IMAGEM: Juarez Cavalcanti/Agência Petrobras

Um ensaio sobre refino, combustíveis e a falácia da concorrência, por Deyvid Bacelar

Sindicato questiona venda de refinarias

Diz que não há garantia de concorrência

Nem que isso possa baixar preço nas bombas

 

atual gestão da Petrobras anunciou a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, para o Fundo Mubadala, de Abu Dhabi, faltando cerca de 20 dias para sua substituição –um anúncio, portanto, feito às pressas. Entretanto, o fechamento do negócio ainda depende de aval de órgãos de controle, entre eles o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

No fim de fevereiro, o Cade determinou à Petrobras que não venda refinarias sem aprovação prévia do órgão. Afinal, foi por um termo firmado com o Cade que a empresa se comprometeu a vender metade de seu parque de refino – vale lembrar, a partir de um questionamento feito ao órgão por importadores de combustíveis, ao qual a Petrobras respondeu oferecendo as plantas, sem uma exigência do Cade.

Mas é preciso apontar o que levou o Cade a tal determinação: o preço (US$ 1,65 bilhão) fechado entre a Petrobras e o Fundo Mubadala pela RLAM, a segunda maior refinaria do país e uma das maiores produtoras de derivados de alto valor agregado, como o bunker com baixo teor de enxofre para navios.

Por meio de ação na 11ª Vara Federal de Salvador, de uma denúncia ao Tribunal de Contas da União (TCU) e de uma carta enviada ao Fundo Mubadala, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos expuseram que o valor é prejudicial à Petrobras e ao país. O preço da RLAM é 50% menor do que seu valor de mercado, segundo o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), e 35% abaixo do preço justo, de acordo com o BTG Pactual.Também a XP Investimentos avaliou negativamente o negócio, pela mesma razão.

Como a venda é ruim para a empresa, a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) deu entrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) com uma representação por eventuais atos lesivos ao patrimônio da Petrobras e aos interesses de seus acionistas. E também questiona o negócio em órgãos governamentais de controle.

Também se sabe que a Controladoria Geral da União (CGU) fez uma série de ressalvas à transação. E que os ministros do TCU ainda não analisaram o caso.

Além de evitar prejuízo à Petrobras, a suspensão da venda das refinarias é melhor para a população em termos de concorrência. Estudo da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e avaliação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apontam a criação de monopólios regionais com a venda das plantas. E a Agência Nacional do Petróleo (ANP) demonstrou preocupação com o risco de desabastecimento, sobretudo do gás de cozinha.

O fato é que a estrutura logística do refino no Brasil não foi implantada para concorrência entre uma refinaria e outra, em função das próprias características de cada unidade. Portanto, é enganoso dizer que a venda de refinarias vai gerar concorrência e reduzir preços.

A atual gestão da Petrobras usa o Preço de Paridade de Importação (PPI) para reajustar seus combustíveis, o que não é usado por países autossuficientes e com grande produção de óleo, como o Brasil. A empresa não considera os custos nacionais de produção, mesmo com, em média, 90% dos derivados sendo produzidos no país, com óleo nacional.

Para nós, o PPI é um erro. Mas, se a Petrobras vender refinarias, será a consolidação desse equívoco. A venda vai representar a completa submissão do Brasil ao PPI e todo o sobe-e-desce diário do petróleo e do dólar. Mesmo com autossuficiência em petróleo e refinarias que cobrem quase todo o consumo do país.

O investimento privado é bem vindo, gera negócios, emprego e renda. Mas é enganoso ampliar ‘investimentos’ com venda de estatais ou de seus ativos. Para a economia do país, é trocar ‘6’ por ‘5’. A perda de empregos e de negócios é certa.

O mercado de óleo e gás no Brasil é aberto desde 1997, mas nenhuma grande refinaria como as da Petrobras foi implantada pela iniciativa privada. Não vai se criar concorrência em um negócio apenas substituindo um agente econômico por outro, mas sim com estímulo ao crescimento econômico do país. Isso irá atrair outras empresas a instalarem refinarias no Brasil, para concorrer com qualquer planta da Petrobras.

 

FONTE: PODER 360

Movimentação em portos públicos cresce 6,6% no primeiro semestre de 2020

Foto: Claudio Neves/ Portos do Paraná

 

Autoridades portuárias poderão ceder espaços para outras atividades comerciais dentro dos portos

Portaria do Ministério da Infraestrutura, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 24 de março, deve atrair mais investimentos da iniciativa privada e reduzir a burocracia no setor portuário. Com a Portaria 51, de 23 de março de 2021, a autorização para uso comercial de áreas não afetas às operações portuárias poderá ser concedida diretamente pelas autoridades do setor.

