IMAGEM: TRANSPORTES&NEGÓCIOS

 

O Ever Given vai continuar retido no Egito até que haja acordo entre as autoridades do país, o proprietário do navio e a seguradora.

Um tribunal egípcio rejeitou o pedido da Shoei Kisen Kaisha, proprietária do Ever Given, da Evergreen, para libertar o navio e a sua carga, retidos desde o final do Março, na sequência do acidente que bloqueou o canal do Suez.

A Autoridade do Canal do Suez reclama uma indemnização de 916 milhões de dólares pelos danos causados pelo fecho do canal durante seis dias. Um valor considerado exagerado pelo armador e pela seguradora.

O Ever Given permanece ancorado na zona dos Bitter Lakes, no Suez, carregado com 18 300 conteineres.

A bordo permanece também a maioria dos tripulantes.

A transferência dos conteineres para outros navios continua a ser equacionada, mas é uma operação difícil, demorada e com elevados custos.

FONTE: TRANSPORTES&NEGÓCIOS

 

reforma tributária

IMAGEM: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo/Arquivo

A queda de braço em torno do fatiamento ou não da reforma tributária deflagrou um clima de insatisfação entre parlamentares, secretários estaduais de Fazenda e representantes do setor produtivo, que tentam manter viva a discussão da reforma ampla apresentada na terça-feira pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

A divisão da proposta em quatro partes é defendida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com aval do ministro da Economia, Paulo Guedes, mas enfrenta resistências.

Antes mesmo do fim da leitura do parecer, Lira anunciou na terça a extinção da comissão e remeteu o texto ao plenário da Câmara, onde deve ser desmembrado em quatro partes e ter novos relatores. Na prática, a decisão de Lira “joga no lixo” o parecer de Ribeiro, que buscava unificar tributos sobre consumo federais, estaduais e municipais. Técnicos veem risco de as discussões retornarem à estaca zero, provocando atrasos em uma das reformas consideradas essenciais para melhorar o ambiente de negócios.

Congressistas favoráveis à proposta ampla de Ribeiro optaram por ignorar o anúncio de Lira de que a comissão mista da reforma tributária, composta por deputados e senadores, está extinta. Vice-presidente do colegiado, o deputado Hildo Rocha (MDB-MA) diz que está mantido o cronograma que prevê apresentação do relatório final na próxima terça-feira. “Os atos de Lira não têm influência porque a comissão é independente”, disse Rocha.

A estratégia é fazer com que o texto chegue à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, longe da alçada de Lira. A opção é viável porque uma das propostas abrangidas no parecer é a PEC 110, apresentada por senadores. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), se mostrou favorável à continuidade da comissão mista em nota emitida ainda na noite de terça-feira.

Embora tenha desagradado aos parlamentares, o ato do presidente da Câmara foi bem recebido pela equipe econômica, que quer o fatiamento da proposta. Guedes é crítico da proposta de Ribeiro e vê risco de a União ter de arcar com compensação bilionária a Estados e municípios por eventuais perdas de arrecadação com a reforma. A fatura poderia atingir R$ 400 bilhões e é considerada impraticável pela equipe econômica.

A interlocutores, o ministro da Economia tem dito que, se o objetivo dos parlamentares for “saquear” a União por meio do fundo de compensação, é preferível “deixar como está”, sobretudo em um contexto de recordes de arrecadação no governo federal. O fatiamento da reforma, por sua vez, é considerado uma estratégia eficaz para o governo ter “maior controle” sobre o resultado final.

‘Fatias’

Como mostrou o Estadão/Broadcast, a repartição pretendida por Lira prevê um projeto para unificar PIS e Cofins nos moldes da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) enviada ao Congresso pela equipe de Guedes. Essa primeira fase também incluiria a tributação de lucros e dividendos na pessoa física, com redução de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica. Outra “fatia” deve tratar da criação de um imposto seletivo em substituição ao Imposto sobre Produtos Industrializados.

Uma terceira parte incluiria um amplo programa de renegociação de dívidas tributárias, chamado de “passaporte tributário”, mas que segue os moldes de um Refis, com descontos em multas e juros e pagamento em parcela única. Outra fase prevê a criação de um imposto sobre transações, nos mesmos moldes da CPMF.

No dia seguinte à decisão de Lira de anunciar a extinção da comissão, os secretários estaduais de Fazenda se posicionaram contra a medida e defenderam a reforma ampla, que inclua Estados e municípios. Para eles, o ato desconsidera dezenas de reuniões e debates realizados ao longo de mais de dois anos entre legisladores, empresas e o próprio governo federal.

“Extinguir agora a comissão mista e paralisar o debate sobre a reforma tributária seria um enorme desrespeito não apenas ao relator, aos deputados e senadores e às entidades que participaram da construção conjunta da proposta, como também à sociedade, que espera e precisa de um sistema tributário mais justo para o País”, afirma o presidente do Comitê de Secretários Estaduais de Fazenda, Rafael Fonteles.

“O fatiamento da reforma não é o ideal. Vamos seguir a agenda com parlamentares e a comunicação com o grande público pela imprensa explicando os benefícios de uma reforma ampla”, disse Renata Mendes, líder do movimento Pra Ser Justo. Especialistas também alertam que mudar PIS e Cofins por um projeto de lei pode ser arriscado do ponto de vista jurídico e pode inviabilizar a “acoplagem” dos impostos estaduais e municipais no futuro. (Colaborou Eduardo Laguna)

FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO

FGTS - aplicativo, saque, dinheiro

IMAGEM: CARLOS ALBERTO SILVA

Discussão estava prevista para a próxima quinta-feira (13); não há nova data

O STF (Supremo Tribunal Federal) retirou da pauta da próxima quinta-feira (13) a ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 5.090/2014, que discute a revisão do índice de correção do saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Não há previsão sobre quando o tema será recolocado na pauta.

A exclusão foi determinada devido ao prolongamento do julgamento desta quinta-feira (6) que considerou inconstitucional um trecho da Lei de Propriedade Industrial que permitia a manutenção de patentes de medicamentos por prazo indeterminado.

A discussão sobre alcance da decisão sobre as patentes –etapa chamada de modulação– ainda precisará tomar mais uma sessão, na próxima quarta-feira (12), o que levou o presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, a alterar o cronograma das próximas sessões presenciais, informou nesta sexta (7) a assessoria de imprensa do STF.

Após receber um número de acessos superior ao normal, a página do STF na internet ficou fora do ar nesta quinta e assim permenecia até o início da tarde desta sexta.

 

A suspensão da página é uma medida temporária de segurança e, segundo o STF, não há relação com quaisquer alterações na pauta de julgamentos.

Caso o Supremo decida substituir a fórmula atual de atualização monetária do FGTS, que utiliza a TR (Taxa Referencial) mais juros de 3% ao ano, por um índice que reflita a inflação, cerca de 60 milhões de trabalhadores que tiveram saldo no fundo em algum momento desde 1999 terão a chance de reclamar perdas que somam cerca de R$ 538 bilhões, segundo a organização IFGT (Instituto Fundo de Garantia do Trabalhador).

