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A democracia brasileira saiu mais fraca do seu 199º aniversário da independência do Brasil, analisa a cientista política Amy Erica Smith, especialista em democracia e regimes autoritários na América Latina, particularmente no Brasil.

Em protestos que atraíram centenas de milhares de pessoas neste 7 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não cumprirá decisões judiciais, ameaçou fechar o Supremo Tribunal Federal, disse que um dos ministros, Alexandre de Moraes, "açoita a democracia", chamou o processo eleitoral sem voto impresso de "farsa" e disse que apenas Deus pode tirá-lo da Presidência.

"É possível que as coisas agora tenham chegado a um ponto tão ruim que forcem a ação de outros poderes", opina ela.

Após Bolsonaro intensificar os ataques ao Supremo e ameaçar não cumprir decisões do ministro Alexandre de Moraes, aumentaram as cobranças pela abertura de um processo de impeachment no Congresso.

Para a estudiosa, a demonstração de força de Bolsonaro não foi um "fracasso total", dado o número de pessoas que ele atraiu e a disseminação de suas palavras, mas deixou claro que Bolsonaro não reúne condições de dar um golpe. "Se tivesse, ele já teria dado".

Smith observa que Bolsonaro e seus apoiadores tentam projetar uma imagem de lideranças da direita global, com placas em inglês contra o STF e apoio de ex-assessores de Trump em suas empreitadas, mas, para a maioria da audiência internacional, "Bolsonaro pinta o Brasil como uma república das bananas".

Leia a seguir os principais trechos da entrevista de Amy Erica Smith à BBC News Brasil, editadas por clareza e concisão.

BBC News Brasil - Como qualifica os acontecimentos desse 7 de setembro?

Amy Erica Smith - A multidão tinha um tamanho razoável e o discurso de Bolsonaro está mais radical, talvez o mais radical que se possa ser sem provocar um confronto direto e imediato. O tipo de ataque que ele fez ao ministro Alexandre de Moraes hoje cruza a linha da democracia. As coisas que Bolsonaro disse não satisfazem os mínimos requisitos da democracia e, se for permitido que ele continue a fazer esse tipo de declaração, as coisas ficarão muito ruins no Brasil.

Ele até poderia recuar, mas não acredito que irá. A essa altura, nós já vimos o suficiente pra identificar um padrão de alguém que vai gradualmente ficando mais e mais radical. Declarações como "só saio da presidência morto" são extremamente anti-democráticas, assim como tudo o que ele disse hoje. Desse ponto em diante, as coisas só pioram.

BBC News Brasil - Alguns analistas, como o filósofo Marcos Nobre, veem nos movimentos de Bolsonaro em 7 de setembro uma espécie de ensaio do golpe, um teste de quão longe se pode ir. A senhora concorda?

Smith - Se Bolsonaro tivesse apoio para um golpe, provavelmente ele já teria dado um golpe. Muito do que ele faz é projetado para tentar atrair mais pessoas para o seu lado e viabilizar um golpe. Está claro que, se pudesse ter fechado o Supremo Tribunal Federal há um ano, ele já teria feito isso.

Mas ele não tem apoio institucional para fazer isso, nem dos militares nem de outros políticos. E se tentasse, não conseguiria se segurar no poder. Então acho que o termo ensaio não cabe, porque a verdade é que se ele tivesse tido condições de dar um golpe ontem, ele teria dado. E seus apoiadores também teriam apoiado o golpe se ele tivesse tentado.

O que eu acho que Bolsonaro está fazendo é deliberadamente mostrando que seu interesse é golpista e tentando arregimentar pessoas pra sua causa. Isso é mais um alerta do que ele gostaria de fazer se conseguisse obter mais poder. E eu acho que foi uma tentativa também de satisfazer alguns de seus apoiadores mais radicais, que pediam por esse tipo de comportamento. Então ele manda uma mensagem para esses apoiadores ao mesmo tempo em que tenta intimidar o Supremo e Congresso. E, honestamente, não vejo como isso possa ter funcionado, nem para intimidar, nem para ganhar novos apoiadores.

BBC News Brasil - Bolsonaro terminou o sete de setembro mais forte ou mais fraco do que começou o dia?

Smith - Não acho que foi um fracasso completo. Ele conseguiu reunir uma massa moderadamente grande. Não foi uma massa esmagadora, mas atraiu público e conseguiu levar seus discursos à TV. Mas em termos eleitorais práticos, a popularidade dele ainda está na casa de 20% e não houve ali nenhum sinal de que ele tem poder suficiente para mobilizar eleitores a ponto de alterar o cálculo eleitoral dos partidos em favor dele.

Já em relação à crise institucional, ao conflito com outros poderes, Bolsonaro termina o dia bem mais radical e aparentemente tendo dito coisas que podem levar a ações legais contra ele no Supremo e ao seu impeachment no Congresso. Esses são cenários possíveis. Então, ele sai do sete de setembro mais vulnerável em relação aos demais poderes. E podemos esperar resposta ao menos da Suprema Corte, com certeza.

BBC News Brasil - O Brasil vive uma crise institucional grave. Hoje o presidente disse que só Deus o tira do cargo, que não cumprirá decisões judiciais de um dos ministros do Supremo e que não participará do que chamou de "farsa" das eleições sem votos impresso. Com isso, afrontou o Congresso e a Suprema Corte. Como fica a democracia depois disso?

Smith - O que está claro é que a democracia brasileira saiu do sete de setembro mais fraca, em uma crise maior. Mas é possível que agora as coisas tenham chegado a um ponto tão ruim que forcem a ação de outros poderes. A democracia brasileira está em grande risco, especialmente com as ameaças ao Supremo.

BBC News Brasil - Alguns líderes partidários voltaram a falar em impeachment, e esse é um assunto que tem rondado a gestão Bolsonaro, mas nunca como algo viável. Isso pode ter mudado ontem?

