Valor está defasado desde 2011. Última correção ocorreu em 2015
Desde 2015 sem correção, a tabela de incidência das alíquotas do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) acumula uma defasagem de 22,16% desde 2011, de acordo com nota técnica lançada nesta quarta-feira (18), pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip). Além do reajuste da tabela, a entidade propõe a criação de duas novas alíquotas para a tributação dos contribuintes mais ricos.
Em documento apresentado na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados, a Anfip alegou que, considerando o período desde 2003, a defasagem da tabela do imposto em relação à inflação é de 35,10%. Em relação a 1996, essa distância chega a 88,50%.
A última vez que o governo corrigiu a tabela do Imposto de Renda foi em 2015, quando houve um reajuste diferenciado por faixas de rendimento, que resultou em uma correção média de 5,60%.
Atualmente são cinco faixas de renda sobre as quais as alíquotas variam de zero a 27,5% - esta última aplicada a todos os contribuintes com rendimentos mensais superiores a R$ 4.664,69. Com uma correção de 35,10%, por exemplo, a alíquota mais alta seria aplicada apenas a quem possuísse renda mensal superior a R$ 6.302,15.
"Além disso, há espaço para que seja definido um número maior de faixas para as rendas mais altas, o que, inclusive, compensaria a perda na arrecadação do imposto causada pela correção da tabela do IRPF", argumenta a nota técnica.
A proposta da Anfip é a criação de duas novas faixas, além da ampliação dos intervalos entre as faixas de renda vigentes atualmente.
Considerando a tabela atual do IRPF, a entidade sugere a aplicação da alíquota de 27,5% aos contribuintes com rendimento mensal a partir de R$ 5.354,95, introduzindo uma alíquota de 30% para rendas mensais a partir de R$ 6.693,69 e uma última faixa de 35% para os rendimentos superiores a R$ 8.367,10 por mês.
Fonte: Estadão Conteúdo
A Reforma Trabalhista começou para valer: venceu o mantra neoliberal de que a CLT atrapalha a criação de emprego e encarece o custo Brasil. Desde novembro, o governo optou por seguir os passos de países como Espanha, México e outros, que realizaram alterações nas legislações trabalhistas. Na maioria dos casos, os efeitos positivos esperados não se concretizaram. Aqui no Brasil, os resultados, ainda de curto prazo, já começam a aparecer e eles também não são bons, apesar do que alguns querem crer.
Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho), de fevereiro, mostraram o saldo positivo de 62 mil vagas, resultado comemorado por aqueles que acreditam que o país está nos trilhos do crescimento.
A reforma trabalhista garante, desde novembro, que o trabalhador esteja presente no local de trabalho somente quando a empregador precisa, ou seja, legalizou os bicos para uma mesma empresa, por meio do contrato de trabalho intermitente. Agora, a pessoa pode ser contratada para trabalhar apenas algumas horas por semana, conforme o gosto e a necessidade empresarial.
Desta forma, as normas que regem a contratação intermitente transferem o controle da força de trabalho totalmente para as mãos do empregador. É possível a contratação de pessoal sem qualquer garantia de continuidade de emprego, livre de compromisso. Para as empresas, o ganho é evidente, pois o trabalho deixa de ter custo fixo e passa a ser despesa variável. Os indivíduos passam a ser usados como máquinas, que podem ser ligadas ou desligadas, conforme a conveniência.
O trabalho intermitente apresentou, segundo o Caged de fevereiro, saldo positivo de 2.091 empregos, e resultou de um registro de 2.660 admissões e 569 desligamentos. O trabalhador ganha se trabalha e se é chamado pela empresa, caso contrário, nada recebe.
Ainda pelo Caged, o rendimento médio diminuiu: os que foram contratados receberam menos do que os desligados, o que mostra a queda dos salários e pode refletir a redução da massa de rendimentos da economia.
Aos números de curto prazo, soma-se o resultado da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que revelou a existência de 26 milhões de trabalhadores subempregados no país, no último trimestre de 2017.
A terminologia subempregados engloba os desempregados, a força de trabalho potencial ou pessoas que querem trabalhar mas estão em situação de total desalento diante da possibilidade de conseguir uma colocação e, por fim, um contingente de pessoas que já trabalha com uma jornada menor do que as 40 horas semanais e gostaria muito de trabalhar mais.