Nesta quinta, as buscas no Google por respostas sobre ações de revisão do FGTS aumentaram mais de 1.000%. Muitos dos interessados no assunto questionam se ainda dá tempo e, principalmente, se vale a pena brigar na Justiça pela revisão do saldo das contas do fundo.

Governo diz que mudança ameaça esforços contra crise da pandemia

O Ministério da Economia informou, por meio de nota, que “a correção aplicada aos saldos das contas vinculadas do FGTS sempre observou o estrito respeito à legislação, não havendo qualquer espaço para se praticar entendimento diverso”.

A pasta do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ainda destaca que o fundo está estruturado de forma a oferecer apoio sustentável e perene às políticas públicas que beneficiam direta ou indiretamente o trabalhador brasileiro.

Atualmente, segundo o ministério, cerca de 78% do ativo do FGTS “estão alocados em operações de crédito de médio e longo prazos nas áreas de habitação, infraestrutura, saneamento e saúde com taxas de remuneração pactuadas, à época de assinatura de contratos, considerando a remuneração das contas vinculadas prevista na legislação”, diz a nota.

O governo afirma ainda que qualquer novo entendimento sobre índice de correção de contas vinculadas com aplicação retroativa oferece forte potencial para desequilibrar o FGTS, especialmente neste momento de pandemia, quando o fundo tem sido acionado para somar esforços no enfrentamento dos efeitos econômicos da crise sanitária.

“Cabe destacar ainda que, em 2020, 66% das operações de crédito para a aquisição da casa própria pelo FGTS foram contratadas com famílias de trabalhadores com renda mensal de até R$ 3.000. Em número, este é um grupo representativo dos participantes do FGTS e que se mostra mais necessitado de auxílio de políticas públicas”, argumenta o ministério.

“Portanto, não é adequado afirmar que o cumprimento da lei imputa perda ao trabalhador, uma vez que as políticas públicas apoiadas pelo FGTS são usufruídas, em sua maioria, pelos próprios participantes. O aumento da remuneração das contas vinculadas inevitavelmente exigirá o encarecimento dessas operações para o tomador final, especialmente os de menor renda”, diz.

A pasta conclui mencionando a edição da Medida Provisória nº 763, de 22 de dezembro de 2016, posteriormente convertida na Lei nº 13.446, de 25 de maio de 2017, que autorizou o FGTS distribuir parte de seus resultados aos trabalhadores.

Já a AGU (Advocacia-Geral da União), que representa os interesses do governo federal na Justiça, reforçou que considera não haver direito legal à revisão do FGTS.

“A União, por meio da Advocacia-Geral da União, defende que não há direito à correção monetária das contas do Fundo por um índice monetário específico. Esse entendimento foi firmado pelo STJ [Superior Tribunal de Justiça] ao julgar o REsp nº 1.614.874 sob o rito dos recursos repetitivos, quando fixou a tese de que a remuneração das contas vinculadas ao FGTS tem disciplina própria, ditada por lei, que estabelece a TR como forma de atualização monetária, sendo vedado, portanto, ao Poder Judiciário substituir o mencionado índice”.

Assim como o Ministério da Economia, a AGU também cita mudanças legais recentes que modificaram a remuneração do FGTS e que a revisão das normas atuais prejudicaria as funções sociais do fundo, como a proteção financeira do trabalhador e o custo dos financiamentos públicos.

Procurada, a Caixa Econômica não se manifestou.

REVISÃO DO FGTS | ENTENDA

  • O saldo dos trabalhadores no FGTS é corrigido pela TR (Taxa Referencial) mais juros de 3% ao ano

  • Como a TR está zerada, houve muitos períodos em que a atualização do fundo perdeu para a inflação, principalmente quando o índice de preços estava alto

  • Em 2013, o STF (Supremo Tribunal Federal) considerou que a TR é insuficiente para corrigir os precatórios

  • Com isso, advogados estavam conseguindo decisões favoráveis à correção maior do FGTS, mas todas na primeira instância

No Supremo

  • O caso chegou ao STF em 2014, mas ainda não houve uma decisão

  • O julgamento foi agendado para a sessão para 13 de maio, mas foi retirado da pauta

QUEM PODE TER DIREITO?

  • Todo trabalhador que teve saldo em uma ou mais contas de FGTS a partir de 1999
  • A correção também vale para as contas desse período cujo saldo já foi sacado

É NECESSÁRIO IR À JUSTIÇA?

  • O STF poderá decidir que a revisão vale para todos ou apenas para quem recorreu à Justiça
  • A DPU já moveu uma ação civil pública pedindo a revisão para todos os trabalhadores do país

A VITÓRIA ESTÁ GARANTIDA?

  • Não. O Supremo poderá decidir que a correção atual (TR + 3% de juros ao ano) é constitucional e, nesse caso, não haverá revisão
  • Em caso de derrota, existe a possibilidade de os trabalhadores precisarem arcar com os custos do processo e da defesa da Caixa, que é a gestora do FGTS

AINDA DÁ TEMPO DE BRIGAR?

  • Sim. O trabalhador pode propor uma ação individual, embora seja pouco aconselhável, ou ingressar em uma ação coletiva
  • É aconselhável verificar antes, porém, se o sindicato ao qual o trabalhador é filiado já ingressou com uma ação coletiva
  • Se optar por se associar a uma entidade que tem uma ação coletiva, o cidadão deve ficar atento aos custos dessa filiação

PREJUÍZO

Os exemplos calculados pelo IFGT mostram perdas geradas pela correção do FGTS pela TR em relação ao INPC (índice de inflação) de janeiro de 1999 a abril de 2021:

Situação Saldo oficial pela TR Saldo com INPC Perda em valor Perda em percentual
Trabalhador com renda mensal de 1 salário mínimo entre janeiro de 1999 e março de 2021 R$ 18.516,00 R$ 28.669,00 R$ 10.153,00 54,83%
Empregada doméstica com renda de 1 salário mínimo de outubro de 2015 a março de 2021 R$ 6.392,00 R$ 7.209,00 R$ 817,00 12,78%
Conta inativa de trabalhador com saldo de R$ 10 mil desde janeiro de 1999 a março de 2021 R$ 30.112,00 R$ 80.369,00 R$ 50.267,00 162,47%


R$ 538 bilhões

  • É o valor total das perdas acumuladas pelos trabalhadores desde 1999

60 milhões

  • São os trabalhadores que podem ter direito à correção do FGTS

200 mil

  • Esse é o número aproximado de ações judiciais que podem ser atingidas pela decisão do Supremo sobre o FGTS

Fontes: IFGT (Instituto Fundo de Garantia do Trabalhador, Aith, Badari e Luchin Advogados, Advocacia Cremasco e ADI 5.090/2014

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

75% das vacinas contra a covid-19 foram aplicadas em 10 países mais desenvolvidos; em quase 130 países, onde vivem mais de 2,5 bilhões de pessoas, praticamente nenhuma vacina foi recebida. — Foto: Getty Images via BBC

 Foto: Getty Images via BBC

No Brasil, ONGs pressionam para que governo mude posição na OMC; indústria farmacêutica condena medida

governo americano, do presidente democrata Joe Biden, disse nesta quarta-feira (5) que apoia a suspensão de patentes de vacinas contra a Covid-19, mudando a política que vinha defendendo na Organização Mundial do Comércio (OMC).