Smith - As coisas que Bolsonaro falou ontem certamente aumentam suas chances de sofrer um impeachment. O sete de setembro pode ser o começo do fim pra ele.

Ele chamou o Conselho da República (órgão que decide sobre intervenção federal) e disse que mostraria a eles a fotografia do povo. Isso, em outras condições, seria o chamamento para o golpe. Mas as pessoas que compõem esse Conselho da República não dirão: 'sim, senhor, vamos dar um golpe'. Então é difícil entender os reais efeitos do que Bolsonaro diz. É bizarro imaginar que ele pense que os demais chefes de poderes vão coadunar com essa ideia. Não é possível que ele próprio acredite nisso. Pode ser um teatro político, mas não deixa de ser perigoso.

BBC News Brasil - A economia brasileira patina, e investidores estrangeiros não se sentem confortáveis em trazer seu dinheiro ao país. Como diferentes observadores internacionais veem o que acontece no Brasil e o que esperam do país?

Smith - É terrível para os negócios e os manifestos do agronegócio e de empresários brasileiros contra as ações de Bolsonaro mostram isso. Bolsonaro pinta o Brasil como uma república das bananas. O que estamos vendo hoje é uma instabilidade extrema e o que o presidente promete aos investidores é ainda mais instabilidade por vir. O comportamento de Bolsonaro em si é péssimo para atrair os investimentos. Essa instabilidade política poderia ser resolvida com um novo presidente, mas parte dos danos à imagem do Brasil no exterior, a relações com os EUA e a Europa, essas coisas demoram mais tempo a serem reparadas.

BBC News Brasil - Ainda em relação às relações internacionais, como vê o fato de ex-assessores de Trump, como Jason Miller e Steve Bannon, mostrarem tanta proximidade e interesse com o governo - e a campanha - de Bolsonaro?

Smith - Não são só os assessores, mas também chama a atenção a quantidade de placas em inglês carregadas por bolsonaristas. E isso acontece porque a direita, e especialmente a extrema-direita, da qual Bolsonaro faz parte, é um movimento de laços internacionais muito fortes. Isso é muito emblemático de que o presidente se vê como parte de uma direita global e acredita que ela poderá ajudá-lo. Mas a verdade é que a direita global - e especialmente a americana - não é mais tão poderosa quanto já foi e não será capaz de ajudá-lo nessa crise institucional. Todo o apoio do mundo de Trump e seu grupo não salvarão Bolsonaro. E isso seria verdade mesmo se Trump ainda fosse presidente, mas é ainda mais óbvio agora que Trump está fora do poder.

BBC News Brasil - Vimos manifestações contra e a favor de Bolsonaro no sete de setembro. Ambas diziam defender a democracia. O que significa essa contradição?

Smith - Isso é algo muito perigoso para a democracia, porque a situação de polarização e partidarização atingiu tal nível que pessoas com ideias totalmente opostas do que democracia signifique estejam dispostas a lutar até o fim umas com as outras enquanto supostamente defendem a mesma coisa. Isso é uma prova da tensão do estado de coisas na democracia brasileira.

 

FONTE: BBC

Carteira de trabalho — Foto: Jorge Júnior

IMAGEM: JORGE JÚNIOR/G1

Centrais propõem “debate sobre políticas de geração, proteção e recuperação de empregos e de renda”

Ainda sob as comemorações pela derrota imposta ao governo pelo Senado, ao rejeitar a MP 1.045/21 na quarta-feira (1º), as centrais sindicais editaram nota sobre a importante vitória dessa batalha contra a precarização do trabalho que a MP aprovada pelos deputados impunha aos trabalhadores.

“A derrota desta nefasta artimanha do governo resulta da organização das entidades sindicais, da unidade das centrais sindicais, da persistência dos sindicatos, federações, confederações, que não pouparam esforços em buscar um diálogo com o Senado e expor rapidamente os prejuízos sociais e econômicos contemplados na medida”, consta na nota divulgada nesta quinta-feira (2) pelas entidades.

A derrota da MP, “Resulta [, portanto,] do compromisso do Senado Federal, como Casa revisora, com a sociedade, evitando uma nova onda de retirada de direitos dos trabalhadores.”

 

 

MP 1045: Trabalhadores pressionam e Senado rejeita nova retirada de direitos

As Centrais Sindicais comemoram a vitória contra a Medida Provisória 1.045/2021, ocorrida no senado federal no dia 01/09/2021.

A medida, com seus jabutis que configuravam uma minirreforma trabalhista, propunha o aumento da desproteção social e previdenciária e a desvalorização dos sindicatos e da negociação coletiva, precarizando ainda mais as condições de trabalho.

Defendemos sim a manutenção e o incremento de medidas emergenciais para trabalhadores, empregadores e para a população mais vulnerável durante a vigência da pandemia do coronavírus. Acusamos, entretanto, o governo federal de aproveitar-se das necessidades de uma crise que tem levado milhares de brasileiros à morte precoce, para tentar aprovar, sem o devido debate social, dispositivos impopulares, que prejudicariam ainda mais o povo que já sofre com o desemprego, a carestia e o vírus.

A derrota desta nefasta artimanha do governo resulta da organização das entidades sindicais, da unidade das centrais sindicais, da persistência dos sindicatos, federações, confederações, que não pouparam esforços em buscar um diálogo com o Senado e expor rapidamente os prejuízos sociais e econômicos contemplados na medida. Resulta do compromisso do Senado Federal, como Casa Revisora, com a sociedade, evitando uma nova onda de retirada de direitos dos trabalhadores.

Em abril de 2020 a equipe de Paulo Guedes já havia tentado emplacar a famigerada “carteira verde e amarela” que, assim como a MP 1045, promovia a redução de direitos trabalhistas. Naquela ocasião o governo também sofreu uma grande derrota no Senado, impulsionada pela resistência dos trabalhadores.

