IMAGEM: Porto de Paranaguá, no Paraná: Brasil exporta matérias-primas e importa bens industrializados/Secretaria de Infraestrutura e Logística/appa.pr.gov.br

REPORTAGEM: Ricardo Westin
 

Passados 200 anos do 7 de setembro em que o príncipe Dom Pedro deu o grito às margens do Riacho do Ipiranga, em São Paulo, e declarou o território brasileiro independente de Portugal, pode-se afirmar que hoje o Brasil é um país plenamente soberano?

A autonomia política é, obviamente, completa. Em termos econômicos, contudo, o Brasil não pode ser tido como soberano no plano mundial, de acordo com especialistas ouvidos pela Agência Senado.

O problema, eles dizem, é que o país continua se posicionando no comércio global como exportador de matérias-primas agropecuárias e minerais e importador de produtos industrializados.

Isso cria diversos problemas. Um deles, de acordo com o diplomata Rubens Ricupero, que foi ministro da Fazenda e secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), é tornar o barco econômico e político do Brasil refém dos ventos sempre cambiantes do mercado internacional.

— Já está provado que os ciclos da economia e da política do nosso país refletem muito os ciclos mundiais das commodities [produtos primários]. Quando a demanda e o preço estão em alta no exterior, a economia e a política brasileira vivem grandes momentos. Quando estão em baixa, vivem crises. Os países industrializados estão mais protegidos dessas flutuações porque os produtos industriais são menos dependentes dos humores do mercado mundial do que as commodities — ele explica.

Segundo Ricupero, as matérias-primas agropecuárias e minerais têm passado por bons momentos e o Brasil vem exportando bastante, mas essa bonança pode desaparecer a qualquer momento, o que deflagraria um novo momento de crise.

O país vem progressivamente se desindustrializando desde a década de 1980. A indústria respondia por 48% do produto interno bruto (PIB) em 1985. Hoje corresponde a aproximadamente 20%.

Em 2020, logo nos primeiros momentos da pandemia de covid-19, o Brasil sentiu na pele a falta que faz um parque industrial pujante. Os brasileiros precisaram recorrer a máscaras de pano porque a indústria nacional não produzia as máscaras cirúrgicas descartáveis que foram recomendadas pelos médicos.

Os hospitais não tinham respiradores em número suficiente para atender aos pacientes internados. Os Estados Unidos conseguiram desviar para o seu território um lote de respiradores chineses que haviam sido encomendados por governos estaduais do Brasil. Os governadores nada puderam fazer.

A própria vacinação contra a covid-19 começou nos países do hemisfério norte, justamente a região do globo que, dispondo de indústrias farmacêuticas mais avançadas, conseguiu desenvolver o imunizante primeiro.

Mais recentemente, a Guerra da Ucrânia acendeu outro sinal de alerta. As lavouras brasileiras dependem de fertilizantes fabricados no exterior, em especial da Rússia e de Belarus. Com o início do conflito, em fevereiro, o Brasil não pôde mais importar fertilizantes dos dois fornecedores, deixando os agricultores nacionais em apuros.

O cientista político José Alexandre Altahyde Hage, professor de relações internacionais na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que o poder público deveria transformar a industrialização em projeto nacional:

— O neoliberalismo é uma doutrina que surgiu lá fora e não serve para a nossa realidade. Não adianta fazer cursos de economia em Harvard ou Chicago e querer que as coisas funcionem aqui como funcionam lá. No Brasil, o Estado não pode lavar as mãos e deixar o mercado seguir o caminho que bem desejar, atropelando os interesses da sociedade. O Estado precisa assumir, sim, as rédeas do desenvolvimento.

Hage lembra que foi justamente isso que Getúlio Vargas fez no início dos anos 1940, quando aproveitou a 2ª Guerra Mundial para arrancar dos americanos a tecnologia e o dinheiro necessários para erguer a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Até então, a indústria brasileira se limitava à produção de artigos de consumo, como alimentos e roupas, setores incapazes de alavancar a economia como um todo.

E também foi assumindo as rédeas do desenvolvimento que Vargas criou no começo dos anos 1950 o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com a missão de fomentar o parque industrial do país.

Juscelino Kubitschek manteve essa linha, e a ditadura militar também. A indústria cresceu de forma ininterrupta até os anos 1980, quando teve início a decadência.

— O Brasil é, claro, independente. Mas, numa escala de zero a dez, qual é o nível dessa independência? Cinco? Seis? Sete? — questiona Hage. — Não sabemos ao certo. O fato é que o país precisa sempre moderar a sua vontade para não perturbar a relação de dependência com os outros e não criar problemas. O nível de independência só vai aumentar quando o Brasil finalmente voltar a encarar a industrialização como um pilar estratégico da sua soberania.

O Brasil se declarou independente em 1822. O acordo de reconhecimento da Independência só foi assinado por Portugal três anos mais tarde, intermediado pela Grã-Bretanha. Pelo acordo, os brasileiros ficaram obrigados a pagar uma indenização milionária aos portugueses.

Portugal tinha dívidas altíssimas com bancos britânicos. O risco de calote era real, já que os portugueses haviam ficado mais pobres por terem perdido na América do Sul as terras mais produtivas de seu reino. O que a Grã-Bretanha fez foi aproveitar a hegemonia no cenário internacional para salvaguardar seus interesses em duas frentes. 

Em uma frente, os britânicos garantiram que Portugal contasse com o dinheiro necessário para honrar as dívidas com os bancos de Londres. Na outra, agiram para que o Brasil tomasse emprestadas dos mesmos bancos as libras esterlinas necessárias ao pagamento da indenização.

O historiador João Paulo Pimenta, professor da Universidade de São Paulo (USP) e autor do livro Independência do Brasil (Editora Contexto), explica:

— As relações internacionais têm assimetrias e hierarquias. O Brasil independente não entrou nesse sistema como protagonista. Entrou, como era natural, numa posição secundária, subordinado à Grã-Bretanha, que era a grande potência política e econômica da época. 

Uma vez independente, o Brasil logo se encaixou no nascente capitalismo mundial como fornecedor de café para a Europa e os Estados Unidos e assim permaneceu até meados do século 20.

No clássico livro Dependência e Desenvolvimento na América Latina (Zahar Editores), de 1970, o sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso atribui o prolongado predomínio dos produtos primários de exportação, entre outros motivos, à sabotagem dos latifundiários latino-americanos contra a indústria, temerosos de que ela lhes diminuísse o poder político, econômico e social.

Embora os contextos históricos sejam diferentes, existem semelhanças entre ontem e hoje. Tal qual há 200 anos, o Brasil atual baseia sua economia em matérias-primas e chega fraco às mesas de negociação, dificilmente conseguindo acordos vantajosos para os interesses nacionais.

