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A possibilidade de trabalhar sem horário fixo e ganhando apenas pelas horas trabalhadas é um dos pontos da reforma trabalhista que mais tem recebido críticas e questionamentos. Essa nova forma de contratação é chamada de intermitente.

Como previsto por juristas, a polêmica sobre esse tipo de contrato chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal) antes mesmos de as novas leis trabalhistas entrarem em vigor.

Nas últimas semanas, ao menos três entidades entraram com pedidos de ação direta de inconstitucionalidade sobre o tema, ou seja, questionando se a Constituição permite ou não o trabalho intermitente. Caberá ao STF decidir, mas não há previsão de quando isso deve acontecer.

Que argumentos são usados para defender que o trabalho intermitente fere a Constituição? E quais são usados para afirmar exatamente o contrário? Veja abaixo.

Permite um salário mensal abaixo do mínimo

O que define a lei:

Uma das críticas mais comuns nas ações no STF é de que o contrato intermitente não garante uma quantidade de trabalho por mês e, consequentemente, não há certeza de quanto será o salário. No fim do mês, se trabalhar poucas horas, o empregado pode receber menos do que o mínimo (R$ 937, em 2017).

A lei garante apenas que o salário por hora de serviço deve estar estipulado no contrato, e que ele não pode ser menor do que o salário mínimo por hora (R$ 4,45, em 2017) ou diário (R$ 31,23, em 2017).

Quem diz que é inconstitucional:

A possibilidade de ganhar menos do que um salário mínimo mensal torna a medida inconstitucional, segundo o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, em nota técnica do Ministério Público do Trabalho emitida antes da aprovação da reforma trabalhista.

Quem concorda é o professor da UnB (Universidade de Brasília) e juiz do trabalho Paulo Henrique Blair de Oliveira. Para ele, não é porque a lei garante o piso por hora que um salário abaixo do mínimo mensal não é contrário à Constituição.

A Constituição diz que os trabalhadores têm direito a um salário mínimo "fixado em lei, nacionalmente unificado" e que seja "capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social". Para o professor da UnB, o trabalho intermitente "na prática, representa apenas formalizar a precariedade".

Quem diz que não é inconstitucional:

Nelson Mannrich, professor titular de direito do trabalho da USP (Universidade de São Paulo), defende que o trabalho intermitente é constitucional, porque a lei estabelece os valores mínimos a serem pagos por hora e por dia, e define que o salário do intermitente deve respeitar esses valores mínimos.

"Ninguém vai ganhar abaixo do salário mínimo. Vai ganhar o mínimo por hora", diz o professor.

Transfere ao trabalhador os riscos do negócio

O que define a lei:

Os riscos de qualquer negócio são do patrão, e não podem ser transferidos ao empregado, segundo define a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Assim, um trabalhador não pode ter seu salário descontado quando a empresa tiver prejuízo, por exemplo.

Quem diz que é inconstitucional:

O procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, diz que, por não garantir o salário mínimo mensal, o contrato intermitente acaba transferindo para o trabalhador os riscos do negócio, em "violação ao princípio constitucional de justiça social".

Como o trabalhador intermitente só é chamado para trabalhar conforme a quantidade de serviço, ou seja, conforme a empresa tem uma procura maior, parte do risco do negócio acaba sendo transferido do patrão para o empregado, de acordo com essa visão.

Quem diz que não é inconstitucional:

O juiz do trabalho Paulo Oliveira diz que esse é um "argumento de peso" contra o trabalho intermitente, mas afirma que não se trata exatamente de uma inconstitucionalidade. Isso porque é um princípio que está na CLT, não na Constituição.

"É um argumento de força, muito importante, mas não é um argumento que precisa necessariamente apelar para a norma constitucional", afirma.

Fere a dignidade humana

Quem diz que é inconstitucional:

Um dos argumentos da ação da Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações e Operadores de Mesas Telefônicas) no STF é que o trabalho intermitente fere o "princípio da dignidade humana", estabelecido na Constituição, e que, portanto, seria desumano, de acordo com a entidade.

Segundo a ação, a nova lei "coloca o trabalhador numa condição de mero objeto, como ferramenta, equipamento, maquinário, à disposição da atividade econômica empresarial, quando, onde e como o empregador bem entender".

Quem diz que não é inconstitucional:

Nelson Mannrich, professor titular de direito do trabalho da USP, diz que essa visão "é equivocada". "A relação de emprego é uma relação pessoal, qualquer empregado fica à disposição do empregador. É diferente de servidão, de escravidão."

Paulo Oliveira, professor da UnB e juiz do trabalho, também diz que esse ponto especificamente não fere a Constituição. "Tratar o trabalhador como apenas um pedaço dos recursos empresariais, ainda que não seja o desejável, já é atitude aplicada mesmo no contrato regular."

Leva a um retrocesso social

Quem diz que é inconstitucional:

O contrato intermitente fere o "princípio da vedação do retrocesso", diz a Fenepospetro (Federação Nacional dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo) em ação no STF.

