representantes do setor e o público chamar os armadores à responsabilidade.

Em muitos casos, os próprios registros não são sequer administrados pelo país da bandeira.

A globalização tem ajudado a alimentar esta corrida para o fundo. Em um mercado de transporte marítimo competitivo, as BDCs baixam as taxas e minimizam a regulamentação, visto que os armadores procuram a maneira mais barata de administrar seus navios.

 

Países com Bandeira de Conveniência

Antígua e Barbuda
Bahamas
Barbados
Belize
Bermuda (RU)
Bolívia
Camboja
Camarões
Ilhas Cayman
Comoros
Ilhas Cook
Curaçao
Chipre
Guiné Equatorial
Ilhas Faroe (FAS)
Registro Internacional de Navios Francês (FIS)
Registro Internacional de Navios Alemão (GIS)
Geórgia
Gibraltar (RU)
Honduras
 
Jamaica
Líbano
Libéria
Madeira
Malta
Ilhas Marshall (EUA)
Maurício
Moldávia
Mongólia
Myanmar
Coréia do Norte
Palau
Panamá
São Tomé e Príncipe
Serra Leoa
São Cristóvão e Nevis
St Vincent
Sri Lanka
Tanzânia (Zanzibar)
Togo
Tonga
Vanuatu

 

Os marítimos são vitais para todos nós. Eles viajam o mundo transportando tudo o que precisamos. 

Eles também são uma força de trabalho invisível.

O que acontece no mar está quase sempre fora da vista dos reguladores.

Isso permite que armadores desonestos cometam impunemente abusos contra os direitos dos marítimos.

FONTE: ITF

A água, contaminada com metais pesados como cromo e mercúrio, pode ocasionar doenças neurológicas

IMAGEM: ANTONIO SILVA/BRASIL DE FATO

Boa parte da energia que vai alimentar o Brasil nos meses de outubro e novembro sairá das águas do "Velho Chico"

Mesmo castigado pela constante degradação ambiental, por ocupações irregulares de suas margens e por anos sucessivos de seca, o Rio São Francisco sobrevive e, hoje, é um dos principais aliados do país contra a escassez hídrica e no combate ao risco de racionamento de energia.

Neste mês de outubro e em novembro, boa parte da energia que vai alimentar o Brasil e que ajudará a aliviar a situação drástica encarada nos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, principalmente na Bacia do Rio Paraná, vai sair das águas do Velho Chico.

Seu maior reservatório, o de Sobradinho, na Bahia, que cinco anos atrás agonizava com apenas 3% da água que é capaz de armazenar, hoje está com 38% do volume total. Por isso, a ordem agora é fazer uso de boa parte dessa água e ampliar a vazão rio abaixo.

No início deste mês, a estatal Chesf, da Eletrobras, acatou a determinação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para abrir as torneiras do São Francisco. Sobradinho, com seus 4,2 mil quilômetros quadrados, é o maior reservatório do Brasil em área alagada.

Em volume, pode acumular 28 bilhões de metros cúbicos de água, só ficando atrás da capacidade de Serra da Mesa, na Bacia do Rio Tocantins, que tem uma calha mais profunda e chega a armazenar 43,2 bilhões de m³ de água. Serra da Mesa está com 23% de sua capacidade.

Na semana passada, o volume de água que passa pela barragem de Sobradinho foi elevado de 1,3 mil m³ por segundo para 1,6 mil m³/s. A tendência é a de que esse volume aumente ao longo de outubro e novembro e chegue a 2,5 mil m³/s, conforme as necessidades determinadas pelo setor elétrico.

A barragem de Sobradinho funciona como uma “caixa d’água” do Rio São Francisco, porque alimenta uma sucessão de hidrelétricas instaladas no curso do rio, como as usinas de Luiz Gonzaga, o complexo de Paulo Afonso e de Xingó, a última em operação, até que o São Francisco vá bater no meio do mar.

Assim como fez com Sobradinho, o ONS determinou o aumento de vazão da hidrelétrica de Xingó no mesmo período. Como a geração de energia é distribuída por um sistema de transmissão interligado em todo o País – com exceção de Roraima -, é possível enviar energia de uma área para outra como forma de tentar equilibrar o abastecimento nacional.

Questionado sobre o assunto, o ONS confirmou que, com a elevação da geração nas usinas da bacia do São Francisco, pretende cumprir as medidas previstas pela Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG), grupo ligado ao Ministério de Minas e Energia que tem avaliado o cenário e as ações em relação à crise hídrica e energética.

“Essa medida excepcional se torna viável pela melhor condição de armazenamento nesta bacia em relação à situação da bacia do Rio Paraná e, também, assegura melhores níveis de armazenamento nos reservatórios em outras bacias, como a dos rios Grande e Paranaíba”, declarou o ONS.

Protagonismo

Na prática, é a região Nordeste, portanto, historicamente reconhecida pelas agruras da seca, que tem protagonizado o enfrentamento da pior época sem chuvas dos últimos 91 anos, em especial na bacia do Rio Paraná. “Os recursos energéticos da região Nordeste, no período seco de 2021, têm sido fundamentais até a chegada do período chuvoso”, disse o ONS.

Cinco anos atrás, a agonia do São Francisco atingia um nível mínimo inédito, o que exigiu o desligamento de diversas usinas que dependem de suas águas para funcionar. A navegação também foi afetada, e houve problemas com falta de abastecimento humano.

A situação de calamidade levou à liberação máxima de apenas 700 metros cúbicos de água por segundo, a partir de suas comportas, menos da metade do volume atualmente liberado.

Foi a pior situação desde 1979, quando os militares fecharam a barragem no rio para formar o maior lago artificial do Brasil e um dos maiores do mundo.

“No passado, quando a Região Nordeste estava com baixos níveis de armazenamento, o Sistema Interligado Nacional possibilitou socorrer a bacia do rio São Francisco”, declarou o ONS.