O objetivo da suspensão, caso aprovada na OMC, seria permitir a aceleração da produção de imunizantes em países em desenvolvimento. A decisão foi recebida com espanto pela indústria farmacêutica no Brasil e comemorada por ONGs, que apostam que isso irá pressionar o governo federal a mudar seu posicionamento na Organização Mundial do Comércio e também a Câmara a aprovar o projeto de lei de suspensão de patentes que passou no Senado na semana passada.

Katherine Tai, representante de comércio dos EUA (USTR) do governo Biden, falou sobre a decisão nessa quarta-feira. "Essa é uma crise de saúde global, e as extraordinárias circunstâncias da pandemia de Covid-19 pedem medidas extraordinárias", disse ela. "Nós vamos participar ativamente das negociações na OMC necessárias para que isso aconteça. Essas negociações vão levar tempo, considerando que a organização funciona por consenso e as questões são complexas."

 

No fim do ano passado, Índia e África do Sul, com apoio de mais de 110 nações em desenvolvimento, fizeram uma proposta na OMC para suspender todas as patentes relacionadas a medicamentos e vacinas de Covid enquanto durar a pandemia. Dessa maneira, argumentaram, seria possível aumentar a produção em países pobres. Por enquanto, cerca de 90% das vacinas foram aplicadas em habitantes de países ricos ou de renda média.

Países como EUA, Reino Unido e União Europeia, onde foram desenvolvidas as vacinas, bloquearam a iniciativa da Índia. O Brasil se alinhou aos países ricos e ficou contra a proposta. Posteriormente, o Itamaraty divulgou um comunicado, ao lado do Ministério da Saúde, em que defendia uma terceira via na OMC. O plano seria mapear, em diversos países, a capacidade ociosa que poderia ser convertida para produção de vacinas, e convencer as farmacêuticas a transferirem tecnologia, de forma voluntária.

No entanto, iniciativa semelhante, por meio de um pool de tecnologia criado pela Organização Mundial de Saúde em outubro do ano passado, naufragou —até hoje não houve, por parte das farmacêuticas, compartilhamento de tecnologias úteis para o enfrentamento da pandemia.

Segundo a Folha apurou, o chanceler Carlos França vai conversar na sexta-feira (7) com a representante americana Tai para entender melhor a proposta americana.

Nesta quarta, países-membros da OMC tiveram nova rodada de discussões sobre suspensões a direitos de propriedade intelectual. Índia e África do Sul, que propuseram o modelo de suspensão, estão discutindo uma nova versão da proposta. Espera-se que os dois países proponham uma suspensão de patentes mais restrita, para vacinas e certos medicamentos, e por tempo determinado, para conseguir maior apoio ao plano. O governo brasileiro se posicionava contra a suspensão de patentes, mas irá avaliar a proposta americana e o novo plano indiano, que, espera, pode se aproximar da terceira via.

O apoio dos EUA à suspensão de patentes é uma mudança histórica de posicionamento, já que o país sempre foi o mais ferrenho defensor de proteção intelectual, inclusive impondo sanções a vários países por desrespeito a patentes. O apoio americano não significa que o novo plano indiano e sul-africano será aprovado na OMC, que funciona por consenso. Mas aumenta a pressão sobre as farmacêuticas para que ampliem programas de transferência de tecnologia —muitas entidades advogam que haja não apenas a suspensão das patentes mas também programas de capacitação tecnológica oferecedos pelos detentores de patentes a laboratórios em países em desenvolvimento.

REPERCUSSÃO

"A mudança da posição americana deixa o Brasil cada vez mais isolado na OMC. O entendimento míope de que não é necessário suspender monopólios para aumentar o acesso à vacinas deve ser superado imediatamente e o Brasil deve apoiar a proposta de Índia e África do Sul, para que a suspensão global das patentes seja aprovada o mais rápido possível na OMC", diz Pedro Villardi, coordenador do grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual.

O senador Nelsinho Trad (PSD-MS), relator do projeto de lei que foi aprovado no Senado e permite que o governo imponha licenciamento compulsório de remédios e vacinas (fabricação sem autorização prévia do detentor da patente) em caso de emergência nacional ou interesse público, comemorou.

"Isso com certeza coloca pressão [sobre a Câmara e o governo federal]. Estamos assistindo a países tomarem posições, não são poucas exceções", disse. O texto está agora na Câmara, onde há resistência por parte do presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL), e dos deputados governistas.

"A gente sempre defendeu essa proposta, por entender que estamos em um tempo e uma circunstância inusitada e que para tanto medidas inusitadas precisam ser tomadas, para a gente fazer esse enfrentamento. O Senado da República, de uma forma altiva, saiu na frente", diz Trad.

Villardi também acha que a mudança no posicionamento americano ajuda na tramitação do projeto de lei na Câmara. "Esse posicionamento do governo americano deixa escancarada a urgência de enfrentar patentes para universalizar o acesso a vacina. Isso retira o véu do terrorismo ideológico de que o Brasil seria retaliado ao colocar vidas em primeiro lugar. O processo de suspensão internacional das patentes não exime a Câmara dos Deputados de dar andamento ao tema nacionalmente, de forma célere e efetiva", diz.

"O presidente dos EUA, Joe Biden, tem demonstrado uma visão humanitária no seu governo", disse o senador Paulo Paim (PT-RS), autor do projeto de lei de licenciamento compulsório de vacinas que foi aprovado no Senado. Ele pediu para que os deputados votem a favor da proposta. "[O Senado] teve coragem, teve firmeza, foi para o debate e votou a matéria. Agora, a Câmara deverá acompanhar, já que existe essa orientação", disse ele durante sessão na tarde desta quarta-feira (5).

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cumprimentou Paim pelo mérito do projeto. Ele, no entanto, não comentou o posicionamento dos Estados Unidos.

Vice-presidente da Câmara, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) se manifestou contra a​ quebra de patentes. "Não tenho nenhuma demonstração de que o Brasil tem condições de produzir IFA [ingrediente farmacêutico ativo] no curto prazo."

Palácio do Planalto trabalha para evitar a aprovação do projeto na Câmara. Assessores consideram que a sanção do texto criaria problemas na área econômica e negociações por vacinas poderiam ser paralisadas por quebra de direito de propriedade intelectual. Acordos de transferência tecnológica também estariam em risco e doses encomendadas poderiam não ser entregues. Isso afetaria o PNI (Programa Nacional de Imunizações).

Por esses motivos, a aprovação do projeto forçaria o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a vetar integralmente o texto, o que causaria mais estragos à imagem dele. Procurados, o Palácio do Planalto e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não se manifestaram. O Ministério da Saúde disse que não ia comentar.