A ideia é que uma lei não pode reduzir, suprimir, diminuir, ainda que parcialmente, o direito social estabelecido na legislação anterior, ou mesmo na consciência geral. O trabalho intermitente, segundo a Fenepospetro, representaria perda de direitos.

Quem diz que não é inconstitucional:

Paulo Oliveira, professor e juiz do trabalho, diz que esse princípio não está diretamente expresso na Constituição e que "o risco de retrocesso está sempre presente na sociedade".

Apesar de concordar com a tese, ele reconhece que apenas uma "corrente pequena de juristas lê na Constituição o princípio da vedação do retrocesso". Por isso, diz, não acredita que o STF dê razão a esse argumento. "Nunca vi o Supremo fazer referência ao princípio nesse sentido."

Para Mannrich, professor da USP, o retrocesso social é uma "questão abstrata". "A sociedade não tem como ter um projeto novo? Dar uma nova dimensão à sociedade, com outros valores?", questiona.

Fonte: UOL

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BRASÍLIA (Reuters) - O governo decidiu antecipar para quinta-feira o início da discussão sobre a proposta de reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados com o objetivo de ter um quadro real de apoios que poderá contar para tentar votar o texto na próxima semana, disse à Reuters uma fonte palaciana.

Inicialmente, a intenção do Palácio do Planalto era começar o debate da matéria apenas na próxima segunda-feira, mas houve um acerto com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para antecipar esse calendário.

Pelo novo cronograma, a proposta será discutida a partir desta quinta, após uma nova rodada de conversas do governo com sua base. A votação da proposta deverá ocorrer a partir da terça-feira da próxima semana, o que deverá coincidir com o dia da apreciação em plenário do Orçamento de 2018.

Aliado de Temer, o presidente do Congresso, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), agendou a sessão conjunta das duas Casas para a terça da próxima semana, o que deve garantir quórum elevado no Legislativo.

O presidente Michel Temer deverá se envolver pessoalmente na busca de apoios da base em favor do texto. O Planalto está otimista com a conquista de votos nos últimos dias, mas quer ter um quadro mais individualizado sobre os apoios de cada um dos partidos da base, segundo uma fonte. A cautela se justifica, uma vez que tem havido divergência dos apoios que o governo tem entre as próprias lideranças da base.

Em entrevista coletiva na manhã desta segunda, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), que assumirá na quinta-feira a Secretaria de Governo, manteve o cálculo do governo de que faltam ainda de 40 a 50 votos para alcançar uma margem de segurança para aprovar o texto --que precisa do apoio de ao menos 308 dos 513 deputados. Um dos vice-líderes do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), contudo, disse que há cerca de 100 indecisos na base.

Após PMDB e PTB fecharem questão em favor da proposta, o PPS seguiu a mesma linha no fim de semana. Num aceno a Temer, o novo presidente do PSDB, o governador Geraldo Alckmin, disse ser pessoalmente a favor do fechamento de questão e vai ouvir os deputados da bancada esta semana para tomar uma decisão.

Mansur, conhecido pelas estimativas de votos com base em tabelas, acredita que novas movimentações políticas do fim de semana podem ter ajudado o quadro do governo. Ele citou a decisão do PPS e a atuação de Alckmin em favor da reforma.

“Lógico que ele (Alckmin) vai trabalhar, espero que isso aconteça, de ele trabalhar junto à bancada do PSDB. Eu vou ter surpresa se o PSDB não for no mesmo caminho que o candidato deles à Presidência da República”, afirmou.

A avaliação no Planalto, segundo uma fonte, é que Alckmin tem cumprido bem o papel de apoio à reforma, o que pode gerar um bom humor no restante da base. A expectativa de governistas é que o PP também feche questão --o partido indicou que deve se posicionar dessa forma se o texto for à votação.

EMENDAS

Durante o dia, Temer reuniu-se com os ministros do Planejamento, Dyogo Oliveira, da Integração Nacional, Helder Barbalho, e das Cidades, Alexandre Baldy, além de dois representantes do alto escalão do Ministério da Saúde.

Segundo a fonte palaciana, foi discutida uma ação dos ministérios em favor da garantia de liberação de recursos de emendas parlamentares para este ano e para o próximo. Essa é uma das armas comumente usadas por governos para conquistar votos dos parlamentares.

Em Buenos Aires no domingo, o presidente disse que a reforma vai “muito bem” e destacou acreditar que é “possível” aprová-la neste ano na Câmara, embora tenha admitido que a matéria poderá ficar para 2018.

“Eu suponho que talvez seja possível (votar neste ano), mas se não for, nós vamos encerrar a discussão ainda neste ano e esta matéria da Previdência não vai parar. Se não for neste ano, será no início do ano que vem”, disse o presidente.

Marun foi na mesma linha e afirmou que “vamos tentar votar agora, vamos conseguir”, mas ressaltou que caso isso não ocorra “vamos chegar aqui em fevereiro e esse vai ser o assunto”. O deputado insistiu, porém, que o governo está em busca dos votos que faltam para que a matéria seja aprovada agora.

