IMAGEM: Ricardo Stuckert/PR

Análise é do professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, explicando bastidores do anúncio

Embora o esperado - por 25 anos - acordo entre a União Europeia e o Mercosul tenha sido anunciado nesta sexta-feira (6), ainda há um caminho longo para que o texto definitivo seja conhecido e, mais do que isso, para que esta aliança comercial passe a valer efetivamente. Assim, toda a pompa e circunstância que foram vistas no anúncio da aliança podem até ser justificadas, mas apenas momentaneamente. Afinal, o acordo foi anunciado, mas não está valendo. Os próximos passos são muitos, são burocráticos, enfrentarão muita resistência e, assim, os fogos de artifício que marcaram a manhã deste 6 de dezembro de 2024, já perderam seu brilho. 

A pergunta que agora paira é o que fez com que as conversas se acelerassem de tal forma que deram força para que o anúncio se deste nesta reta final de ano? Para o professor de relações de internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, a resposta é bastante clara: por conta do protecionismo americano. 

"As negociações tinham 25 anos, cheios de nãos. O que tirou o acordo da letargia foi o protecionismo americano. É o segundo governo Trump que está ameaçando a sobrevivência dos dois lados. Não só fez o acordo começar a andar, como vai fazer o acordo ser implatado", explica ao Notícias Agrícolas. "O protecionismo americano é muito forte, e será ainda mais forte, os EUA são o grande freguês. Mais de 15% do total das importações do mundo vão para um único país, que são os Estados Unidos. Eles são o grande freguês e estão fechando a porta. A União Europeia olhou para isso e viu que estava em um momento crítico e para o Mercosul não é diferente. O acordo é uma tábua de salvação para os dois lados".

Trevisan complementa dizendo que, embora o agronegócio esteja agora em um centro importante das discussões - e também por parte da resistência dos países dos quais ela vem - não é o único setor que exige atenção. O professor cita como exemplo a indústria alemã. "A Alemanha, a poderosa Alemanha, está completando agora o terceiro ano de recessão econômica porque está enfrentando muita barreira para entrar nos EUA com seus produtos. Tem a China entrando. Assim, não é só o protecionismo. O protencionismo americano é assustador, mas a voracidade de exportação chinesa também é assustadora. Então, foi nesse sentido que os dois lados sentaram para conversaram e esqueceram as prosopopéias porque tinham um problema maior". 

Desta perspectiva mais ampla, o professor ainda afirma que o acordo não garante apenas portas mais largas para a entrada, por exemplo, de mais carros alemães nos países do Mercosul, mas um ambiente mais atrativo para a chegada de importantes investimentos que poderão promover a atualização da indústria brasileira. "A reindustrialização brasileira vai passar por este processo e isso é muito importante. Então, não são só vantagens para o agronegócio", afirma o Leonardo Trevisan. 

QUAIS OS MOTIVOS DA RESISTÊNCIA?

"E os calos pisados dos franceses? Os franceses tiveram calos pisados, mas o restante da Europa olhou para a situação e pensou: que tal comprar produto mais barato e melhor? Por que eu tenho que continuar comprando produto francês? Essa é a gritaria! A ponto de fazer os supermercados franceses mentirem sobre a carne brasileira. Então, de alguma forma, se não se olha para este quadro econômico, não se compreende que a política vai ter que andar", complementa o especialista. 

Novos protestos por agricultores franceses foram registrados nos últimos dias, com os agricultores pedindo, inclusive, por "desobediência civil" diante do acordo UE-Mercosul. Ao mesmo tempo, o presidente da França, Emmanuel Macron, enfrenta um turbulento cenário político em seu país, inclusive com parlamentares de direita e esquerda pedidndo por sua renúncia, depois da recente queda de seu primeiro ministro Michel Barnier, no início desta semana. 

Mais do que isso, o líder francês ainda teria dito a Ursula Von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia, que os termos do acordo seriam inaceitáveis e que seguiria se opondo ao acordo. Ao seu lado, estão ainda países como Itália, Polônia, Holanda, Áustria, em mais algumas pequenas nações europeias. A justificativa se dá, mais uma vez, na agricultura. Mais de uma vez, o presidente francês se valeu de um discurso de "proteção aos agricultores franceses" para expressar seu descontentamento com o avanço do acordo. Suas preocupações, no entanto, servem apenas para disfarçar o temor que sente sobre seu já abalado futuro político. 

"O território dos agricultores franceses é um território muito promissor parao avanço a direita europeia, principalmente Marine Le Pen (principal opositora política de Macron). Então, de toda forma, Marine Le Pen está esfregando as mãos diante desse acordo porque os agricultores franceses, obviamente, são contra (o acordo) porque eles têm um mercado cativo. O restante da Europa compra produtos, principalmente da indústria láctea francesa e polonesa, e o agronegócio brasileiro é muito eficiente nessa indústria, com graus de produtividade muito maiores do que os franceses e poloneses. Assim, é evidente que, ao longo do tempo, a França perderá mercado na União Europeia para os produtos do Mercosul. O medo é esse, não as cotas de entrada na França que podem ser contidas, o medo é o resto da Europa", detalha Trevisan. 

O QUE FALTA PARA COMEÇAR A VALER O ACORDO?

O acordo que foi anunciado nesta sexta-feira foi construído em inglês, que não é a língua oficial de nenhum dos países que fazem parte dele. Assim, um dos primeiros próximos passos é fazer sua tradução para os idiomas de todos as nações participantes. São 27 da União Europeia - Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia e Suécia - além dos quatro do Mercosul - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A Bolívia foi aceita no bloco, porém, ainda está em processo de adesão e a Venezuela suspensa desde 2017. 

Depois disso, o texto terá de passar por todos os trâmites jurídicos para garantir que o acordo não esteja infringindo ou ferindo nenhuma norma ou lei do comércio internacional. E mais do que isso, ele terá de passar pelos chefes de estado do Conselho Europeu e pelos 720 votantes do Parlamento Europeu. Do mesmo modo, no Mercosul, o tratado deverá ser ratificado pelos quatro países membros. 