As áreas não ligadas à operação portuária são aquelas localizadas dentro dos portos que estão vazias e não estão relacionadas à movimentação de passageiros e cargas. Com a regulamentação, as autoridades portuárias terão mais liberdade para ceder o uso desses pontos para diversos serviços, de forma a captar mais receitas, por meio de empresas que queiram montar atividades comerciais.

“A medida, inclusive, vai ao encontro de observações do Tribunal de Contas da União (TCU), que recomenda aos portos mais autonomia na geração de novas receitas, redução de áreas ociosas, contribuindo com o seu crescimento sustentável, desburocratizando as decisões e unificando portarias”, avalia o secretário Nacional de Portos e Transportes Aquaviários do MInfra, Diogo Piloni.

A nova portaria unifica as Portarias n.º 409, de 27 de novembro de 2014, e n.º 114, de 23 de março de 2016, ambas da extinta Secretaria de Portos da Presidência da República.

FONTE: PORTOS&NAVIOS

Reprodução/Facebook Suez Canal Authority – 29.mar.2021

Ever Given, navio que bloqueia o Canal de Suez, volta a flutuar

Equipe tenta endireitar embarcação

Navio encalhado desde 3ª (23.mar)

Equipes que trabalham no Canal de Suez para desencalhar o Ever Given, navio da empresa Evergreen Marine que bloqueia o canal desde a última 3ª feira (23.mar), conseguiram liberar parcialmente a proa da embarcação na madrugada desta 2ª (29.mar.2021). A embarcação voltou a flutuar e, segundo a Autoridade do Canal de Suez, o trabalho agora é para endireitá-la.

“A posição do navio foi reorientada 80% na direção certa”, disse o órgão. A popa do navio se encontra a 102 metros de distância da margem. Quando encalhou, o intervalo era de 4 metros.

Foram dragados mais de 27.000 metros cúbicos de areia da parte da costa onde estava encalhada a proa do navio, liberando o leme e as hélices. Os trabalhos devem recomeçar às 11h30 locais (6h30 em Brasília), quando a maré estiver alta.

“A navegação será retomada imediatamente depois da restauração completa da direção da embarcação e seu direcionamento para a área de espera do Grande Lago Amargo para inspeção técnica”, declarou a Autoridade do Canal de Suez.

Leth Agencies, agência que opera no canal, informou que há no momento 367 embarcações aguardando a liberação do canal.

O Ever Given é uma das maiores embarcações oceânicas do mundo. Tem 400 metros de comprimento e pesa 200 mil toneladas.

Uma tempestade de areia com fortes rajadas de vento fez com que, na manhã de 3ª feira (23.mar), o navio virasse lateralmente e ficasse atravessado no canal. A proa ficou presa em uma das margens do canal. A popa quase tocou a outra margem do Suez.

O Canal de Suez é uma das rotas de navegação mais importantes do mundo. Cerca de 12% do comércio global passam pelo canal, que conecta o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho. É a ligação marítima mais curta entre a Ásia e a Europa. Em 2020, aproximadamente 19.000 navios passaram pelo canal –sendo mais de 50 por dia.

A cada dia de navegação suspensa, há impacto de mais de US$ 9 bilhões em mercadorias que deixam de passar pela hidrovia, de acordo com estimativa do Lloyd’s List, publicação especializada em comércio marítimo.

Efeitos indiretos na indústria marítima podem incluir um agravamento da escassez de contêineres, já causada pelo coronavírus, a interrupção do comércio de petróleo e um aumento do número de atrasos nos portos, segundo o Lloyd’s List. Além disso, 9 em cada 10 navios que foram impactados não possuem seguros e coberturas para atrasos.

O CANAL

O Canal de Suez foi inaugurado em 17 de novembro de 1869. Os egípcios depositam grandes esperanças na passagem marítima, que, além de trazer recursos financeiros, é um símbolo nacional.

O canal promoveu uma mudança enorme no Egito. As cidades de sua região, principalmente Port Said, tornaram-se centros comerciais dinâmicos, que conectaram o país à rede de comércio global. A “Estrada do Império Britânico”, como o canal era chamado, encurtou consideravelmente a distância entre Londres e Mumbai, de 19.855 quilômetros para 11.593 quilômetros. A mudança impulsionou o transporte marítimo.

Desde 2015, com a conclusão das obras de ampliação, mais navios podem navegar pelo Canal de Suez. Depois que o presidente do Egito, Abdel Fattah Al Sisi, deu o aval para a obra, foram retirados 258 milhões de metros cúbicos de areia e a via foi ampliada num trecho de quase 40 quilômetros.

Essa não é a 1ª vez que o tráfego é suspenso, mas os incidentes no passado não foram da mesma proporção.

 

Imagem da embarcação que bloqueia o Canal de Suez, carregada de contêineres.

Imagem da embarcação que bloqueia o Canal de Suez, carregada de contêineres.