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

O apoio americano tampouco significa que empresas como Pfizer e Moderna serão obrigadas, de alguma maneira, a transferir sua tecnologia para fábricas de vacinas em outros países. Mesmo que a proposta de suspensão de patente seja aprovada na OMC, algo pouco provável por causa da necessidade de consenso, também não haveria como forçar a transferência de tecnologia. Se a OMC aprovasse a flexibilização do acordo Trips, o que muda é que não haveria punição para países que conseguissem fazer engenharia reversa e fabricassem os medicamentos sem autorização dos detentores das patentes. Isso, hoje em dia, só é autorizado para países que fazem parte do grupo do países menos desenvolvidos, os LDC.

"A declaração do governo dos EUA é um passo fundamental na direção do consenso de que proteger vidas é mais importante do que proteger direitos de propriedade intelectual. É também uma oportunidade para que países como o Brasil retomem sua posição histórica de colocar a saúde pública acima dos interesses comerciais", diz Felipe Carvalho, coordenador no Brasil da Campanha de Acesso dos Médicos Sem Fronteiras. "As soluções voluntárias que o Brasil tem defendido não estão à altura do desafio de oferecer vacinação universal contra a Covid-19 e precisam ser complementadas por estratégias como a suspensão dos direitos de propridade intelectual na OMC."

No Brasil, a indústria farmacêutica condenou a inesperada mudança na posição americana. "É uma mudança radical do governo americano", disse Nelson Mussolini, presidente da Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do estado de São Paulo) . Para ele, o Brasil sairá ganhando se não aderir à posição americana. "Os países que forem contra esse tipo de posição, que coloca em risco a propriedade industrial, se mostrarão mais seguros para os investimentos em inovação; uma ótima oportunidade para o Brasil."

Ele não acredita que uma suspensão de patentes iria aumentar a oferta de vacinas no mundo. "Não acredito que haverá um aumento substancial na oferta de vacinas. O processo não é simples e provavelmente faltará capacidade produtiva."

Elizabeth Carvalhaes, presidente da Interfarma, que representa 51 laboratórios, entre eles a Pfizer, Gilead e AstraZeneca, classificou a decisão americana como histórica e sem precedentes. E afirmou, em comunicado, que a patente não é o maior impedimento para o aumento na produção. "A suspensão de patentes talvez não seja suficiente para aumentar a capacidade produtiva dos países. Direitos de propriedade intelectual não afetam a falta de matérias-primas para produzir as vacinas", disse. Em relação à mudança no posicionamento americano, Carvalhaes afirmou que "caberá agora aos países soberanos, no contexto da Organização Mundial do Comércio, seguir com as discussões em curso" e ressaltou que é preciso ter consenso.

Nos EUA, Biden vinha sendo pressionado a ajudar mais os países em desenvolvimento, principalmente depois da piora da Covid-19 na Índia. Como EUA e outros países desnvolvidos contrataram estoques de vacinas muito maiores do que necessários para vacinas toda sua população, havia pressão crescente da opinião pública. Enquanto a China e a Rússia vêm usando diplomacia da vacina para ganhar influência, os EUA estão no caminho inverso. Para completar, na terça-feira (4), a Pfizer divulgou seus resultados financeiros, anunciando faturamento bilionário com a venda de vacinas —US$ 3,5 bilhões no primeiro trimestre, e projeção de US$ 15 bilhões a US$ 26 bilhões no ano.

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

 

IMAGEM: VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL

Sessão marcada para a próxima quinta (13) discutirá índice de correção do saldo

O STF (Supremo Tribunal Federal) prevê julgar na próxima quinta-feira (13) a ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 5.090/2014, que pode mudar o índice de correção do saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Caso o Supremo decida substituir a fórmula atual de atualização monetária, que utiliza a TR (Taxa Referencial) mais juros de 3% ao ano, por um índice que reflita a inflação, cerca de 60 milhões de trabalhadores que tiveram saldo no fundo em algum momento desde 1999 terão a chance de reclamar perdas que somam um total de aproximadamente R$ 538 bilhões, segundo a organização IFGT (Instituto Fundo de Garantia do Trabalhador).

Faltando uma semana para o julgamento, as buscas no Google por respostas sobre ações de revisão do FGTS aumentaram mais de 1.000%. Quem está ligado no assunto quer saber como, se ainda dá tempo e, principalmente, se vale a pena brigar por essa bolada.

 

Não há uma resposta certeira, mas entender o contexto desse julgamento ajudará o trabalhador a tomar a decisão adequada ao seu caso.

A recomposição do saldo do FGTS com base na inflação é considerada justa por especialistas consultados pela reportagem e eles avaliam que o Supremo promoverá alguma alteração no índice.

“Eu não acredito em uma decisão contrária à revisão porque a manutenção da TR como índice de correção do FGTS viola direitos constitucionais, como o direito à propriedade”, afirma o advogado Murilo Aith, do escritório Aith, Badari e Luchin.

Mas uma decisão favorável aos trabalhadores, porém, não poderia ser absorvida de uma só vez pelos cofres da União e, por isso, a expectativa é que ocorra a modulação dos efeitos do julgamento, o que neste caso significa ajustar as condições de pagamento para evitar um dano maior à sociedade.

“Acredito que, nas condições econômicas que o país atravessa, não haverá decisão favorável aos trabalhadores sem uma modulação”, diz Mario Avelino, presidente do IFGT.

A exemplo de outras decisões importantes envolvendo questões econômicas, como a desaposentação e a revisão das correções das cadernetas de poupança, uma modulação da revisão do FGTS poderia, por exemplo, espaçar a devolução dos valores ao longo do tempo e restringir o benefício a trabalhadores que recorreram ao Judiciário até a data do julgamento para cobrar as perdas.

Aqui há a primeira resposta: sim, ainda dá tempo de cobrar a revisão na Justiça.

A maneira de brigar pela revisão, porém, gera debate. Embora qualquer cidadão tenha o direito de apresentar uma ação individual contra a Caixa Econômica Federal, que é a gestora do fundo, a forma mais segura de fazer pode ser por meio de uma ação coletiva.

Além de fugir dos custos de uma ação individual, que podem ser elevados em caso de derrota, em uma ação coletiva o trabalhador contaria com uma estrutura jurídica preparada para acompanhar o processo.

Entidades como o IFGT estão anunciando que entrarão com ações para beneficiar trabalhadores que se associarem antes do julgamento. Essa opção, porém, envolve o pagamento de taxas associativas.

A alternativa mais simples é verificar se o sindicato ao qual pertence a categoria do trabalhador moveu uma ação de revisão do FGTS. Nestes casos, filiados ao sindicato até o julgamento estariam contemplados, segundo a advogada Thaís Cremasco.

“Não é o momento de entrar com ação individual”, diz Cremasco. “O melhor a fazer agora é verificar se o sindicato ao qual o trabalhador pertence possui uma ação”, afirma.

Ainda sobre as ações individuais, a alternativa sem custos para o trabalhador seria a Justiça gratuita, disponível para cidadãos que comprovem incapacidade de pagar advogado.

A DPU (Defensoria Pública da União), que representa os interesses da população em causas contra o governo federal, está desaconselhando, porém, trabalhadores a ajuizarem ações individuais para recálculo do saldo do FGTS.