Dessa forma, a assinatura ocorrerá após a revisão jurídica e tradução dos textos. "Não há prazo definido. Após a revisão legal e tradução, será assinado, seguido da aprovação interna e ratificação por cada parte", informou a Royal Rural.  

Trevisan complementa dizendo que, embora o agronegócio esteja agora em um centro importante das discussões - e também por parte da resistência dos países dos quais ela vem - não é o único setor que exige atenção. O professor cita como exemplo a indústria alemã. "A Alemanha, a poderosa Alemanha, está completando agora o terceiro ano de recessão econômica porque está enfrentando muita barreira para entrar nos EUA com seus produtos. Tem a China entrando. Assim, não é só o protecionismo. O protencionismo americano é assustador, mas a voracidade de exportação chinesa também é assustadora. Então, foi nesse sentido que os dois lados sentaram para conversaram e esqueceram as prosopopéias porque tinham um problema maior". 

Desta perspectiva mais ampla, o professor ainda afirma que o acordo não garante apenas portas mais largas para a entrada, por exemplo, de mais carros alemães nos países do Mercosul, mas um ambiente mais atrativo para a chegada de importantes investimentos que poderão promover a atualização da indústria brasileira. "A reindustrialização brasileira vai passar por este processo e isso é muito importante. Então, não são só vantagens para o agronegócio", afirma o Leonardo Trevisan. 

QUAIS OS MOTIVOS DA RESISTÊNCIA?

"E os calos pisados dos franceses? Os franceses tiveram calos pisados, mas o restante da Europa olhou para a situação e pensou: que tal comprar produto mais barato e melhor? Por que eu tenho que continuar comprando produto francês? Essa é a gritaria! A ponto de fazer os supermercados franceses mentirem sobre a carne brasileira. Então, de alguma forma, se não se olha para este quadro econômico, não se compreende que a política vai ter que andar", complementa o especialista. 

Novos protestos por agricultores franceses foram registrados nos últimos dias, com os agricultores pedindo, inclusive, por "desobediência civil" diante do acordo UE-Mercosul. Ao mesmo tempo, o presidente da França, Emmanuel Macron, enfrenta um turbulento cenário político em seu país, inclusive com parlamentares de direita e esquerda pedidndo por sua renúncia, depois da recente queda de seu primeiro ministro Michel Barnier, no início desta semana. 

Mais do que isso, o líder francês ainda teria dito a Ursula Von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia, que os termos do acordo seriam inaceitáveis e que seguiria se opondo ao acordo. Ao seu lado, estão ainda países como Itália, Polônia, Holanda, Áustria, em mais algumas pequenas nações europeias. A justificativa se dá, mais uma vez, na agricultura. Mais de uma vez, o presidente francês se valeu de um discurso de "proteção aos agricultores franceses" para expressar seu descontentamento com o avanço do acordo. Suas preocupações, no entanto, servem apenas para disfarçar o temor que sente sobre seu já abalado futuro político. 

"O território dos agricultores franceses é um território muito promissor parao avanço a direita europeia, principalmente Marine Le Pen (principal opositora política de Macron). Então, de toda forma, Marine Le Pen está esfregando as mãos diante desse acordo porque os agricultores franceses, obviamente, são contra (o acordo) porque eles têm um mercado cativo. O restante da Europa compra produtos, principalmente da indústria láctea francesa e polonesa, e o agronegócio brasileiro é muito eficiente nessa indústria, com graus de produtividade muito maiores do que os franceses e poloneses. Assim, é evidente que, ao longo do tempo, a França perderá mercado na União Europeia para os produtos do Mercosul. O medo é esse, não as cotas de entrada na França que podem ser contidas, o medo é o resto da Europa", detalha Trevisan. 

O QUE FALTA PARA COMEÇAR A VALER O ACORDO?

O acordo que foi anunciado nesta sexta-feira foi construído em inglês, que não é a língua oficial de nenhum dos países que fazem parte dele. Assim, um dos primeiros próximos passos é fazer sua tradução para os idiomas de todos as nações participantes. São 27 da União Europeia - Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia e Suécia - além dos quatro do Mercosul - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A Bolívia foi aceita no bloco, porém, ainda está em processo de adesão e a Venezuela suspensa desde 2017. 

Depois disso, o texto terá de passar por todos os trâmites jurídicos para garantir que o acordo não esteja infringindo ou ferindo nenhuma norma ou lei do comércio internacional. E mais do que isso, ele terá de passar pelos chefes de estado do Conselho Europeu e pelos 720 votantes do Parlamento Europeu. Do mesmo modo, no Mercosul, o tratado deverá ser ratificado pelos quatro países membros. 

Dessa forma, a assinatura ocorrerá após a revisão jurídica e tradução dos textos. "Não há prazo definido. Após a revisão legal e tradução, será assinado, seguido da aprovação interna e ratificação por cada parte", informou a Royal Rural. 

FONTE: NOTÍCIAS AGRÍCOLAS

 

 

 

 

Desde a última terça-feira (26), a Conttmaf tem participado nas discussões do Grupo de Trabalho Tripartite OIT-IMO para abordar questões relacionadas a demandas dos trabalhadores marítimos, como o estabelecimento de diretrizes para um tratamento justo aos nossos representados caso sejam detidos por suspeita de cometimento de crimes.

A diretora da Conttmaf e membro do Comitê Global de Gente do Mar da Federação Internacional dos Trabalhadores, Lorena Pintor Silva, participou como observadora da ITF no evento que está sendo realizado em Genebra, na Suíça.

Conforme ressaltou a OIT, os marítimos fazem parte de uma categoria especial de trabalhadores, pois estão sujeitos a normas de diferentes jurisdições pela natureza global da indústria de transporte marítimo.

O objetivo do grupo de trabalho é garantir aos marítimos que se encontram nessas condições o direito de serem tratados de forma justa durante uma investigação ou eventual detenção por autoridades públicas.