“Hoje a situação no Nordeste é bem mais favorável, permitindo auxiliar as demais regiões do País.” Além da geração hidrelétrica, o Nordeste tem sido protagonista na geração nacional de energia, com a participação crescente das gerações eólica e fotovoltaica, que têm batido recordes de desempenho.

Rio Paraná

As condições drásticas enfrentadas na bacia do Rio Paraná, onde o transporte fluvial já foi comprometido devido à escassez hídrica, poderão levar à paralisação das hidrelétricas de Três Irmãos (em Pereira Barreto-SP) e de Ilha Solteira (entre Ilha Solteira-SP e Selvíria-MS), as duas maiores da região.

Segundo medição do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), no domingo (10), a hidrelétrica de Três Irmãos operava com cota de 320,96 metros.

Conforme foi autorizado pela Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG), Três Irmãos, que está com menos de 2% de seu volume útil para geração de energia, está apta a funcionar até o limite mínimo de 319,77 metros.

Em condições normais, a cota mínima para manter a usina em funcionamento sem comprometer suas turbinas é de 323 metros.

O cenário também é crítico na barragem de Ilha Solteira, que tem como referência de volume útil a cota de 323 metros definida pela Agência Nacional de Águas (ANA).

Esse é o volume mínimo para não interromper o funcionamento da hidrovia Tietê-Paraná. Ocorre que o reservatório já opera bem abaixo disso e chegou ao fim de semana com apenas 319,97 metros. Em caráter de exceção, o ONS está autorizado a manter a operação da usina até chegar à cota de 314 metros.

Mais do que recorrer à geração hidrelétrica de outras regiões para tentar equilibrar o sistema e evitar racionamentos, o setor elétrico tem colocado a toda carga as demais fontes de energia.

Em níveis recordes, a geração térmica, produzida a partir de óleo diesel, gás, carvão mineral, biomassa e nuclear – tem respondido diariamente por até 35% da produção diária.

As eólicas também deixaram de ser acessórias para, praticamente, atuarem na base do sistema, suportando cerca de 18% do consumo nacional de energia. Sem os ventos, portanto, é certo que o país já estaria no escuro.

 

FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO

Inflação versus Valor da Moeda

 

IMAGEM: PrePara Enem

 

Analistas avaliam que o Banco Central precisará intervir no mercado de câmbio para tentar segurar o dólar e manter o IPCA abaixo do teto da meta em 2022

O forte aumento nos preços tem feito um estrago enorme no orçamento doméstico da maioria das famílias brasileiras ao longo deste ano e, de quebra, tem ajudado a comprometer o crescimento da economia em 2022. O Banco Central (BC) vem elevando os juros para patamares restritivos à atividade econômica, o que deverá frear o Produto Interno Bruto (PIB) em pleno ano eleitoral, para o desespero do governo Jair Bolsonaro. Analistas alertam que apenas elevar a taxa básica da economia (Selic) não será suficiente para conter as pressões inflacionárias, que estão se mostrando cada vez mais persistentes até o próximo ano.

Segundo os especialistas, além de comprovar que é uma autarquia independente do governo, o BC precisará diversificar o arsenal de instrumentos para manter o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) abaixo do teto da meta no ano que vem e intervir mais no câmbio. Isso porque o dólar tem voltado a ficar em torno de R$ 5,50 e não deve cair facilmente devido aos riscos políticos e fiscais elevados, ajudando a manter o custo de vida elevado e na casa de dois dígitos.

O teto da meta de inflação deste ano é de 5,25% e, no ano que vem, cai para 5% — menos da metade da alta acumulada em 12 meses no IPCA de setembro, de 10,25%. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC elevou a taxa Selic em um ponto percentual, para 6,25% ao ano, e sinalizou o mesmo ritmo de alta nas duas próximas reuniões do ano — de outubro e de dezembro —, o que fará com que os juros terminem o ano em 8,25%.

Contudo, com a Selic nesse patamar, será difícil para o BC conseguir convergir o IPCA abaixo de 5% no ano que vem, pois a mediana das projeções atuais já estão em 4,7% e devem continuar subindo, de acordo com especialistas.

“A estratégia de adiar um ajuste mais forte é muito arriscada e tem um risco elevado que é manter a inflação alta em 2022 por causa da inércia”, alertou o economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos, Eduardo Velho, que prevê alta de 9,26% no IPCA deste ano. Apesar de prever a Selic em 8,25% no fim do ano, Velho considera que, atualmente, os juros básicos em 9,5% ao ano podem ser o piso para a Selic se o BC quiser evitar um novo estouro da meta de inflação em 2022.

Segundo ele, o recente reajuste na gasolina anunciado pela Petrobras só piora o quadro inflacionário e “deverá contribuir para um cenário em dezembro com o IPCA de dois dígitos”. Pelas estimativas dele, o BC poderá elevar a Selic para 10% em abril próximo e, no fim de 2022, os juros básicos deverão encerrar o ano em 8,5%.

Especialistas lembram que o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado na semana passada pelo Banco Central, atribui que boa parte da inflação foi decorrente da alta dos preços das commodities e dos combustíveis, mas eles destacam que há muitas incertezas no cenário econômico e político que contribuem para os preços continuarem elevados.

“Uma leitura apressada poderia indicar que bastaria voltar os preços das commodities para o BC não precisar se preocupar muito e não subir a taxa de juros que deveria. Mas, como tem sido recorrente desde o início do ano, as projeções de inflação têm sido revisadas para cima”, alertou Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

“No nosso caso, mantemos o IPCA esperado este ano em 8,6% e, no ano que vem, em 4,7%. Mas o risco que começa a aparecer é de o BC perder a capacidade de manter as expectativas de inflação ancoradas ao redor da meta para 2022. O mercado tem revisado sistematicamente as projeções para cima e fica a dúvida do que poderá ser a inflação ano que vem. Alguns riscos estão se acumulando.”