A leitura afinada de Temer e Marun, segundo uma fonte do Planalto, é que os parlamentares terão de conviver com a pauta da reforma, se ela não for aprovada. Isto é, em vez de o governo estar “jogando a toalha”, ele estará colocando uma pressão permanente nos deputados. Entretanto, para Mansur, o governo teria menos votos se deixar a apreciação da matéria para 2018.

“Não há como você ficar agora fazendo conjectura que não dá para votar agora, vai votar em fevereiro. Na minha opinião, nós teremos menos votos em fevereiro do que teremos na semana que vem”, disse Mansur a jornalistas, acrescentando que o foco do governo é trabalhar para angariar os votos necessários e votar a proposta na próxima semana.

Em São Paulo, também nesta manhã, o presidente da Câmara reconheceu que não será “fácil” votar a proposta na próxima semana, mas que segue empenhado para isso. Para Maia, na quinta-feira o governo terá um cenário mais claro sobre o tamanho do apoio à reforma.

 

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A 2 semanas do fim do ano político, a Câmara dos Deputados pauta para concluir, a partir de terça-feira (12), a proposta sobre parcelamento de dívidas de produtores rurais com a Previdência Social. Já foi aprovado o texto-base – substitutivo ao PL 9.206/17, do deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) – e falta a análise de destaques que poderão alterar o texto.

O projeto incorpora dispositivos da MP 793/17, que perdeu a vigência em novembro.

De acordo com o substitutivo da deputada Tereza Cristina (sem partido-MS), o parcelamento de dívidas de produtores rurais será com descontos; e a alíquota devida a título de contribuição social para a Previdência diminuirá de 2% para 1,2% da receita bruta no caso de produtor rural pessoa física, e de 2,5% para 1,7% no caso de empresas rurais. A vigência das novas alíquotas será 1º de janeiro de 2018.

O projeto traz também a prorrogação de prazos e a renegociação de vários tipos de dívidas rurais, assim como novas regras para a cobrança de débitos inscritos em dívida ativa da União.

Senado Federal
A pauta do plenário está trancada por 2 medidas provisórias (MP): a que cria 1 regime especial de importação de bens a serem usados na exploração, no desenvolvimento e na produção de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos (MP 795/17) e a que que trata da prorrogação do Regime Especial de Tributação para Desenvolvimento da Atividade de Exibição Cinematográfica (Recine) (MP 796/17).

A MP 795 é 1 “presente” do governo às petrolíferas estrangeiras que ganharam o leilão do pré-sal, estabelece que esses bens contarão com a suspensão do Imposto de Importação (II), do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), do PIS/Pasep-Importação e da Cofins-Importação se destinados às atividades do setor e com permanência definitiva no país. Serão beneficiados com a suspensão tributárias os bens listados periodicamente pela Receita Federal. A suspensão será convertida em isenção depois de cinco anos da importação. Se a petroleira não usar o bem para a atividade prevista dentro de três anos, prorrogável por mais 12 meses, terá de recolher os tributos não pagos com juros e multa de mora.

FONTE:DIAP

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Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, 530.191 casos serão revisados; até novembro foram realizadas 242.167 perícias

É alto o índice de corte de benefícios por incapacidade do pente-fino do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Social, até o dia 22 de novembro, foram realizadas 242.167 perícias em segurados que recebem auxílio-doença e 213.873 benefícios foram cancelados, ou seja, 88,3% em todo o Brasil.

A ausência de convocados levou ao cancelamento de outros 20.304 benefícios. Além disso, 39.406 benefícios foram convertidos em aposentadoria por invalidez; 2.066 em auxílio-acidente; 1.272 em aposentadoria por invalidez com acréscimo de 25% no valor do benefício e 5.854 pessoas foram encaminhadas para reabilitação profissional.

Segundo o Ministério, 530.191 benefícios de auxílio-doença serão revisados no total. A economia anual estimada até agora é de R$ 3 bilhões. O Programa de Revisão dos Benefícios por Incapacidade começou em 2016, mas foi interrompido pelo vencimento da MP 739, porque o Congresso não aprovou a medida a tempo. Entretanto, no início deste ano, o governo editou a Medida Provisória 767 e retomou a força-tarefa.

Superficial

O advogado de Direito Previdenciário João Badari, sócio do escritório Aith, Badari e Luchin Advogados, afirma que entre os problemas do pente-fino do INSS está a forma como é realizada atualmente a perícia dos segurados. “É precária e deficitária. Os médicos do INSS mal analisam os documentos e fazem uma avaliação rápida e superficial, por conta da enorme fila e volume de casos que atendem diariamente. Isso precisar mudar”, afirma.

De acordo com o especialista, essa atitude recorrente tem provocado o alto índice de suspensão do benefício. “Existem diversos casos de segurados que têm laudo atualizado de médicos particulares atestando a incapacidade temporária e que tiveram os benefícios suspensos, após a perícia do INSS. O grande problema é que essas pessoas não conseguem retomar suas atividades no trabalho e também não estão recebendo o dinheiro do benefício, necessário para sua subsistência”, alerta.

O advogado Celso Jorgetti, da Advocacia Jorgetti, ressalta que o segurado com auxílio-doença e aposentadoria por invalidez pode ser convocado a qualquer momento para uma nova perícia. “Aqueles que forem examinados e não conseguirem comprovar a incapacidade, temporária ou efetiva, terão o benefício suspenso”, diz.