Como observado por Lorena Silva, a atividade marítima implica em exposição a injustiças, julgamentos equivocados e precipitados, além de abuso de poder por parte de alguns Estados que acabam por criminalizar o trabalhador marítimo.

“As discussões ocorridas nesta reunião conjunta resultarão em um documento que orientarão países, armadores e tripulantes a saber quais são as suas obrigações e os seus direitos no caso de um marítimo ser acusado de ter cometido um delito ou mesmo ficar retido por ter sido testemunha dele. Ele servirá de base de informações para que não haja abusos e se respeite o devido processo”, declarou.

A dirigente sindical destacou, ainda, a importância da atuação da ITF nesse GT – conduzida por nosso relator Mark Dickinson –, que foi muito importante para assegurar que toda a gente do mar tenha um tratamento mais justo nesse tipo de situação.

IMAGEM: DIVULGAÇÃO

Chefes do bloco sul-americano se reúnem em Montevidéu com a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen

Montevidéu
 

Mercosul e União Europeia (UE) anunciaram nesta sexta-feira (6) a conclusão das negociações e a consolidação do texto final do acordo de livre-comércio gestado há mais de 25 anos entre os blocos.

O anúncio foi feito durante o encontro do grupo sul-americano em Montevidéu com as presenças dos presidentes Lula (Brasil), Javier Milei (Argentina), Luis Lacalle Pou (Uruguai) e Santiago Peña (Paraguai) e a chefe da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen.

A mensagem principal ficou por conta da líder europeia. Em um aceno contra o protecionismo, Von der Leyen disse em seu discurso que "os dois blocos concordam que cooperação é o caminho para prosperar". "Esse acordo é a nossa resposta ao crescente isolamento e à fragmentação."

"Este um ambiente de ganha-ganha", seguiu a alemã. "Estamos enviando uma clara mensagem: num mundo em confrontação, nós mostramos que democracias podem vigorar. Isso é uma necessidade política, não apenas econômica." 

Em mensagem a seus pares europeus, disse que campo e cidade serão beneficiados. "Às nossas populações e economias dos dois lados do Atlântico, esse acordo significa mais trabalhos e oportunidades."

A alemã também elogiou a agenda ambiental do governo Lula. Mas disse que "a atitude do presidente Lula de preservar a Amazônia deveria ser também uma tarefa de toda a humanidade".

Pelo Mercosul, o uruguaio Lacalle Pou disse que um histórico de acordos frustrados vinha causando descrédito e incerteza.

"No Mercosul não temos todos a mesma ideologia", seguiu o centro-direitista. "E todos sabemos o fácil que é destruir, mas o difícil que é construir. Nossa responsabilidade foi tirar o que nos desune e ficar no virtuoso: união e acordo."

Negociadores brasileiros indicam que os europeus vão adotar a estratégia de separar o conteúdo comercial do político no acordo, o que permite avançar mais rapidamente com a parte econômica, sem necessidade de aprovar em todos os parlamentos nacionais e regionais.

À sombra do que ocorreu em 2019, quando estágio muito semelhante foi alcançado, mas logo freado pelas alegadas preocupações europeias com a agenda negacionista do então governo de Jair Bolsonaro (PL), o novo anúncio é visto como uma vitória, mas a cautela é maior.

Alterações importantes foram costuradas no processo de tratativas coordenado pelo Brasil. Uma delas, no campo da governança pública, o fato de que estados brasileiros terão de abrir a competitividade das compras públicas às empresas europeias. Esse mecanismo é visto como importante para aumentar competitividade e ajudar estados em dificuldade orçamentária.

Os negociadores sabem, porém, que ainda há fatores complicadores para o tratado. O documento agora deve passar por uma burocrática revisão técnica e depois ser aprovado em diferentes instâncias, a começar o Parlamento Europeu. 

É no órgão que países como França, com forte lobby agrícola, Polônia e Itália poderiam se opor e tentar bloquear o seguimento do processo.

Do lado das Américas, a vitória política é celebrada em especialmente pelo governo Lula 3, que priorizou a agenda climática e a retomada das tratativas, e pelo governo de Luis Lacalle Pou no Uruguai —esta é a ultima cúpula do de Lacalle, e ele a celebra com o anúncio histórico.

O anúncio vem em um momento de virada no xadrez geopolítico global com o futuro retorno de Donald Trump à Casa Branca com uma agenda protecionista que preocupa o setor econômico europeu. No Mercosul, ocorre em um momento de ampla polarização entre seus Estados-membros, tendo como ponto de foto a Argentina do ultraliberal Javier Milei, para quem "o acordo não é determinante." Apesar disso, o chefe do Executivo argentino disse que o acordo terá apoio do país.

O tratado deve abarcar um mercado comum de 718 milhões de pessoas em economias que, somadas, chegam a US$ 22 trilhões. Os novos detalhes do que foi consensuado ao longo de extensas negociações ainda serão tornados públicos.

Em resumo, para o Mercosul, serão zeradas ou reduzidas tarifas de exportação para a UE de cerca de 70% a 90% dos produtos. Para o bloco europeu, o principal foco será sobre produtos agrícolas. 

Para o Brasil, mostrou um estudo publicado pelo Ipea, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, este acordo com a UE traria um crescimento de 0,46% do PIB (produto interno bruto), equivalente a US$ 9,3 bilhões a preços constantes de 2023.

Do outro lado do Atlântico é a França o principal ponto opositor. A administração de Emmanuel Macron, em forte crise institucional após a queda do premiê Michel Barnier, disse nesta quinta-feira (6) que o projeto era "inaceitável como está".

O breve comunicado foi feito pouco após Von der Leyen confirmar sua aterrissagem em Montevidéu, sinalizando o êxito das negociações.

Nesta sexta, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) disse que a conclusão do acordo traz como potenciais benefícios a diversificação das exportações, a ampliação da base de parceiros comerciais e o fortalecimento da competitividade do Brasil em nível global.