DPA VÍA EUROPA PRESS / EUROPA PRESS

 

Autoridades marítimas indicaram que 13 navios do comboio norte passar estão atracados em áreas de trânsito

A navegação no Canal de Suez está "suspensa temporariamente" até a retirada do gigantesco cargueiro que bloqueia o tráfego desde quarta-feira, anunciou nesta quinta-feira a agência que administra a passagem marítima no Egito. Ontem, uma embarcação de mais de 220 mil toneladas, que ia para Roterdã encalhou depois de ser levada por uma rajada de vento.

"As autoridades marítimas indicaram que 13 navios do comboio norte (procedentes do Mar Mediterrâneo) (...) que deveriam passar estão atracados em áreas de trânsito até a operação de retirada seja concluída", afirmou George Safwat, porta-voz da Autoridade do Canal de Suez (SCA, na sigla em inglês).

A navegação no Canal de Suez está "suspensa temporariamente" até a retirada do gigantesco cargueiro que bloqueia o tráfego desde quarta-feira, anunciou nesta quinta-feira a agência que administra a passagem marítima no Egito. Ontem, uma embarcação de mais de 220 mil toneladas, que ia para Roterdã encalhou depois de ser levada por uma rajada de vento.

"As autoridades marítimas indicaram que 13 navios do comboio norte (procedentes do Mar Mediterrâneo) (...) que deveriam passar estão atracados em áreas de trânsito até a operação de retirada seja concluída", afirmou George Safwat, porta-voz da Autoridade do Canal de Suez (SCA, na sigla em inglês).

A SCA deslocou vários rebocadores para o Canal, que tentam desencalhar o navio porta-contêiner, de 400 metros de comprimento. O bloqueio provocou o aumento de quase 6% dos preços do petróleo na quarta-feira, motivado pelos temores sobre o abastecimento. "As consequências sobre os preços dependerão da duração do bloqueio", afirmou Bjornar Tonhaugen, da consultoria Rystad.

"Nunca vimos nada como isto antes, mas é provável que o congestionamento tome vários dias ou semanas, para ser reabsorvido, pois deve ter um efeito cascata sobre os outros comboios, horários e mercados mundiais", afirma Ranjith Raja, diretora de pesquisas sobre o petróleo do Oriente Médio e o Mar na empresa Refinitiv, que compila dados financeiros e outras informações.

"Dificuldades extremas"

O "Ever Given", um navio de mais de 220 mil toneladas, encalhou na madrugada de terça-feira para quarta-feira e ficou atravessado, bloqueado na ala sul do Canal de Suez. Os especialistas citam os ventos fortes como uma das causas do incidente com o cargueiro de 60 metros de altura. A SCA também mencionou uma tempestade de areia, um fenômeno comum no Egito nesta época do ano, que reduz a visibilidade e provocou o desvio do navio.

Uma ampliação feita entre 2014 e 2015, para acompanhar a evolução do comércio marítimo, facilitou o cruzamento de navios e diminuiu ainda mais o tempo de trânsito no canal. Quase 19.000 embarcações usaram o Canal de Suez ano passado, segundo a SCA. Idealizado por Ferdinand de Lesseps, um empresário e diplomata francês, o colossal projeto levou dez anos de trabalho, entre 1859 e 1869, com a participação de um milhão de egípcios, de acordo com as autoridades.

FONTE: AFP

Brasília - Congresso - Câmara Senado cúpulas arquitetura Oscar Niemeyer

IMAGEM: ROQUE DE SÁ/AGÊNCIA SENADO

 

Ministro teve conflito no domingo

Kátia Abreu o chamou de “marginal”

 A semana no Congresso deve ser mais curta por conta do feriado da Páscoa, mas será marcada pelo embate entre o Senado e o ministro da Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

Diversos senadores foram às redes sociais neste domingo (28.mar.2021) criticar as declarações do ministro. O chanceler sugeriu que os senadores o poupariam de ataques se ele desse declaração em apoio à adoção de tecnologia chinesa na implantação da rede 5G no Brasil.

Segundo Ernesto, Kátia Abreu (PP-TO) pediu a ele um “gesto” em relação ao 5G. A congressista teria afirmado que isso faria dele “o rei do Senado”. A senadora rebateu.

Afirmou que o ministro age de “forma marginal” e está “está à margem de qualquer possibilidade de liderar a diplomacia brasileira”. E que defendeu que a licitação para a rede de 5ª geração não tivesse “vetos ou restrições políticas”.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que a fala do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, neste domingo (28.mar) foi “um grande desserviço ao País”.

“Justamente em um momento que estamos buscando unir, somar, pacificar as relações entre os Poderes. Essa constante desagregação é um grande desserviço ao País“, disse Pacheco sobre o ministro.

PAUTA DA SEMANA

Na 3ª, o Senado deve votar moção de censura ao assessor especial da presidência, Filipe Martins. Ele fez gestos que foram interpretados como obscenos e/ou supremacistas por senadores em audiência ao lado do chanceler na Casa.