Neste cenário, 2018 começa. Depois de dois anos de recessão e de, em 2017, a economia brasileira ter atingido o fundo do poço, ainda é impossível enxergar a possibilidade de o País recuperar o ritmo de crescimento e, muito menos, a expectativa de se vivenciar novamente algum tipo de desenvolvimento socioeconômico.
A renda em queda devido à contratação fragmentada e com baixos salários vai, com certeza, impactar no nível da massa salarial. A massa de salários se movimenta por dois fatores: reajuste dos que já têm renda ou pelo crescimento do emprego, que tira o indivíduo da situação de renda zero.
Para 2018, a massa deve também diminuir, apesar da possibilidade de ligeira queda do desemprego. Além disso, o trabalhador, ao vivenciar a instabilidade de trabalho e renda, deve postergar o consumo de alguns bens, além de ter mais dificuldade para conseguir crédito ou empréstimo.
Este resultado pode afetar o consumo das famílias brasileiras, que, durante os últimos três anos, não cresceu, conforme os dados do PIB. Se não cresce o consumo, o nível de produção interna não aumenta e prejudica o crescimento do país.
Para os trabalhadores de baixa renda, a perspectiva é que mais pessoas de uma família deverão trabalhar e de forma intensa, mas nem por isso conseguirão ganhar e gastar mais.
A riqueza, que está nas mãos de poucos, deve seguir concentrada, uma vez que o Estado, atendendo aos interesses do capital, selou o fim do financiamento sindical e fez com que os trabalhadores e seus representantes perdessem força na negociação com os patrões.
Se o Brasil seguir os passos dos países que fizeram a reforma, o desemprego pode até aumentar, a massa salarial vai cair e as famílias, como um todo, deverão trabalhar mais e ganhar menos. Tempos atuais de retrocesso, depois de quase uma década de crescimento do emprego, desenvolvimento econômico e social, período em que ainda valia a velha e boa CLT.
FONTE:PODER360
Segundo a proposta do governo, o Plano de Recuperação e Melhoria Empresarial (PRME) será elaborado após recomendação do Ministério do Planejamento, que é o responsável, no governo, por acompanhar o desempenho das estatais.
O ministério vai estabelecer as diretrizes gerais do PRME e homologar a proposta apresentada pela estatal. Com a aprovação do plano, a empresa será classificada como “Em recuperação e melhoria empresarial” e ficará vinculada à pasta. O PRME terá até quatro anos de duração.
Com o encerramento da fase de recuperação, o Ministério do Planejamento submeterá aos ministros da Casa Civil e da Fazenda proposta de classificação da empresa estatal como dependente ou não dependente do Tesouro.
O governo alega que atualmente não existe lei prevendo a recuperação das empresas estatais “cujos sinais apontem possível desajuste econômico-financeiro”. O PL 9.215/17 traz os princípios gerais para a reestruturação das estatais. Caberá a um decreto presidencial estabelecer os ritos o PRME.
Proibições:
Durante o plano de recuperação, a estatal não poderá conceder aumento salarial para empregados e administradores, contratar pessoal, criar ou aumentar o quantitativo de funções de confiança e de cargos em comissão, e distribuir dividendos em montante superior ao mínimo legal.
O projeto do governo permite, porém, que a estatal “Em recuperação e melhoria empresarial” receba recursos do Tesouro para financiar despesas de adequação de pessoal (como planos de demissão voluntária), e reequilibrar os planos de previdência complementar e de saúde.
Classificação de dependência:
Além de tratar do plano de recuperação das estatais federais, o projeto estabelece as condições para uma empresa ser classificada como dependente ou não dependente do Tesouro Nacional. Essa classificação visa suprimir uma lacuna da legislação e atende a recomendações do Tribunal de Contas da União (TCU).
Conforme a proposta, será considerada dependente a estatal que receber recursos do orçamento da União para despesas de pessoal, custeio e capital (investimentos). A classificação como dependente será antecedida do PRME. O texto permite, no entanto, que elas recebam recursos do Tesouro para aumento de participação acionária da União; para integralização do capital social inicial; e os classificados como receita própria da estatal.