De acordo com a professora do Insper Juliana Inhasz, o Banco Central já percebeu que a inflação de dois dígitos é uma realidade e que apenas elevar os juros não vai ter muito efeito, devendo intervir no câmbio. “Quando olhamos para o câmbio, ele já está contaminado pelo risco político e o risco fiscal. E, como há muitas incertezas ainda no cenário externo devido à pandemia da covid-19, pode ser que o BC, de alguma forma, precisará pensar em alguma intervenção mais direta, como soltar um pouco das reservas internacionais”, apostou.

Na sexta-feira, esse estoque estava em US$ 368,9 bilhões. “A intervenção via juros é muito lenta e tem sido corroída por outros efeitos devido às incertezas e aos riscos fiscal e político.”

Dólar

Os analistas lembram que o dólar continuará valorizado no ano que vem, devido às incertezas em relação às eleições e também porque o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) deu sinais claros de que mudará a política monetária, reduzindo a liquidez no mercado e, consequentemente, reduzindo a oferta de dólares. Isso ajuda a elevar o preço da divisa dos EUA, que injetam US$ 120 bilhões por mês desde o ano passado. “O BC precisará agir e aliar outras políticas, senão apenas subir os juros não vai ter efeito”, destacou Juliana Inhasz.

De acordo com Eduardo Velho, o BC deverá intervir no câmbio se o dólar voltar a ficar em patamares próximos a R$ 6. “Caso o dólar suba de forma mais rápida para aquele nível de R$ 5,7 ou de R$ 5,8, seria factível alguma intervenção do Bacen mais forte com leilão de linha de venda. Mas o BC não tem meta e não controla o preço do câmbio. A intervenção seria fundamentada por uma variação acentuada do dólar para cima em um curto espaço de tempo sem muita consistência de tendência”, explicou.

Guedes admite que inflação vai subir

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem, durante entrevista à TV Bloomberg, nos Estados Unidos, que a inflação no Brasil vai subir, mas que haverá crescimento neste ano e em 2022. Um ano antes das eleições presidenciais, o chefe da equipe econômica também afirmou que teme o impacto do risco político nos mercados financeiros.

“Sim, a inflação vai subir, mas a política monetária está lá para conter a alta de preços”, respondeu Guedes a uma pergunta sobre a pressão inflacionária no país. Segundo o ministro, metade da inflação brasileira vem atualmente dos preços de alimentos e da energia. Ele declarou que o Brasil tem uma democracia “vibrante”, mas que há muito “barulho político”. Ele disse ainda que há no país uma “turma” que perdeu as eleições de 2018, mas que “não aceita o resultado”, em uma sugestão de que opositores tentam sabotar o governo.

Durante a entrevista, o ministro criticou as projeções para a economia brasileira, disse que as estimativas se provarão erradas e previu que o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescerá 5,5% este ano. “Crescimento não será problema. O problema é a inflação”, declarou.

No Relatório de Mercado Focus mais recente, divulgado na segunda-feira, houve manutenção da mediana das previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2021, em 5,04%, mesma estimativa de quatro semanas atrás. Já o Fundo Monetário Internacional reduziu um pouco a projeção do crescimento do Brasil para 2021, da estimativa de 5,3% divulgada em julho para 5,2% agora.

De acordo com Guedes, o Brasil terá uma recuperação forte, após os efeitos da pandemia de covid-19, porque o avanço da vacinação permitirá que as pessoas voltem ao trabalho de forma segura. Ele também disse que a estrutura regulatória do país mudou e que, por isso, o Brasil está agora “aberto a negócios”.

Guedes está nos EUA para participar de reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20), do qual o Brasil faz parte. Mais cedo, o ministro também concedeu uma entrevista à CNN Internacional e falou sobre inflação, crescimento, pandemia e vacinação, empresas de offshore e o plano de crescimento verde para o país, que será apresentado na COP26, na Escócia, no mês que vem.

Pandora Papers
Sobre a investigação Pandora Papers, que apontou Guedes (e também o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto) como proprietário de uma empresa num paraíso fiscal (offshore), o ministro disse que “não fez nada de errado”. Ele voltou a dizer que sua offshore é “legal, reportada ao Comitê de Ética da Presidência, declarada na Receita Federal e registrada no Banco Central”. “Eu saí do comando da empresa semanas antes de assumir o ministério. E além disso, na semana passada, a Suprema Corte brasileira arquivou o caso”, afirmou.

Pressões cada vez maiores

As pressões inflacionárias não devem ceder tão fácil, de acordo com analistas que alertam para um problema ainda maior para o governo: o fim da margem extra do teto de gastos em 2022, que vem encolhendo mês a mês. Aliás, isso é o que mais deve incomodar o ministro da Economia, Paulo Guedes, que passou a reconhecer que a inflação é mais preocupante do que o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

“O problema não é o crescimento, mas é a inflação”, disse Guedes, ontem, em entrevista à Bloomberg nos Estados Unidos. O ministro está em Washington para participar do encontro anual de outono no Hemisfério Norte do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. O retorno do chefe da pasta de Economia está previsto para amanhã. Ele voltou a minimizar as projeções mais pessimistas para o PIB brasileiro dizendo que as previsões “têm sido constantemente erradas”.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro deverá ficar acima dos 8,25% contabilizados em 12 meses até junho e que corrige a emenda constitucional que limita o aumento dos gastos à inflação. Vale lembrar a alta acumulada no IPCA de setembro, que registrou elevação de 10,25%. É a primeira vez que o indicador registra alta de dois dígitos desde fevereiro de 2016, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Portanto, se o indicador continuar elevado, o governo não terá folga no teto de gastos como anteriormente previsto.