As poucas votações que podem ser realizadas no Congresso terão a covid como foco. O Senado deve aprovar a lei que concede incentivos a empresas que contratarem leitos de UTI para o SUS. Já passou na Câmara. Os deputados ainda não têm certeza se haverá sessão no plenário na semana que se inicia.

Já a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara deve votar recurso do deputado Boca Aberta (Pros-PR) contra decisão do Conselho de Ética que está trancando a pauta e ficar livre para analisar outros projetos.

O Conselho de Ética da Casa ouve testemunhas no processo contra a deputada Flordelis (PSD-RJ), acusada de mandar matar o marido.

 

FONTE: PODER 360

IMAGEM: CTB

 

Decisão atende recomendação do CGU

Pode liberar até R$ 7,5 bi no Orçamento

Codefat (Conselho deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador) decidiu nessa 3ª feira (23.mar.2021) alterar a sistemática de pagamento do abono salarial e adiar para o ano que vem uma despesa que seria feita no 2º semestre com o benefício.

Normalmente, os pagamentos eram feitos de julho do ano corrente a junho do ano seguinte. Agora, os valores previstos para o 2º semestre de 2021 serão pagos somente em 2022.

A mudança representará uma economia de R$ 7,45 bilhões para o Orçamento do ano e ocorre em um momento em que o governo enfrenta dificuldades para fechar as contas. Na prática, com as mudanças no abono salarial, o bloqueio de outras despesas poderá ser menor, já que a União estima a necessidade de cortar R$ 17,5 bilhões do Orçamento.

A decisão do Codefat de adiar o benefício atende a um relatório preliminar da CGU (Controladoria Geral da União), que apontou irregularidade do pagamento do abono, com base nos dados de 2018. Eis a íntegra (148 KB).

A auditoria apontou pagamentos indevidos a trabalhadores falecidos, com vínculo em empresa com CNPJ inexistente ou inativo, com renda acima da permitida, CPF distintos, pagamentos de abono em duplicidade, entre outras irregularidades. Ao mesmo tempo, a CGU estimou que 115 mil trabalhadores com direito ao benefício ficou sem receber.

QUEM TEM DIREITO A SACAR O ABONO?

O valor do abono salarial pode chegar ao valor de até um salário mínimo, de acordo com a quantidade de meses trabalhados. Só recebe o valor total quem trabalhou os 12 meses do ano anterior.

Quem tem direito:

  • a quem trabalhou com carteira assinada por pelo menos 30 dias em 2019;
  • ganhou, no máximo, 2 salários mínimos por mês, em média durante o ano-base;
  • está inscrito no PIS/Pasep há pelo menos 5 anos;
  • a empresa em que trabalhava tenha informado os dados corretamente ao governo.

O abono salarial é pago pela Caixa Econômica Federal para os funcionários do setor privado e pelo Banco do Brasil para os servidores públicos. Caso os trabalhadores sejam correntistas nesses bancos, eles receberão o crédito em conta a partir de 9 de fevereiro.

O valor do benefício varia de R$ 92 a R$ 1.100, dependendo do período trabalhado formalmente em 2019.

 

FONTE: PODER 360

Juiz diz que não sabe usar videochamadas e é afastado por improdutividade -  10/12/2020 - UOL Notícias

IMAGEM: GETTY IMAGES

Magistrado substituto da 21ª vara federal de Brasília, Rolando Spanholo, entendeu que a exigência aprovada pelo Congresso Nacional é inconstitucional. A decisão não é definitiva e ainda cabe recurso

Há chances de que a vacina contra a covid-19 se torne um bem privado no Brasil antes do previsto. A Justiça Federal de Brasília considerou inconstitucional a lei que obriga a doação ao SUS de 100% dos imunizantes adquiridos por empresas e outras entidades privadas enquanto todos os grupos considerados prioritários não forem vacinados. A decisão não é definitiva e ainda cabe recurso. Mas, se prosperar, será mais um obstáculo para o poder público na compra de vacinas, escassas e disputadíssimas internacionalmente, num momento em que o Brasil acaba de registrar mais de 100.000 novos casos em 24h —um novo recorde nesta quinta-feira— e superar a marca de 300.000 mortos.

De acordo com a agência Reuters, o juiz Rolando Spanholo, substituto da 21ª vara federal de Brasília, acatou o argumento do Sindicato dos Delegados de Polícia de São Paulo de que a exigência da doação é inconstitucional, pois viola o direito fundamental à saúde. Esse requisito foi proposto pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) no projeto de lei que estabelecia a base legal para a compra de vacinas.