O economista Paulo Kliass, gestor federal especialista em políticas públicas, compara a situação brasileira com a de países fortes no comércio global:

— Os Estados Unidos se dizem os guardiões mundiais do liberalismo econômico, mas se tornam extremamente protecionistas sempre que é necessário. O Brasil nunca vai conseguir vender milho ou suco de laranja para os americanos porque eles protegem seus produtores. A mesma coisa vale para a Europa, que também adota medidas bastante duras de proteção da agricultura local. O Brasil perde muito por não ter força de negociação e não conseguir entrar nesses mercados.

Vários outros exemplos podem ser citados. Em 2006, a Embraer sofreu um de seus maiores reveses. O governo dos Estados Unidos proibiu a empresa brasileira de entregar aviões militares à Venezuela porque os caças encomendados tinham peças americanas. Sem força para prevalecer, o governo do Brasil teve que convencer a Embraer a desistir do negócio.

A China só importa do Brasil a soja em grão. O país asiático não aceita a soja transformada em óleo. Isso é prejudicial aos interesses econômicos brasileiros porque a soja processada tem muito mais valor agregado do que a soja in natura, isto é, custa mais no mercado e gera mais lucro para os empresários, mais trabalho e renda para a população e mais impostos para o Estado.

— O problema do Brasil é que as elites acabam incorporando com muita força aquele espírito de vira-lata. Para lucrar alguma coisa, entregam de bom grado o nosso mercado às nações desenvolvidas e atendem aos interesses delas em detrimento dos nossos interesses coletivos — avalia Kliass.

O economista lembra que países asiáticos como o Japão, a Coreia do Sul e a China só se transformaram em potências depois que investiram maciçamente na industrialização e na inovação tecnológica.

— Falta ao governo a vontade de discutir, elaborar e executar um projeto de longo prazo, um projeto de Brasil soberano. Os interesses são apenas imediatistas, eleitoreiros, mesquinhos. Estamos ficando cada vez mais para trás — afirma.

O senador Paulo Paim (PT-RS) concorda. Para descrever a atual posição do Brasil no tabuleiro do comércio internacional, ele recorre a outro episódio histórico tão importante quanto a Independência:

— Em 1888, aprovamos a abolição da escravidão. Mas foi uma abolição não conclusa, porque não demos trabalho, terra, moradia ou educação aos ex-escravizados e vemos hoje os efeitos disso. Em 1822, fizemos uma Independência não conclusa. Por falta de vontade política, continuamos submissos aos desejos de outros países e da ordem econômica internacional. Falta muita coisa para sermos uma nação grande, soberana e respeitada pelo mundo.

FONTE: AGÊNCIA SENADO

Plataforma de petróleo

IMAGEM: ALEXANDRE BRUM/PETROBRAS

Objetivo é beneficiar pequenos produtores, mas grandes petroleiras temem impactos

A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) quer antecipar a revisão no preço de referência para o cálculo dos royalties do petróleo no país para beneficiar pequenas e médias empresas que operam no setor.

As grandes petroleiras, porém, veem riscos de que o processo possa levar à revisão dos preços também dos grandes campos de petróleo do pré-sal, transferindo parte da margem de lucro do setor para os cofres de estados e municípios.

A proposta de revisão foi aprovada em decreto editado nesta quarta-feira (17) pelo governo federal, que justifica mudanças no cenário global de petróleo após a pandemia e a Guerra na Ucrânia. Cita ainda recente aperto nas especificações do combustível marítimo, que valorizaram o petróleo do pré-sal.

Os royalties são uma compensação financeira pela extração de recursos naturais, paga à União e aos municípios e Estados produtores. As petroleiras pagam ainda uma espécie de Imposto de Renda sobre campos de grande produtividade, chamada de participação especial. 

Em 2020, as duas compensações renderam R$ 74 bilhões, divididos entre União, estados e municípios. Localizados em frente aos maiores campos do pré-sal, as cidades fluminenses de Niterói e Maricá são os maiores arrecadadores entre os municípios.

O cálculo dessa compensação considera o volume extraído e o preço do petróleo de cada campo —que varia de acordo com sua qualidade, ou seja, os tipos de combustível que ele produz, em comparação com o petróleo Brent, referência global.

Petróleos mais pesados, como os dos campos acima da camada de sal, produzem menos gasolina e diesel e tendem a ter um desconto maior com relação ao Brent. Já o óleo do pré-sal é mais leve e produz derivados mais valorizados.

Tem também baixo teor de enxofre, o que o torna adequado para produzir combustível de navegação dentro das novas especificações contra a poluição da IMO (sigla em inglês para Organização Marítima Internacional).

Executivos do setor dizem que o objetivo principal do decreto é corrigir distorções no cálculo dos royalties para pequenos campos produtores. Sem infraestrutura de escoamento, esses campos são obrigados a vender o petróleo para a Petrobras, que impõe descontos sobre o valor de mercado.

Assim, essas empresas estariam pagando alíquotas de royalties sobre preços de referência mais altos do que o valor efetivo de venda da produção. A revisão valeria inicialmente para pequenas e médias empresas.

O setor pede ainda revisão na definição de pequenas e médias petroleiras, hoje limitada a empresas que produzem até 10 mil barris por dia. A ANP já discute a redefinição do teto e a Abpip (Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás) pede maior agilidade no processo.

Há dúvidas ainda se o petróleo do pré-sal, que já chegou a ser negociado em valores superiores à cotação do Brent no fim de 2019, antes da implementação das novas restrições, passará também por reavaliação, já que o decreto não restringe o escopo de atuação da ANP.

A última reavaliação dos preços de referência, em 2017, resultou em despesas maiores para produtores do pré-sal, beneficiando estados e municípios em frente a esses campos.

O conturbado processo, que teve ações judiciais das petroleiras e do próprio governo federal recorrendo à Justiça, acabou sendo concluído por força de liminar judicial pedida pelo governo do Rio de Janeiro, principal beneficiado.

A regra anterior previa revisão da fórmula de cálculo dos preços de referência a cada oito anos, no mínimo. Assim, a próxima reavaliação deveria ocorrer em 2026, mas o decreto desta quarta-feira permite a antecipação do prazo.

FONTE: FOLHA DE S.PAULO 

 
 

Carteira assinada: há chances de emprego para todos os níveis de escolaridade

IMAGEM: ROBERTO MOREYRA/AGÊNCIA O GLOBO

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou a empresários que Geraldo Alckmin, seu vice na chapa à Presidência da República, pode liderar as discussões sobre mudanças na legislação trabalhista. Aliados do ex-presidente afirmam que a proposta tem aparecido com frequência nas conversas reservadas com o empresariado.

Se eleito, o ex-presidente quer fazer uma discussão ampla sobre as mudanças antes de propor alterações nas regras trabalhistas, num modelo testado nos seus dois mandatos na Presidência.

Diante da receptividade do empresariado à ideia, o que era uma sugestão ganhou contornos concretos, e Alckmin passou a ser um porta-voz do posicionamento de Lula a respeito da legislação trabalhista em eventos dos quais participa sozinho com empresários.