A empresa dependente que encerrar dois exercícios consecutivos sem receber subvenção da União poderá requerer a revisão de sua classificação, condicionada à apresentação de plano de negócio que demonstre sua viabilidade econômico-financeira.
Cabe ressaltar, que o projeto faz parte das 15 medidas econômicas prioritárias para o governo. Veja nota técnica do Dieese sobre cada proposição da agenda do governo.
Conteúdo do projeto
A proposição parte da premissa de que a tentativa de “resgate” da capacidade de sustentação da empresa estatal seria similar ao processo de recuperação de empresas privadas, como etapa prévia à decretação de sua falência.
Assim, analogamente, se a empresa estatal não puder ser “saneada”, a conclusão que a proposição acaba por contemplar é que deverá ser extinta ou privatizada, ou seja, não mais ser considerada como uma empresa estatal. Nessa linha, a EM alega que a Lei das Estatais (Lei 13.303/16) não previu medida de restruturação da empresa estatal em desajuste fiscal, remetendo, apenas, à aplicação da Lei das Sociedades Anônimas.
A proposta não abrange os demais entes da Federação, diversamente da Lei das Estatais, sendo aplicável, apenas, às empresas estatais da União. Igualmente não se vislumbra, sob o prisma formal, ofensa ao campo materialmente reservado às leis complementares pela Constituição, podendo o tema ser objeto de lei ordinária como proposto.
Tramitação
A proposição foi enviada à Câmara dos Deputados em 29 de novembro de 2017, e distribuído às comissões de Desenvolvimento Econômico; de Trabalho; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça. Nestas 2 últimas está sujeita a apreciação conclusiva, ou seja, se aprovado por essas comissões, poderá ser dispensada a apreciação pelo plenário da Casa, antes de seu envio ao Senado Federal.
A proposição ainda não foi apreciada por nenhuma dessas comissões, e aguarda a designação de relator na de Desenvolvimento Econômico. Neste colegiado, presidido pelo deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), o presidente da Fenae (Federação Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal), Jair Pedro Ferreira, pediu a Almeida que promovesse amplo debate sobre a proposição.
FONTE:DIAP
A juíza do Trabalho substituta Germana de Morelo, da 9ª vara de Vitória/ES, conferiu caráter definitivo a execução de condenação de uma empresa, confirmada pelo TRT da 17ª região, por analogia à jurisprudência do STF, que desde 2016 passou a permitir a possibilidade de execução da pena após decisão condenatória em 2º grau. Para a magistrada, é "evidente" que o "direito à propriedade não se sobrepõe ao da liberdade".
Veja abaixo:
“Confiro à presente execução caráter definitivo por analogia à decisão do STF que firmou o entendimento, em Habeas Corpus 126292, da possibilidade de execução de sentença penal condenatória por Tribunal de Segundo Grau, de maneira que tal entendimento deve ser estendido à execução trabalhista com a alienação de bens e pagamento dos valores devidos ao credor quando superadas as instâncias primárias, ante a ausência de efeito suspensivo dos recursos aos Tribunais Superiores, sendo evidente que direito à propriedade não se sobrepõe ao da liberdade.
Assim e, também em homenagem ao princípio da razoável duração do processo, estabelecido no artigo 5º, LXXVII da CF/88, proceda-se a penhora eletrônica de ativos do devedor até o limite da dívida atualizada, sem prejuízo de designação audiência para o dia 19.04.2018, às 17h, com vistas à conciliação entre as partes que ficam notificadas através de seus patronos com a publicação do presente despacho.”
No caso, a empresa foi condenada a pagar adicional de periculosidade a um engenheiro civil, que era incumbido de realizar reparos em gasômetro ativo de monóxido de carbono. O profissional atuava ora no interior da estrutura, ora no seu entorno, e a 2ª turma do TRT da 17ª região entendeu ser inafastável o pagamento do adicional, independentemente do cumprimento das medidas preventivas por parte da empresa, considerando o risco envolvido na manipulação do monóxido.
O colegiado manteve sentença que fixou o salário base (CLT, art. 193 e súmula 191 do TST) como base cálculo do adicional de periculosidade e deferiu o pagamento dos reflexos do adicional de periculosidade sobre: aviso prévio, férias + 1/3, 13º salário, horas extras e FGTS + 40%. O adicional a ser pago compreende o período de novembro/2010 a dezembro/2012.