Além da doação integral ao SUS durante o período de vacinação dos grupos prioritários, a legislação determina que, uma vez superada essa fase, as entidades privadas deverão ainda assim repassar ao menos 50% dos imunizantes adquiridos para o SUS. A intenção dos parlamentares era a de dar as bases para que empresas e laboratórios possam contribuir com a vacinação e dar escala para o programa de imunização, mas sem mudar o caráter nacional e gratuito da imunização em massa. Aprovado no dia 25 de fevereiro no Senado e sancionado no último dia 10 pelo presidente Jair Bolsonaro, a legislação também autoriza que Estados e municípios adquiram vacinas. “É a filantropia, a ajuda do setor privado ao Estado brasileiro”, explicou Pacheco ao EL PAÍS durante a tramitação do projeto. “É um grande pacto social e nacional dentro desse propósito comum em busca de solução pela vacina”, completou.

Na época, tanto Pacheco como o presidente da Câmara, Arthur Lira, se encontraram com empresários para tratar do tema, ao mesmo tempo que executivos e industriais entraram na corrida pela imunização através do movimento Unidos pela Vacina, trabalhando para que o projeto fosse adiante. Porém, a exigência aprovada pelo Congresso não é unanimidade, conforme mostrou uma reportagem do EL PAÍS. Para a Associação Brasileira de Clínicas de Vacina (ABCVAC), a medida inviabiliza que as clínicas particulares atendam a população em geral e transfere “para o setor privado a obrigação do Governo de suprir as necessidades de vacinação dos grupos prioritários”.

Especialistas também apontam para a dificuldade de fiscalização dessas compras. Como mostrou uma reportagem da revista Piauí, empresários mineiros do setor de transporte contam ter tomado na última terça-feira, 23 de março, a primeira das duas doses da vacina da Pfizer, em Belo Horizonte. De acordo com a revista, eles teriam comprado o imunizante por iniciativa própria, mas não repassaram ao SUS, como prevê a lei.

O ex-senador Clésio Andrade, ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e também vice-governador na gestão Aécio Neves (PSDB), entre 2003 e 2006, foi um dos beneficiados. “Estou com 69 anos, minha vacinação [pelo SUS] seria na semana que vem, eu nem precisava, mas tomei. Fui convidado, foi gratuito para mim”, contou à revista. O laboratório nega que tenha vendido seu imunizante no Brasil “fora do âmbito do programa nacional de imunização”, segundo a revista.

FONTE: EL PAÍS

Santa Fé - Argentina, Mercosul

IMAGEM: ISAC NÓBREGA/PR/AGÊNCIA BRASIL

 

Completa 3 décadas nesta 6ª feira

Bloco ajudou, mas precisa melhorar

Fará evento virtual de comemoração

Entidades industriais pedem nesta 5ª feira (25.mar.2021) foco dos governos do Mercosul na pauta econômica e de comércio internacional. Próximo de completar 30 anos, o bloco tem divergências de ideologia política que implicam em barreiras para as tratativas financeiras.

O grupo fará 3 décadas nesta 6ª feira (26.mar.2021). Haverá um evento virtual em comemoração.

Nesta 5ª feira (25.mar.2021), o Conselho Industrial do Mercosul divulgou uma declaração conjunta para os países buscarem o crescimento econômico, a maior participação do setor empresarial na agenda econômica e o fortalecimento do comércio exterior com mais acordos estratégicos. Eis a íntegra (56 KB).

O conselho é formado por líderes das entidades industriais dos 4 países do bloco. Representando o Brasil, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) disse que o bloco econômico contribuiu para a redução de barreiras tarifárias e a atração de investimentos externos. Ressalta o acordo com a União Européia e outras tratativas internas de investimento.

“O Mercosul é a mais relevante iniciativa de inserção internacional do Brasil até o momento. Porém, o futuro do bloco depende de mais crescimento econômico, do aumento da competitividade e da maior integração interna dos países”, destaca o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

Entre as críticas, defendem o abandono da pauta (pelo menos neste momento) de criação de uma moeda única e vêem com preocupação as negociações com países que “não jogam conforme as regras internacionais, como a Coreia do Sul e outros países asiáticos”. “Aprofundaria uma pauta baseada em commodities, com baixa agregação de valor”, defende a CNI.

AJUDA DO MERCOSUL NOS ÚLTIMOS ANOS

Considerando os parceiros comerciais do Brasil, o bloco é o que mais proporciona resultados econômicos e sociais para o Brasil, segundo a entidade. De 2011 a 2020, o saldo comercial do país com o bloco foi de US$ 54,9 bilhões. Só fica atrás da China, com superavit comercial de US$ 158,3 bilhões.

Apesar de ficar em 2º, o comércio com o Mercosul é mais diversificado, diferentemente do país asiático, que compra poucos produtos –principalmente alimentos.

O comércio do bloco resulta na maior massa salarial por R$ bilhão exportado. São R$ 670 milhões em comparação com os R$ 450 milhões no caso da China.

Em relação a empregos, é o 2º destino em que as exportações brasileiras geram mais empregos, perdendo apenas para os Estados Unidos.