"Negociado com foco em princípios de equilíbrio e sustentabilidade, o acordo tem potencial de impulsionar a produtividade e ampliar a integração internacional da indústria brasileira, promovendo ganhos econômicos e sociais de longo prazo", afirmou a entidade em nota.

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

IMAGEM: AGÊNCIA BRASIL

A Conttmaf e a FEMAPA receberam denúncia de tripulantes de uma embarcação de transporte de passageiros e de cargas na Amazônia que informaram terem sido atacados por assaltantes armados durante a madrugada de ontem na região de Breves.

De acordo com os aquaviários, os assaltantes invadiram a embarcação por volta das 2h da madrugada e permaneceram a bordo por cerca de três horas. Foram roubados pertences pessoais de tripulantes e passageiros, além de parte da carga e os equipamentos eletrônicos de auxílio à navegação.

A balsa se encontrava no Rio Jacaré Grande, no trajeto para Macapá, nas proximidades da base fluvial de segurança pública do distrito de Antônio Lemos. Ainda segundo os aquaviários, os criminosos chegaram em uma embarcação pequena e rápida, sem fazer alarde.

“Eles chegam com a chamada rabeta, uma voadeira, uma embarcação pequena, com o fator surpresa. Eles chegam por trás, com armas pesadas, até com fuzil eles andam. (…) eles levam carga, levam óleo, às vezes, levam equipamentos que auxiliam a navegação”, disse o trabalhador, que junto com os seus companheiros de tripulação, ficou sob poder dos bandidos em situação de constante ameaça.

Em setembro deste ano, a Conttmaf, juntamente com a Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF), realizou o workshop “Fortalecimento dos Sindicatos Amazônicos e Proteção dos Aquaviários Contra a Violência”, realizado em Manaus (AM) com o objetivo de elaborar um relatório sobre a segurança no transporte aquaviário, o qual foi encaminhado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e ao Ministério de Portos e Aeroportos (MPor).

No dia 22 de novembro, teve um encontro com as federações e os sindicatos de aquaviários da região em Belém (PA) no qual foi reafirmada a necessidade de se buscar melhores condições de proteção contra a violência nos rios da Amazônia e de dar efetividade à Convenção 190 da OIT no Brasil.

A Conttmaf pretende sensibilizar as autoridades sobre a importância de se discutir melhor o tema e colocá-lo nas agendas dos ministérios pertinentes, estabelecendo um programa do Estado brasileiro com ações integradas que possam assegurar proteção efetiva aos trabalhadores aquaviários e melhorar as condições laborais nas embarcações fluviais que navegam nos rios da Amazônia.

IMAGEM: Custodio Coimbra

CNPE pauta definição de conteúdo local para navios-tanques beneficiados por MP 1255

A indicação dos índices de conteúdo local para as empresas interessadas em usufruir do benefício da depreciação acelerada para navios-tanque novos produzidos no Brasil está na pauta da próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), prevista para este mês.

A informação é do secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Pietro Mendes, que participou nesta quinta (5/12) do Fórum Técnico da PPSA.

Em agosto, o governo editou a medida provisória 1255/24, com um crédito de R$ 1,6 bilhão, entre 2027 e 2031. “A medida confere maior competitividade da indústria nacional e maior conteúdo local, pois reduz o prazo de depreciação de 20 anos para dois anos”, disse o secretário.

Segundo Mendes, tão importante quanto a política de conteúdo local, é criar condições para que a indústria nacional seja competitiva.

“O operador muitas vezes opta por pagar a multa do que contratar efetivamente esse conteúdo local. E quando olhamos para outros países, essas condições de competitividade muitas das vezes são dadas por fundos soberanos e investimentos com taxas menores do que a gente encontra aqui.”, comentou.

Regulamentação da MP dos navios-tanque

Em 8 de novembro o governo Lula publicou o decreto que regulamento os procedimentos para a depreciação acelerada de navios-tanque para a atividade de cabotagem de petróleo e derivados.

O benefício das quotas diferenciadas de depreciação acelerada ficará condicionada às habilitações prévia e definitiva. O pedido deverá ser feito via Sistema Eletrônico de Informações (SEI) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

A exposição de motivos encaminhada pelo governo ao Congresso Nacional junto com a MP, justifica que a depreciação acelerada dos navios-tanque tem como objetivo “estimular investimentos na renovação e ampliação da frota de navios de cabotagem, com vistas à ampliação da capacidade logística do transporte de petróleo e derivados”.

Benefícios fiscais

A depreciação acelerada é um mecanismo que reduz o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) pagos pelas empresas beneficiadas.

O decreto admite, no cálculo do imposto de renda das empresas e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) a depreciação de até 50% do valor dos bens no ano em que é instalado, posto em serviço ou em condições de produzir, e até 50% no ano seguinte para navios-tanque.

Essa vantagem contábil permite um ganho de caixa nos anos iniciais, com um reconhecimento da despesa de depreciação em um menor período de tempo, diminuindo a base de cálculo de tributos.

Questionamentos no TCU

Antes da regulamentação do decreto, o senador Ciro Nogueira (PP/PI), líder do partido e oposição ao governo no Senado, chegou a acionar o Tribunal de Contas da União (TCU), alegando que a MP 1255/24 afrontava a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

O parlamentar questionou a corte, afirmando que o benefício tributário desrespeitaria dispositivo da LRF que estabelece a indicação da renúncia de receita na estimativa da lei orçamentária.

Os créditos precisarão constar nos orçamentos dos anos em que a medida estiver em vigor, o que afasta a necessidade de incluir medidas de compensação na MP, segundo justificou o governo.

Em uma primeira análise, no início de outubro, o ministro Jorge Oliveira, do TCU, suspendeu de forma cautelar a habilitação de empresas no programa de depreciação acelerada para construção de navios-tanque, mas revisou a própria posição ao acatar os argumentos da Advocacia Geral da União (AGU) de que não haveria habilitação de beneficiários antes da edição do decreto que regulamenta o benefício.