Reiteramos que qualquer mudança na lei que interfira na vida dos cidadãos e na economia do país deve ser devidamente analisada e debatida no Congresso Nacional, com ampla participação da sociedade, dos trabalhadores, dos empregadores e do governo.

Propomos, desde já, que se abra um debate sobre políticas de geração, proteção e recuperação de empregos e de renda, de economia solidária e popular, de concessão de crédito e valorização de micro e pequenas empresas. Um debate sobre o fortalecimento de políticas públicas com vistas a um desenvolvimento justo e humanitário para o Brasil.

Estamos alertas e preparados para enfrentar qualquer nova ofensiva antissocial tramada pelo ministro da economia em conluio com o presidente da República.

Nossa luta evitou a retirada de direitos!

São Paulo, 03 de setembro de 2021.

Sérgio Nobre, Presidente da Central Única dos Trabalhadores – CUT

Miguel Torres, Presidente da Força Sindical – FS

Ricardo Patah, Presidente da União Geral dos Trabalhadores – UGT

Adilson Araújo, Presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB

Antonio Neto, Presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros – CSB

José Reginaldo Inácio, Presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores – NCST

Atnágoras Lopes, Secretário Executivo Nacional da CSP – Conlutas

Edson Carneiro Índio, Secretário Geral da Intersindical, Central da Classe Trabalhadora

Emanuel Melato, Coordenador da Intersindical, Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora

José Gozze, Presidente da Pública Central do Servidor

FONTE: DIAP

Camelôs na Rua XV de Novembro, em Curitiba: trabalho que não contará tempo para a aposentadoria. | Antônio More/Gazeta do Povo

IMAGEM: ANTONIO MORE/GAZETA DO POVO

 

Quem está sem emprego regular, trabalhando por conta própria, ou mesmo desempregado, tem alternativas para manter a contribuição ao INSS e garantir uma renda na inatividade. Mas é preciso atenção aos detalhes, dizem especialistas

A pandemia levou o país a um índice recorde de desemprego. Atualmente, 14,4 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estão fora do mercado de trabalho. Além disso, o número de trabalhadores informais e por conta própria disparou. A taxa de informalidade no trimestre encerrado em junho foi de 40,6% — ou 35 milhões de informais no país, 2,5 milhões a mais que em 2020. Para garantir a aposentadoria, muitos informais se filiam à Previdência como contribuintes individuais ou facultativos. Mas é preciso analisar, com cuidado, aspectos como o percentual da contribuição e o valor futuro da renda mensal a que terão direito. Muita gente não sabe, por exemplo, que pode não fazer jus à aposentadoria por tempo de contribuição e, em alguns casos, receberá apenas o salário mínimo.

Como regra geral, quem está sem emprego regular pode se inscrever no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) na modalidade “contribuinte facultativo”. Nesse caso, a base de cálculo da contribuição varia entre o valor do salário mínimo (R$ 1,1 mil atualmente) e o teto do INSS, de R$ 6.433,57. E há três opções de alíquotas: 20%, 11% e 5%.

A alíquota de 20% é a mais geral e permite, dependendo da base de contribuição, obter uma aposentadoria até o teto do INSS. A de 11% corresponde ao plano simplificado, e obriga o contribuinte a ter como base de cálculo o salário mínimo. Nesse caso, o cidadão deve contribuir com R$ 121 por mês e, ao se aposentar, receberá mensalmente o equivalente ao piso salarial.

A alíquota de 5% é voltada ao segurado facultativo que se enquadre como membro de família de baixa renda inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico). A base de cálculo também é de um salário-mínimo. Logo, o contribuinte deve pagar R$ 55 mensalmente.

Detalhes

Os especialistas observam que é preciso ficar atento aos detalhes. Para os autônomos, ou contribuintes individuais, há dois planos e duas alíquotas de contribuição, de acordo com o INSS. O plano completo, com alíquota de 20%, dá direito a aposentadoria por tempo de contribuição e à possibilidade de ganho acima do salário mínimo. Já o plano simplificado tem alíquota de 11% sobre o salário mínimo — com direito a apenas um salário mínimo de renda na aposentadoria. Nesse caso, “não há possibilidade de aposentadoria por tempo de contribuição, mas, sim, de aposentadoria por idade”, informa o INSS.

O INSS explica que os trabalhadores por conta própria podem também contribuir como Microempreendedores Individuais (MEI). Para se tornar um MEI, é preciso fazer a inscrição no Portal do Trabalhador. Por meio do site, a pessoa recebe um número de CNPJ e caracteriza-se como pessoa jurídica.

Por se enquadrar como MEI o empreendedor que tenha faturamento de até R$ 81 mil por ano. “Dividindo esse valor por 12 meses, temos uma média de R$ 6.750 por mês. Após se formalizar, o empreendedor deve permanecer dentro desse limite anual e mensal, para garantir que a empresa fique regular e tenha acesso aos benefícios oferecidos pela categoria”, aponta Eduardo Marciano, gerente do Departamento Pessoal da King Contabilidade.

Quem está na informalidade e está pensando em se regularizar para ter direito a benefícios e à aposentadoria do INSS precisa se cadastrar e gerar o número de inscrição do trabalhador (NIT). “Se já for cadastrado no PIS, no Pasep e tiver o NIS (número de identificação social), esse já é o seu número de inscrição no INSS”, detalha Eduardo Marciano. A forma de contribuição do contribuinte individual para o INSS é por meio da Guia de Recolhimento da Previdência Social (GPS).