BARREIRAS

As entidades defendem que os países do bloco passam por um período de deterioração econômica e que precisam de metas macroeconômicas realistas para estabilizar a região. Criticaram a possibilidade de uma moeda única.

A CNI propõe uma agenda da indústria para o Mercosul. Eis os tópicos:

  • estabilidade econômica na região para retomada do crescimento;
  • conclusão de acordos comerciais com União Europeia e EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio) e celebrar mais tratativas comerciais com Canadá, México, América Central e Caribe, Reino Unido e Estados Unidos;
  • mais integração interna, incorporando acordos parados nos Congressos e fortalecendo o livre-comércio, a união aduaneira e a participação do setor privado;
  • mais competitividade.DESAFIOS DO MOMENTO

Robson Andrade criticou as barreiras não tarifárias e a demora para internalizar compromissos. Ele exemplificou o acordo para liberalização de compras governamentais do Mercosul, celebrado em 2017, mas que segue no Congresso.

A CNI considera que a prioridade deve ser a rápida conclusão e a internalização do acordo Mercosul-União Europeia e com a EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio) –bloco formado por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça.

As entidades também defendem acordos de livre comércio com os Estados Unidos, além de parcerias com México, Canadá, Reino Unido, América Central e o aprofundamento de acordos com a América do Sul.

“A CNI e o Conselho Industrial do Mercosul defendem que a escolha de novos parceiros para a celebração de acordos comerciais deve passar por um processo transparente, com a realização de consultas públicas e análises de viabilidade”, afirmou a confederação.

 

FONTE: PODER 360

IMAGEM: CNC

 

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) está reforçando a importância da contribuição assistencial das empresas aos sindicatos que as representam. O objetivo é apoiar as ações das Federações do Comércio nos Estados e das Federações Nacionais junto aos seus sindicatos, a fim de incentivar os empresários a contribuir.

Tambem conhecida como taxa assistencial, taxa de reversao e contribuicao negocial, a contribuicao assistencial visa prover os sindicatos dos meios necessarios para defender melhores condicoes de trabalho para toda a categoria economica, independentemente do porte da empresa.

Todos se beneficiam das clausulas pactuadas na negociacao coletiva, inclusive aqueles que nao sao filiados ao respectivo sindicato, ate mesmo em respeito aos principios da isonomia, da solidariedade, da boa-fe objetiva e da funcao social da contratacao coletiva.

A contribuição assistencial e devida pelas empresas e demais integrantes das categorias economicas representadas pelo sindicato ou pelas Federacoes (no caso das categorias inorganizadas), em funcao da sua atuacao/participacao na convencao coletiva de trabalho (prevista no art. 513 “e” da Consolidacao das Leis do Trabalho/CLT).

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Refinaria Landulpho Alves, à venda pela Petrobras

IMAGEM: PETROBRAS/DIVULGAÇÃO

Sindicatos e partidos de oposição questionam valor oferecido por fundo Mubadala

Sob protestos de sindicatos e partidos da oposição, o conselho de administração da Petrobras aprovou nesta quarta (24) a venda da Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, a primeira privatização de uma unidade de refino feita pela estatal.

O negócio, de US$ 1,65 bilhão (cerca de R$ 9,1 bilhões, pela cotação atual), é parte de um plano iniciado pelo governo Michel Temer e acelerado pelo governo Jair Bolsonaro para reduzir a presença estatal no setor.

O acordo para a transferência do ativo ao fundo Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos, foi anunciado no início de fevereiro e gerou uma onda de protestos, incluindo o ingresso, por sindicatos, de ações judiciais para suspender as negociações.

Na noite de terça (23), ao tomar conhecimento de que o assunto seria debatido pelo conselho nesta quarta, sindicatos e partidos de oposição iniciaram uma campanha para tentar reverter a operação. Eles alegam que o preço ficou abaixo de projeções de mercado.

 

"É muita estranha a atitude do atual presidente da Petrobrás de querer consumar a venda, a preço de banana, e às pressas, a menos de 20 dias para a sua substituição do comando da empresa”, disse o coordenador geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar.

O presidente da estatal, Roberto Castello Branco, foi demitido por Bolsonaro em meados de fevereiro, em meio a críticas sobre a escalada dos preços dos combustíveis no país. Mas ele decidiu permanecer no cargo até a aprovação em assembleia de acionistas de seu sucessor, o general Joaquim Silva e Luna, que deve ocorrer no próximo dia 12.

Líder da minoria no Congresso, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) também questionou, em ofício à Petrobras, a venda "sem transparência no processo licitatório, por valor abaixo da referência de mercado, num período de transição entre mandatos do presidente e de membros de seu conselho administrativo".

A Petrobras diz que as negociações seguiram sistemática de venda de ativos aprovada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e foi analisada pela AGU (Advocacia Geral da União), além de contar com avaliações de bancos e pareceres de consultorias especializadas.