Em encontro fechado com cerca de 20 integrantes de grupo de líderes empresariais, Alckmin disse que as propostas de mudanças em um eventual governo Lula não iriam rever o princípio do “acordado sobre o legislado”, base da reforma trabalhista aprovada no governo Temer. Ele garantiu também que não haverá a volta do imposto sindical.

O próprio Lula já se posicionou contra o imposto sindical. “A gente não precisa de imposto sindical. O que a gente quer é que seja determinado, por lei, que os trabalhadores e a assembleia livre e soberana decidam qual é a contribuição dos filiados”, disse ele em abril. Mas as centrais sindicais cobram que haja alguma contribuição e cláusulas que estimulem a sindicalização e negociação coletiva.

O programa do PT fala em uma nova legislação, com atenção a autônomos, trabalhadores domésticos, teletrabalho e trabalhadores por app. Também defende respeitar “decisões de financiamento solidário e democrático da estrutura sindical”.

Apesar de o PT ter feito adaptações no discurso em relação à proposta de um “revogaço” na reforma trabalhista de Temer, o assunto continua um dos mais sensíveis para os empresários.

Como mostrou o Estadão, Alckmin recebeu a missão de ampliar a interlocução com representantes do agronegócio, da saúde, do mercado financeiro e da cultura, e passou a despachar do QG da campanha petista, com sala próxima à de Lula.

“Ultimamente, o Lula está falando em restituir os direitos que foram retirados com a reforma trabalhista. Mas não tem procedência nenhuma falar em restituir os direitos”, diz José Pastore, professor de Relações do Trabalho da FEA-USP. Ele pondera que o empresário também tem de entender que o negociado não é eterno.

 

FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO

FOTO Divulgao TJRN

IMAGEM: JUSBRASIL


Jurisprudência da Corte já pacificou o entendimento de que a ausência injustificada da parte reclamada, mesmo que representada por advogado com procuração, resulta na aplicação da confissão.

Por unanimidade, a 2ª turma do TST declarou a revelia da Construtora Norberto Odebrecht S.A., com sede em Fortaleza/CE, em processo movido por quatro técnicos especializados contratados para trabalhar em Luanda, capital de Angola. Segundo o colegiado, embora devidamente notificada da audiência, a empresa não compareceu, o que torna verdadeiros os fatos alegados pelos empregados na petição inicial.

Conforme a reclamação trabalhista, os funcionários, residentes em Fortaleza, foram inicialmente contratados para trabalhar em Luanda, mas depois transferidos para diversas províncias. Segundo eles, o contrato previa, no caso de transferência, o pagamento de parcela denominada IM-2 - Incentivo de Mobilidade, que variava de 20% a 50% do salário base, conforme a província onde eram lotados. Contudo, eles alegaram que a verba não foi paga.

Nova audiência

Designada audiência inaugural, empregados e empresa compareceram, juntamente com seus advogados, mas, por questões processuais, a petição inicial teve de ser aditada, e o juízo da 1ª vara do Trabalho de Fortaleza/CE designou nova audiência de conciliação. Todavia, na data marcada, a empresa não compareceu, enviando apenas sua advogada, e foi declarada a revelia.

Segundo a Odebrecht, em recurso ao TRT da 7ª região, a empresa não fora notificada do aditamento e do conteúdo da petição, o que acarretaria a nulidade da condenação. O argumento convenceu o tribunal regional, que a afastou a revelia e determinou anulou os atos processuais para que a Odebrecht fosse notificada da petição de emenda. 

Ciência

No recurso de revista, os técnicos sustentaram que, ainda que se admitisse que a construtora não tivesse recebido a notificação com a retificação do valor da causa, estava ciente do dia e do horário da nova audiência, quando poderia ter pedido prazo para apresentação de sua defesa.

Notificação regular

O relator, ministro José Roberto Pimenta, observou que, de acordo com a notificação constante dos autos, a empresa fora informada da designação da nova audiência e advertida de que o não comparecimento acarretaria a aplicação das penas de revelia e confissão quanto aos fatos alegados pela pelos empregados. "A presença das partes à audiência é imperativo legal", afirmou.

Para o ministro, o fato de a empresa não ter sido notificada sobre o aditamento referente ao valor da causa é irrelevante para o julgamento, pois não houve nenhum prejuízo concreto. O relator assinalou, ainda, que o TST já pacificou o entendimento (súmula 122) de que a ausência injustificada da parte reclamada, mesmo que representada por advogado com procuração, resulta na aplicação da confissão quanto à matéria de fato.

https://www.migalhas.com.br/quentes/371861/tst-ausencia-da-empresa-em-audiencia-pressupoe-confissao-dos-fatos

FONTE: MIGALHAS

Crime de desacato pode violar direitos, diz CIDH

IMAGEM: Juízes da Corte Interamericana de Direitos Humanos / Crédito: Divulgação Corte IDH

 

Os sete juízes participarão de audiências públicas, julgamento e seminário. Estado brasileiro já sofreu condenações

Criada em 1979 e com sede na Costa Rica, a Corte Interamericana de Direitos Humanos passará a próxima semana, de segunda (22) a sexta (27), no Brasil. Assim, sua 150ª sessão ordinária será realizada em Brasília. É a terceira vez que a Corte, vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA), visita o país.

Neste cinco dias, serão realizadas quatro audiências públicas envolvendo casos em julgamento (vindos de Equador, Peru, Argentina e México). Os juízes ainda vão deliberar sobre um caso que se refere à possível responsabilidade de Honduras na alegada execução de Herminio Deras Garcias, dirigente do Partido Comunista daquele país e assessor de vários sindicatos, além de supostas ameaças, detenções ilegais e tortura contra seus familiares.

O Estado brasileiro é um frequentador da Corte. Atualmente, tem oito casos tramitando, além de 16 com sentenças definidas. (Confira abaixo alguns dos processos mais conhecidos.)

Situação no continente

A permanência em Brasília inclui ainda um seminário, nesta segunda (22), Controle da convencionalidade e grupos em situação de vulnerabilidade, na sede do Superior Tribunal de Justiça. “A presença da Corte Interamericana no Brasil será um estímulo para que a sociedade reflita sobre a situação atual dos direitos humanos em todo o continente americano”, afirma o presidente do STJ, ministro Humberto Martins.

O atual governo brasileiro não costuma ser identificado com a defesa do tema. Mas, segundo o ministro das Relações Exteriores, embaixador Carlos Alberto Franco França, o convite do governo à Corte “reflete o compromisso do país com os direitos humanos e com o sistema interamericano de direitos humanos”.

Composição inclui brasileiro

A Corte é composta por sete juízes, incluindo o brasileiro Rodrigo Mudrovitsch, que chegou neste ano. Além dele, estarão presentes Ricardo Pérez Manrique (presidente, Uruguai), Humberto Antonio Sierra Porto (vice, Colômbia), Eduardo Ferrer Mac Gregor Poisot (México), Nancy Hernández López (Costa Rica), Verónica Gómez (Argentina) e Patricia Pérez Goldberg (Chile).