Ao contrário das estimativas no início do ano, a inflação não está cedendo no segundo semestre e não deverá ficar abaixo dos patamares da primeira metade do ano, o que é preocupante porque há vários fatores que devem contribuir para o aumento do custo de vida. Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, lembrou que, além da dispersão generalizada, o dissídio dos trabalhadores a ser concedido neste mês, em torno de 9%, deverá ajudar a pressionar a inflação. E destacou ainda que a retomada do setor de serviços, que começou também a reajustar os preços, como restaurantes e passagens aéreas, também contribui para a inflação mais alta nos próximos meses e no ano que vem.

Não à toa, as estimativas de crescimento do PIB de 2022 estão em queda livre enquanto as projeções de inflação e da taxa básica de juros (Selic) não param de subir. Diante desse cenário e do aumento das incertezas em relação à pandemia, o FMI, por exemplo, passou a prever 1,5% de crescimento no PIB de 2022, mas há projeções ainda piores, como a da MB Associados, que já prevê alta de 0,4%.

“Observamos pressões inflacionárias muito fortes, tendo o agravante de combustíveis e energia estarem pressionados. Quase tudo que utilizamos no dia a dia leva esses itens indiretamente. O ano de 2022 vai ser desafiador. Cenário externo com principais bancos centrais subindo juros no segundo semestre”, alertou o estrategista da RB Investimentos. “Ainda tem todo esse problema das indústrias desabastecidas no mundo. Vamos ter um 2022 com inflação alta no mundo e o Brasil não vai escapar dessa pressão”, acrescentou Cruz. (RH)

 

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Nota 100 Reais Rasgada Inflação IPCA

Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

 

A projeção do Fundo Monetário Internacional para a alta dos preços no Brasil este ano aumentou de forma expressiva em meio às pressões inflacionárias globais, ao mesmo tempo em que o cenário para o crescimento piorou.

O Fundo passou a estimar uma alta de 7,9% do IPCA para este ano, contra 4,5% em sua última projeção para a inflação, feita em abril. Ao mesmo tempo, aumentou a conta para 2022 a 4,0%, de 3,5% antes.

Para este ano, a projeção supera o teto da meta de inflação oficial, mas para 2022 fica dentro da margem de tolerância –o centro da meta do Banco Central para a inflação em 2021 é de 3,75% e para 2022 é de 3,50%, sempre com uma margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. 

Mesmo com o ajuste, o cenário do FMI para a inflação este ano ainda é bem mais fraco do que a taxa de 8,59% prevista pelo mercado no último relatório Focus do BC. Para 2022, o resultado esperado pelo Fundo também é menor, dado que os analistas no Focus calculam uma alta do IPCA de 4,17%.

Por sua vez, o BC estima inflação de 8,5% ao final de 2021 e de 3,7% em 2022, enquanto o governo prevê altas do IPCA de 7,9% em 2021 e de 3,75% em 2022.

“Olhando à frente, a inflação (no mundo) deve atingir o pico nos últimos meses de 2021, devendo retornar aos níveis pré-pandemia até meados de 2022 tanto para economias avançadas quanto países dos mercados emergentes, e com riscos voltados para cima”, disse o FMI no relatório Perspectiva Econômica Global, destacando a necessidade de uma comunicação clara combinada com políticas fiscal e monetária adequadas para contextos específicos dos países.

De olho nas pressões inflacionárias no Brasil, o BC elevou a taxa básica de juros Selic a 6,25% ao ano em setembro, e indicou que irá avançar em “território contracionista” ao dar sequência ao seu agressivo ciclo de aperto monetário para domar uma inflação que tem se mostrado mais persistente e disseminada.

PIB

As projeções do FMI para a economia brasileira também pioraram. O crescimento do Produto Interno Bruto foi agora calculado em 5,2% este ano e em 1,5% em 2022, reduções respectivamente de 0,1 e 0,4 ponto percentual sobre a estimativa de julho, a última para o PIB.

Para o BC, a economia brasileira deverá apresentar um crescimento de 4,7% neste ano e de 2,1% para o próximo, contra estimativas do governo de 5,3% este ano e de 2,5% no ano que vem.

O cenário do FMI para o Brasil fica bem aquém daquele previsto para os Mercados Emergentes e Economias em Desenvolvimento, que inclui o Brasil –o grupo deve ter um crescimento de 6,4% este ano e 5,1% no próximo.

Também é bem mais fraco do que as perspectivas para a América Latina e Caribe, de expansões de 6,3% e 3,0% respectivamente.

O FMI ainda calculou que a taxa de desemprego brasileira ficará em 13,8% este ano e 13,1% em 2022, o que representa melhora ante as taxas previstas em abril de 14,5% e 13,2%.

FONTE: REUTERS

 

IMAGEM: RODRIGO LEAL/Appa

 

Dado corresponde a marca histórica, superando em cerca de 10 pontos percentuais o valor registrado em 2019

As commodities representam 69,7% do total dos produtos exportados pelo Brasil entre janeiro e setembro de 2021. O índice corresponde a marca histórica para o período, estando 10 pontos percentuais maior do que o registrado em 2019.

Os dados são do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), em parceria com Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), e antecipados pelo Valor Econômico.

Durante o mesmo período de 2020, as commotidies representaram 67,5% do total valor exportado pelo Brasil.

A alta está atribuída a influência da pandemia nos preços desses produtos. Segundo os dados do Icomex, nas últimas duas décadas observou-se uma concentração da exportação em cada vez menos produtos. Além disso, ocorreu um processo de primarização.

Os bens destinados ao exterior também apresentam menor valor agregado, incluindo as commodities. O boletim do Icomex e da FGV deve ser divulgado com mais detalhes em 18 de outubro.

 

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Petróleo Commodities

IMAGEM: Reuters/Todd Korol

 

Os preços do petróleo saltaram nesta segunda-feira para os níveis mais altos em anos, alimentados pela recuperação da demanda global que contribuiu para a escassez de energia e gás em economias importantes, como a China.

