Sustainable Seafood

IMAGEM: WWF

“Temos amplo interesse em estabelecer e fortalecer cooperações e parcerias em pesca e aquicultura com a China”, afirmou André de Paula, ministro da Pesca e Aquicultura do Brasil, no governo Lula, em entrevista exclusiva para a Xinhua.

O Ministério da Pesca e Aquicultura no Brasil tinha sido extinto em 2015, mas foi recriado no atual governo Lula. Ainda conforme o ministro, a China é maior produtora de peixes do mundo e grande desenvolvedora de tecnologias para atividade, além de ser um modelo na aquicultura familiar de pequena escala, aproveitamento de áreas, reprodução de peixes, crustáceos e moluscos, além do cultivo de algas. “No Brasil, com 8,5 mil km de costa, a aquicultura marinha ainda é incipiente e esse tipo de cooperação pode ajudar a desenvolver essa atividade”, complementou.

Ainda foi informado que o ministério vai abrir novas oportunidades de exportações do pescado brasileiro para a China. “Dados do ComexStat de 2022 indicam que a representatividade do mercado da China para o total do pescado exportado do Brasil (US$ 400 milhões), em relação aos demais países, é da ordem de 10% (CHN) + 6% (HKG), com a contribuição dos produtos com valores acima de US$ 10 milhões como peixes congelados, lagostas congeladas, peixes frescos ou refrigerados, pargos congelados, preparações e conservas de atuns, peixes secos, salgados ou defumados, tilápias congeladas e farinhas de carne, extratos e miudezas”, explicou.

O ministro André de Paula ainda mencionou que a recriação do Ministério da Pesca e Aquicultura é um marco para o ordenamento do setor, com foco na sustentabilidade dos que vivem desses recursos naturais, bem como para o aperfeiçoamento das práticas de captura, modernização da frota pesqueira e outros benefícios para o progresso do setor no Brasil. De acordo com ele, o setor pesqueiro tem papel relevante para a oferta de proteínas de alta qualidade à população brasileira, especialmente na região norte do Brasil. “A região amazônica tem um consumo seis vezes maior que a média nacional do consumo aparente de 10kg/hab/ano”, disse.

Com relação à pesca industrial, o ministro explicou que há um quadro de qualificação progressiva e uma expansão na aquicultura. “Temos 4 milhões de famílias ligadas ao pescado e um milhão de aquicultores. A indústria emprega cerca de 16 mil pessoas, direta e indiretamente. O PIB da aquicultura e pesca gira em torno de R$ 25 bilhões, com a produção de 1,7 milhão de toneladas e U$ 400 milhões em exportações”, concluiu.

Já quanto à pesca artesanal, aproximadamente, 45% de toda produção anual de pescado desembarcado são oriundos desta prática.”Os profissionais e famílias que exercem a atividade pesqueira de forma artesanal utilizam inúmeras metodologias e atuam tanto em águas continentais, quanto marinhas. Segundo um levantamento da Embrapa, complementado pela Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (CONAFER), cerca de 1 milhão de pequenos produtores garantem 60% do pescado do país. A atividade se baseia nas tradições culturais, na organização familiar e no uso sustentável dos recursos naturais”, disse.

O Brasil ocupa a posição de quarto produtor mundial de peixes e crustáceos, centrada sobretudo na exploração da tilápia. No entanto, segundo o ministro, há enorme potencial de crescimento, particularmente, para as práticas aquícolas de produção e de captura de pescado em alto-mar, para a qual a cooperação chinesa seria de grande relevância especialmente para projetos de melhorias das frotas do Brasil.

“Oportunamente, as relações internacionais em prol da aquicultura e da pesca, em especial com a China, poderão contribuir para a consolidação de cadeias de produção aquícolas e pesqueiras reconhecidamente mais sustentáveis, que poderão gerar credibilidade e competitividade para ambos os países no mercado global de alimentos”, enfatizou.

FONTE: AGÊNCIA BRASIL/CHINA