Sentenças da Corte Interamericana envolvendo o Brasil

  • Caso dos empregados da fábrica de fogos de Santo Antônio de Jesus (BA) e seus familiares. Sessenta pessoas morreram após explosão, em 1998. O Estado sofreu condenação em 2020
  • Caso Vladimir Herzog: condenação em 2018, por não investigar ou punir responsáveis pela morte do jornalista, assassinado sob tortura em 1975
  • Caso povo indígena Xucuru: também em 2018, o Estado foi considerado responsável por violações do direito à garantia judicial, dos direitos de proteção judicial e à propriedade coletiva
  • Caso Favela Nova Brasília: condenação em 2017, por chacinas ocorridas nos anos 1990 durante operações policiais no Rio de Janeiro
  • Caso trabalhadores da fazenda Brasil Verde: pela prática de trabalho escravo no Pará. Julgamento em 2016
  • Caso Gomes Lund e outros: o Estado brasileiro foi condenado em 2010 por não localizar desaparecidos da Guerrilha do Araguaia e não punir responsáveis pelas mortes de militantes durante a ditadura

FONTE: REDE BRASIL ATUAL

A América do Sul está se tornando rapidamente um líder global em petróleo offshore e Petrobras assume papel fundamental nesse panorama

IMAGEM: Trabalhador da Petrobras em Plataforma de petróleo offshore/ Divulgação

 

Um documento interno da Comissão alerta que a UE está perdendo terreno perigosamente em alguns países cruciais para preservar a ordem multilateral e o fornecimento de matérias-primas

Alarme na União Européia com o avanço da Rússia e, sobretudo, da China, nos países da América Latina, região tradicionalmente ligada em termos políticos e econômicos ao Ocidente. Com vista a 2023, Bruxelas prepara uma contra-ofensiva diplomática e comercial para tentar retomar posições na área, segundo um documento enviado aos chanceleres da UE, a que o EL PAÍS teve acesso. O texto alerta para o sentimento de retirada europeia em muitos dos 33 países da região, espaço que está sendo ocupado pelos interesses econômicos de Pequim e pela influência política de Moscou.

A União Europeia negligenciou suas relações com a América Latina por quase uma década: uma cúpula entre as duas regiões não é realizada desde 2015. O clube comunitário concentrou-se dessa vez nos problemas de sua vizinhança imediata, como Líbia, Síria ou agora Ucrânia. A China, por outro lado, multiplicou por 26 seus investimentos na região entre 2000 e 2020 "e é o primeiro ou segundo parceiro comercial mais importante dos países da América Latina e do Caribe, deslocando a UE e superando os Estados Unidos em muitos países" , alerta o documento elaborado pelo Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE), chefiado pelo vice-presidente da Comissão Josep Borrell. O relatório destaca que 21 dos 33 países da área aderiram à chamada Nova Rota da Seda, o plano de Pequim para expandir suas relações comerciais em todo o planeta.

Bruxelas vai tentar travar a crescente distância com a América Latina com um "salto qualitativo", segundo o documento, na intensidade das relações e contactos, que deverá culminar com uma cimeira ao mais alto nível durante a presidência espanhola da UE (segundo semestre de 2023). ). O caminho para este grande evento já começou a se abrir, com a convocação de uma cúpula ministerial em Buenos Aires em outubro próximo.

"A credibilidade da UE e seu poder e capacidade de alavancagem no cenário internacional está em jogo", alerta o documento elaborado pelo departamento de Borrell. O também alto representante da Política Externa da UE estabeleceu como objetivo desde o início de seu mandato, no final de 2019, recuperar presença e influência na América Latina. Mas a pandemia impediu laços mais estreitos. E a invasão russa da Ucrânia revelou que não só a Europa perdeu muito terreno para a China, mas que muitos países latino-americanos não compartilham a resposta europeia à guerra lançada pelo presidente russo Vladimir Putin.

"A chave será ter uma agenda de medidas que ajudem os países latino-americanos a superar as consequências macroeconômicas do conflito na Ucrânia", recomenda Javi López, eurodeputado e presidente da delegação europeia na Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana. López destaca que a região está enfrentando uma tempestade econômica perfeita, "com altas de juros e espaço fiscal esgotado".

“Risco de protestos e desestabilização política”

O relatório da comunidade alerta que na América Latina “o risco de protesto social e desestabilização política, que já existia antes da covid, é real e se agravou com o deslocamento [da população] e a crise migratória”. A região também entrou em um novo ciclo político com a chegada ao poder do que Bruxelas descreve como " candidatos anti-establishment ", com Pedro Castillo no Peru, Gabriel Boric no Chile, Xiomara Castro em Honduras, Rodrigo Chaves na Costa Rica ou Gustavo Petro Na colômbia. A possível vitória no Brasil do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode culminar em uma "transição notável", como define o referido documento, com presidências que rodam da direita para a esquerda.

O denominador comum dos novos governos na política internacional “é que são menos atlantistas e mais abertos a alianças alternativas às tradicionais”, que passaram pela UE ou pelos EUA, explica uma fonte comunitária. Bruxelas já percebe a concorrência de Pequim e Moscou na busca de apoio da região em fóruns multilaterais. "A UE precisa aumentar sistematicamente seu envolvimento multilateral com os países da América Latina e do Caribe, tendo em vista o aumento da concorrência da China, Rússia e outros por votos em fóruns multilaterais", pede o relatório do SEAE.

A região se alinhou amplamente com o Ocidente nas votações das resoluções da ONU condenando a invasão da Rússia. Mas a opinião pública e os arcos parlamentares dos diferentes países refletem um apoio muito mais frágil às teses de Washington e Bruxelas. Na última cúpula dos parlamentos euro-latino-americanos, realizada na primavera em Buenos Aires, a delegação europeia não conseguiu aprovar uma condenação de Moscou, nem mesmo quando foi levantada nos mesmos termos que os aprovados pelas Nações Unidas.

O governo do presidente Volodímir Zelenski está ciente da potencial lacuna que o apoio internacional à Ucrânia pode sofrer na América Latina. Kyiv intensificou seus contatos na área para evitar um alinhamento da região com Putin. Zelenski recebeu pessoalmente o presidente guatemalteco e manteve contatos com o novo governo de Boric, com quem chegou a discutir a possibilidade de especialistas chilenos em desminagem ajudarem em território ucraniano. O presidente ucraniano se dirigiu aos governantes e cidadãos da América Latina nesta quarta-feira por meio de uma videoconferência transmitida na Universidade Católica do Chile. "A Rússia tenta impedir o contato da Ucrânia com os países latino-americanos", disse o funcionário, que também pediu "divulgar a verdade" na região sobre a invasão russa. No entanto, os contatos têm sido bastante frios —“corretos”, na avaliação de fontes diplomáticas— com dois gigantes como Brasil e Argentina, onde a simpatia do governo por Putin deixa poucas dúvidas.