FONTE:AMODIREITO
O documento indica que esta tendência positiva é o resultado de esforços conjuntos dos Estados-membros e do sector marítimo para implementar as regras da UE ao abrigo da directiva relativa ao teor de enxofre e optar por um combustível mais limpo.
Os mecanismos da UE para apoiar, em termos técnicos e financeiros, os Estados-membros a reduzirem as emissões foram, também, um factor importante, de acordo com a Comissão.
O relatório dá nota também que a implementação, desde 2015, de Zonas ECA (controlo de emissões de enxofre), nos mares do Norte e Báltico reduziram as emissões para metade. Bruxelas ressalva, porém, que o impacto económico geral sobre o sector foi mínimo.
“As regras ambientais proporcionam e protegem a qualidade de vida de nossos cidadãos quando todas as partes envolvidas trabalham juntas para aplicá-las correctamente. O compromisso partilhado pelos Estados-membros, indústria e comunidade marítima como um todo está a dar resultados. As pessoas que vivem em áreas protegidas do mar podem respirar um ar mais limpo e saudável. E preservámos a igualdade de condições para o sector”, comentou, em comunicado, Karmenu Vella, comissário europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas.
O estudo surge pouco dias após os países membros da Organização Marítima Internacional (IMO) terem assinado um acordo para o transporte marítimo reduzir as emissões em pelo menos 50% até 2050.
A IMO aprovou, na semana passada, a emenda à Convenção MARPOL Anexo VI que proíbe, a partir de 2020, a circulação de navios alimentados a combustíveis com um teor de enxofre superior a 0,5%. A emenda deverá ser formalmente adoptada em Outubro próximo.
FONTE:TRANSPORTES&NEGÓCIOS
• Aquisição de casa própria, liquidação ou amortização de dívida ou pagamento de parte das prestações de financiamento habitacional
O advogado trabalhista Magnus Farkatt afirma que o prejuízo é grande para o trabalhador com efeito em todo o país. Segundo ele, que é assessor da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), os empregadores tem se baseado na reforma trabalhista do governo de Michel Temer para reduzir direitos na hora da negociação coletiva.
“Participei no final do ano passado de uma negociação do setor de móveis e madeira de São Paulo. Na primeira reunião a bancada patronal apresentou uma contrapauta reivindicando que 49 itens da convenção coletiva anterior fossem modificados com redução de direitos trabalhistas. Não foi possível aceitar aquele tipo de proposta”, afirmou Magnus.
No primeiro trimestre de 2018, o Dieese registrou 2.802 acordos enquanto no mesmo período de 2017 foram 3.939. De 2012 até 2017 a média de acordos registrados foi de 3,8 mil.
“É a primeira vez que não conseguimos fechar o nosso acordo em 28 anos que atuo no sindicato”, enfatizou ao Portal Vermelho Antonio Lopes de Carvalho, presidente do Sindicato dos Oficiais Marceneiros de São Paulo (foto). “Vamos ingressar com dissídio coletivo na Justiça do Trabalho o que no nosso caso pode dar resultado só daqui a um ano”, lembrou o dirigente.
O sindicato já se encaminha para a negociação 2018-2019 sem ter encerrado a negociação 2017-2018. “A reforma trabalhista desregulamentou as relações de trabalho e os patrões estão usando isso para pressionar o trabalhador de todas as maneiras”, completou Lopes.
Explorar e precarizar ao máximo
Na opinião do presidente da Federação Interestadual dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal), Marcelino da Rocha, as convenções e acordos coletivos podem estar com os dias contados. “Estamos correndo um risco muito grande é de não existirem acordos coletivos ou convenções coletivas assinadas com os trabalhadores em razão dessa ganância patronal de rebaixar direitos”, afirmou.
Para o dirigente metalúrgico a reforma trabalhista veio para acabar com um patamar mínimo de condições de trabalho aceitáveis para o trabalhador. “A ganância patronal é para precarizar. Antes da reforma você não poderia reduzir intervalo de refeição, não poderia receber hora extra inferior a 50% e já tem convenções que garantem o pagamento de 100% da hora extra. A reforma veio para assegurar que esses direitos sejam retirados do trabalhador”, exemplificou.