FONTE: EIXOS

IMAGEM: PAC/ROTAS DE INTEGRAÇÃO

 

Com 190 obras estratégicas, projeto busca reduzir custos de transporte e promover o desenvolvimento econômico nas fronteiras, conectando o Brasil aos seus vizinhos

O governo federal divulgou, nesta segunda-feira (25), o Relatório 2024 do projeto Rotas de Integração Sul-Americana. O documento apresenta um mapeamento de 190 obras de infraestrutura que estão sendo realizadas nos 11 estados fronteiriços do Brasil, com o objetivo de fortalecer as relações comerciais com os países da América do Sul e reduzir os custos de transporte entre o Brasil, seus vizinhos e a Ásia. As obras que fazem parte do Novo PAC incluem rodovias, hidrovias, portos, aeroportos, ferrovias e linhas de transmissão de energia elétrica.

O projeto engloba cinco diferentes rotas de integração:

Rota 1: Ilha das Guianas (Roraima, Amazonas, Pará e Amapá — Guiana Francesa, Suriname, Guiana e Venezuela);
Rota 2: Amazônica (Amazonas — Colômbia, Peru e Equador);
Rota 3: Quadrante Rondon (Acre, Rondônia e Mato Grosso — Peru, Bolívia e Chile);
Rota 4: Bioceânica de Capricórnio (Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina —Paraguai, Argentina e Chile);
Rota 5: Bioceânica do Sul (Santa Catarina e Rio Grande do Sul — Uruguai, Argentina e Chile)

A ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) destacou a importância desse projeto para a integração regional, afirmando que “juntos, esses caminhos permitirão avanços sociais inestimáveis ​​à população brasileira e aos povos vizinhos de nossos continentes”. Segundo a ministra, “trata-se de um esforço coletivo, sob liderança do presidente Lula, para cumprir aquilo que nossos constituintes inseriram logo ao quarto parágrafo de nossa Carta: a integração de nosso continente sob os marcos de avanços sociais e reduções das desigualdades”, disse na introdução do documento.

Investimentos e mapeamento das obras

Com 65 rodovias federais, 40 hidrovias, 35 aeroportos, 21 portos, 15 infovias, novas ferrovias e cinco linhas de transmissão de energia elétrica, o projeto tem como objetivo não apenas modernizar a infraestrutura brasileira, mas também fomentar o desenvolvimento dos países vizinhos. As obras estão em diferentes estágios, e 51 projetos do pacote constam no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2025, totalizando um investimento de R$ 4,5 bilhões. A sua execução conta com apoio da Casa Civil e dos ministérios dos Transportes, de Portos e Aeroportos (MPOR), de Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e de Comunicações (MCom).

João Villaverde, secretário de Articulação Institucional do MPO, disse que “esses projetos presentes na proposta orçamentária do próximo ano funcionam como um ‘guarda-chuva’, abarcando grande parte das 190 obras constantes da agenda das Rotas de Integração Sul-Americanas. Só não estão presentes no PLOA 2025 as iniciativas já concluídas e aquelas cujo início ocorrerá somente a partir de 2026”, explicou.

O relatório também detalha a atuação regulatória do Brasil nas fronteiras, com a participação de órgãos como a Receita Federal, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Anvisa e Vigilância Agropecuária Internacional, fundamentais para o bom funcionamento das rotas.

O Brasil, com uma extensa fronteira de 16.886 milhas, possui uma conexão vital com os países da América do Sul. Em 2023, o país exportou quase US$ 43 bilhões para os países vizinhos e importou pouco mais de US$ 28 bilhões, destacando a importância do transporte rodoviário, que corresponde a 46,5% das exportações.

FONTE: PORTAL VERMELHO

IMAGEM: ESTALEIRO RIO MAGUARI/DIVULGAÇÃO

CDFMM autorizou alteração, em caráter ad referendum, de parte do projeto para fabricação de unidades padrão Mississipi que estavam previstas inicialmente para execução no Beconal

O Estaleiro Rio Maguari (ERM), no Pará, ficará responsável pela construção de 20 das 60 balsas graneleiras, padrão Mississipi, que estavam previstas inicialmente para fabricação no Estaleiro Beconal, do grupo Bertolini, no Amazonas. O Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM) aprovou a alteração do construtor, em caráter ad referendum, conforme resolução publicada nesta sexta-feira (29), no Diário Oficial da União.

O escopo prevê a construção de 17 balsas do tipo box e outras 3 do tipo raked. O projeto foi priorizado pelo conselho diretor do fundo setorial na 53ª reunião ordinária realizada em setembro do ano passado. Na ocasião, o CDFMM concedeu prioridade para a Hermasa, que apresentou projeto para construção das 60 balsas graneleiras padrão Mississipi, sendo 46 de modelo box com capacidade de 2000 toneladas e 14 de modelo raked com capacidade de 1800 toneladas, no estaleiro Beconal (AM), com valor total de R$ 304,7 milhões.

O CDFMM volta a se reunir no próximo dia 12 de dezembro para a 57ª reunião ordinária, que será a última programada para 2024.

FONTE: Portos e Navios – Danilo Oliveira

IMAGEM: Helder Lana

Iniciativa pretende desenvolver barcos elétricos com tecnologia nacional, às vésperas da COP30, em Belém

Até o final de 2027, o Brasil pode ter o primeiro corredor verde fluvial, localizado na Amazônia, com embarcações 100% elétricas produzidas em escala comercial. Apelidado de Enguia, em alusão ao peixe elétrico, o projeto prevê a fabricação de duas voadeiras, embarcações de pequeno porte típicas da região, movidas a energia solar.

O projeto é executado por professores de engenharia naval da UFPA (Universidade Federal do Pará), por meio de um projeto da Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, contemplado pelo programa PDI (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

A iniciativa ocorre às vésperas da COP30, que acontece em Belém, em 2025. O objetivo é que os barcos, feitos com tecnologia nacional, sejam vendidos a custo acessível à população local.

A expectativa é estimular o investimento em energia limpa no transporte fluvial, tanto por agentes privados quanto por públicos. 