Com uma ação civil pública em fase de apelação na segunda instância da Justiça Federal, a DPU já solicitou a revisão do FGTS para todos os trabalhadores e, por isso, considera desnecessário o ajuizamento de ações individuais.

Governo diz que mudança ameaça esforços contra crise da pandemia

O Ministério da Economia informou, por meio de nota, que “a correção aplicada aos saldos das contas vinculadas do FGTS sempre observou o estrito respeito à legislação, não havendo qualquer espaço para se praticar entendimento diverso”.

A pasta do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ainda destaca que o fundo está estruturado de forma a oferecer apoio sustentável e perene às políticas públicas que beneficiam direta ou indiretamente o trabalhador brasileiro.

Atualmente, segundo o ministério, cerca de 78% do ativo do FGTS “estão alocados em operações de crédito de médio e longo prazos nas áreas de habitação, infraestrutura, saneamento e saúde com taxas de remuneração pactuadas, à época de assinatura de contratos, considerando a remuneração das contas vinculadas prevista na legislação”, diz a nota.

O governo afirma ainda que qualquer novo entendimento sobre índice de correção de contas vinculadas com aplicação retroativa oferece forte potencial para desequilibrar o FGTS, especialmente neste momento de pandemia, quando o fundo tem sido acionado para somar esforços no enfrentamento dos efeitos econômicos da crise sanitária.

“Cabe destacar ainda que, em 2020, 66% das operações de crédito para a aquisição da casa própria pelo FGTS foram contratadas com famílias de trabalhadores com renda mensal de até R$ 3.000. Em número, este é um grupo representativo dos participantes do FGTS e que se mostra mais necessitado de auxílio de políticas públicas”, argumenta o ministério.

“Portanto, não é adequado afirmar que o cumprimento da lei imputa perda ao trabalhador, uma vez que as políticas públicas apoiadas pelo FGTS são usufruídas, em sua maioria, pelos próprios participantes. O aumento da remuneração das contas vinculadas inevitavelmente exigirá o encarecimento dessas operações para o tomador final, especialmente os de menor renda”, diz.

A pasta conclui mencionando a edição da Medida Provisória nº 763, de 22 de dezembro de 2016, posteriormente convertida na Lei nº 13.446, de 25 de maio de 2017, que autorizou o FGTS distribuir parte de seus resultados aos trabalhadores.

Já a AGU (Advocacia-Geral da União), que representa os interesses do governo federal na Justiça, reforçou que considera não haver direito legal à revisão do FGTS.

“A União, por meio da Advocacia-Geral da União, defende que não há direito à correção monetária das contas do Fundo por um índice monetário específico. Esse entendimento foi firmado pelo STJ [Superior Tribunal de Justiça] ao julgar o REsp nº 1.614.874 sob o rito dos recursos repetitivos, quando fixou a tese de que a remuneração das contas vinculadas ao FGTS tem disciplina própria, ditada por lei, que estabelece a TR como forma de atualização monetária, sendo vedado, portanto, ao Poder Judiciário substituir o mencionado índice”.

Assim como o Ministério da Economia, a AGU também cita mudanças legais recentes que modificaram a remuneração do FGTS e que a revisão das normas atuais prejudicaria as funções sociais do fundo, como a proteção financeira do trabalhador e o custo dos financiamentos públicos.

Procurada, a Caixa Econômica não se manifestou.

REVISÃO DO FGTS | ENTENDA

  • O saldo dos trabalhadores no FGTS é corrigido pela TR (Taxa Referencial) mais juros de 3% ao ano

  • Como a TR está zerada, houve muitos períodos em que a atualização do fundo perdeu para a inflação, principalmente quando o índice de preços estava alto

  • Em 2013, o STF (Supremo Tribunal Federal) considerou que a TR é insuficiente para corrigir os precatórios

  • Com isso, advogados estavam conseguindo decisões favoráveis à correção maior do FGTS, mas todas na primeira instância

No Supremo

  • O caso chegou ao STF em 2014, mas ainda não houve uma decisão

  • O agendamento da sessão para 13 de maio não garante que haverá uma decisão na referida data

  • O julgamento poderá ser adiado, por exemplo, ou suspenso a pedido de algum ministro que deseje mais tempo para analisar o processo

QUEM PODE TER DIREITO?

  • Todo trabalhador que teve saldo em uma ou mais contas de FGTS a partir de 1999
  • A correção também vale para as contas desse período cujo saldo já foi sacado

É NECESSÁRIO IR À JUSTIÇA?

  • O STF poderá decidir que a revisão vale para todos ou apenas para quem recorreu à Justiça
  • A DPU já moveu uma ação civil pública pedindo a revisão para todos os trabalhadores do país

A VITÓRIA ESTÁ GARANTIDA?

  • Não. O Supremo poderá decidir que a correção atual (TR + 3% de juros ao ano) é constitucional e, nesse caso, não haverá revisão
  • Em caso de derrota, existe a possibilidade de os trabalhadores precisarem arcar com os custos do processo e da defesa da Caixa, que é a gestora do FGTS

AINDA DÁ TEMPO DE BRIGAR?

  • Sim. O trabalhador pode propor uma ação individual, embora seja pouco aconselhável, ou ingressar em uma ação coletiva
  • É aconselhável verificar antes, porém, se o sindicato ao qual o trabalhador é filiado já ingressou com uma ação coletiva
  • Se optar por se associar a uma entidade que tem uma ação coletiva, o cidadão deve ficar atento aos custos dessa filiação

PREJUÍZO

Os exemplos calculados pelo IFGT mostram perdas geradas pela correção do FGTS pela TR em relação ao INPC (índice de inflação) de janeiro de 1999 a abril de 2021:

Situação Saldo oficial pela TR Saldo com INPC Perda em valor Perda em percentual
Trabalhador com renda mensal de 1 salário mínimo entre janeiro de 1999 e março de 2021 R$ 18.516,00 R$ 28.669,00 R$ 10.153,00 54,83%
Empregada doméstica com renda de 1 salário mínimo de outubro de 2015 a março de 2021 R$ 6.392,00 R$ 7.209,00 R$ 817,00 12,78%
Conta inativa de trabalhador com saldo de R$ 10 mil desde janeiro de 1999 a março de 2021 R$ 30.112,00 R$ 80.369,00 R$ 50.267,00 162,47%


R$ 538 bilhões

  • É o valor total das perdas acumuladas pelos trabalhadores desde 1999

60 milhões

  • São os trabalhadores que podem ter direito à correção do FGTS

200 mil

  • Esse é o número aproximado de ações judiciais que podem ser atingidas pela decisão do Supremo sobre o FGTS

Fontes: IFGT (Instituto Fundo de Garantia do Trabalhador, Aith, Badari e Luchin Advogados, Advocacia Cremasco e ADI 5.090/201

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

O futuro ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, durante entrevista no Centro Cultural Banco do Brasil, sede do governo de transição, em Brasília  — Foto: Evaristo Sá/AFP

 Foto: Evaristo Sá/AFP

 

Segundo Tarcísio de Freitas, a retirada da urgência na votação do projeto é estratégica para ajuste de alguns pontos da proposta

Apesar do presidente Jair Bolsonaro ter retirado a urgência para votação do projeto de lei de cabotagem no Senado, conhecido como BR do Mar, o ministro de Infraestrutura Tarcísio de Freitas, afirmou que o debate sobre o tema está aquecido no Congresso e que pode avançar em breve. O ministro fez a declaração após reunião com membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

“A retirada da urgência é uma questão de estratégia, para dar conforto ao Senado concluir essa discussão. Acho que muitos senadores já tiveram emendas acatadas, tem alguns detalhes que estão sendo tratados pelo relator com alguns senadores. Mas acho que está muito próximo de ter um relatório que possa ir a plenário e possa ser aprovado”, disse o ministro.