O petróleo Brent avançou 1,26 dólar, ou 1,5%, para fechar a 83,65 dólares o barril. A máxima da sessão foi de 84,60 dólares, sendo também a máxima desde outubro de 2018.

O petróleo dos EUA (WTI) ganhou 1,17 dólar, ou 1,5%, para fechar em 80,52 dólares, após tocar a máxima desde o fim de 2014 a 82,18 dólares.

O ritmo de recuperação econômica da pandemia sobrecarregou a demanda de energia em um momento em que a produção de petróleo diminuiu devido aos cortes das nações produtoras durante a pandemia, e também o foco nos dividendos das empresas petrolíferas e a pressão sobre os governos para uma transição para energias mais limpas.

Um funcionário do governo dos EUA disse nesta segunda-feira que a Casa Branca mantém seus apelos para que os países produtores de petróleo “façam mais” e que estão monitorando de perto o custo do petróleo e da gasolina.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, juntos conhecidos como Opep+, evitaram aumentar a oferta mesmo com a alta dos preços.

Em julho, a organização concordou em aumentar a produção em 400.000 barris por dia (bpd) para eliminar os cortes contínuos de 5,8 milhões de bpd.

Os preços de energia subiram para níveis recordes nas últimas semanas, impulsionados pela escassez generalizada de energia na ÁsiaEuropa e Estados Unidos.

A alta dos preços do gás natural encorajou os geradores de energia a mudar para petróleo.

 

FONTE: REUTERS

Container cargo ships sit off shore from the Long Beach/Los Angeles port complex in Long Beach, CA, on Wednesday, October 6, 2021. (Photo by Jeff Gritchen, Orange County Register/SCNG)

IMAGEM: Jeff Gritchen, Orange County Register/SCNG

 

O Porto de Los Angeles e seus estivadores fornecerão serviço 24 horas por dia para diminuir os atrasos que agravaram os problemas na cadeia de abastecimento global – disseram autoridades americanas nesta quarta-feira (13).

O presidente americano, Joe Biden, anunciará o compromisso em uma reunião hoje com dirigentes do gigantesco porto da Costa Oeste e do Sindicato de Estivadores.

A Casa Branca também obteve compromissos de empresas como Walmart, FedEx e UPS para trabalharem 24 horas por dia em algumas operações, acrescentaram as autoridades.

Este anúncio coincide com a proliferação de problemas na cadeia de abastecimento e logística que afetam a recuperação econômica mundial, após os fechamentos de fronteiras pela pandemia da covid-19.

Na terça-feira (12), o Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu que interrupções na cadeia de abastecimento provocam aumento de preços. Em um cenário de recuperação econômica desigual, a instituição reduziu suas previsões de crescimento.

A secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, pediu que não se entre em pânico com os aumentos de preços e com a escassez de alguns bens, garantindo que isso não vai durar muito.

Vários fatores contribuem para a escassez de matérias-primas e de produtos acabados que afligem os comerciantes. Entre eles, estão o fechamento de fábricas em países que impuseram quarentenas pela covid-19, o aumento na demanda de alguns produtos e a falta de mão de obra. Os atrasos nos portos americanos contribuíram para o problema.

Os portos vizinhos de Los Angeles e Long Beach chegaram a ter 60, ou mais, navios esperando para ancorar. Ambos os portos são fundamentais para a entrada de produtos asiáticos.

 

FONTE: AFP

IMAGEM: LOGÍSTICA PORTUÁRIA

Savannah, na Geórgia, sofre com ruptura na cadeia global de fornecimento e falta de contêineres

Como blocos de brinquedo despejados do céu, quase 80 mil contêineres de carga estão empilhados em várias configurações no porto de Savannah, na Geórgia (sudeste dos Estados Unidos). São 50% a mais que o número habitual.

As caixas de aço esperam por navios para levá-las até seus destinos finais ou caminhões para transportá-las até armazéns, os quais já estão abarrotados. Cerca de 700 contêineres foram deixados pelos donos no porto, às margens do Rio Savannah, há um mês ou mais.

"Eles não estão vindo retirar suas cargas", queixou-se Griff Lynch, diretor-executivo da Autoridade dos Portos da Geórgia. "Nunca tivemos o pátio tão cheio assim."

Enquanto ele fala, mais um navio desliza silenciosamente na direção de um cais livre —o Yang Ming Witness, de 1.200 pés de comprimento (360 metros), com seu convés lotado de contêineres com roupas, calçados, eletrônicos e outros produtos fabricados na Ásia. Guindastes imensos logo puxam as milhares de caixas do navio— mais carga que precisa ser guardada em algum lugar. 

"Com certeza, o nível de estresse nunca foi tão grande", disse Lynch.

É o que acontece na grande disrupção da cadeia de suprimentos: estão ficando sem espaço para colocar as coisas no terceiro maior porto de contêineres dos Estados Unidos, no sudeste do país. O problema também afeta diretamente o comércio no Brasil.

Enquanto os principais portos enfrentam um acúmulo inacreditável de carga, o que um dia pareceu um fenômeno temporário —um congestionamento que acabaria se dissolvendo— é cada vez mais visto como uma nova realidade que poderá exigir um remodelamento substancial da infraestrutura mundial de frete marítimo.

Enquanto o porto de Savannah luta para resolver o atraso, Lynch obrigou com relutância navios a esperar ao largo por mais de nove dias. Em uma tarde recente, mais de 20 navios estavam parados na fila, ancorados a até 17 milhas (27 quilômetros) junto à costa atlântica.

Essas filas se tornaram comuns no mundo todo, dos mais de 50 navios emperrados no Pacífico perto de Los Angeles na semana passada a números menores que boiavam perto de terminais na região de Nova York e centenas à espera em portos da China.

O turbilhão na indústria de navegação e a crise geral nas cadeias de suprimentos não estão dando sinais de diminuir. Representam uma constante fonte de preocupação para toda a economia global, desafiando suposições antes esperançosas de um retorno vigoroso do crescimento quando as vacinas reduzissem a disseminação da pandemia.