Um grande número de países latino-americanos também se sente decepcionado com a UE, que se mostra incapaz de finalizar os acordos de livre comércio negociados ou renegociados há anos. O pacto com o Mercosul —o quinto maior espaço econômico fora da UE, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai— e a atualização dos acordos com México e Chile continuam atolados pelo processo de ratificação e pelas objeções da comunidade parceiros como a França.

O eurodeputado Javi López, que se deslocou várias vezes à região nos últimos meses, acredita que o distanciamento entre os dois partidos é evidente. “Um dos maiores riscos é deixar de lado a relação com a América Latina”, considera. E alerta, em particular, para o perigo "da miragem que faz acreditar que a Espanha tem um vínculo garantido por razões históricas ou porque compartilham uma língua". Ele garante que “já está ocorrendo a dissociação da América Latina com a Europa e a Espanha”. A UE já foi ultrapassada como parceiro comercial pela China na Argentina, México, Chile e Venezuela.

López acredita que, apesar de tudo, neste momento estão convergindo as circunstâncias que viabilizam o relacionamento da Europa com os países latino-americanos. “Primeiro, a guerra, porque a UE precisa encontrar aliados; segundo, a necessidade europeia de buscar fornecedores de hidrocarbonetos e matérias-primas, abundantes do outro lado do Atlântico; e terceiro, a presidência espanhola da UE, que dá um horizonte de 18 meses para programar uma agenda ambiciosa”.

A Comissão Europeia tem um orçamento de 3.400 milhões de euros para cooperar com a região durante o período 2021-2027. O departamento de Borrell, de acordo com o relatório confidencial, acredita que esses fundos devem ser explorados "estrategicamente e com o máximo impacto". Bruxelas está também a estudar a preparação de um pacote de investimentos que será anunciado na cimeira sob a presidência espanhola e que, com base em capitais e créditos públicos e privados, poderá mobilizar 8.000 milhões de euros, segundo cálculos da Comissão. E isso não é mero altruísmo. O documento comunitário destaca que três países da região - Bolívia, Argentina e Chile - possuem 60% das reservas de lítio localizadas no planeta, e Venezuela, Argentina e Brasil possuem importantes reservas de petróleo e gás.

FONTE: EL PAÍS

 

crew abandonment and compensation

IMAGEM: ITF

O número de casos de abandono de tripulação continua aumentando, possivelmente devido às pressões sobre a indústria durante a pandemia. Embora os estados portuários, como a Austrália, tenham sido agressivos quando os casos são relatados a eles, a Federação Internacional de Trabalhadores em Transportes e a organização de caridade Stella Maris também estão relatando com o aumento do apoio de organizações e governos que estão progredindo na obtenção de compensações para tripulantes em todo o mundo.  

A ITF relatou 85 casos de abandono à Organização Internacional do Trabalho (OIT) no ano passado, um recorde histórico segundo o sindicato. Em muitos desses casos, eles relatam que a tripulação abandonada já estava esperando várias semanas ou meses por salários não pagos. 

“Não é incomum que a tripulação seja paga a uma taxa errada por um armador, ou menos do que a taxa estabelecida no contrato de trabalho que cobre o navio”, disse Steve Trowsdale, Coordenador de Inspeção da ITF. “Os marítimos podem pensar que é normal não serem pagos por alguns meses, esperando que um armador resolva o financiamento, mas precisam estar cientes de que o não pagamento também pode ser um sinal de que um armador está prestes a soltá-los e deixar os abandonaram.”

Muitas vezes, os casos terminam quando estados portuários e governos intervêm para devolver seus cidadãos depois de serem abandonados em todo o mundo. A Stella Maris, a maior rede de visitantes de navios do mundo, e a instituição de caridade marítima oficial da Igreja Católica, no entanto, também está relatando um caso em que conseguiu criar confiança com a tripulação e ajudá-los a obter mais indenização nos tribunais. 

Um grupo de 32 tripulantes tailandeses que trabalhavam em um navio de pesca recorreu às mídias sociais em junho de 2019 depois de serem abandonados pelo navio comercial Wadani 1 sem pagamento na Somália. Alguns membros da tripulação estavam a bordo há um ano trabalhando primeiro no Irã e depois na Somália sem serem devidamente pagos. Presos na Somália, seus suprimentos de comida estavam perigosamente baixos. 

Stella Maris Tailândia Seafarers Center Diretor e capelão do porto Apinya Tajit trabalhou com o Ministério das Relações Exteriores da Tailândia e a Embaixada da Tailândia que cuida da Somália. A embaixada negociou com as autoridades da Somália e os proprietários do navio para enviar os homens para casa. Eles foram devolvidos à Tailândia no final de agosto de 2019, onde normalmente essas histórias terminam. 

Em vez disso, trabalhando com advogados locais, Stella Maris conseguiu criar confiança com a tripulação e ajudou os homens a iniciar processos legais por tráfico de pessoas e recuperar os salários não pagos da tripulação. No mês passado, o Tribunal Central do Trabalho da Tailândia decidiu a favor dos 32 tripulantes, concedendo-lhes aproximadamente US $ 255.000 em compensação para cobrir os salários não pagos e o pagamento de férias. 

A ITF informa que seus 125 inspetores e coordenadores completaram 7.265 inspeções em 2021 para apoiar milhares de marítimos com reivindicações salariais e casos de repatriação. Eles são treinados para procurar exploração, excesso de trabalho e sinais de trabalho forçado. Em muitos navios, os inspetores têm o direito de examinar contas de salários e contratos de trabalho e revisar as horas registradas de trabalho e descanso.

“De forma preocupante, estamos vendo um aumento no número de marítimos que relatam falta de pagamento de salários por períodos de dois meses ou mais, o que atende à definição de abandono da OIT”, relata Trowsdale. Ele disse que a ITF, no entanto, conseguiu recuperar quase US$ 37,6 milhões em salários não pagos e direitos dos armadores em 2021. 

Como exemplo de seu trabalho, o sindicato destacou que seu inspetor baseado em Hong Kong, Jason Lam, ajudou oito marítimos birmaneses que tripulavam o MV Lidia a recuperar quase US $ 30.000 em salários não pagos depois que encalharam em outubro de 2021. Eles ficaram quase naufragou após um tufão, diz a ITF, com o armador se recusando a pagar os dois meses de salário devidos à tripulação e sem assistência para voltar para casa. 

“Estou extremamente orgulhoso do trabalho que nossos inspetores fizeram para apoiar os marítimos no ano passado, muitas vezes trabalhando em circunstâncias incrivelmente difíceis”, disse Trowsdale. “À medida que a crise de mudança de tripulação piorou no início de 2021, uma enxurrada de solicitações encheu as caixas de entrada da ITF de tripulantes desesperados para assinar e voltar para casa.” 