MEI oferece vantagens

Uma alternativa que tem sido muito usada, principalmente para autônomos e por quem está começando a empreender é a inscrição como Microempreendedor Individual (MEI). “A vantagem do MEI é poder recolher todos os impostos, como ISS e ICMS, em um valor muito baixo, além da contribuição previdenciária com uma alíquota reduzida de 5% sobre o salário mínimo. Mas o MEI só tem direito a aposentadoria por idade que, com a reforma da Previdência, para o ano de 2021, exige 65 anos dos homens e 61 das mulheres”, observa Thiago Luchin, sócio na Aith, Badari e Luchin Advogados.

A figura do MEI difere do autônomo, que é uma pessoa física e terá como identificação o número do CPF, para fins da emissão da Recibo de Pagamento de Autônomo (RPA), pelo qual serão feitos os recolhimentos do INSS, ISS e IRRF. Já o MEI é dono de um pequeno negócio, e tem um número de CNPJ que será usado para emissão de notas fiscais e tributos a pagar.

Renata Leal Ferrarezi, advogada tributarista e consultora empresarial, destaca, entre os benefícios do MEI, a aposentadoria por idade, desde que se comprove o recolhimento de 180 contribuições mensais (15 anos). O MEI tem direito ainda a aposentadoria por invalidez e auxílio doença, após pagamento de 12 contribuições; a salário-maternidade, depois de 10 parcelas; e a pensão por morte e a auxílio-reclusão, a partir do primeiro recolhimento.

Requisitos

Para obter a aposentadoria, o MEI que já era formalizado antes de 13 de novembro de 2019 deve comprovar idade de 60 anos (mulheres) ou 65 anos (homens). Para os que começaram a contribuir a partir de 2019, os requisitos são: idade de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres e tempo de contribuição de 20 anos para homens e de 15 anos para mulheres.

“Na hipótese de a pessoa já ter contribuído para a Previdência Social antes de ser formalizada como MEI, esse tempo é considerado para a concessão do benefício, e, na hipótese de o MEI exercer outra profissão, deve continuar recolhendo a contribuição previdenciária nas duas atividades”, ressalta Renata Leal Ferrarezi.

O MEI faz os recolhimentos mensais para o Simples Nacional, pois é através dele que é feita a fiscalização e a cobrança de tributos aplicados às empresas de pequeno porte. Para gerar os boletos e pagar, deve acessar o Portal do Empreendedor, na aba Carnê MEI–DAS, e informar o número do CNPJ para imprimir os boletos. Ou fazer a opção pelo débito automático no Portal do Simples Nacional, no menu “Simei Serviços”, opção Débito Automático.

 

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

21.03.2017 Palestras Balcão de Empregos Fotos Marcos Porto  Palestras Balcão de Empregos Fotos Marcos Porto

IMAGEM: MARCOS PORTO/SECOM/ITAJAÍ

 

O Senado Federal derrotou na quarta-feira (1º/9) a proposta do governo federal de introduzir a reforma trabalhista da MP 1045/21, que teria como finalidade o programa da preservação do emprego e da atividade econômica, com acréscimos de modelos de relação de trabalho de resultados benéficos duvidosos. Desse modo, com alívio, ficamos com o que já temos em legislação trabalhista e não vamos suportar novos solavancos e remendos nas relações trabalhistas, com instauração de um campo de litigiosidade sem fim.

Todavia, o momento merece reflexão para a preservação das instituições democráticas e a garantia constitucional.

A origem do Direito do Trabalho como forma de proteção de empregados contra o poder econômico do empregador parece ter ficado no passado, muito embora inegável que em momentos de crise de desemprego há sensível fragilização nas escolhas do tipo de trabalho e seu conteúdo jurídico. É claro, entretanto, que houve um entrincheiramento de trabalhadores e de empregadores que se enfrentam no avanço de direitos ou na preservação da propriedade. Segundo Lyon-Caen ("Le droit du travail. Une technique reversible", Dalloz, 1995), foi-se o tempo em que o Direito do Trabalho tinha por finalidade proteger o empregado, subordinado, em situação de acentuada desigualdade no contrato de trabalho. Segundo o autor, a proteção foi substituída pela flexibilização com a finalidade de favorecer o emprego.

A legislação trabalhista brasileira tem na Constituição Federal sua base de garantias dos direitos aos trabalhadores (artigo 7º), complementada por leis ordinárias e, especialmente, por negociações coletivas de trabalho cuja finalidade essencial é a redução de desigualdades e a busca da melhoria das condições sociais dos representados. Nesse sentido, todo o arcabouço legal destinado ao campo do trabalho de empregados considera barreiras de proteção aos empregados e legitimou a atuação de trabalhadores por meio de entidades sindicais legítimas, condutoras de conquistas e de transformações de direitos, respeitando sempre os princípios constitucionais.

O professor Tercio Sampaio Ferraz ("A desigualdade econômica e a isonomia: uma reflexão sobre os perfis das desigualdades". In Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 279, n. 1, p. 31-49, jan./abr. 2020) observa que:

"A Constituição Federal tem na igualdade um de seus núcleos basilares. A igualdade tem um sentido superlativo, quando se percebe seu reconhecimento (artigo 5º) em termos de isonomia (igualdade perante a lei) e de sua inviolabilidade como direito: todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, e a todos se garante a inviolabilidade do direito à igualdade".

E sobre a desigualdade econômica assevera que:

"Em certos casos, a percepção da diferença é tratada com rigor: (artigo 7º-XXXIII) proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos. E, nessa linha (artigo 7º-XXX), a proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. Em outros, é percebida como objetivo. No artigo 3º-III, fala-se em erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, vale dizer, situações que existem e que devem ser eliminadas (erradicar) ou diminuídas ao máximo possível (reduzir). Na mesma linha (artigo 170-VII), a redução das desigualdades regionais e sociais como princípio da ordem econômica".

Na expressão do professor um dos problemas cruciais da atualidade é o "jogo" entre igualdade de direito como direito fundamental e a desigualdade como fato constatada e denunciada.