A disrupção ajuda a explicar por que as fortunas industriais da Alemanha estão encolhendo, por que a inflação se tornou motivo de preocupação para os banqueiros centrais e por que as indústrias americanas agora esperam um recorde de 92 dias em média para reunir as peças e materiais de que precisam para fabricar seus produtos, segundo o Instituto de Gestão de Suprimentos.

Na superfície, o transtorno parece ser uma série de faltas de produtos entrelaçadas. Como os contêineres de carga estão escassos na China, fábricas em todo o mundo que dependem de peças e produtos químicos chineses tiveram de limitar sua produção.

Mas a situação no porto de Savannah confirma que há uma série mais complexa e insidiosa de problemas sobrepostos. Não é apenas a escassez de produtos. É que os produtos estão parados nos lugares errados e separados de onde deveriam estar por barreiras persistentes e em constante mudança.

A falta de produtos acabados no varejo representa o outro lado dos contêineres empilhados em navios parados no mar ou nas margens de rios. O acúmulo nos armazéns é em si um reflexo da escassez de motoristas de caminhão necessários para transportar os produtos a seu próximo destino. 

Para Lynch, as frustrações são reforçadas por uma sensação de impotência diante de circunstâncias fora de seu controle. Por mais que ele faça para administrar suas docas ao longo do lamacento Rio Savannah, não pode controlar a confusão que se desenrola nas rodovias, nos armazéns, em portos do outro lado do oceano e em fábricas em cidades do mundo todo.

"A cadeia de suprimentos está sobrecarregada e inundada", disse Lynch. "Não é sustentável nesta altura. Tudo está fora da ordem."

Nascido e criado em Queens, em Nova York, o que demonstra com seus modos sem rodeios, Lynch, 55, passou a vida profissional cuidando das complexidades logísticas do transporte de carga marítimo. ("Na verdade eu queria ser capitão de rebocador", disse ele. "Só tinha um problema: eu fico mareado.")

Agora ele luta com uma tempestade de intensidade e contornos incomparáveis, uma tempestade que efetivamente ampliou a extensão dos oceanos e aumentou o risco das viagens marítimas.

No mês passado, seu pátio abrigava 4.500 contêineres que estavam empacados nas docas há pelo menos três semanas. "Isso já beira o ridículo", disse ele.

O fato de essas tensões existirem até em Savannah confirma a magnitude do problema. O terceiro maior porto de contêineres nos EUA, depois de Los Angeles-Long Beach e Nova York-Nova Jersey, Savannah tem nove berços de atracação para navios porta-contêineres e terreno à vontade para se expandir.

Para aliviar o congestionamento, Lynch está conduzindo uma ampliação de US$ 600 milhões (R$ 3,3 bilhões). Está trocando um berço por um capaz de acomodar os maiores porta-contêineres. Está ampliando o pátio de estocagem em 323 mil m2, abrindo espaço para mais 6.000 contêineres. Está aumentando o pátio ferroviário de cinco para 18 vias, para permitir a entrada de mais trens, como alternativa ao transporte rodoviário.

Mas embora Lynch considere o desenvolvimento imprescindível, sabe que a expansão das instalações por si só não resolverá seus problemas.

"Se não tiver espaço ali", disse, olhando para as pilhas de contêineres, "não adianta eu ter 50 berços."
Muitos dos contêineres estão em pilhas de cinco, dificultando o trajeto dos guindastes entre as torres para levantar as caixas necessárias quando os caminhões chegam para levá-las.

Nesta tarde, sob um sol inclemente, o porto está prestes a bater seu recorde de atividade em um único dia —mais de 15 mil caminhões entrando e saindo. Mas a pressão aumenta. Um rebocador conduz mais um navio até o cais—o MSC Agadir, chegando do Canal de Panamá--, com mais carga que deve ser depositada em algum lugar.

Nas últimas semanas, o fechamento de um terminal gigante de contêineres na cidade chinesa de Ningbo aumentou os atrasos. O Vietnã, um polo da indústria de confecções, ficou fechado durante vários meses por causa de um surto de Covid-19. O menor volume de carga que parte da Ásia poderá dar um alívio aos portos dos Estados Unidos, mas Lynch rejeita essa frase.

"Seis ou sete semanas depois, os navios chegam todos ao mesmo tempo", disse ele. "Não adianta."

No início deste ano, enquanto os preços do frete disparavam e os contêineres escasseavam, o problema foi amplamente considerado um resultado momentâneo dos lockdowns por causa da pandemia. Com escolas e escritórios fechados, os americanos estavam se abastecendo de equipamentos para escritórios e academias de ginástica domésticos, contando muito com as fábricas da Ásia. Quando a vida recomeçou, a navegação global deveria ter voltado ao normal.

Mas seis meses depois o congestionamento piorou, com quase 13% da capacidade de carga marítima mundial prejudicada por atrasos, segundo dados reunidos pela Sea-Intelligence, firma de pesquisas do setor na Dinamarca.

Muitas companhias hoje assumem que a pandemia alterou fundamentalmente a vida comercial de maneira permanente. Pessoas que talvez nunca comprassem alimentos ou roupas pela internet— especialmente idosos— pegaram o gosto pela conveniência, forçados a se adaptar ao vírus mortal. Muitas provavelmente conservarão o hábito, mantendo a pressão sobre a cadeia de suprimentos.

"Antes da pandemia, poderíamos imaginar mamãe e papai clicando para comprar um móvel?", disse Ruel Joyner, dono da 24E Design, uma loja-butique de móveis que fica num prédio de tijolos no bonito bairro histórico de Savannah. Suas vendas online triplicaram durante o último ano.

Além dessas mudanças de comportamento, a disrupção da cadeia de suprimentos impôs novas dificuldades.