A ITF informa que a quebra de contrato foi a falha número um dos armadores identificados por seus inspetores em 2021. Das 7.265 inspeções realizadas, um quarto foi resultado de solicitações de tripulantes ou marítimos individuais e 1.795 casos foram classificados como violação de contrato. A ITF usa este termo para incluir extensões ilegítimas de períodos de trabalho, condições de trabalho inaceitáveis ​​ou inseguras e falha em cumprir as taxas de pagamento acordadas.

FONTE: SHIPPING NEWS

 

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IMAGEM: Sintratel

Ato marcado para sábado (20) no centro da capital paulista está sendo considerado dentro do comitê petista como o principal deste início de campanha

As principais centrais sindicais do país e o Movimento Nacional dos Trabalhadores Sem Terra lideram as convocações para um ato com Luiz Inácio Lula da Silva no vale do Anhangabaú, centro de São Paulo, previsto para este sábado (20). Parlamentares também têm ajudado na mobilização em razão de sua penetração em bairros na capital paulista e aderência no interior, bem como o movimento estudantil.

Os organizadores estão preocupados com a frente fria que chega a São Paulo a partir desta quinta-feira (17) trazendo chuva e frio no final de semana. Alguns petistas chegaram a sugerir alterar a data para atrair mais público, mas resolveram manter.

O ato está sendo considerado dentro do comitê petista como o principal deste início de campanha por diversos motivos. Por ser em São Paulo, maior colégio eleitoral do país e berço do petismo. Pelo local, simbólico, no vale do Anhangabaú, tradicional ponto de grandes manifestações da capital paulista. Pela necessidade que a campanha vê de intensificar a campanha de rua de Lula para mobilizar a militância e fazer frente às frequentes agendas de rua do principal adversário, Jair Bolsonaro.

E também para tentar conter o avanço bolsonarista em São Paulo, apontada em pesquisas recentes, em especial a Quaest de sexta-feira passada, que apontou empate técnico entre ambos: Lula com 37% e Bolsonaro com 35%.

Há uma leitura geral na campanha de que essa disputa de 2022, em razão da forte polarização, vai ter peso grande das mobilizações de massa. Logo, a ideia é fazer grandes atos com Lula e manter conjunto de atividades de rua durante toda a campanha. A expectativa é de que haja mais de 40 mil pessoas, mas sob reserva há um trabalho em curso para que o público possa ser o dobro.

“A ideia é ter um lançamento oficial de Lula e de Fernando Haddad em São Paulo. Estamos convidando artistas, haverá três palcos. A capacidade técnica, de segurança do Vale é de 40 mil pessoas. Essa é a expectativa”, afirmou à CNN o secretário-geral do PT-SP, Chico Macena, um dos organizadores do ato.

À frente da mobilização estão as cinco centrais sindicais que apoiam Lula — Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT) e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

“A ideia é trazer todo pessoal do estado e da Grande São Paulo para o ato. Todos os sindicalistas, Força, CUT, centrais estão todos mobilizados para fazer um grande evento de abertura oficial da campanha em São Paulo. Estamos todos trabalhando para ser grande. Mostrar unidade em São Paulo é difícil. São Paulo não é um estado fácil para o PT. Normalmente é um estado difícil. Então vamos fazer um evento forte. É uma maneira de consolidar o voto”, disse à CNN o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

Debate

As emissoras CNN e SBT, o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e a rádio NovaBrasilFM formaram um pool para realizar o debate entre os candidatos à Presidência da República, que acontecerá no dia 24 de setembro.

O debate será transmitido ao vivo pela CNN na TV e por nossas plataformas digitais.

FONTE: CNN

 

Carteira de trabalho

IMAGEM: EVANDRO LEAL/AGÊNCIA ENQUADRAR/FOLHAPRESS

 

Lula defende mudança na lei trabalhista, enquanto Bolsonaro pretende aprofundá-la. Ciro propõe mais investimento público para gerar empregos e Tebet sugere seguro de renda para informais.

Criar novos empregos está entre os principais desafios do próximo presidente da República, a ser escolhido nas eleições de outubro. Dados divulgados em julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que há 10,1 milhões de pessoas desempregadas em todo o Brasil.

O desemprego está no menor patamar desde 2015, com 9,3% da população, enquanto a taxa de informalidade, aqueles trabalhadores sem acesso a todos os direitos trabalhistas, atingiu 40% da população ocupada.

Empregados sem carteira assinada no setor privado é o maior da série histórica, com 13 milhões. Há ainda 25,7 milhões de trabalhadores por conta própria e o rendimento real caiu 5,1% na comparação com um ano antes.

Confira abaixo as propostas para a geração de empregos dos quatro mais bem colocados nas pesquisas de intenção de votos, por ordem alfabética:

Ciro Gomes (PDT)

Candidato do PDT, Ciro Gomes propõe criar cinco milhões de empregos nos dois primeiros anos de governo. Para isso, usaria o que chama de Projeto Nacional de Desenvolvimento, o PND, para ampliar investimentos públicos, como em obras. Sobre emprego, o foco é reduzir a informalidade e aumentar tanto quantidade quanto a qualidade dos empregos dos brasileiros.

O programa também prevê a regulamentação do trabalho de profissionais intermediados por aplicativos, "estabelecendo patamares de higiene, segurança e de ganhos compatíveis com o princípio da dignidade da pessoa humana". "Com este conjunto de medidas e a criação do Plano Emergencial de Pleno Emprego, orientado às obras de infraestrutura, esperamos gerar 5 milhões de empregos nos dois primeiros anos de governo", defende Ciro.

Jair Bolsonaro (PL)

Proposta do presidente Jair Bolsonaro envolve manter a reforma trabalhista feita pelo governo de Michel Temer (MDB) e aprofundá-la. Seu plano de governo apresenta duas artes, uma em que associa "ciclo de pobreza" com o termo "direito do trabalhador" e ao que define como corrupção nos impostos; e outra sobre "ciclo da prosperidade", em que o incentivo à capacitação gera oportunidade de emprego.

Ele defende ainda simplificar a legislação e reduzir a carga tributária, avançar na legislação trabalhista para "facilitar as contratações", desburocratizar e desregular as normas para favorecer a criação de empresas e o empreendedorismo. Diz ainda que pretende seguir na abertura comercial, com a redução da tributação das empresas nacionais e também dos impostos de importação, "criando um ambiente de concorrência e competitividade que reduzirá os preços e melhorará a oferta e a qualidade dos produtos e serviços, beneficiando o cidadão".

Lula (PT)

Projeto do ex-presidente Lula envolve fazer uma nova lei trabalhista para incluir novas relações de trabalho, como trabalhadores de aplicativo. A criação de empregos seria ampliada, segundo a proposta, com a retomada de investimentos em infraestrutura e habitação, reindustrialização, reforma agrária e estímulo à economia solidária e criativa. A proposta de Lula inclui apoiar o empreendedorismo e as micro e pequenas empresas.