Considerado um tema prioritário para o governo federal, o projeto de lei que modifica o sistema de transporte por cabotagem tramita no Senado desde dezembro do ano passado.

Desde que protocolou a proposta no congresso em agosto de 2021, o poder executivo pediu tramitação de urgência. o projeto chegou a trancar a da pauta da Câmara por quase três meses antes de ser aprovado e enviado ao Senado. O projeto já recebeu 43 propostas de emendas no Senado.

 

FONTE: CANAL RURAL

IMAGEM: DIVULGAÇÃO

 

Projeto busca a realização de estudos para a construção e manutenção do museu por meio de parcerias com a iniciativa privada
 

Foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (6/5) a Resolução CPPI nº 179, que opina pela qualificação do Museu Marítimo do Brasil no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Demandado pelo Ministério da Defesa, o projeto prevê a realização de estudos para a construção e manutenção do museu por meio de parcerias com a iniciativa privada.

O equipamento será implantado no Rio de Janeiro, no Espaço Cultural da Marinha (ECM), na região do Porto Maravilha, que foi completamente revitalizada e, atualmente, interliga diversos atrativos turísticos e culturais por meio de trajeto pedestre – em seu entorno estão a Ilha Fiscal, Igreja da Candelária, Museu Naval, Museu Histórico Nacional, Casa França-Brasil, Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Museu de Arte do Rio e Museu do Amanhã.

Com finalidade diferente daquela dos museus navais, de conteúdo militar, ou dos oceanográficos – que se atêm à vida biológica de oceanos e áreas costeiras – a intenção é que o Museu Marítimo trate do vasto universo ligado ao mar. Dessa forma, serão objeto de interesse para exposições temas como navegação, indústria da pesca, indústria naval e pesquisas científicas, entre outros.

“Com a qualificação, vamos avançar com estudos especializados para a efetiva implantação do Museu, que terá um importante papel de divulgar e fortalecer a importância da costa brasileira e suas riquezas”, destaca a secretária especial do PPI, Martha Seillier.

Além do Museu Marítimo do Brasil, os demais ativos localizados no ECM – tais como o Navio-museu Bauru, o Submarino-museu Riachuelo, a Nau dos Descobrimentos, o Helicóptero-museu Se a King, o Carro de Combate Cascavel e o Avião caça Skyhawk – também contarão com estudos de parcerias.

O próximo passo para a qualificação no PPI é a publicação de decreto presidencial.

FONTE: MINISTÉRIO DA ECONOMIA

OMS classifica novo coronavírus como pandemia

IMAGEM: GETTY IMAGES

 

A pandemia do novo coronavírus, que assola a população e a economia mundial há mais de 1 ano, pode trazer gosto amargo aos regimes de Previdência ao longo dos próximos anos com a redução das expectativas de vida.

De acordo com estudo desenvolvido pela Universidade de Harvard, os brasileiros nascidos em 2020 têm a esperança de viver até os 74,8 anos. A idade é inferior aos 76,6 estimados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2019 e, se confirmada, representaria recuo ao patamar de 2013.

“O impacto negativo na qualidade de vida, acesso básico à saúde, educação, acesso dificultoso ao mercado de trabalho e, por consequência, a redução da expectativa da vida, fará com que a população nascida em tempos de pandemia sofra ainda mais para obter uma aposentadoria”, avalia Evelyn dos Santos Almeida, do escritório Ferrareze e Freitas Advogados.

O atuário e consultor de Previdência Newton Conde, por sua vez, estima que a eventual redução da expectativa de vida deve trazer pouco impacto em relação ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e aos planos de seguradoras e fundos de pensão. “A queda da expectativa de vida envolve mais previdência privada e, eventualmente, de servidores dos estados e municípios, o que não têm um efeito muito drástico.”

“Quem está se filiando à Previdência não tem mais o fator previdenciário e aqueles que já estavam inscritos têm uma forma de transição”, aponta Conde ao citar que o dado é calculado com base no Censo. “Pode ser até que o IBGE adote alguma proporcionalidade, mas não há nem dinheiro para fazer o Censo”, observa ele.

Evelyn explica que, com as regras impostas pela Reforma da Previdência, a influência no fator previdenciário com a redução da expectativa de vida aos segurados que se encontram na regra de transição poderia contar com leve aumento no valor do benefício.

Assim, Conde destaca que o cálculo de expectativa de vida pode alterar mais diretamente os seguros de vida e benefícios assistenciais. “Você tem mais óbitos do que acontece normalmente e esses regimes só observam o ano para calcular a quantidade de óbitos”, explica o especialista.

Arrecadação
Outro reflexo perverso da pandemia no sistema de aposentadorias pode aparecer na arrecadação do Regime da Previdência, que tende a diminuir com o aumento no número de desempregados no Brasil, que somam mais de 14 milhões.

“A crise provocada pela pandemia pode dificultar a arrecadação em razão do desemprego, mas não pode ser usada como justificativa para alegação de déficit na previdência, ou ainda, de uma nova reforma”, aponta Evelyn.

Para Conde, os efeitos da pandemia afetaram diretamente os empregos e a capacidade dos segurados de manter a contribuição ao INSS após perderem a colocação profissional. “O sujeito contribui ‘em dobro’ para não perder a qualidade de segurado, mas a situação muitas vezes é tão precária que não se tem dinheiro nem para comer”, avalia ele ao confirmar que já foi comprovado que a Previdência teve uma queda de arrecadação durante a pandemia.

Os gastos com a Previdência respondem pelo maior rombo nas contas do governo central, que fechou fevereiro com déficit de R$ 21,2 bilhões, dos quais R$ 18,602 bilhões correspondiam às despesas com o sistema de aposentadorias.

FONTE: PORTAL R7

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IMAGEM/ARTE: CÂMARA DOS DEPUTADOS

Tudo bem simplificar, mas reforma tributária deveria ser de alto a baixo, escreve José Paulo Kupfer

É impressão digital da sociedade

Sistema brasileiro entre os piores

Há espaço para aumentar a carga

A reforma tributária, que começava a andar na Câmara dos Deputados, foi abalroada pelo presidente Arthur Lira (PP-AL). Com mão autoritária, nem esperou o relator da PEC 45/2019 (íntegra – 484 KB), seu correligionário Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), terminar a leitura do substitutivo que elaborara, para extinguir a comissão mista criada com o objetivo de encaminhar a tramitação do tema no Congresso.