"É uma combinação de dois pilares que temos na companhia, o propósito de contribuir com a geração de energia renovável do país e com o desenvolvimento socioeconômico da região. Conseguimos unir esses dois aspectos e também contribuir no combate às mudanças climáticas", diz Sílvia Cabral, diretora de Regulação e Comercialização da Norte Energia.

É a terceira parceria dos pesquisadores da UFPA com a empresa. Nas duas primeiras, desenvolveram um catamarã e duas voadeiras elétricas. Agora, trabalham na construção de todos os componentes dos barcos.

O catamarã, que entrou em operação em setembro, foi o primeiro barco elétrico da região, integrando um modal com dois ônibus elétricos movidos a energia solar, com capacidade de transportar 2.000 pessoas por dia, no campus da UFPA, em Belém. 

Juntos, evitam o lançamento de 161 toneladas de CO2 na atmosfera por ano —o que equivale à emissão de 30 carros populares. Só o barco faz com que 100 toneladas de gases de efeito estufa deixem de ser despejadas na atmosfera, por ano.

As voadeiras Poraquê 1 e Poraquê 2, que operam desde maio na usina, no município de Altamira, evitam o consumo de 2.800 litros de combustíveis fósseis ao mês.

As primeiras experiências ajudaram os pesquisadores a identificar as dificuldades de uso das embarcações elétricas nos rios da região.

"Nos projetos anteriores percebemos que um dos principais gargalos era a falta de fabricantes nacionais para a maioria dos componentes, principalmente os motores, fazendo com que o custo de fabricação fosse muito alto e inacessível à população, tanto pelo valor de compra, como pela manutenção. Por isso, resolvemos desenvolver essa tecnologia aqui no Brasil", diz o diretor da Faculdade de Engenharia Naval da UFPA e coordenador geral do projeto, Emannuel Loureiro.

Entre os itens que serão desenvolvidos pelos pesquisadores estão o motor de popa elétrico, um banco de baterias e o software de gestão com inteligência artificial para monitoramento. O projeto contempla ainda dois eletropostos de abastecimento, sendo um flutuante. 

Iniciado no mês passado, o Enguia envolve 34 pesquisadores da UFPA, de diversas áreas correlatas, que terão um prazo de até três anos para desenvolver o protótipo das embarcações.

Quando estiverem prontas, as duas lanchas vão operar gratuitamente no transporte de passageiros, na região da usina, num trecho de 40 km entre o município de Altamira e a barragem de Pimental. Aos poucos, a ideia é escalonar para distâncias maiores.

Segundo Loureiro, além de ambientais, os impactos do projeto são também sociais e econômicos. "Você está garantindo o direito dessas pessoas de ir e vir e ter acesso a bens básicos como saúde e educação".

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

 

IMAGEM: Marcelo Souza/ TVCA

Antaq reorganiza prioridades para leilão inédito de corredor fluvial

A hidrovia do rio Paraguai assumiu a dianteira da lista de concessões estudadas pelo governo federal e deve ser a primeira a ter o edital de leilão publicado.

A projeção é da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), que estima que o processo envolvendo o rio Paraguai seja concluído em 2025 — antes da concessão do corredor do rio Madeira, que era considerada a mais avançada até agora.

O rio Paraguai atravessa grande parte da América do Sul, desde Cáceres (MT) até Nova Palmira, no Uruguai, definindo a fronteira brasileira com o Paraguai por cerca de 330 km e com a Bolívia por cerca de 48km. A hidrovia é considerada uma importante via de transporte de minérios, produtos agrícolas e grãos do Centro-Oeste brasileiro.

De acordo com o diretor-geral da Antaq, Eduardo Nery, a consulta pública envolvendo a concessão da hidrovia do rio Paraguai deve ser realizada até fevereiro de 2025. A expectativa da agência é de que o edital seja lançado em meados do ano que vem.

“Estamos apostando que a hidrovia do Paraguai será a primeira concessão a ser realizada. A meta é fazer essa audiência pública até fevereiro. Para que no ano que vem, possivelmente no começo do segundo semestre ou no final do primeiro semestre, a gente tenha o edital lançado. De qualquer jeito, será realizada ainda em 2025. É uma meta totalmente viável”, disse Nery à CNN.

A tarifa da concessão da hidrovia do Paraguai deve ser anunciada em dezembro, segundo Nery. O valor não foi divulgado, mas o diretor da Antaq afirmou que a tarifa será abaixo do esperado pelo mercado para cobrir investimentos, como dragagem e sinalização, e despesas com manutenção da hidrovia.

“É uma tarifa muito atrativa. Isso nos deixa muito animados em relação à consistência do projeto, quanto à atratividade da tarifa. A tarifa terá um preço bem interessante, o que vai tornar o modal mais atrativo”, afirmou o diretor-geral.

Hidrovia do Madeira

Segundo Eduardo Nery, a concessão da hidrovia do rio Madeira – cuja extensão vai de Porto Velho (RO) a Itacoatiara (AM) – deve ser concluída após a finalização do leilão da hidrovia do Paraguai. O processo do Madeira está em estágio mais avançado, uma vez que já está em consulta pública.

O estudo da concessão da hidrovia do rio Madeira propôs uma tarifa de R$ 0,80 por tonelada transportada. Apesar do estágio mais avançado, a concessão ainda precisa de mais estudos para assegurar a sua viabilidade diante do regime hídrico do rio, de acordo com o diretor-geral da Antaq.

A hidrovia do Madeira está localizada no chamado Corredor Logístico Norte, sendo o principal meio de escoamento da produção de grãos, como soja, milho e açúcar proveniente das plantações de Mato Grosso. Na hidrovia, também são realizados os deslocamentos de passageiros e o transporte de carga que tem como destino os grandes centros da região Centro-Oeste.

“O rio Madeira é utilizado por toda a população de maneira geral. Embora a gente tenha adotado premissas para que só a carga pague pelo uso da hidrovia, a gente quer ter o cuidado de comunicar muito bem o projeto e estudar todas as suas variáveis”, afirmou Nery.