"O novo governo irá propor, a partir de um amplo debate e negociação, uma nova legislação trabalhista de extensa proteção social a todas as formas de ocupação, de emprego e de relação de trabalho, com especial atenção aos autônomos, aos que trabalham por conta própria, trabalhadores e trabalhadoras domésticas, teletrabalho e trabalhadores em home office, mediados por aplicativos e plataformas, revogando os marcos regressivos da atual legislação trabalhista, agravados pela última reforma e reestabelecendo o acesso gratuito à justiça do trabalho", diz o documento.

Simone Tebet (MDB)

Siomne Tebet aposta na criação de um seguro de renda para trabalhadores informais e formais de baixa renda, a chamada "Poupança Seguro Família", além do aprimoramento e digitalização do Sistema Nacional de Emprego (Sine).

"Promover políticas de qualificação e requalificação profissional, orientadas por demandas de mercado e com envolvimento do setor privado, para elevar a empregabilidade", diz trecho do programa de governo.

A candidata afirma que uma das formas de estimular a formalização de empregos é reduzir a contribuição previdenciária para a faixa de um salário-mínimo para todos os trabalhadores.

FONTE: G1

IMAGEM: LATAM

 

Determinação ocorre em reunião pública ordinária da Diretoria Colegiada realizada nesta quarta-feira (17) e considera atual cenário epidemiológico da Covid-19

uso de máscaras de proteção facial deixa de ser obrigatório em aeroportos e aeronaves no Brasil. Diante do atual cenário, o uso de máscaras, adotado até então como medida de saúde coletiva, é convertido em medida de proteção individual.

A determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ocorre em reunião pública ordinária da Diretoria Colegiada realizada nesta quarta-feira (17), que aprovou, por unanimidade, modificações da norma que trata das medidas a serem adotadas em aeroportos e aeronaves devido à Covid-19. 

As medidas entraram em vigor imediatamente após a publicação no Diário Oficial da União (DOU), que aconteceu poucas horas após o final da apresentação. A votação contou com a participação dos diretores Alex Machado Campos, Daniel Pereira, Rômison Rodrigues Mota, Meiruze Sousa Freitas e o diretor-presidente Antonio Barra Torres.

O diretor Alex Machado Campos, relator do processo, afirmou que a decisão da agência considera critérios técnicos e o cenário epidemiológico da doença no Brasil e no mundo.

“A máscara cumpriu um papel efetivo de salvar vidas, mas é preciso ter proporcionalidade até por que […] medidas como essa tiveram ampla adesão da população, por mais inconvenientes que fossem e acredito que esse é um legado que a sociedade brasileira passou a estabelecer: o uso da máscara como um instrumento de defesa”, afirmou Campos.

“Mesmo com a liberação da obrigatoriedade e existência hoje de uma recomendação, muitas ainda serão as pessoas que ainda farão uso consciente da máscara”, disse o diretor-presidente Barra Torres.

Segundo a diretora da Anvisa Daniela Marreco, as medidas sanitárias de proteção à saúde devem ser proporcionais ao risco, considerando o cenário epidemiológico, comportamento sazonal da pandemia, índices de imunização da população, medidas de proteção coletiva versus individual, morbimortalidade da doença, disponibilidade de tratamento e serviços de saúde e populações vulneráveis.

“Importante destacar que as medidas relacionadas à mitigação dos riscos decorrentes da Covid-19 incorporadas em regulamentos publicados pela Anvisa têm sido fundamentadas em dados científicos e no contexto epidemiológico, local e mundial”, disse Daniela em apresentação na reunião pública.

A diretora afirma que as recomendações seguiram indicadores do cenário epidemiológico atual. Segundo ela, o país tem média de 214 óbitos diários, 23.256 casos diários, 101 milhões de indivíduos vacinados com a dose de reforço e a pandemia apresenta comportamento sazonal com tendência de queda nos indicadores.

“As alterações normativas aqui propostas no momento em que estamos, após o término da Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional no Brasil, permitirão caminharmos ainda mais para um cenário de mais normalidade e conferir mais conforto aos brasileiros sem nunca descuidar da atenção ainda necessária pela presença do vírus”, disse o diretor Daniel Pereira.

A decisão manteve o desembarque das aeronaves de forma ordenada por fileiras, para reduzir aglomerações no corredor e o risco de contágio. A Anvisa também define a manutenção da oferta de álcool em gel em aeroportos e aeronaves, procedimentos de limpeza e desinfecção dos aviões, e sistemas de climatização.

Os avisos sonoros serão mantidos, mas ajustados ao cenário pandêmico atual, incluindo a recomendação do uso de máscara por populações mais vulneráveis à Covid-19, como pessoas imunossuprimidas, crianças e idosos.

Flexibilizações anteriores

No dia 22 de maio, entraram em vigor flexibilizações incluindo a retomada do serviço de alimentação a bordo, a permissão para retirada de máscara para alimentação e retorno do uso da capacidade máxima para transporte de passageiros nos espaços internos dos aeroportos.

As mudanças alteram a resolução 456 de dezembro de 2020, de acordo com o atual cenário epidemiológico da doença no Brasil e no mundo.

FONTE: CNN

jovens e o desemprego

IMAGEM: STEFANO FIGALO/BRASIL DE FATO

Estado é também o único entre as regiões com taxa de pessoas que trabalham por conta própria acima da média nacional

A queda na taxa de desemprego no segundo semestre de 2022 não se refletiu em determinadas camadas da classe trabalhadora, como é o caso de mulheres, negros e jovens. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 30% desse grupo procura emprego há mais de dois anos.

Uma lente de aumento sobre os dados disponíveis deixa ver outros índices negativos, como o aumento da informalidade, que, em alguns estados brasileiros, chega a 60%, em uma média nacional de 40% já considerada bastante alta.

Tanto nos empregos com carteira assinada quanto nos trabalhos por conta própria, quase sempre precarizados, o Rio de Janeiro enfrenta mais uma vez um dos piores índices do país e a pior situação entre todos os estados das regiões Sudeste e Sul do Brasil. Enquanto o Brasil passou de 11,1% no primeiro trimestre do ano para 9,3% agora, o estado do Rio foi de 14,9% para 12,6%.

Para efeito de comparação, enquanto a economia fluminense registrou desemprego que ultrapassa os 12%, São Paulo ficou com taxa de desocupação de 9,2%, próxima da média nacional, para os meses de abril, maio e junho. Na sequência, vêm Espírito Santo, 8%; Minas Gerais, 7,2%; Rio Grande do Sul, 6,3%; Paraná, 6,1%; e Santa Catarina, com 3,9%.

O estado do Rio é, ainda, o único estado entre as regiões Sul e Sudeste cujo percentual de pessoas ocupadas por conta própria é maior que a média nacional, que é de 26,2% neste segundo trimestre, contra 26,9% do estado fluminense.