Filigranas regimentais podem ser invocadas, mas, na prática, com seu gesto, Lira implodiu a reforma em tramitação, desagradando deputados, senadores e secretários de Fazenda. Ribeiro tentava pôr de pé uma reforma simplificadora, que substituiria uma fieira de tributos sobre bens e serviços por um único, em duas fases. Primeiro, juntando as contribuições federais PIS e Cofins num único Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), e incorporando, depois de dois anos, o estadual ICMS e o municipal ISS.

É bom, é ruim, qual é o perde-ganha setorial, e os impostos diretos sobre renda e patrimônio, quando vão ser considerados e em que medida? Toda essa discussão, com origem nas duas propostas que entraram em 2019, uma na Câmara, outra no Senado, foi para as gavetas. A ver como Lira vai conseguir enfiar goela abaixo do Congresso a reforma fatiada, começando apenas com tributos federais, pretendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

O sistema tributário coleciona reformas e alterações, com resultados desalentadores. A carga tributária total, tomada em seu agregado, é tão alta quanto a de países ricos, quando não as supera, e se situa muitos degraus acima da tributação em economias de porte semelhante à da brasileira. Nem por isso alivia as dificuldades fiscais.

É que sua estrutura termina funcionando na contramão dos sistemas tributários normais. Com tributos de má qualidade, taxa mais quem pode contribuir menos, acentuam desigualdades de renda. Não satisfeito, o sistema afeta, negativamente, a competitividade da economia. Além de tudo, forma uma verdadeira macarronada de regras e normas, empilhadas em camadas, que torna difícil tanto cobrar quanto pagar os devidos impostos.

Para resumir, se os maiores sábios tributaristas do mundo fossem trancados numa sala e só pudessem sair quando tivesse produzido o pior sistema tributário possível, não teriam conseguido um tão ruim quanto o brasileiro. Como todo sistema tributário, o nosso também é uma impressão digital da sociedade extremamente desigual que o concebeu e estruturou.

Como se chegou nessa situação? A resposta mais geral é a de que, no Brasil, o subdesenvolvimento não é um acidente de percurso, mas um projeto. O conflito distributivo tem sido aqui resolvido no tapa por elites predadoras e lobbies variados, na base do “meu pirão primeiro”.

Um exemplo recentíssimo, mas apenas um entre tantos numa longa história através dos tempos, ajuda a entender como os tributos arrecadados de quem menos tem vão sendo desviados para quem menos precisa. Uma portaria do ministério da Economia, comandada pelo ultra-reformista ministro Paulo Guedes –aquele que já foi taxado de “tigrão com os pobres e tchutchuca com os ricos”–, publicada na 6ª feira, 30 de abril, permitiu que servidores públicos pudessem furar o teto constitucional, e receber proventos acima de R$ 39,2 mil mensais. Calcula-se que, no total, já em 2020, serão mais de R$ 180 milhões retirados das receitas públicas e injetados, diretamente, no bolso de uns tantos beneficiários.

Reportagem muito completa do G1 mostra como alguns servidores aposentados, mas exercendo cargos em comissão no governo, poderão somar os dois proventos, mesmo se o total acumulado superar o teto constitucional. Militares que lotam, depois de Bolsonaro, cargos comissionados no serviço público, estão entre os beneficiários.

Segundo a reportagem, este seria o caso, por exemplo, do general Luiz Eduardo Ramos, chefe da Casa Civil, do general Walter Braga Netto, ministro da Defesa, e até do presidente Jair Bolsonaro. Beneficiados pelo que está sendo chamado de “teto duplex”, Ramos deixaria de devolver R$ 27 mil reais mensais, Braga Netto, poderia ficar com R$ 22,7 mil e Bolsonaro, R$ 2,3 mil a mais por mês.

Obviamente, a portaria só favorece quem aufere renda elevada, acima de 30 salários mínimos. A carga tributária para esta faixa superior de contribuintes fica em torno de 25% da renda. Já os contribuintes com renda até 2 salários mínimos contribuem com metade de seus ganhos. No agregado, porém, a carga tributária equivale a 32% do PIB, quase tão alta quanto a de países ricos e cerca de 10 pontos acima de países com renda per capita semelhante à do Brasil.

Em março de 2020, a Receita Federal divulgou um estudo comparativo da carga tributária brasileira com a de países da OCDE, com dados de 2017. Em relação aos tributos sobre bens e serviços, em termos proporcionais, o Brasil ocupava a quarta posição entre os maiores arrecadadores, num grupo de 35 países. Já em relação a lucros e ganhos de capital, a carga brasileira ocupava a 29ª posição entre os 35 países comparados. No caso da taxação de propriedades, o Brasil ficava no 20º lugar entre 35 países.

Está claro que esse modelo de distribuição tributária não só configura flagrante injustiça fiscal e social como restringe a arrecadação e, portanto, inibe e fragiliza a ação do Estado, inclusive na indução ao investimento privado. Cobrando mais de quem pode contribuir menos, o bolo da arrecadação tende a crescer menos.

São tantos os defeitos do sistema tributário brasileiro que é enorme o espaço para lhe conferir mais equilíbrio e eficiência. E, sim, aumentar a carga tributária, simplificando a cobrança de impostos e fazendo os mais ricos contribuírem, proporcionalmente, como contribuem seus semelhantes de estrato de renda, nos respectivos países.

 

FONTE: PODER 360

Codigo penal

IMAGEM: PASTORAL CARCERÁRIA

 

Texto acrescenta dispositivos ao Código Penal para definir crimes contra o Estado Democrático de Direito. Legislação ditatorial vem sendo usada por Bolsonaro contra opositores

 A Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do Projeto de Lei 6764/02, que revoga a Lei de Segurança Nacional e acrescenta no Código Penal vários crimes contra o Estado Democrático de Direito. Para concluir a votação do projeto, os deputados ainda precisam analisar os chamados destaques, que visam mudar o conteúdo. Em seguida, o texto seguirá para o Senado.

A Lei de Segurança Nacional é de 1983, ainda sob regime militar. O governo Bolsonaro tem usado frequentemente a LSN para perseguir opositores e críticos que apenas opinam contra o governo ou o presidente.

Contrários ao projeto, aliados de Bolsonaro tentaram retirar a proposta de pauta da sessão plenária desta terça-feira, o que foi rejeitado pelos parlamentares (338 votos a 62). Numa distorção argumentativa, sua base parlamentar diz que o Supremo Tribunal Federal tem usado a LSN para perseguir críticos da instituição. Referem-se à prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) que divulgou vídeo com apologia ao AI-5, instrumento de repressão mais duro da ditadura militar, defendeu o fechamento da Corte com ameaças a ministros.

O substitutivo da relatora, deputada Margarete Coelho (PP-PI), cria um novo título no código para tipificar dez crimes em cinco capítulos. Entre eles os crimes de interrupção de processo eleitoral, fake news nas eleições e atentado a direito de manifestação.

Asim, por exemplo, no capítulo dos crimes contra a cidadania, fica proibido impedir, com violência ou ameaça grave o exercício pacífico e livre de manifestação de partidos políticos, movimentos sociais, sindicatos, órgãos de classe ou demais grupos políticos, associativos, étnicos, raciais, culturais ou religiosos.