A recomendação dos especialistas é que o segurado tome uma série de cuidados para evitar que o seu benefício seja suspenso. O primeiro passo é deixar a documentação médica organizada e atualizada. “É de extrema importância que laudos, exames e receitas médicas estejam em mãos no momento da convocação do INSS. A recomendação é de que o segurado passe antes pelo seu médico e solicite laudo atualizado, indicando a existência da doença incapacitante para o trabalho no momento. Também é importante levar exames e receitas médicas com a prescrição dos medicamentos de uso contínuo”, avisa Jorgetti.

Os advogados alertam os segurados que, se convocados, devem comparecer obrigatoriamente na data e hora marcadas ao posto do INSS para realizar a nova perícia.

“Quem não puder comparecer deverá enviar representante munido de procuração, com firma reconhecida em cartório, para justificar o motivo da ausência e reagendar a perícia. Se no dia marcado para a nova perícia a pessoa faltar, sem justificativa, poderá ter seu benefício suspenso”, pontua Celso Jorgetti.

Fonte: Portal Previdencia Total / Caio Prates

Sindicatos reagem a demissões no 1º mês da reforma trabalhista

Com menos de um mês de vigência de nova legislação estabelecida pela reforma trabalhista, recentes demissões de professores pela universidade Estácio e de profissionais da saúde pela Rede D'Or e de hospitais do grupo Leforte começam a despertar reações do movimento sindical.
O Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (Sinpro-RJ) organizou na última quinta-feira (7) assembleia com cerca de 100 dos 1,5 mil docentes mandados embora pela Estácio e já traça uma série de ações, o que inclui acionar o Ministério Público do Trabalho (MPT), auxiliar os demitidos em ações judiciais individuais e coletivas e promover manifestações em frente dos campi da Estácio nos próximos dias.
Segundo relato de Márcio Franco, diretor da entidade, os professores demitidos manifestaram indignação no encontro e reclamaram da condução dos desligamentos. "Teve profissional que recebeu comunicado enquanto estava em sala de aula, outros nos corredores. É algo absolutamente inaceitável partindo de qualquer instituição, muito menos uma educacional", diz Franco.
Nesta segunda-feira o MPT no Rio fará audiência pública para discutir o caso da Estácio. Ao longo desta semana, alunos da instituição prometem manifestações de apoio aos professores. Na outra semana o tema será pauta de reunião da Comissão de Trabalho da Assembleia Legislativa do Rio.
As demissões na Estácio representam pelo menos 10% do corpo docente da instituição, que argumenta que elas "foram pautadas pelo cumprimento da legislação trabalhista vigente e pelo respeito aos profissionais devido a um processo de reorganização da base docentes do grupo, não um desligamento em massa para se beneficiar das novas regras trabalhistas." A reforma trabalhista determinou que não seria mais necessário consultar o sindicato da categoria antes de uma demissão em massa. A Estácio acrescenta que serão contratados novos profissionais por salários "compatíveis com a média de mercado".
O Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem e Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de São Paulo (SindSaude-SP) informou que monitora as demissões já conhecidas de médicos e fisioterapeutas da Rede D'Or e planeja manifestações e paralisações como resposta. "Estão aproveitando as regras novas para ampliar a 'pejotização'", disse uma fonte do sindicato.
O SindSaude-SP lembrou que logo após o início da vigência da reforma trabalhista, os hospitais do grupo Leforte mandaram embora mais de cem médicos, fisioterapeutas e outros profissionais. A decisão foi revertida por liminar após atuação do sindicato.
Em Catalão (GO), onde a montadora Mitsubishi tem fábrica, o Sindicato dos Metalúrgicos antecipou em três meses a campanha salarial, cuja data-base é novembro, para evitar que as negociações coincidissem com a reforma trabalhista. "Mesmo assim a empresa tentou criar uma comissão de trabalhadores para discutir o programa de participação nos lucros. Houve paralisação de oito dias e pressão dos trabalhadores. O acordo coletivo foi aprovado integralmente com base na legislação anterior, inclusive a definição da PLR", disse Juliana Barbosa, assessora do sindicato.
O diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, conta que ainda são dispersas as respostas de sindicatos e centrais sindicais às recentes notícias de demissões coletivas na esteira da reforma. "São reações. Elas vão acontecendo no local de trabalho, algumas lideradas pelos próprios trabalhadores sem representação de sindicatos e outras com mais organização, com o envolvimento do movimento sindical. O que fica é a mensagem de que os sindicatos precisam se reorganizar diante das mudanças do mercado de trabalho", avalia o economista.