Em contrapartida, os maiores percentuais de empregados com carteira assinada no setor privado em abril, maio e junho estavam, segundo o IBGE, em Santa Catarina (87,4%), São Paulo (81,0%) e Paraná (80,9%). Os menores estavam no Piauí (46,6%), Maranhão (47,8%) e Pará (51,0%).

Rendimento em queda

O rendimento médio real mensal habitual foi de R$ 2.652, mantendo estabilidade frente ao primeiro tri de 2022 (R$ 2.625) e caindo 5,1% ante o mesmo trimestre de 2021 (R$ 2.794). Frente ao primeiro trimestre de 2022, as cinco grandes regiões apresentaram estabilidade. Já em relação ao segundo trimestre de 2021, Nordeste, Sul e Sudeste apresentaram queda do rendimento médio.

O que dizem os especialistas

Em entrevista ao Brasil de Fato, o economista Paulo Jager, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), afirma que os sucessivos resultados ruins nos últimos anos para o estado não surpreendem e que o Rio de Janeiro vive uma "crise dentro da crise". Ele alerta, ainda, para os rumos do estado a depender do resultado das eleições para governador.

"É uma crise continuada e uma crise dentro da crise nacional, porém mais profunda. Há raízes políticas e institucionais, basta lembrar a quantidade de governadores, representantes na legislativo estadual e representantes patronais com problemas de ordem legal e criminal. As eleições podem ser um divisor de águas ou podemos mergulhar de vez no processo de declínio do estado que vem sendo experimentado nos últimos anos", afirma ele.

Economista diretor da Assessoria Fiscal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Mauro Osório acrescenta ao histórico de crises e à perda da capital federal, com deterioração econômica a partir da década de 1970, o baixo índice de investimentos públicos no presente e a falta de visão sobre os potenciais do estado em termos de produção e geração de emprego.

"É preciso reestruturar o setor público, que vem se degradando com as crises políticas, econômica e social do estado. Precisamos melhorar indicadores de saúde e educação e ter instituições adequadas que fomentem o desenvolvimento para sairmos de um círculo vicioso e entrarmos em um círculo virtuoso", aponta ele.

Saídas

Osório indica o que ele considera algumas das potencialidades a serem exploradas no estado, dentre elas o da indústria química e farmacêutica. Segundo ele, o governo federal poderia ajudar nesse crescimento a partir da substituição das importações. 

"A Fiocruz vem chamando esse setor de complexo econômico-industrial da saúde. A ideia é importarmos menos e produzirmos mais. Estamos importando mais de US$ 20 bilhões em bens de serviço de saúde e vimos na pandemia da covid-19 como isso é ruim. Se o próximo governador abraçar essa proposta, o Rio de Janeiro pode ser muito importante porque ele tem tradição no setor. Temos a Fiocruz, a UFRJ, diversas pesquisas e aqui está 10% da indústria do Brasil vinculada à saúde", explica Osório.

O economista afirma que outro potencial do Rio, o turismo, tem sido relegado há muitos anos. Ele menciona a despoluição da Baía de Guanabara, projeto anunciado em sucessivos governos estaduais e jamais efetivado. Para o assessor da Alerj, a revitalização da baía representaria qualidade de vida para a população carioca e fluminense e a região pode ser um importante ativo turístico do estado.

Questionado sobre as capacidades do complexo de petróleo e gás do estado e as possibilidades que ele teria de melhoria dos índices de empregabilidade e distribuição de renda, Osório argumentou que esta "é uma riqueza que vaza do Rio de Janeiro".

"Atualmente, 75% dos fornecedores da Petrobras estão fora do estado do Rio e 60% do que é extraído do gás no Norte Fluminense não é usado para industrializar, é reinjetado em alto mar porque não temos dutos para trazer para a terra. Falta ainda uma política para a retomada da indústria naval, precisamos cobrar isso da Petrobras e do governo estadual", avalia.

FONTE: BRASIL DE FATO 

IMAGEM: CONFEDERAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO BRASIL

 

Encerrado o prazo de registro de candidaturas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), confirmou-se a expectativa do aumento de candidatos ao cargo de deputado federal neste pleito. Em 2018, foram 8.588. Até o momento, são 10.289 candidatos que vão disputar as 513 cadeiras da Câmara dos Deputados. Isso representa crescimento de 1.701 ou acréscimo de 4% de candidaturas.

Neuriberg Dias*

No Senado Federal, comparado ao pleito de 2014 quando 1/3 ou 27 das cadeiras foram renovadas também teve aumento de 185 para 235 postulantes ao cargo de senador da República nestas eleições gerais.

Basicamente, 2 motivos explicam esse aumento. O primeiro, pela necessidade de sobrevivência dos atuais partidos políticos que precisam atingir a cláusula de desempenho que aumentou de 1,5% para 2% de votação nacional para ter direito aos fundos partidário e eleitoral, bem como, o acesso ao tempo de Rádio e TV.

O segundo motivo, para atingir as novas regras introduzidas pela Lei 14.201/21 que mudou a forma de cálculo para distribuição das “sobras” eleitorais — as vagas não preenchidas pelos critérios do sistema proporcional — que exigem de os candidatos obter votos equivalente pelo menos 20% do quociente eleitoral e os partidos conquistarem mínimo de 80% para garantir a eleição dos candidatos.

Lideram a lista, os partidos que formaram a federação composto pelo PT, PCdoB e PV, que lançaram 524 candidaturas a deputado federal.

Em seguida, Republicanos (518), União Brasil (506), PL (502), e PP (501). Esses partidos compõem, atualmente, a tropa de choque do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).

Reeleição
Em levantamento coordenado pelo DIAP, com apoio da Contatos Assessoria Política, consultoria política parceira do Departamento, o órgão antecipou, com base em dados do TSE, o índice de recandidaturas dos atuais deputados federais, que é o mais expressivo das últimas 8 eleições.

Os partidos tinham até esta segunda-feira (15), como data limite, para pedir ao TSE, o registro das candidaturas. Superada essa fase, salvo alguma retificação da Corte Eleitoral, constavam na plataforma do TSE, 446, ou 86,93%, dos 513 deputados federais, como candidatos à reeleição. A conferir. Até sexta-feira (19), a Câmara dos Deputados e o Senado Federal devem consolidar esses dados.

Como critério, o DIAP considera candidato à reeleição apenas os deputados federais no exercício do mandato no momento do pleito, independentemente de serem titulares, suplentes ou efetivados durante a legislatura.

A Câmara dos Deputados, que também divulga a relação de recandidaturas, considera também os suplentes que assumiram o mandato em algum momento da legislatura.

(*) Jornalista, analista político e diretor de Documentação do Diap. É sócio-diretor da Contatos Assessoria Política.

Veja abaixo resumo estatístico das candidaturas:

partido deputado 2022deputado federal 2022

tabela1 2022

partido senador 2022

senador 2022

tabela2 2022

FONTE: DIAP