Em 2024, o rio Madeira registrou a pior seca da história, atingindo o menor nível observado desde o início da série histórica do Serviço Geológico Brasileiro, há 60 anos. Por causa da seca severa, o transporte de passageiros e de cargas foi suspenso, elevando os custos de exportação.

“Em função disso e da tomada de subsídio, a gente quer estudar essa questão [da seca] com mais cuidado. A gente não quer se precipitar porque a gente quer que o processo seja bem consistente, que a matriz de risco esteja bem equilibrada para que a gente não transfira riscos que a concessionária não possa assumir”, disse Nery.

O diretor-geral da Antaq afirmou que os estudos de concessão da hidrovia do rio Madeira levou em consideração a seca de 2023, a pior da história até então. Com base nos dados do ano passado, a configuração proposta pela agência possibilitaria que o rio se tornasse navegável 360 dias por ano, sendo necessárias pequenas restrições, como alívio de carga.

Com o novo recorde, serão necessários novos estudos. Apesar do cenário, a expectativa da Antaq é que o edital de concessão da hidrovia do Madeira ainda seja publicado em 2025.

“Ainda sim [a concessão do Rio Madeira] é viável. Mas o Paraguai está em uma situação mais controlada. O volume de dragagem é menor. A própria variação de regime de cheias e de seca [do Paraguai] é bem menor do que a do Rio Madeira. Por isso, estamos apostando que a do Paraguai vai ser a primeira a ser leiloada”, disse Nery.

Além da concessão das hidrovias do Paraguai e do Madeira, também estão na lista de prioridades da Antaq as concessões das hidrovias do Tocantins, Barra Norte, Tapajós e Lagoa Mirim, previstas para 2026.

 

FONTE: CNN ECONOMIA

IMAGEM: HIDROVIAS DO BRASIL/DIVULGAÇÃO

R$ 4 bilhões: maior investimento para a indústria naval vai gerar 10 mil empregos e contribuir para a descarbonização da logística de transporte

Aportes serão aplicados na produção de embarcações para navegação interior; projetos devem aumentar em 6 milhões de toneladas por ano o transporte de minérios no país.
 

Com investimentos superiores a R$ 4 bilhões, maior na história da indústria naval, a logística para o transporte hidroviário de minérios de ferro e manganês pelos rios Paraná e Paraguai será potencializada nos próximos anos. Todo esse montante será destinado à construção de 400 balsas e 15 empurradores, que serão produzidos e entregues ao longo dos próximos quatro anos. Essa nova frota ficará alocada em seis estaleiros estratégicos, localizados nas regiões Nordeste, Norte, Sul e Sudeste. O projeto deve aumentar o escoamento de minérios em cerca de 6 milhões de toneladas por ano.

Mais do que um ganho para o escoamento de produtos pelos rios do país, a construção das balsas e empurradores representará um avanço na frota nacional de transporte de carga para navegação interior, além de fortalecer a indústria naval brasileira. Para o ministro Sílvio Costa Filho, “o projeto é um marco histórico para o país, uma vez que estamos assinando hoje o maior programa da história do Brasil de navegação interior. Isso mostra que o Governo Federal tem uma agenda de desenvolvimento, que envolve as hidrovias, uma indústria limpa, fundamental para o escoamento da produção brasileira”, destacou.

Cerca de 90% dos investimentos empregados pela LHG Logística Ltda (R$ 3,7 bilhões) para a construção da nova frota naval e dos estaleiros foram financiados pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM) por meio de financiamento realizado junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Esse recurso deverá impulsionar a movimentação de matérias-primas, como aço e manganês, além de fomentar a economia brasileira, gerando mais empregos e desenvolvimento nas regiões.

“O Brasil hoje tem 12 mil quilômetros de hidrovias navegáveis, com um potencial de 42 mil. Um projeto como esse, que estamos assinando hoje, significa o fortalecimento dessa agenda hidroviária, porque o presidente Lula tem compromisso com a navegação do Brasil. Em tempos de COP30, essas hidrovias representam a retirada de mais de 70 mil toneladas de CO2, o que representa um grande avanço na agenda de sustentabilidade brasileira. E isso dialoga com o que o mundo deseja. O mundo quer produzir, mas, acima de tudo, quer produzir de maneira sustentável”, ressaltou.

O recurso destinado pelo Governo Federal tem melhorado a vida de milhares de brasileiros que atuam na indústria naval. Um dos profissionais beneficiados com as oportunidades no setor é o encarregado de solda Eduardo Santana, que trabalha há 15 anos no estaleiro Rio Maguari, no Pará. Ele destaca que, graças ao investimento no setor, foi possível alcançar conquistas importantes na vida pessoal e profissional. “O trabalho me proporcionou uma vida financeira estável, para a criação dos meus filhos e a conclusão do meu ensino superior”, ressaltou.

Os novos empreendimentos vão ampliar o escoamento de minérios e agilizar o transporte dos materiais extraídos em Corumbá (MS) e carregados nas barcaças, que percorrerão mais de 2.500 km por hidrovias até atracar no terminal marítimo de Nova Palmira, no Uruguai, onde são embarcados para navios de longo curso. O projeto reforça a importância da hidrovia Paraguai-Paraná para a integração regional entre o Brasil e os países da América do Sul, especialmente Paraguai, Argentina e Uruguai.

Modal sustentável

Os investimentos para a ampliação do modal hidroviário, com foco no escoamento de produtos, contribuem não apenas para a geração de emprego e renda, mas também para a política de descarbonização da matriz logística brasileira. Segundo dados da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e do Instituto Energia e Meio Ambiente (Iema), o transporte de materiais pelas hidrovias representa uma redução de 95% nas emissões em relação ao modal rodoviário e de 70% em comparação ao modal ferroviário.