Em Minas Gerais, o Sindicato dos Professores da rede privada do Estado (Sinpro-MG) foi surpreendido com uma contraproposta patronal que retira direitos como adicional extra-classe, adicional por tempo de serviço e também retira os 15 minutos de descanso que o professor tem no recreio. “Eles desfazem completamente a convenção anterior, retirando todos os direitos e fazem um outro contrato”, afirmou Valéria Morato, presidenta da entidade.
Segundo ela, a proposta patronal foi recusada em assembleia dos professores realizada no dia 7 de abril. A categoria também aprovaou uma paralisação de um dia, que acontecerá nesta quinta-feira (19). “Faremos neste dia assembleia para decidir os caminhos da nossa negociação mas não vamos aceitar nenhum direito a menos”, disse Valéria.
A proposta do Sinpro-MG de convenção coletiva está baseada em premissas que incluem a ultratividade (renovação automática dos acordos anteriores até que seja assinada nova convenção), homologação trabalhista nos sindicatos e a inclusão da contribuição sindical nos moldes da antiga Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Retrocesso civilizatório
Magnus Farkatt enfatizou que a reforma trabalhista é o instrumento que sustenta um dos mais graves ataques à classe trabalhadora e aos direitos conquistados desde a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) até os dias de hoje.
“É um retrocesso civilizatório. Atingimos um patamar de conquistas compatíveis com direitos mínimos para a sobrevivência do trabalhador que agora se quer rebaixar. A consequência inevitável é prejudicar as condições de sobrevivência do trabalhador”, avaliou o advogado.
Lopes reiterou que a organização do trabalhador no sindicato é um dos caminhos para combater a retirada de direitos. Ele comemorou o fato de que trabalhadores de 220 empresas que tem relação direta com o sindicato autorizaram o desconto da contribuição sindical.
Fortalecer os sindicatos
“Com o impasse na convenção coletiva, fechamos acordos individuais com 110 empresas garantindo conquistas da convenção coletiva anterior. Sem o sindicato o trabalhador fica refém do patrão principalmente neste cenário que exclui o sindicato da negociação e da homologação, por exemplo”, argumentou o dirigente dos marceneiros.
Ele orientou que o trabalhador mesmo com a reforma trabalhista em prática procure o sindicato para conferir a homologação. “Praticamente todos os casos de homologação que vem ao sindicato apresentam falhas que deixam de pagar algum direito ao trabalhador”, orientou Lopes.
“É o pior ataque sem nenhuma dúvida. Nem na ditadura o governo ousou se aprofundar tanto na retirada dos direitos. A intenção é prejudicar o trabalhador e beneficiar as empresas. Não há um item que fale dos trabalhadores. A expectativa que temos é que as eleições de 2018 para presidente da República traga uma esperança e que, dependendo de quem for eleito, podemos mudar algo na reforma trabalhista”, completou o sindicalista.
Brasil Metalúrgico
Marcelino da Rocha (foto) lembrou que o empregador se aproveita do cenário de crise e alto desemprego para avançar sobre os direitos adquiridos no passado. “Com o desemprego violento, a consequência é a redução da média salarial já que uma grande parcela dos empregos são informais e precários. É o pior momento para o trabalhador que vê o empregador avançar sobre seus direitos“, avaliou.
De acordo com ele, em última instância talvez o melhor seja não ter acordo e nem convenção coletiva. “Nesse caso as empresas vão ter que constituir comissão de empregados para fazer valer o desejo de cortar direitos. O trabalhador pode perder direitos elementares a que está acostumado como ticket-alimentação e refeição, por exemplo”, disse Marcelino.
O dirigente informou que nesta sexta-feira (20) o movimento Brasil Metalúrgico se reunirá para avaliar os resultados das campanhas salariais do segmento. O Brasil Metalúrgico é uma iniciativa contrária a reforma trabalhista e que reúne entidades sindicais ligadas a todas as centrais trabalhistas do país. Na data será aprovada um calendário de ações para o próximo período em defesa dos direitos dos trabalhadores.