Joyner, 46, desenha seus móveis em Savannah, mas conta com fábricas na China e na Índia para produzir muitas de suas peças. O tumulto nos mares atrasou suas entregas, limitando as vendas.

Ele mostrou uma poltrona reclinável de couro marrom feita para ele em Dallas (Texas). A fábrica está lutando para conseguir o mecanismo reclinável de seu fornecedor na China.

"Antes conseguíamos os materiais em 30 dias, mas agora estão nos dizendo seis meses", disse Joyner. Os clientes ligam para reclamar.

Sua experiência também salienta como os atrasos e a falta de produtos se tornaram uma fonte de preocupação além da concorrência leal. Gigantes do varejo como Target e Home Depot estocaram produtos em armazéns e às vezes fretaram seus próprios navios. Essas opções não estão disponíveis para as pequenas e médias empresas.

Os gargalos costumam causar mais gargalos. Tantas empresas encomendaram a mais e mais cedo, especialmente se preparando para a temporada de alto consumo no fim do ano, que os armazéns estão lotados. Por isso os contêineres se empilham no porto de Savannah.

A equipe de Lynch—normalmente concentrada em suas próprias instalações— dedicou tempo a procurar armazéns com espaço vago no interior, tentando dar aos clientes opções alternativas para sua carga.

Recentemente, uma grande empresa de varejo encheu completamente seu espaço de armazenagem de quase 280 mil metros quadrados. Com seus contêineres empilhados no pátio, o pessoal do porto trabalhou para despachar a carga por trem para Charlotte, na Carolina do Norte, onde o varejista tinha mais espaço.

Essa criatividade poderá oferecer um alívio modesto, mas as exigências do porto estão se intensificando.
Em uma tarde nublada no final de setembro, o Natal de repente pareceu bem próximo. Os contêineres amontoados nas margens do rio certamente estavam cheios de decoração natalina, assadeiras, presentes e outros materiais para a maior onda de consumo da Terra.

Chegarão às lojas em tempo? "Essa é a pergunta que todo mundo faz", disse Lynch. "Acho muito difícil responder."


Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

FONTES: THE NEW YORK TIMES/FOLHA DE S.PAULO

 

IMAGEM: PREFEITURA MUNICIPAL DE SELVÍRIA

 

Além da usina entre Ilha Solteira e Selvíria, a hidrelétrica de Três Irmãos também está na mesma situação

A usina hidrelétrica localizada no Rio Paraná, entre os municípios de Ilha Solteira (SP) e Selvíria (MS) poderá sofrer paralisação, devido às condições drásticas enfrentadas na bacia do rio, onde o transporte fluvial já foi comprometido.

Dados deste domingo, (10) medidos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontam que o cenário é crítico na barragem de Ilha Solteira, que tem como referência de volume útil a cota de 323 metros definida pela Agência Nacional de Águas (ANA).

Esse é o volume mínimo para não interromper o funcionamento da hidrovia Tietê-Paraná. Ocorre que o reservatório já opera bem abaixo disse e chegou ao fim de semana com apenas 319,97 metros. 

Últimas notícias

Em caráter de exceção, o ONS está autorizado a manter a operação da usina até chegar à cota de 314 metros.  

Ainda de acordo com os dados do ONS, a hidrelétrica de Três Irmãos, localizada no município de Pereira Barreto (SP), operava com uma cota de 320,96 metros. 

Conforme foi autorizado pela Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG), Três Irmãos, que está com menos de 2% de seu volume útil para geração de energia, está apta a funcionar até o limite mínimo de 319,77 metros. 

Em condições normais, a cota mínima para manter a usina em funcionamento sem comprometer suas turbinas é de 323 metros.

Mais do que recorrer à geração hidrelétrica de outras regiões para tentar equilibrar o sistema e evitar racionamentos, o setor elétrico tem colocado a toda carga as demais fontes de energia elétrica. 

Em níveis recordes, a geração térmica, produzida a partir de óleo diesel, gás, carvão mineral biomassa e nuclear – tem respondido diariamente por até 35% da produção diária.  

As eólicas também deixaram de ser acessórias para, praticamente, atuarem na base do sistema, suportando cerca de 18% do consumo nacional de energia. Sem os ventos, portanto, é certo que o País já estaria no escuro.

FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO

IMAGEM: ANFIP

Maioria dos casos ocorre por ligação telefônica ou e-mail 

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) alerta para alguns tipos de golpe contra aposentados e pensionistas. Essa prática se tornou comum nos últimos anos em várias regiões do país.

A maioria das situações ocorre por meio de ligação telefônica aos segurados ou envio de mensagens por e-mail. Além de dados pessoais, os estelionatários também pedem a transferência de dinheiro para a liberação de supostos benefícios.

Segundo o INSS, em um desses golpes os criminosos têm se passado por integrantes do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) visando pedir a transferência de dinheiro para liberar supostos valores de benefícios atrasados.

Eles ligam para o segurado argumentando que ele teria direito a receber valores atrasados de valores pagos pela Previdência Social. Para a liberação do dinheiro, é solicitado que os segurados informem dados pessoais, além de efetuar o depósito de determinada quantia em uma conta bancária.

Falsa revisão de benefício

Outra prática fraudulenta aplicada é a da falsa revisão de benefício. Nesse tipo de golpe, os estelionatários abordam os segurados e afirmam que teriam direito a receber valores referentes a uma falsa revisão de benefícios concedidos em governos anteriores. Também é solicitada a transferência de dinheiro para outra conta para a revisão fraudulenta.

Segundo a Previdência, todas as revisões de benefícios são baseadas na legislação e os segurados não precisam fazer nenhum pagamento para ter direito.

Outro tipo de situação é a da falsa auditoria geral da Previdência. Nessa modalidade, os criminosos enviam documentos a segurados convocando para uma Chamada para Resgate.

