A chuva, segundo organizadores do ato convocado para este domingo (21), contra o governo Michel Temer, frustou a manifestação. "Temer está certo sobre a chuva", afirmou Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares e Frente Brasil Popular, ao comentar o número reduzido de pessoas no ato, no vão livre do Masp, em São Paulo (SP).
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que "o governo Temer acabou envolvido em corrupção" e conclamou a realização de eleições diretas. "Sem legitimidade só lhe resta um caminho que é entregar o povo a decisão de escolher seu próximo presidente", disse. O deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) e o senador Humberto Costa (PT-PE) defenderam o afastamento de Temer e as eleições diretas.
Primeiro político a discursar no ato na capital paulista, o vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi na mesma linha. "O próprio Temer disse que se um de seus ministros fossem alvo de inquéritos ele seria afastado. Como ele agora é alvo de inquérito, ele deve se afastar para pacificar esse maravilhoso povo brasileiro."
A equipe do Instituto Lula chegou a avaliar as condições de segurança para que o ex-presidente comparecesse ao ato realizado neste domingo mas, por causa da chuva e da pouca quantidade de gente, a presença foi cancelada. Segundo Bonfim, a expectativa é que, nesta quarta-feira (24), a marcha Ocupa Brasília, agendada antes mesmo da revelação da JBS e inicialmente contra as reformas, reúna 50 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios.
No Rio, os manifestantes se reuniram em frente ao prédio onde mora o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM). Lá, fizeram um protesto em ironia à feijoada oferecida por Temer a aliados políticos no sábado (20). O ato chegou a reunir cerca de 200 manifestantes, mas por volta das 17 horas menos da metade deles continuavam em frente ao edifício de Maia.
Na capital baiana, a manifestação que pedia a saída de Temer e eleições diretas começou por volta das 13h na Praça do Campo Grande, centro da cidade. A senadora Lídice da Mata (PSB) participou do ato e disse que é grave o momento político do País. Ela afirmou que não é hora de falar em nomes, mas de aprovar uma PEC para garantir um novo presidente em eleição direta.
Novas paralisações
Alinhadas em defesa do fim das reformas Trabalhista e Previdenciária no Congresso, as centrais sindicais ameaçam parar o País novamente, como foi feito em 28 de abril, quando parte dos trabalhadores resolveram aderir à greve geral. Já havia um calendário organizado antes das delações do empresário e presidente da JBS, Joesley Batista, implicarem Temer e lideranças do Congresso.Com a delação do empresário, o "Fora Temer" foi ressaltado no discurso dos movimentos e, também das centrais.
Sobre uma nova greve geral, Bonfim, afirma que o sentimento de indignação é geral e que a população não aguenta mais pagar a conta da corrupção política. "A disponibilidade de luta e revolta é geral. De um lado vemos a base e o governo atacando os direitos dos trabalhadores e de outro o próprio presidente é pego com a boca na botija para obstruir a justiça e praticando atos de corrupção. O povo está sem paciência", pontuou Bonfim.
No início da semana passada, em sessão no Senado, sobre a reforma Trabalhista, o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, afirmou que uma nova greve será organizada "maior" do que a anterior. "Respeitem os nossos direitos, e não duvidem da nossa capacidade de reagir. Se esta Casa teimar em não ouvir a voz da classe trabalhadora, se insistir nesse caminho de desmonte da legislação trabalhista, vocês podem esperar: nós vamos construir no Brasil uma greve geral muito, mas muito maior do que foi essa do dia 28", ameaçou.
Por ora, a luta gira em torno de três bandeiras. "Estamos nos organizando em torno do 'Fora Temer', 'Diretas já' e pelo fim das reformas. Essas são as três bandeiras unificadas pelas Frentes" disse Bonfim.
Ele afirma que, mesmo com a crise política desencadeada no governo de Michel Temer, os movimentos sentem que é preciso avançar nas demandas e pressionar deputados e senadores a não "retirarem mais direitos do povo".
"Embora os sinais emitidos pela própria base sejam de que diante da crise não há condições para aprovar as reformas, as frentes mantiveram o Ocupa Brasília porque já estava organizado e preparado. É preciso acabar com a tramitação dos projetos", acrescentou.
Antagonista à CUT, a Força Sindical apoiou os atos de ontem, liderados pelas frentes e por outros grupos organizados. Apesar disso, adota o tom da cautela quando ao futuro do governo Temer. Em nota, a entidade sindicalista afirma que é preciso uma "solução democrática para a atual crise política e econômica pela qual o País atravessa".
Fonte: DCI