FONTE:PORTAL VERMELHO
O aspecto mais perverso da brutal recessão de 2014-16 —e da lenta recuperação que a sucedeu até agora— é o custo desproporcional imposto aos mais pobres.
Como primeiro impacto, o fechamento de vagas no mercado de trabalho e a queda da renda reverteram uma trajetória de avanços sociais que já completava uma década. Durante o longo ciclo de retração, a taxa de desemprego subiu de 6,5% para 13,7%, ou, dito de outro modo, 5,9 milhões de pessoas perderam seus postos.
A retomada do crescimento econômico, iniciada no ano passado, tem se mostrado tímida, e a alta de apenas 1% do Produto Interno Bruto esteve longe de compensar as perdas acumuladas.
Embora a desocupação tenha caído um pouco, para 12,6% em fevereiro, a qualidade das vagas geradas deixa a desejar.
Não surpreende, pois, que os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE mostrem um quadro deteriorado.
A partir deles, a consultoria LCA calculou que em 2017 a pobreza extrema se elevou em 11%. Conforme os números publicados pelo jornal Valor Econômico, 14,8 milhões de brasileiros são miseráveis —considerando uma linha de R$ 136 mensais. O Nordeste abriga 55% desse contingente.
Embora não se possa afirmar com certeza, uma vez que o IBGE alterou a metodologia da Pnad e ainda não divulgou as novas séries históricas, é plausível que também a exorbitante desigualdade social brasileira tenha aumentado com a recessão.
No ano passado, houve certa estabilidade, em patamares vexaminosos: a renda do trabalho do 1% mais rico, de R$ 27,2 mil mensais em média, equivalia a 36 vezes a dos 50% mais pobres, de R$ 754.
O índice de Gini, que mede a disparidade de rendimentos numa escala de 0 a 1, ficou em 0,549 em 2016 e 2017. Só países africanos e latino-americanos atingem níveis tão altos ou maiores.
De todo modo, medições mais amplas que a Pnad —com inclusão de dados do Imposto de Renda para captar com mais precisão ganhos como aluguéis, dividendos e lucros financeiros— já indicavam que não houve redução substantiva da desigualdade mesmo nos melhores momentos da década passada.
O risco, agora, é que até o processo de melhora na distribuição da renda do trabalho nacional tenha sido interrompido.
Fonte: Folha de S. Paulo
Cabe destacar que essa conduta gera prejuízo ao empregador, que acaba por arcar com valores para o benefício maiores do que o realmente utilizado. Também, há prejuízo ao INSS, ao sistema do FGTS e ao Fisco, pois, quando o trabalhador converte seu vale-refeição em dinheiro, na prática, está transformando o benefício em rendimentos. Ao fazer isso, ele deixa de contribuir. De forma semelhante, a empresa que concedeu o vale-refeição teve incentivos fiscais para isso, de modo que o desvirtuamento de sua finalidade gera prejuízo à arrecadação tributária.
“Todo mundo deve ser feliz.” A frase que, no primeiro momento, soa clichê, foi dita por Fábio Maurício Moreno, 49 anos, deficiente auditivo que mora em Santo André com a mulher e os dois filhos e trabalha há pouco mais de um mês em fábrica de zíperes e aviamentos. Sempre de bom humor e com sorriso leve, conquistou a simpatia de todos os setores da empresa. “Gratidão” é a palavra que faz parte de seu dia a dia, que sempre diz “obrigado” juntando as mãos como quem reza pela nova oportunidade no mercado de trabalho – após dez anos em multinacional alimentícia, ele havia sido demitido em outubro, em ação para reduzir gastos.
Moreno é um dos 9.581 trabalhadores com algum tipo de deficiência do Grande ABC conforme dados da última Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) disponível, de 2016. Significa que 1,31% dos 731.238 profissionais com carteira assinada são PCDs (Pessoas Com Deficiência).
Esse percentual supera o do País, em que, segundo a Rais, 0,9% dos trabalhadores têm deficiência. São 418 mil pessoas, num universo de 46 milhões.