Relevante, no quadro da exclusão social gerada pela crise atual, a reflexão do professor Tércio sobre a compreensão da configuração do perfil da igualdade/desigualdade econômica que, segundo ele, não é tarefa simples e, fazendo uma reflexão extraída do livro de Stiglitz — "The price of inequality" (Londres: Penguin, 2013).

"Países ao redor do mundo, diz ele (p. 4), oferecem exemplos assustadores do que acontece às sociedades, quando elas alcançam um nível de desigualdade para o qual se movem. O quadro não é bom: são países em que os ricos vivem em comunidades muradas, à espera de hordas de trabalhadores com renda abaixo da sobrevivência; sistemas políticos instáveis em que promessas populistas às massas de uma vida melhor desabam em frustrações. E, em tudo, talvez o mais importante, a ausência de esperança, pois, nesses países, os pobres sabem que seus propósitos de emergir da pobreza apontam para um longo caminho de realização minúscula".

Os problemas com desigualdades sociais, como se observou, sempre foram a tônica da sociedade capitalista e, nestes momentos, presenciamos tonalidades crescentes, uma marginalização ostensiva de trabalhadores e a miséria que bate na porta de todos e avança de modo incontrolável. Diante de tais fatos não é razoável que a solução venha exclusivamente pela via legal, sem qualquer participação de grupos representativos responsáveis e capazes de produzir uma transformação segura e orgânica.

Em geral, as organizações de trabalhadores do setor econômico ficam à espera de iniciativas do Estado para encaminhamento de leis que, todavia, quando aprovadas sofrem a crise de legitimidade política sendo rejeitadas na sociedade.

As soluções para o enfrentamento da crise interessam a todos. No campo das relações trabalhistas sempre fomos capazes de organizar entidades representativas dos diferentes setores da sociedade, sindicatos, centrais sindicais. Talvez tenha chegado o momento de abandonar as trincheiras e caminhar para uma grande concertação social entre as forças produtivas e econômicas, com maior integração e responsabilidade programáticas capazes de eliminar o fantasma do medo de ameaças pixotescas à democracia!

 

Paulo Sérgio João: é advogado e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e da Fundação Getulio Vargas.

FONTE: REVISTA CONSULTOR JURÍDICO/CONJUR

 

Sindicalismo, STF e a sombra da ditadura

IMAGEM: DISPARADA

 

Nossa vitória contra a MP 1.045 no Senado e todas as mazelas e perversidades que a proposta aprovada pelos deputados traria para os trabalhadores não foi o êxito de uma batalha qualquer.

Nossa vitória, companheiros e companheiras, não foi por sorte. A vitória, maiúscula, coroou trabalho parlamentar que vem sendo construído com paciência e inteligência pelas centrais sindicais, sob as relevantes assessorias do Diap e do Dieese. Esse trabalho precisa continuar, se fortalecer e se consolidar no Congresso.

Para fazer frente e superar a profunda crise econômica que passa o Brasil, precisamos antes, superar a grave crise política que solapa o País e destrói as condições para superar as demais crises que puxaram o Brasil para o fundo do poço.

Para isso, precisamos centrar esforços na unidade de ações — das centrais aos sindicatos —, a fim de empreender vigoroso trabalho no Congresso e nas bases para não permitir que haja mais retrocesso, como o que a MP 1.045, aprovada na Câmara, queria impor aos trabalhadores.

São os empresários, com apoio da maioria neoliberal na Câmara, querendo impor aos trabalhadores, sempre mais perdas e sofrimentos.

Atuação no Senado
As centrais orientaram as regionais a falar com os senadores nas bases deles. Na Paraíba, por exemplo, os 3 senadores votaram contra a MP. Isso foi fruto do persistente trabalho que desenvolvemos no Senado.

As bancadas do Espírito Santo e Paraná também votaram em peso contra o governo e a favor dos trabalhadores. Merecem as nossas homenagens.

Nesta batalha avançamos, é fato. Mas cada caso é um caso. Cada votação é uma votação. De todo modo, temos que trabalhar muito, sempre, pois vencemos apenas uma batalha. Há várias outras em curso.

Esse êxito teve duplo significado. Ao mesmo tempo em que derrotamos a MP impusemos derrota também ao perverso governo de Bolsonaro/Guedes.

Para o êxito dessa luta vários senadores foram decisivos. Destaco Paulo Paim (PT-RS), Eduardo Braga (MDB-AM) e Oto Alencar (PSD-BA). O apoio de senadores do centro foi fundamental.

Diap e Dieese
Esse trabalho político-parlamentar-econômico das centrais sindicais conta com a assessoria de 2 institutos — Diap e Dieese. Sem estes órgãos de assessoramento não seria possível intervir com qualidade no processo legislativo, a fim de lutar pelas agendas do movimento sindical no Congresso.

De um lado, o Diap, que faz a análise das proposições em tramitação no Legislativo e nos subsidia para que sejamos certeiros no diagnóstico do processo. E também para atuar de forma a errar o mínimo possível e buscar êxito como o que tivemos na última quarta-feira (1º), quando derrotamos o governo ao mandar para o arquivo a perversa MP 1.045.

De outro, o Dieese, que nos subsidia com as análises econômicas tão imprescindíveis para entender, no plano da economia, os impactos das nefastas propostas do governo Bolsonaro/Guedes para os trabalhadores.

Precisamos voltar a financiar ambas as entidades, que são patrimônio do movimento sindical. Sem nosso apoio efetivo, ativo e financeiro, essas entidades continuarão a funcionar sob graves dificuldades de subsistência mínima.

É tarefa do movimento sindical soerguer ambas as entidades. Chega de discurso. É hora de voltar a contribuir com o Diap e o Dieese. A entidade que não for filiada tem obrigação de sê-la. O que falta para se compreender essa necessidade fundamental?