“Segundo o documento, os segurados teriam direito a resgaste de valores devidos a participantes de carteiras de pecúlio que teriam sido descontados da folha de pagamento como aposentadoria complementar”, informou a Previdência Social.

Acrescentou que ela não pede dados pessoais dos seus segurados por e-mail ou telefone e alerta para que ninguém disponibilize esse tipo de informação. O INSS esclareceu que não realiza nenhuma forma de cobrança para prestar o atendimento, nem serviços.

Ainda de acordo com a Previdência, a principal recomendação para os segurados é que não forneçam dados pessoais, não utilizem intermediários para entrar em contato com a Previdência e, em hipótese alguma, depositem qualquer quantia para ter direito a algum benefício previdenciário.

Caso a pessoa tenha sido vítima de algum tipo de golpe, deve procurar a Ouvidoria e também registrar boletim de ocorrência numa delegacia da polícia civil.

FONTE: CNN

IMAGEM: JORNAL O ESTADO

 

Falta de exercícios atinge mais mulheres do que homens e está ligada a doenças crônicas não transmissíveis como hipertensão, diabetes, neoplasias de cólon e mama e doenças isquêmicas do coração

Estudo realizado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) constatou que o impacto econômico da inatividade física de brasileiros, em diferentes regiões do país, representa gastos no Sistema Único da Saúde (SUS) de cerca de R$ 300 milhões somente com internações, em valores de 2019.

“Esse custo seria evitável na medida em que você ampliasse o acesso da população a programas de promoção de atividade física”, disse à Agência Brasil Marco Antonio Vargas, subchefe do Departamento de Economia da UFF e coordenador executivo da pesquisa, denominada “Implicações socioeconômicas da inatividade física: panorama nacional e implicações para políticas públicas”.

Ele afirmou que esses programas devem ser direcionados a variados segmentos de diferentes faixas da população. “Você tem carências muito claras em alguns setores, principalmente em populações mais vulneráveis”, ponderou. Aí entram ações promovidas pelos municípios. O estudo objetiva contribuir para a formulação e implementação de políticas em saúde preventiva, assim como ao estímulo à prática de atividade física no país.

O foco do trabalho se situou em pessoas maiores de 40 anos de idade, em função do volume de dados existentes. Buscou-se correlacionar os dados com os custos de tratamento no SUS, isto é, custos de hospitalização. O levantamento envolveu uma equipe interdisciplinar de pesquisadores, coordenada pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - (In) Atividade Física e Exercício da UFF - e foi feito em 2019, portanto, antes da pandemia do novo coronavírus. No momento, está se buscando a atualização dos dados de 2020 para cá, por pesquisadores do Laboratório de Ciências do Exercício (Lace) e do Núcleo de Pesquisa em Indústria, Energia, Território e Inovação (Neiti) da UFF.

Doenças crônicas

Vargas esclareceu que a inatividade está associada à incidência de diversas doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), entre as quais hipertensão, diabetes, neoplasias de cólon e mama e doenças isquêmicas do coração, entre outras. A inatividade física constitui um dos principais fatores de risco associados à mortalidade DCNTs no mundo e no Brasil. 

“Em maior ou menor medida, essas enfermidades guardam correlação com a inatividade física. Algumas em percentual menor e outras, maior”, observou Vargas. Dentro do conjunto de custos no SUS associado ao tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, a pesquisa buscou a parte que pode ser atribuída à inatividade física.

O coordenador informou que o nível de escolaridade e de renda está associado à prevalência maior de inatividade física. A partir de dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério de Saúde, de 2017, observou-se, por exemplo, que o sedentarismo é maior entre os indivíduos com sete anos ou menos de escolaridade (57,92%) em comparação com aqueles que possuem 12 anos ou mais de escolaridade (41,18%). 

O nível de inatividade é maior entre mulheres do que entre homens e quanto menor for o nível de escolaridade, maior o nível de inatividade.

Vargas defendeu, ainda, que a promoção da atividade física deve ser encarada como parte integrante de uma política de saúde. “Ela não está separada e, portanto, deve ter uma atenção bastante especial do ponto de vista de programas voltados à prevenção”, salientou.

O estudo cita dados da Base de Informações Municipais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BIM-IBGE). Eles mostram que  88% dos municípios brasileiros desenvolvem algum tipo de ação, projeto ou programa permanente na área de esporte e lazer. 

Vargas argumentou, entretanto, que o percentual ainda é muito baixo quando se trata de programas na área de esporte voltados à inclusão social em comunidades carentes (26,4%) ou para pessoas com deficiência (16,8%).

O mesmo ocorre em relação a programas de inclusão social de idosos e de mulheres, por exemplo, que apenas 30% dos municípios apresentam. Ações para jovens e adultos já contam com um percentual maior: 50% das cidades têm iniciativas de inclusão social para essas camadas da população voltadas à educação física. 

O coordenador destacou que esses dados necessitam de um olhar mais minucioso para identificar o que está ocorrendo nas cidades e como estão acontecendo esses programas de esporte nas escolas. Ao mesmo tempo, a pesquisa observou que, ao longo dos últimos anos, houve uma queda significativa de gastos com desporto e lazer na esfera federal, que representam, em média, apenas 0,024% do total de gastos federais.

Cenário mundial

Dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que a inatividade física é um fenômeno que envolve mais de 20% da população mundial de adultos e mais de 80% da população mundial de adolescentes. Isso significa que um em cada quatro adultos, e quatro em cada cinco adolescentes, não fazem atividades físicas regulares, suficientes para atender às recomendações globais estabelecidas pela OMS.

Ainda segundo a OMS, 27,5% da população global não atingem níveis mínimos desejáveis de atividade física durante a semana. Na América Latina e no Caribe, 39,1% da população são fisicamente inativos. A maior prevalência de inatividade física na região é encontrada no Brasil, onde 47% da população não atingem os níveis mínimos recomendados. 

FONTE: AGÊNCIA BRASIL