A pena é de 1 a 4 anos de reclusão, mas aumenta para 2 a 8 anos se da repressão resultar lesão corporal grave. No caso de morte, vai para 4 a 12 anos.

O projeto

A proposta em discussão na Câmara acrescenta dispositivos ao Código Penal para definir crimes contra o Estado Democrático de Direito, e revoga a Lei de Segurança Nacional. O texto tipifica 10 novos crimes. São eles:

  • atentado à soberania: prisão de três a oito anos para o crime de negociar com governo ou grupo estrangeiro para provocar atos típicos de guerra contra o país ou invadi-lo. A pena pode ser até duplicada se, de fato, for declarada guerra. Se houver participação em operação bélica para submeter o território nacional ao domínio ou soberania de outro país, a reclusão é de quatro a 12 anos;
  • atentado à integridade nacional: prisão de dois a seis anos para quem praticar violência ou grave ameaça para desmembrar parte do território nacional para constituir país independente. O criminoso também deve responder pela pena correspondente à violência do ato;
  • espionagem: prisão de três a 12 anos para quem entregar documentos ou informações secretas, que podem colocar em risco a democracia ou a soberania nacional, para governo ou organização criminosa estrangeiros. Quem auxiliar espião responde pela mesma pena, que pode ser aumentada se o documento for revelado com violação do dever de sigilo. Além disso, aquele que facilitar a espionagem ao, por exemplo, fornecer senhas a sistemas de informações pode responder por detenção de um a quatro anos. O texto esclarece que não é crime a entrega de documentos para expor a prática de crime ou a violação de direitos humanos;
  • abolição violenta do Estado Democrático de Direito: prisão de quatro a oito anos para quem tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais. O criminoso também deve responder pela pena correspondente à violência do ato;
  • golpe de Estado: prisão de quatro a 12 anos a tentativas de depor, por violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído. O criminoso também deve responder pela pena correspondente à violência do ato;
  • interrupção do processo eleitoral: prisão de três a seis anos e multa para quem “impedir ou perturbar eleição ou a aferição de seu resultado” por meio de violação do sistema de votação;
  • comunicação enganosa em massa: pena de um a cinco anos e multa para quem ofertar, promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por terceiros, por meio de expediente não fornecido diretamente pelo provedor do aplicativo de mensagens privadas, campanha ou iniciativa para disseminar fake news capazes de colocar em risco a higidez das eleições ou de comprometer o processo eleitoral;
  • violência política: pena de três a seis anos e multa para quem restringir, impedir ou dificultar por meio de violência física, psicológica ou sexual o exercício de direitos políticos a qualquer pessoa em razão do seu sexo, raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional;
  • sabotagem: pena de dois a oito anos para quem destruir ou inutilizar meios de comunicação, estabelecimentos, instalações ou serviços destinados à defesa nacional, com o objetivo de abolir o Estado Democrático de Direito;
  • atentado a direito de manifestação: prisão de um a quatro anos para quem impedir, mediante violência ou grave ameaça, “o livre e pacífico exercício de manifestação de partidos políticos, movimentos sociais, sindicatos, órgãos de classe ou demais grupos políticos, associativos, étnicos, raciais, culturais ou religiosos”. A pena pode ser aumentada se houver lesão corporal grave (de dois a oito anos), se resultar em morte (de quatro a 12 anos).

O texto estabelece que as penas previstas para esses crimes serão aumentadas em um terço se o delito for cometido com violência ou ameaça com emprego de arma de fogo.

Se o crime for cometido por funcionário público a pena também será aumentada em um terço e o profissional perderá o cargo. Caso um militar pratique o delito, a pena aumenta em sua metade, cumulada com a perda do posto e da patente ou da graduação.

A proposta deixa explícito que não será considerado crime contra o Estado Democrática de Direito:

  • manifestação crítica aos poderes constitucionais;
  • atividade jornalística;
  • reivindicação de direitos e garantias constitucionais por meio de passeatas, reuniões, greves, aglomerações ou qualquer outra forma de manifestação política com propósitos sociais.

Em outro ponto do projeto, o texto inclui os presidentes da República, da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF) nas hipóteses de aumento de pena em casos de crimes contra a honra.

Atualmente, o Código Penal diz que se o crime contra a honra for cometido contra funcionário público em razão de suas funções, a pena aumenta em um terço. A proposta inclui os presidentes dos Poderes nesta lista.

O texto também estabelece pena de três a seis meses, ou multa, para quem incitar publicamente a animosidade entre as Forças Armadas, ou entre estas e os demais poderes, as instituições civis e a sociedade.

FONTE: PORTAL VERMELHO

 (crédito: Diego Baravelli/MInfra)

IMAGEM: Diego Baravelli/MInfra

 

A Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac) está se mobilizando para reverter a decisão do governo brasileiro de não renovar os acordos bilaterais para transporte marítimo com Argentina e Uruguai.

Embora só comece a valer efetivamente em janeiro de 2022, a medida já foi anunciada aos dois países.

Na avaliação da Abac, é contraditório o Brasil estimular a cabotagem por meio do Projeto de Lei nº 4199/2020, o chamado BR do Mar e, simultaneamente, acabar com um acordo que favorece as empresas nacionais.

FONTE: PORTOS&NAVIOS

 

Desalento

IMAGEM: CNTEEC

 

Diretor técnico do Dieese Fausto Augusto Junior chama a atenção para a deterioração da qualificação da mão de obra por conta da elevação do desalento, que cresceu 26,8% no último trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado

Entre dezembro de 2020 e fevereiro deste ano, os desalentados – aqueles que desistiram de procurar trabalho – somam 5,952 milhões, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada pelo IBGE na última sexta-feira (3). Na comparação com o mesmo período do ano passado, o desalento cresceu 26,8%. Junto ao aumento da informalidade e do desemprego, que atinge mais de 14,4 milhões, esses números representam a deterioração do mercado de trabalho brasileiro.

De acordo com o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, a questão do desalento é preocupante, pois “quanto mais tempo a pessoa fica fora do mercado de trabalho, mais difícil fica para ela voltar”. Em entrevista ao Jornal Brasil Atual nesta segunda-feira (3), ele desfaz o mito de que o desalento atinge apenas o trabalhador mais pobre, com baixa escolaridade.

Segundo ele, muitos são os universitários recém-formados que desistiram de procurar uma vaga. Ou, ainda, são pessoas que conseguiram acumular recursos com o trabalho formal, mas agora estão consumindo suas poupanças. Com isso, passam a depender cada vez mais das suas famílias ou dos programas sociais.

O diretor do Dieese aponta que será preciso implementar políticas de requalificação profissional para garantir a inserção desses milhões no mercado de trabalho novamente. “Tudo isso é um grande desperdício de mão de obra e conhecimento e vai ser cobrado um preço lá na frente. Porque em vez de estarem se aperfeiçoando, essas pessoas vão se distanciando do mercado, o que é algo bastante grave”, alertou Fausto.

FONTE: REDE BRASIL ATUAL