Fonte: Valor Econômico

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Em outubro deste ano, a fábrica de autopeças  Engrecon  decidiu acabar com o sistema de redução de jornada e salário acordado com os funcionários. A melhora na economia permitiu antecipar o cronograma. O caso ilustra uma estatística que, ao lado da queda da taxa de desemprego, mostra que a recuperação do mercado de trabalho veio antes do esperado.
Segundo levantamento de Hélio Zylberstajn, professor da FEA-USP e coordenador do Salariômetro da Fipe, até outubro, 114 acordos de redução de jornada e salários foram fechados neste ano, ante 360 em igual período de 2016.
Apenas em outubro, cinco deles foram homologados, ante 30 no mesmo mês de 2016. Entre aqueles fechados em 2017, a maioria não está mais vigente. O número inclui tanto acordos realizados dentro do Programa de Proteção de Emprego (PPE), lançado em 2015 e depois rebatizado de Programa Seguro-Emprego (PSE), quanto aqueles feitos fora desse instrumento.
Para Zylberstajn, a queda no número de acordos tem relação com a melhora da economia e da condição das empresas, mas também porque não são muitas as companhias dispostas ou que podem fechar tratos desse tipo, em especial dentro do PSE. Para entrar no programa, as pessoas jurídicas não podem ter pendências tributárias com o governo, entre outras regras. "Muito provavelmente, a situação que levou aos acordos foi contornada. Mas a medida também tem pouco alcance", observa.
Em 2016 e 2017, a maioria dos acordos foi fechada fora do PSE: 238 dos 360 no ano passado e 91 dos 114 deste ano. "O programa exige garantia de emprego durante a vigência da medida e até por um tempo adicional. Muitas empresas preferiram fazer sem o PSE, porque não tinham certeza de que, passado o período estipulado, voltariam a produzir", afirma o professor. No programa, o governo paga parte do salário do empregado afastado. A empresa paga a outra parte e se compromete a manter o funcionário.
Segundo dados levantados pelo professor, a indústria metalúrgica foi a grande beneficiária dos acordos com ou sem PSE. Dos 360 fechados em 2016, 223 pertencem ao segmento. Neste ano, 50 deles foram utilizados por essa indústria, quase metade do total. Em 2016, o segundo lugar ficou com a indústria química, farmacêutica e de plásticos (35), seguida pela construção civil (29). Neste ano, comércio varejista veio em segundo lugar com 15 acordos, seguido pela construção civil (10).
Zylberstajn afirma que esse tipo de estratégia é mais usada por empresas com grande investimento em capital humano e que querem preservar pessoal altamente qualificado. É o caso da Engrecon, que fabrica engrenagens para motores de veículos pesados de montadoras como MAN e Iveco. A empresa usou o PSE por duas vezes e considera que o programa ajudou a estancar as demissões. O segundo PSE, de agosto de 2016 a janeiro de 2017 foi encerrado antes do prazo por causa da recuperação na demanda, afirma Marcia Nadalini Gonçalves, diretora administrativa e financeira, que fica em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo.
Passado o período do PSE, em que houve redução de 20% nos salários e na jornada, a Engrecon contratou mais funcionários. Os atuais 150 empregados, contudo, ainda estão longe dos quase 200 que a empresa possuía antes da crise entre 2015 e 2016, período em que o faturamento caiu 40%. Em 2017, a expectativa é de recuperar a receita apurada em 2014.
A principal vantagem do PSE, diz Marcia, foi não perder funcionários treinados pela companhia. A manutenção desses empregados significou menos custo na retomada da produção. "Nossos funcionários têm, no mínimo segundo grau completo, e são treinados por nós. Eles têm conhecimento de programação, mecânica, computação. Temos toda a parte de engenharia e controle de qualidade. Se perdêssemos esse pessoal seria complicado recuperar", conta ela, há 22 anos na empresa, que existe há 51.
Ainda não há contas fechadas sobre quantos empregos foram preservados pelos acordos de redução de jornada e de salários s, mas Zylberstajn acredita que esse número chegue a, no máximo, 100 mil. "Se pensarmos no universo de trabalhadores formais, é pouco", diz. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 1,321 milhão de trabalhadores formais perderam o emprego em 2016. A despeito das limitações, o coordenador do Salariômetro diz que a ideia é boa. O problema está na execução. "Há uma burocracia muito grande. E nem toda empresa tem tradição de negociar com os sindicatos."
Clovis Scherer, economista do Dieese, diz que na medida em que a economia se estabilize é normal que as empresas saiam do programa, que tem data para terminar (fim de 2018). Para ele, é difícil dizer neste momento se o PSE foi bom ou não. "Se essa aposta foi vitoriosa, se aqueles empregos que foram protegidos vão sobreviver só saberemos com a recuperação da economia", afirma.
Para Scherer, embora com alcance pequeno, o programa foi uma solução negociada que protegeu a indústria metalúrgica, principal beneficiária do programa, e também trabalhadores qualificados, a um custo baixo. "Apesar de ter havido desembolsos, o governo seguiu recolhendo contribuições previdenciárias e outros benefícios. O resultado para as contas públicas foi bom", considera.
Assim como Zylberstajn, Scherer aponta a rigidez burocrática do programa e o fato de muitos setores não terem a tradição de colocar empresas na mesa para negociar. "Aqueles que já tem tradição de negociar conseguiram fechar acordos mais facilmente." Scherer defende a manutenção do programa mesmo com a recuperação da economia e também que sejam estudadas estratégias de preservação de empregos para setores com mão de obra pouco qualificada.
Fonte: Valor Econômico