Modal aeroportuário

Cumprindo agenda público no Pará, durante o período da tarde, o ministro Silvio Costa Filho realizou uma vistoria no aeroporto de Belém, principal complexo da região Norte. Durante os trabalhos, Costa Filho conferiu as obras que estão sendo realizadas no local. Por lá, estão previstas melhorias na infraestrutura de processamento bagagem e cargas, expansão da pista de pouso e decolagem e a modernização do terminal de passageiros.

“O importante é que a gente possa acelerar a entrega das obras no aeroporto. Com investimentos de quase R$ 500 milhões, esse ano nós estamos batendo recorde de movimentação no aeroporto. A média era de 3 milhões de passageiros por ano, indicador que deve ultrapassar os 4 milhões de turistas, com expectativas para chegar a 5 milhões nos próximos anos. Isso significa dizer que nós estamos estruturando o aeroporto, ampliando a capacidade operacional e requalificando a pista, para elevar a qualidade do serviço que é prestado a todos os usuários”, indicou.

FONTE: MINISTÉRIO DE PORTOS E AEROPORTOS

IMAGEM: Nilton Alves/SVM

A ‘PEC das Praias’ tem grande rejeição, pois abre margem para que acesso ao mar seja dificultado com a venda dos terrenos de marinha, ainda que faixa de praia continue com a União

A polêmica Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que possibilita a privatização de praias deve voltar a tramitar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta semana. A chamada ‘PEC das Praias’ altera a constituição para possibilitar que terrenos de marinha possam ser transferidos para particulares.

A proposta tem ampla rejeição da sociedade e ganhou o debate público no meio do ano. Encabeçada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), relator da PEC, e com apoio da extrema-direita, a alteração proposta é objetivada por empreendedores que visam  lucro com a construção de empreendimentos litorâneos.

No site do Senado, que abriu consulta pública para colher a opinião da população, mais de 160 mil votos são contrários ao texto e somente 2.3312 a favor.

A imagem negativa causou desgaste para os seus apoiadores. Isto ocorreu no meio do ano e interditou a tramitação. Somente agora o texto que estabelece critério para venda dos terrenos à beira-mar da União (os terrenos de marinha) volta a ser debatido na CCJ.

Com a legislação atual, a partir do ponto mais alto que a maré atinge na praia se conta trinta e três metros de faixa definido como terreno de marinha. Nestas áreas, pertencentes à União, é permitido a ocupação mediante autorização e pagamento de impostos próprios, sejam empresas ou particulares, com a possibilidade de transferir as áreas aos herdeiros.

Leia mais: PEC das Praias: Marinha diz que áreas são essenciais à soberania

Mas com as mudanças propostas pelos bolsonaristas estes terrenos poderão ser transferidos de vez para posse de particulares, pessoas físicas ou jurídicas, fazendo com que a União perca o compartilhamento desses terrenos. O texto coloca que somente os terrenos que não estejam ocupados e onde se presta serviços públicos permaneçam com a União.

A proposta é trágica para o meio-ambiente, pois estas áreas são importantes locais de segurança e de barreira ao avanço do nível do mar, assim como, em muitos lugares, concentram manguezais, restingas e apicuns, fundamentais para o ecossistema e manutenção da já ameaçada biodiversidade litorânea.

Além disso, a população destes terrenos que corresponde a 48 mil km ao longo da costa brasileira pode passar a sofrer assédio e expulsão por parte de grandes empreendimentos como resorts, que se apresentam como grande ameaça para os locais.

O governo federal já se posicionou contra a medida. Para tentar edulcorar o texto, o senador Flávio Bolsonaro havia deixado explícito, ainda em julho, que a proposta mantém o livre acesso de banhistas a todas as praias.

Ainda que a alteração tente deixar o texto mais palatável, a impressão que a sociedade tem é de que, na prática, com a eventual posse e propriedade dos terrenos de marinha por grandes hotéis e resorts, a faixa de praia seja indiretamente privatizada.

No Brasil já existem casos de condomínios fechados com acesso particular à praia que dificultam a entrada de pessoas que não sejam do próprio condomínio, ou, no caso de hotéis, que dificultem o acesso de quem não seja seu hóspede.

O grande temor é que isso se replique por todo o Brasil caso a medida bolsonarista avance. Mas para isso acontecer, efetivamente, a PEC das Praias ainda precisa passar pela CCJ e duas vezes pelo plenário do Senado.

FONTE: PORTAL VERMELHO

 

Estamos participando nas discussões da COP 29, a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) que acontece em Baku, no Azerbaijão, até a próxima sexta-feira (22).

Gustavo Menezes é o delegado da Conttmaf no grupo da ITF neste evento que reúne lideranças internacionais da sociedade civil organizada, governos e empresas para buscar maneiras de mitigar as emissões de gases do efeito estufa (GEE).

Gustavo destacou a importância de, pela primeira vez, o Brasil declarar nos compromissos definidos nacionalmente a busca por uma transição justa para os trabalhadores em função das mudanças necessárias para que tenhamos uma economia mais sustentável no País, entre elas, reduzir em mais de 50% as emissões até 2035.

Esta é uma bandeira que a ITF vem defendendo há tempos como parte da força-tarefa para a transição justa marítima – a qual a Conttmaf apoia fortemente para que os seus representados possam ter acesso à capacitação necessária para viabilizar a transição de combustíveis fósseis para fontes energéticas mais limpas –, que exigirá centenas de horas de treinamento dos trabalhadores nos próximos anos para lidarem com as novas tecnologias adotadas no setor.

Ao mesmo tempo, no Brasil, ocorre o encontro do grupo de países com as 20 maiores economias mundiais, o G20. Neste sábado (16), as entidades da sociedade civil, entre as quais se encontram os nossos sindicatos, entregaram a declaração final do G20 Social ao presidente Lula reforçando esse compromisso nacional, o qual ressalta a necessidade de incluir os trabalhadores brasileiros neste processo para que a transição seja de fato justa.

Em suas palavras finais no G20 Social, o presidente Lula anunciou que em novembro de 2025 a COP 30 será no Brasil, na cidade de Belém (PA).