Não aos retrocessos
A vitória no Senado nos encheu de ânimo e força para dizer não aos retrocessos, ao ódio, ao autoritarismo, à violência, aos ataques aos direitos do povo e às instituições da democracia, como o Congresso, a Justiça, a imprensa e os sindicatos.

Aos trabalhadores só interessa a democracia, pois é neste regime político que poderemos nos mobilizar e lutar contra tudo aquilo que nos prejudica como classe social. Foi e é a democracia que nos permitiu ir ao Senado e dizer um rotundo “não” à “MP do Mal”.

Portanto, os trabalhadores, não devemos arredar nenhum milímetro em defesa da democracia e do Estado Democrático de Direito, pois só nesse ambiente político que poderemos manter nossa luta por vida melhor e contra retrocessos de quaisquer natureza. A Luta faz a Lei!

(*) Presidente da Força Sindical, da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) e do Sindicato do Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes.

Miguel Torres*

FONTE: DIAP

IMAGEM: IG

Presidente, por outro lado, sancionou trecho de projeto com medidas para facilitar essa comprovação

O presidente Jair Bolsonaro vetou nesta quinta-feira (2) dispositivo aprovado pelo Congresso para suspender a exigência de prova de vida para os beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) até 31 de dezembro deste ano devido à pandemia.

A medida fazia parte de um projeto agora sancionado parcialmente pelo presidente. O trecho que recebeu aval de Bolsonaro, por outro lado, aprimora os mecanismos para facilitar essa comprovação de vida.

Anualmente, a prova deve ser feita nos bancos onde o segurado recebe o pagamento ou nas agências do INSS. Esse procedimento estava suspenso desde março do ano passado, mas voltou a ser exigido em junho deste ano.

Em nota divulgada nesta quinta, o Palácio do Planalto ressaltou que o texto traz medidas alternativas para a realização da prova de vida e, por esse motivo, foi feita a opção de vetar a suspensão total desses procedimentos até o fim do ano. Com isso, a prova segue obrigatória. 

“Visando a adequação ao interesse público, o presidente da República, após a manifestação técnica dos ministérios competentes, decidiu vetar a suspensão até 31 de dezembro de 2021 da exigência de comprovação de vida dos beneficiários perante o INSS, já que a nova lei oferece alternativas para a comprovação de vida pelos segurados”, disse.

Pelas regras sancionadas do projeto, todos os bancos deverão usar sistemas de biometria para realizar a prova de vida dos segurados e dar preferência máxima de atendimento para os beneficiários com mais de 80 anos ou com dificuldades de locomoção. A intenção é evitar demoras e exposição dos idosos a aglomerações.

O texto também autoriza que a prova de vida seja realizada por representante legal ou por procurador do beneficiário, legalmente cadastrado no INSS. A primeira via da procuração não será cobrada.

Além disso, o projeto determina que as ligações telefônicas realizadas de telefone fixo ou móvel que visem à solicitação dos serviços deverão ser gratuitas e serão consideradas de utilidade pública.

 

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

IMAGEM: ELECTRIVE.COM

 

O nome da embarcação é Alphenaar e usa uma inovadora tecnologia com contêineres com baterias de íon de lítio para entregar sua carga sem emissões de carbono. O primeiro cliente do navio elétrico será a Heineken, que planeja ser uma empresa neutra em carbono até 2030.

O Alphenaar usa contêineres de tamanho padrão de 6 metros com uma bateria no total de 2 MWh, o equivalente a 36 carros. Elas podem – e aqui está a maior inovação – serem trocadas em uma estação portuário, com a mesma facilidade que os contêineres de cerveja.

Ambições para navios elétricos

A fabricante, Zero Emission Services, pretende criar uma frota fluvial com oito navios, oito estações de recarga, e 14 contêineres de bateria. Eventualmente, a empresa pretende ter 30 rotas diferentes com seus veículos.

Neste momento, há um trajeto só, usado pela Heineken, e as baterias serão trocadas no porto fluvial de Alphen aan den Rijn, e há apenas duas delas: uma para ida, outra para volta. 

Os Países Baixos tem o maior porto da Europa, em Rotterdam, que é ligado por rios não só ao país inteiro, como à França, Alemanha e Suíça. Para distribuir a produção nacional, por um intrincado sistema de rios, canais e estuários que cobre o país inteiro, conta com a maior frota fluvial do planeta.

Com isso, a ZES calcula que 5% das emissões de carbono do país são por navios fluviais. A frota completa da ZES, por seus cálculos, devem economizar 360 mil toneladas de CO2 na atmosfera por ano. No mundo todo, navios representam cerca 3% das emissões de gases-estufa. Mas, como é um setor que cresce e como ainda é totalmente sujo, usando combustível fóssil da pior qualidade, esse número pode chegar a 10% até 2050.

 

FONTE: OLHAR DIGITAL

 

TERMINAL SANTOS BRASIL, NO PORTO DE SANTOSFOTO: GERMANO LUDERS10/03/2010

IMAGEM: Germano Luders/Exame

Navio é isolado e tem operação paralisada após morte de tripulante a bordo no Porto de Santos

Segundo a Autoridade Portuária, embarcação está atracada no cais dos armazéns 13/14 para desembarque de trigo. Anvisa afirma que causa da morte de tripulante ainda é investigada.
 

Um navio foi isolado e teve a operação paralisada, nesta quinta-feira (2), pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após um tripulante morrer a bordo da embarcação, que está atracada no Porto de Santos, no litoral de São Paulo. A causa da morte ainda é investigada.

Por meio de nota, a Santos Port Authority (SPA) informou que a Anvisa solicitou, por volta das 14h, a paralisação das operações e o isolamento do navio Heraklitos, de bandeira panamenha, após constatação de óbito de um tripulante.

De acordo com a Autoridade Portuária, a embarcação está atracada no cais dos armazéns 13/14 para desembarque de trigo. A Anvisa relatou que não se sabe ainda, com exatidão, a causa do óbito do tripulante e que isso segue em investigação.