 

Presidente, vice e corregedor tomarão posse em fevereiro. Dos três, apenas um assinou documento contra a reforma trabalhista

 
Eleito na última quinta-feira (7) em sessão extraordinária, o próximo presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro João Batista Brito Pereira, não está entre os 17 signatários de documento divulgado no primeiro semestre contra o projeto de "reforma" trabalhista, agora transformado em lei (13.467), em vigor desde 11 de novembro. O vice eleito, Renato de Lacerda Paiva, também não assinou o documento. A exceção é o próximo corregedor-geral, Lelio Bentes Corrêa. A posse está marcada para 26 de fevereiro do ano que vem, para um mandato de dois anos.
Mesmo assim, entre os ministros há expectativa de mudanças de rumos na principal Corte trabalhista do país, depois de uma gestão polêmica do atual presidente, Ives Gandra Martins Filho. Em breve pronunciamento, o eleito disse que não espera "reinventar a roda", mas enfatizou a presença de colegas e servidores, "porque sem eles não há Justiça do Trabalho". Gandra afirmou que a sucessão foi natural e mostrou que a Corte "está unida e harmônica".
Com 65 anos, completados em setembro, Brito Pereira é maranhense de Sucupira do Norte e formou-se pelo Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), onde leciona. Foi advogado, consultor trabalhista e membro do Ministério Público do Trabalho de 1988 até 2000, quando foi nomeado para o TST. 
"Há uma esperança muito grande depositada nos três ministros eleitos, esperança no resgate da Justiça do Trabalho institucionalmente e também dos verdadeiros valores do Direito do Trabalho. Estão unidos com uma parcela enorme do Tribunal", diz um integrante da Corte, lembrando que todos foram eleitos por unanimidade e falando em "reconstrução".  
Em maio, 17 dos 27 ministros da Corte entregaram ao Senado um documento crítico ao projeto de "reforma" da legislação (PLC 38), listando o que consideraram aproximadamente 50 "lesões"  de direitos". Entre os signatários, estavam os dois antecessores de Gandra na presidência do TST, João Oreste Dalazen e Antonio José de Barros Levenhagen.
 
Fonte: Rede Brasil Atual

 

 

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Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o aplicativo “Negociando” está em desenvolvimento para ajudar os dirigentes sindicais nos processos de negociação coletiva.

Nessa versão, é possível fazer simulações para propostas de reposição de perdas salariais, bem como avaliar as propostas patronais.

Também são apresentados alguns elementos da conjuntura, com destaque para os que afetam o ambiente da negociação, como, por exemplo, a Reforma Trabalhista, que entrou em vigor no dia 11 de novembro e trouxe consigo muitas dúvidas e preocupações ao movimento sindical e aos chamados “operadores do direito”.

Gradativamente, ainda segundo o Dieese, o aplicativo incluirá informações sobre resultados das negociações, setores econômicos, setor público, greves, emprego e desemprego, inflação e outras.

As informações serão organizadas de modo a subsidiar tanto a preparação da campanha salarial quanto a atuação na mesa, de forma direta, atualizada e sempre disponível.

Esse serviço é resultado de mais de 60 anos de experiência do Dieese em assessoria ao movimento sindical e em produção de informações de interesse de todos os trabalhadores.

Mais informações, inclusive técnicas sobre a ferramenta, entrar em contato com o Dieese.

Fonte: Dieese

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Especialistas em infraestrutura liderados pelo Instituto de Engenharia (IE) lançam hoje resolução defendendo a priorização das hidrovias como vetor estratégico de desenvolvimento regional e econômico no Cone Sul e a criação de uma agência internacional para regular a atividade na região. O documento será entregue aos candidatos que disputarão a eleição para presidente no ano que vem.

"Queremos que o modal hidroviário deixe de ser tratado como assunto burocrático pelos governos e chamar atenção para o fato de que ele torna os produtos mais competitivos, barateia o custo de logística. Uma autoridade internacional nessa área pode dar estabilidade de regras, modernizar o regime de transporte nas hidrovias e ainda atrairia investimento externo para o desenvolvimento regional", diz Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington entre 1994 e 2004.

A formulação de recomendações sobre transporte hidroviário para governos do Cone Sul (Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai) é apenas uma das agendas do seminário "A Integração do Cone Sul pelas Hidrovias - Um Modelo de Gestão", evento que o IE promove amanhã, em São Paulo, com apoio institucional da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), do Irice, do Centro de Estudos Avançados em Navegação Interior (Ceani) e da Figueiredo Ferraz Consultoria e Engenharia de Projeto.

Com presença de autoridades, especialistas e empresas do setor de logística, o evento discutirá o papel do transporte hidroviário como indutor do desenvolvimento regional, sob o ponto de vista social, econômico e estratégico. O seminário será dividido em três painéis principais: configuração atual das hidrovias; experiência europeia na gestão do sistema de navegação interior; visão dos operadores e usuários, com participação de representantes da Cargill, Louis Dreyfus, Amaggi, Bunge e Hidrovias do Brasil.