Prates também questionou o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que assinou em junho de 2019 acordo com a Petrobras determinando a venda de refinarias em troca de suspensão de investigações sobre abuso de poder econômico.

"Em se confirmando prejuízo ao erário derivado de atos de gestão temerária, estar-se-ia inclusive, em nosso entendimento, diante da problemática situação de que este Conselho tenha sido utilizado perante atores públicos e privados como salvo-conduto para manobras em conflito com a lei e com a moralidade pública", escreveu.

O Sindipetro-NF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense) chegou a divulgar o envio de notificações extrajudiciais a conselheiros da estatal questionando o valor da operação.

"O Sindipetro-NF lembra aos conselheiros da necessidade de cuidado em relação a decisão a ser tomada que deve respeitar aos interesses da companhia, às exigências do bem público e da função social da empresa", disse a entidade.

Os sindicalistas defendem que o valor da operação chegou a ser questionado por bancos de investimento, como o BTG Pactual e a XP Investimentos, além do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, que é ligado à FUP.

Em nota, a Petrobras defendeu que contou com avaliações independentes dos bancos Citibank, Rotschild e Santander, pareceres técnicos da consultoria global IHS-Markit e da Fundação Getulio Vargas e parecer jurídico do advogado Francisco Costa e Silva, ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários e especialista em Direito Societário.

"É importante ressaltar que, em todos os processos de venda de ativos, a Petrobras estabelece uma faixa de valor que norteia a transação e que considera as características técnicas, de produtividade e o potencial de geração de valor do ativo em diferentes cenários corporativos de planejamento", diz a empresa.

O negócio depende ainda de aprovação dos órgãos de defesa da concorrência e terá seu valor final definido em função de variações do capital de giro, da dívida líquida e de investimentos até o fechamento da transação.

"Hoje é um dia muito feliz para a Petrobras e o Brasil. É o começo do fim de um monopólio numa economia ainda com monopólios em várias atividades", disse, na nota, Castello Branco, defendendo que a venda reduz riscos de interferência política nos preços dos combustíveis.

"A Petrobras não está inovando, uma vez que, há mais de uma década, grandes empresas privadas de petróleo no mundo vêm alienando expressiva parcela de sua capacidade de refino, na busca da maximização do retorno do seu capital. A transação satisfaz sem dúvida os melhores interesses dos acionistas da Petrobras e do Brasil”, concluiu.

O diretor-executivo da Mubadala Capital no Brasil, Oscar Fahlgren, disse que a refinaria se tornará "um fio condutor para novos investimentos na cadeia de valor de energia, gerando impactos positivos para o setor, a sociedade e para a economia regional".

Segundo ele, a empresa pretende maximizar o uso dos ativos da refinaria e investir em projetos de expansão e melhorias das instalações.

A refinaria da Bahia é parte de um conjunto de oito unidades de refino que a Petrobras colocou à venda em 2019, como parte de uma estratégia para focar esforços no pré-sal e concentrar suas operações no negócio de combustíveis nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.

A empresa defendeu que, mesmo após a venda de todas elas, permanecerá com uma capacidade de refino de 1,15 milhão de barris por dia em outras cinco unidades, "com foco na produção de combustíveis mais eficientes e sustentáveis".

Até que a venda seja aprovada, a Petrobras diz que manterá normalmente a operação da refinaria. Após a conclusão do negócio, apoiará a compradora durante um período de transição, sob um contrato de prestação de serviços.

A estatal afirmou ainda que a transferência do controle não culminará com demissões, mas que um plano de desligamento voluntário, "com pacote de benefícios", será oferecido aos empregados da unidade. Os empregados que decidirem permanecer na companhia poderão optar por transferência para outras áreas.

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

Vacinação contra covid-19 aos profissionais da saúde do Hospital das Clínicas, no Centro de Convenções Rebouças.

IMAGEM: ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL

 

Ideia é desafogar fila do setor público

Ministro defendeu tese no Senado

Mas não deu detalhes da medida

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta 5ª feira (25.mar.2021) que é possível dar isenção para vacinas anti-covid-19 compradas por empresários no exterior e doadas ao SUS (Sistema Único de Saúde).

Sem dar detalhes, o ministro disse que a medida ajudaria a desafogar a fila de vacinação do setor público.

Atualmente, a compra do imunizante é permitida apenas se todas as doses forem doadas ao SUS. O Ministério da Saúde alega que a decisão visa a acelerar a vacinação de grupos prioritários, como idosos e pessoas com doenças crônicas.

Guedes comentou a notícia que trata sobre um grupo de Minas Gerais que teria adquirido imunizantes para uso próprio. “Por enquanto, é ilegal, mas se a gente permitir que seja legal… e que façam doações”, disse em audiência pública remota do Senado Federal.