Outros navios

De acordo com a Anvisa, o navio Georgia Harmony segue em quarentena no Porto de Santos, e a agência reguladora aguarda os resultados das avaliações médicas finais dos tripulantes. Até o momento, a embarcação tem sete casos positivos de Covid-19. Dois destes tripulantes positivados precisaram ser desembarcados para assistência médica, porém, um deles veio a óbito.

Em relação ao Sea Breeze, o órgão também aguarda os resultados dos testes PCR. O navio está em quarentena desde o dia 26 de agosto, quando se dirigia para a Argentina, e ao testar a tripulação brasileira para embarque, antes de seguir viagem, foram detectados dois positivados para a Covid-19. 

 

 

Participantes de mobilizações anteriores dizem que motoristas nos atos desta terça não representam autônomos

Mesmo com a participação de caminhoneiros na manifestações bolsonaristas desta terça (7), líderes da categoria que costumam atuar na organização das tentativas de greve dizem que não acreditam na formação de uma nova paralisação nesta semana.

Para eles, as pautas defendidas nas manifestações não diziam respeito aos pleitos do grupo, por isso não houve incentivo à adesão.

Marconi França, de Pernambuco, diz que "não vai ter paralisação nem no Nordeste, nem em parte alguma do país". O que acontece são protestos bolsonaristas em pontos isolados, segundo ele. 

Nelson de Carvalho Junior, de Barra Mansa, diz que os caminhoneiros nos protestos não equivalem nem a 10% da categoria. Também afirma que eles representam empresas do agronegócio, não demandas de trabalhadores autônomos.

Carlos Alberto Litti Dahmer, caminhoneiro de Ijuí (RS) e diretor da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), também atribui as mobilizações ao agronegócio. "O futuro vai depender do que as grandes empresas que embarcam cargas vão fazer. Acredito que amanhã já é vida normal", afirma.

 

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

 

                       IMAGEM: ANDRÉ MOTTA DE SOUZA/AGÊNCIA PETROBRAS

 

Empresa promoverá o retorno do trabalho em seu edifício-sede, na Avenida República do Chile, em 4 etapas, começando com 20% do seu quadro total de funcionários; até janeiro, todos já devem ter voltado

Um dos principais empreendimentos comerciais da região central do Rio de Janeiro, o edifício-sede da Petrobras, localizado no número 65 da Avenida República do Chile, voltará a receber, em breve, seus funcionários para o trabalho presencial.

De acordo com informações do ”Blog do Ancelmo Gois”, do jornal ”O Globo”, a retomada acontecerá de maneira gradual, em 4 etapas. A primeira se dará em outubro, quando 20% dos colaboradores estarão de volta.

Nesta primeira leva, todos deverão estar devidamente imunizados contra a Covid-19, com as duas doses da vacina. Grávidas e pessoas com comorbidade continuarão trabalhando de casa.

Ainda segundo a reportagem, a expectativa da empresa é que, até janeiro de 2022, todos os funcionários já tenham retomado suas respectivas funções presencialmente. Vale ressaltar que isso ajudará a movimentar novamente a economia do Centro do Rio, em especial o comércio do Largo da Carioca e da Cinelândia, que ficam próximos ao prédio da Petrobras.

 

FONTE: DiariodoRio.com

 

Estiagem afeta o transporte de carga na Hidrovia Tietê-Paraná — Foto: TV TEM/ Reprodução

 IMAGEM: TV TEM/ Reprodução

Setor reclama de atraso em obra que eliminaria principal gargalo da rota

 

seca sobre a bacia do rio Paraná já interrompeu a principal rota de grãos da Hidrovia Tietê-Paraná, que liga produtores do Centro-Oeste a um terminal ferroviário em Pederneiras (SP), limitando as operações a um trecho da via mais próximo ao rio Paraná.

Segundo a Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária), o último comboio de grãos do Centro-Oeste fez o trajeto até Pederneiras na semana passada. O setor trabalha agora para tentar garantir o retorno o mais rápido possível.

É a segunda suspensão da rota devido ao baixo nível das águas e o mercado critica atrasos na conclusão de obras prometidas pelo governo federal após a primeira paralisação, entre 2014 e 2015, que gerou um prejuízo de R$ 700 milhões.

As obras que garantiriam o fluxo mesmo com nível de águas mais baixo deveriam ser concluídas em 2017, mas o prazo já foi adiado duas vezes. O objetivo do projeto é aumentar em dois metros a profundidade de um trecho próximo à hidrelétrica Nova Avanhandava, em Buritama.
 

"O que acontece ali é falta de investimento", diz o presidente da Fenavega, Raimundo Holanda, que também ocupa uma das vice-presidências da CNT (Confederação Nacional do Transporte). "Existe projeto mas não existe recurso, porque navegação não dá voto, não chama a atenção do povo."

A obra atrasada compreende a implosão de um pedral na rota das barcaças para a eclusa de Nova Avanhandava. A rocha reduz a profundidade do rio e, desde que as águas começaram a baixar, os comboios vinham operando com capacidade de carga reduzida. 

Para garantir o tráfego com o nível mais baixo, o trecho vinha operando sob um esquema especial de "pulsos" de água: quando o comboio se aproximava, a hidrelétrica liberava água para aumentar o nível rio abaixo e permitir a passagem das barcaças sobre o pedral.

Mas o nível baixou tanto que os transportadores já não consideram vantajoso trafegar com tão pouca carga. "Chegou no limite", diz Holanda. O tráfego é mantido apenas no chamado corredor sul da hidrovia, já depois do encontro do Tietê com o Paraná.

Ainda assim, de maneira precária, com a capacidade das barcaças também limitada. Operadora neste trecho, a Hidrovias do Brasil diz que segue tomando todas as medidas possíveis para tentar evitar uma parada de suas rotas.