Segundo o ex-embaixador Rubens Barbosa, o uso da malha fluvial poderia reduzir entre 40% e 60% o custo da movimentação de carga de grãos e minérios que é embarcada para exportação. Ele argumenta que "o descaso crônico" em relação a esse meio de transporte é responsável pelas maiores dificuldades que existem hoje para o aproveitamento das hidrovias. Entre elas estão insuficiência de recursos, infraestrutura precária e conflitos na utilização das águas, como a construção de hidrelétricas sem eclusas.

A construção de eclusas ou transposição de barragem nas proximidades da usina de Itaipu que permitam a passagem de navios e barcaças de carga é, por exemplo, um obstáculo que impede o avanço da Hidrovia Tietê-Paraná para territórios paraguaios e argentinos, diz Wagner Ferreira, coordenador de logística de transportes do IE e consultor-associado da Figueiredo Ferraz.

"A [Hidrovia] Paraná-Tietê, que começa em Piracicaba [interior de São Paulo], poderia facilmente chegar até Buenos Aires, mas a passagem por Itaipu ainda é obstáculo. E não estamos falando de grão nem minério, é uma hidrovia com padrão europeu, com potencial para transportar produtos de alto valor agregado", destaca Ferreira.

Com mais de 40 anos de experiência, o especialista acrescenta que o momento para discutir o avanço das hidrovias no Cone Sul não pode ser perdido. "O Mercosul está às véspera de fechar acordo comercial com a União Europeia. Pensar numa matriz de transportes equilibrada é essencial para essa negociação, pode trazer muitas vantagens para os países que se destacarem, mas estamos longe desse equilíbrio, infelizmente."

Fonte: Valor

 

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Tema foi discutido entre direção da Força Sindical e o presidente do BNDES na sede da Central

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Paulo Rabelo de Castro, e o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, Paulinho, discutiram nesta segunda-feira, 11, a possibilidade de fazer reuniões entre representantes das centrais sindicais e lideranças empresárias para debater ideias e apontar em que setores e empresas realizar investimentos.
Paulo Rabelo foi recebido na Força Sindical pelo presidente da Central, acompanhado pelo secretário-geral João Carlos Gonçalves, Juruna; pelos vice-presidentes Antonio de Souza Ramalho e Eunice Cabral; pelo 1º secretário Sergio Luiz Leite; pelo secretário de Relações Sindicais Geraldino dos Santos Silva; pelo tesoureiro Ademir Lauriberto Ferreira; por Carlos Cavalcante Lacerda, titular da Secretaria de Relações do Trabalho, do Ministério do Trabalho; pelo presidente do Sindicato dos Plásticos de Jundiaí, João Henrique dos Santos; e pelo assessor e ex- ministro Antonio Rogério Magri. Eles debateram a conjuntura e a necessidade de aumentar empregos e reduzir tributos , entre outros.
O presidente do BNDES explicou sua proposta de realizar o debate. “Muita gente”, disse, “coloca todas as suas esperanças apenas na figura de um sujeito ou uma sujeita que, sendo candidato(a) a presidente, tenha todas as ideias e propostas, e que ninguém precise fazer nada. Estas pessoas pensam que aquele sujeito(a) sozinho(a) vá dar conta de tudo. Não vai dar conta de nada. A solução o País tem de dar para ele mesmo. Agora, não podemos reunir 207 milhões de pessoas numa sala porque não dá. A solução é chamar as lideranças do setor produtivo do País – temos de falar com gente que acorda cedo e trabalha, e não com os privilegiados, que não querem mexer em nada. A turma que está sofrendo ali na produção, empresários que estão realmente produzindo e os trabalhadores que estão ralando, estes têm de reunir. Ou seja: as lideranças. Estabelecer um pacto, depois de uma discussão séria, e apresentar um conjunto de propostas para todos os candidatos. Vamos ver os candidatos que mais se adéquam aquele conjunto de propostas”.
“Vamos fazer o contrário”, enfatizou Paulo Rabelo. “A gente”, detalhou, “apresenta as propostas aos candidatos. É mais inteligente isto. E você não fica perguntando qual é o fulano que vai ganhar, qual o que não vai ganhar, porque essa de ficar perguntando é uma maneira errada de a gente resolver essa gestão de longo prazo, que é nossa prosperidade”.
Segundo Paulo Rabelo, o banco está fazendo esse estudo sobre ideias e investimentos, e até março deverá estar pronto. “Aonde vou entregar esse estudo? Tem de ser para lideranças produtivas, para os trabalhadores, para as várias centrais estudarem e passarem para seus sindicatos e federações, empresários, agricultura, indústria, comércio, serviços, turismo estudarem também. E por que não reunir todos em uma grande conferência para debater? Não é discurso, não. Fazer reuniões, com grupos de trabalho e extrair os consensos entre produtores com grupos de empresários e trabalhadores”.
Juruna lembrou que as centrais debateram ideias e soluções com os empresários, e este debate, em março, poderá ser uma continuidade da reunião anterior.