“É preciso abrir portas e mostrar que as pessoas com deficiência são capazes. Um surdo, por exemplo, tem como única limitação o fato de não poder atender o telefone, mas pode desenvolver outras tarefas normalmente”, assegura Vilma Roberto, coordenadora da ITS Brasil (Instituto de Tecnologia Social), entidade que recoloca pessoas com deficiência no mercado de trabalho por meio da metodologia de emprego apoiado.
Sequela do sarampo deixou Moreno surdo aos 5 anos. Após a demissão da linha de produção da empresa alimentícia, ele fez ‘bicos’ como pedreiro e jardineiro, ao mesmo tempo em que distribuía currículos. “A falta de comunicação é um dos principais problemas. Em um dos lugares, disseram para eu aguardar o contato, mas nunca retornaram”, conta ele, que não tem vergonha de tirar as dúvidas com os colegas e, sempre que pode, não nega ajuda a quem precisa. Sua encarregada, Renata Aparecida de Jesus, garante que ele é um dos funcionários mais concentrados e atentos às normas de segurança da empresa. Moreno ingressou na Coats Corrente, no Ipiranga, após indicação de um amigo, por meio do ITS Brasil.
É importante destacar que a Lei de Cotas (8.213/1991) obriga que empresas com 100 ou mais funcionários possuam entre 3% e 5% das vagas reservadas para PCDs.
PROCEDIMENTO - “O primeiro passo para conseguir colocação é traçar os perfis pessoal, profissional e vocacional da pessoa e, a partir dos resultados, buscamos vagas compatíveis nas empresas parceiras”, explica Vilma, que atua na região.
Na etapa seguinte, o instituto apresenta o candidato à companhia, onde é feita entrevista. “Todo o processo é acompanhado pelo TEA (Técnico de Emprego Apoiado), que auxilia ao acrescentar informações pertinentes, pois, em muitos casos, a pessoa com deficiência não sabe se valorizar porque já está acostumada a ser diminuída pela sociedade”, salienta Vilma. Se a firma aprovar, a pessoa é contratada formalmente. “O ITS não capacita para o mercado, e sim, fornece suporte. O TEA acompanha a pessoa pelo tempo necessário ao local de trabalho até que ela se adeque ao ambiente e à função.”
No caso de Moreno, contratado como auxiliar de movimentações, a integração levou cerca de quatro dias. Segundo ele, o suporte é importante, dado que, nos empregos anteriores, a incorporação no ambiente de trabalho foi mais demorada, principalmente por conta da dificuldade na comunicação, ainda que ele faça leitura labial e oralize suas falas.
“No início, a equipe estava receosa porque nunca tínhamos lidado com deficiente auditivo no setor. Mas está dando certo e hoje tudo mudou por causa dele”, lembra Renata. “O Fábio (Moreno) alegra o ambiente, além de incentivar e motivar os demais.”
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as sete cidades possuem 2,7 milhões de habitantes e, destes, 28 mil (10,37%) são PCDs.
Ajuda é gratuita a candidatos e firmas
O projeto do ITS Brasil (Instituto de Tecnologia Social), que ajuda pessoas com deficiência a se recolocar no mercado de trabalho, está atuando no Grande ABC desde janeiro. Até o momento, cerca de 30 pessoas foram apoiadas em, aproximadamente, 70 empresas parceiras no Estado.
Vale ressaltar que o auxílio é gratuito, e os interessados podem procurar o instituto pelo site http://itsbrasil.org.br/. Do mesmo modo, companhias interessadas em parcerias podem agendar reunião com o ITS Brasil com o objetivo de esclarecer pontos da colaboração.
“Outras empresas nos ajudam a recrutar pessoas com deficiência, mas, neste caso, a vantagem é o suporte após a contratação, pois facilita a integração”, afirma Amanda Maciel Lino, auxiliar de RH (Recursos Humanos) da Coats Corrente.
O ITS Brasil opera junto ao Pronas/PcD (Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência) – programa desenvolvido para incentivar ações de entidades sem fins lucrativos – do Ministério da Saúde.
Ainda que não tenha estabelecido meta de atendimento na região, Vilma Roberto, coordenadora do ITS Brasil, está otimista. “O projeto começa devagar, mas vai abrindo portas. As empresas do Grande ABC ainda estão um pouco resistentes por causa da falta de informação, mas estamos trabalhando no processo de conscientização.”
Fonte: Diário do Grande ABC