"A situação dos rios da região segue atípica, com nível de calado abaixo das médias históricas", disse a empresa, em nota divulgada nesta quarta (1), na qual diz que vem enfrentando grandes restrições operacionais.

A região, que passa pela pior seca desde que os registros começaram a ser feitos, é também de fundamental importância para o setor elétrico, já que os reservatórios de suas hidrelétricas concentram dois terços da capacidade de armazenamento de energia do subsistema elétrico Sudeste/Centro-Oeste. 

Com a paralisação do transporte de cargas entre o Centro-Oeste e Pederneiras, espera-se aumento do custo logístico da produção agrícola e elevação no fluxo de caminhões nas estradas paulistas. Segundo estatísticas do governo paulista, em 2020 passaram pela hidrovia 6,16 milhões de toneladas de carga.

"Perde todo mundo", diz Holanda. "Estamos numa crise hídrica sem precedentes. Não tem chovido nos últimos anos e não está acumulado água. E não existe planejamento para combater crises hídricas e energéticas."

Convênio assinado em dezembro de 2014 pelo governo de São Paulo e pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) previa a transferência de R$ 313 milhões (R$ 452 milhões a valores de hoje) em recursos federais para as obras no canal de Nova Avanhandava.

O texto estipulava um prazo de 916 dias, que terminaria em julho de 2017. Em 2019, já após o primeiro adiamento do prazo, o contrato entre o governo estadual e a construtora responsável pelas obras foi rompido por dificuldades financeiras do fornecedor.

Desde então os governos Jair Bolsonaro e João Doria discutem a retomada do projeto — para o governo paulista, o impasse indica má vontade do governo federal com o adversário político. Em janeiro de 2020, o prazo das obras foi estendido em mais 1.346 dias, com vigência até setembro de 2023.

Agora, o governo Bolsonaro prevê usar recursos da capitalização da Eletrobras para concluir a obra, incluída entre as obrigações financeiras que a estatal terá após a venda de ações prevista para o primeiro trimestre de 2022.

Ela é parte de um orçamento de R$ 230 milhões reservados para melhoria na área de influência de hidrelétricas de Furnas. O projeto prevê também aportes para melhorar a navegabilidade dos rios Madeira e Tocantins, este último também restrito por um pedral.

 

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

 

Segundo IBGE,  24,2% dos ativos economicamente entre 14 e 29 anos estavam desempregados em novembro

IMAGEM: Guilherme Almeida / AFP / CP

A tragédia do mercado de trabalho, por Luis Nassif

No governo Temer foi criada a Carteira Verde e Amarela. Trata-se de uma forma de disfarçar o bico, o emprego precário

Uma das maiores manipulações estatísticas recentes foi a mudança de metodologia do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). No governo Temer foi criada a Carteira Verde e Amarela. Trata-se de uma forma de disfarçar o bico, o emprego precário.

O que define uma relação de emprego são os direitos embutidos no contrato:

  • contribuição ao INSS;
  • garantia de emprego;
  • penalização da empresa em caso de demissão imotivada;
  • descanso semanal;
  • 13o salário e férias.

Nada disso é oferecido pela Carteira Verde Amarela. É um emprego absolutamente precário, mas com menção na carteira.

Como houve mudança da metodologia, cada comparação dos dados atuais com os dados anteriores às mudanças mostra um falso índice de aumento.

Daí o fato de que apenas a PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio), do IBGE, traz um retrato geral do emprego.

Vamos comparar dois momentos.

O primeiro, os dados do trimestre abril-junho de 2021 em relação a março-abril 2021 (os dados são sempre consolidados em três meses).

A Força de Trabalho (pessoas em idade de trabalho) aumentou 733 mil pessoas. 

Já a população ocupada aumentou 1,08 milhão de pessoas.

Portanto, o aumento real – a diferença entre a população ocupada e o aumento da força de trabalho – corresponde apenas à diferença entre os dois números.

Em um universo de 102 milhões de pessoas – tamanho da FT – esse aumento é insignificante.

Vejamos o emprego no tempo, comparando com 60 meses atrás, período em que se iniciou a flexibilização da legislação trabalhista.

No período, a População Economicamente Ativa aumentou em 11,7 milhões de pessoas. Para manter os mesmos índices, a população ocupada deveria aumentar na mesma quantidade.

No entanto, a FT aumentou em apenas 33 milhões de pessoas e a população ocupada diminuiu 2,6 milhões de pessoas. 

Já a população subocupada aumentou 9,7 milhões e a desocupada aumentou 2,9 milhões.

A população fora da Força de Trabalho aumentou 11,3 milhões.

Confira o gráfico que compara a evolução da População Economicamente Ativa com a da Força de Trabalho ocupada para se ter uma ideia da tragédia do emprego no país.

Já o gráfico Contribuintes e Força de Trabalho mostra a falência do financiamento da Previdência, com a queda gradativa da proporção de contribuintes em relação a Força de Trabalho.

Vamos a algumas conclusões rápidas sobre os dados de desemprego divulgados há pouco pelo IBGE.

Aqui, um quadro resumo:

  1. A Força de Trabalho é de 102 milhões de pessoas. No trimestre abril-junho de 2021 houve aumento de 733 mil em relação a mar-mai, irrisórios 0,72%.
  2. Dos 14,4 milhões de desocupados, houve redução de 351 mil.
  3. Dos 74,9 milhões fora da força de trabalho, houve redução de 889 mil, 1,17%.

E, na sequência, os dados vistos da ponte:

  1. Na segunda tabela, a trajetória da População Economicamente Ativa e a Força de Trabalho Ocupada, partindo da base 100 em 2016.
  2. A relação contribuinte do INSS x força de trabalho, mostrando os efeitos das mudanças trabalhistas que irão inviabilizar definitivamente o modelo de financiamento da Previdência.

 FONTE: GGN/LUIS NASSIF