“Empresários têm condições de comprar sobras de vacina no exterior”, disse. “Se o setor privado der vacina para os mais idosos, podemos isentar as doações. Todo mundo que puder ajudar pode ter isenção para comprar vacina e doar”, declarou.

FONTE: PODER 360

O cargueiro Ever Given no canal de Suez em 24 de março de 2021

IMAGEM: CANAL DE SUEZ CANAL/AFP

Operações para desencalhar um navio cargueiro no Canal de Suez estavam em andamento nesta quarta-feira (24) nesta rota comercial, uma das mais movimentadas do mundo, onde dezenas de navios aguardam – disseram as autoridades locais.

Em um comunicado divulgado esta manhã, o presidente da Autoridade Egípcia do Canal de Suez (SCA), almirante Ossama Rabie, informou que “as unidades de resgate e os rebocadores da Autoridade continuam seus esforços” para desbloquear o Ever Given, um navio de 400 metros de comprimento com bandeira do Panamá.

A embarcação de mais de 220 mil toneladas, que se dirigia para Roterdã procedente da Ásia, encalhou depois de ser levada por uma rajada de vento, quando acabava de cruzar a entrada sul do Canal de Suez, segundo o site Vesselfinder.

De acordo com a SCA, o incidente se deveu a um vento de areia, fenômeno comum no Egito nesta época do ano, que teria gerado um problema de visibilidade.

Falta de visibilidade

O encalhe “aconteceu principalmente pela falta de visibilidade, devido às condições meteorológicas, enquanto os ventos atingiram 40 nós (74 km/h), o que afetou o controle do navio”, relatou a SCA no comunicado.

“O navio cargueiro encalhou acidentalmente, provavelmente depois de ser atingido por uma rajada de vento”, havia dito mais cedo à AFP a companhia Evergreen Marine Corp, que opera o navio.

Julianne Cona, usuária do Instagram, postou uma foto do navio encalhado do Maersk Denver, que ficou bloqueado atrás do Ever Given.

Após o incidente, dezenas de navios esperam para usar o canal, segundo uma fonte marítima.

De acordo com fontes marítimas, 30 navios estão parados na entrada norte do Canal, e outros três, na entrada sul.

Ao mesmo tempo, as autoridades anunciaram que o trecho histórico do canal, localizado na parte central da hidrovia, foi reaberto nos dois sentidos de navegação. Neste momento, porém, não está claro como isso ajudará a absorver a perturbação criada pelo Ever Given.

Tal atraso pode ter consequências para o fluxo do tráfego marítimo em uma rota de navegação que concentra cerca de 10% do comércio marítimo internacional, segundo especialistas.

“A passagem por Suez é sempre levada em consideração e, quando há um grande incidente como este, cria atrasos e um efeito dominó”, explicou à AFP Camille Egloff, especialista em transporte marítimo do Boston Consulting Group, com sede em Atenas.

Ela informou que o atraso é apenas “questão de horas”, porque “estamos em um ambiente hipercontrolado”. Ainda assim, deve ter um custo, “porque bloqueia o tráfego atrás”.

– Fonte de renda –

Em resposta a uma política de grandes obras, uma nova seção escavada em 2014 e 2015 facilitou a travessia dos comboios e reduziu o tempo de trânsito das embarcações.

Quase 19.000 navios passaram pelo Canal de Suez em 2020, de acordo com a SCA.

Este canal é uma fonte de receita essencial para o Egito, com o qual arrecadou 5,61 bilhões de dólares em 2020.

O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, anunciou em 2015 um projeto para desenvolver o canal com o objetivo de reduzir o tempo de espera e dobrar o número de navios que o utilizam até 2023.  

As autoridades anunciam regularmente novos recordes de tonelagem. Em agosto de 2019, passaram por ele 6,1 milhões de toneladas em um dia.

Idealizado por Ferdinand de Lesseps, empresário e diplomata francês, o colossal projeto de ligação dos Mares Vermelho e Mediterrâneo durou dez anos (1859-1869). Participaram dele um milhão de egípcios, segundo as autoridades de hoje.

Dezenas de milhares deles morreram durante este projeto titânico, estimam os especialistas.

Com 164 quilômetros de extensão, o Canal de Suez “não é prerrogativa de uma nação: (…) pertence a uma aspiração da humanidade”, lançou Ferdinand de Lesseps em 1864, cerca de 4.000 anos após os primeiros projetos de canal dos Faraós.

Ligação marítima entre a Europa e a Ásia, esta rota permitiu não se ter de contornar outro continente, a África, através do Cabo da Boa Esperança. Também conheceu várias guerras e anos de inatividade.

Essa história foi particularmente marcada pelo ano de 1956: em 26 de julho, Gamal Abdel Nasser, recém-eleito presidente, nacionalizou o Canal de Suez.

FONTES: AFP/ISTOÉDINHEIRO