 

Fonte: AssCom Força Sindical

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A discussão sobre qual índice de correção aplicar aos processos trabalhistas parece estar longe de terminar, ainda que a reforma trabalhista, em vigor desde novembro, tenha estabelecido a Taxa Referencial (TR). Na terça-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) praticamente deu carta branca para a Justiça do Trabalho continuar a utilizar o IPCA-E, o que pode causar um efeito cascata e impacto nas provisões das empresas.
Este ano, a diferença entre os índices diminuiu - a TR acumula 0,59% e o IPCA-E 2,56% até setembro. Porém, já foi de mais dez pontos percentuais, em época de alta inflação. E como se trata de pedidos de verbas trabalhistas não quitadas no passado, esses elevados índices podem ser aplicados.
A decisão do STF foi dada em julgamento de reclamação ajuizada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). A entidade questionava na 2ª Turma decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST), de 2015, que determinou a adoção do IPCA-E, no lugar da TR, para a atualização de débitos trabalhistas.
Mas mesmo antes do julgamento do STF, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Rio Grande do Sul já tinha anunciado a manutenção do percentual mais favorável ao trabalhador. Em sua primeira jornada sobre a reforma trabalhista, aprovou enunciado que afastou a aplicação da TR. Os desembargadores consideraram o parágrafo 7º do artigo 879 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), incluído pela reforma, inconstitucional.
Advogados aguardam a publicação da decisão do Supremo para ter ideia do seu alcance e como poderá ser aplicada pelos demais juízes. Apesar de o julgamento, a princípio, não ter entrado no mérito sobre a constitucionalidade da aplicação da TR como correção das dívidas trabalhistas, a decisão serve de alerta para as empresas.
"O Supremo acenou com a decisão a possibilidade de prevalecer a decisão do TST", segundo o advogado Luiz Marcelo Góis, do Barbosa Müssnich Aragão (BMA Advogados). Ainda que a decisão do tribunal trabalhista seja anterior à nova lei da reforma, o advogado acredita que o fundamento de que a TR não corrige o valor da moeda, não importa onde esteja prevista, deve ser mantido no TST.
Góis afirma temer que comece a ocorrer um efeito cascata com decisões similares pela inconstitucionalidade da TR com base na decisão do TST, que estava suspensa desde outubro de 2015 por liminar do ministro Dias Toffoli, relator da reclamação (RCL 22012) julgada no Supremo. "Há um sinal mais forte do que existia antes sobre a possibilidade de prevalecer o IPCA-E", diz.
A advogada Rosana Muknicka, advogada trabalhista do L.O. Baptista Advogados, afirma que o que estava segurando o TST para aplicar o IPCA-E era essa liminar do Supremo. Porém agora, há um fato novo que é a previsão em lei pela TR. "Agora temos uma lei específica que deve ser aplicada."
Para ela, a Corte poderia até aplicar o IPCA-E de 2015 até novembro deste ano, mas depois teria que decidir pela TR. "Espero que os juízes do trabalho não comecem a aplicar a decisão do Supremo que tratou de precatórios para afastar a nova lei, como já fez o TRT do Rio Grande do Sul", afirma Rosana.
Segundo o advogado da Fenaban no processo, Maurício Pessoa, do Pessoa Advogados, é necessário aguardar o teor para avaliar qual recurso caberia. Para ele, apesar da opinião de alguns ministros durante o julgamento, o Supremo não chegou a enfrentar o mérito da discussão e não daria para falar que a Corte considerou a TR inconstitucional para a correção das ações judiciais trabalhistas.
O que estava em discussão, acrescenta o advogado da Fenaban, era apenas o fato de o TST ter extrapolado sua competência ao aplicar julgamento do Supremo que excluiu a TR como meio de correção dos precatórios no julgamento das ações diretas de inconstitucionalidade (Adins) 4357 e 4425.
O Supremo só deve tratar da correção das dívidas trabalhistas em si caso sejam admitidos recursos da União e do município de Gravataí no processo julgado no TST. "Eu estou convencido de que nada mudou com esse julgamento. Precisamos esperar para ver a publicação do acórdão e como será o comportamento do Judiciário", afirma.
O impacto com a troca de índices de correção pode ser bem significativo, segundo a advogada trabalhista Caroline Marchi, sócia do escritório Machado Meyer Advogados. Isso porque se aplica o índice de correção desde a época em que a verba - como hora extra - era devida.
A advogada tem recomendado que as companhias façam provisões sobre esses valores nas regiões, como Rio Grande do Sul, que tiverem orientações pela aplicação do IPCA-E. Em São Paulo, de acordo com Caroline, poucos magistrados têm aplicado o novo índice.
A discussão ainda pode perdurar por longos anos no Judiciário até que possa existir uma decisão de mérito no Supremo, segundo avalia o advogado Luiz Marcelo Góis. Até lá, os juízes devem aplicar as correções de acordo com seus entendimentos. Para ele, a TR deveria prevalecer porque no processo trabalhista, além da correção, há juros de 1% ao mês ou 12% ao ano.
"É bem verdade que os juros têm um propósito e a correção monetária outro, mas pensar em uma valorização do dinheiro como um todo de 12% somados a 6%, 7%, uma ação trabalhista se torna melhor do que qualquer investimento", afirma Góis.

Fonte: Valor Econômico