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Trabalhadores paralisam 36 portos nos EUA na primeira greve em quase 50 anos

Discussão por reajuste salarial interrompe serviços e prejuízo estimado é de US$ 5 bilhões por dia

Os trabalhadores portuários da costa do Golfo dos Estados Unidos e da costa Leste do país entraram em greve nesta terça-feira (1º), parando os serviços em ao menos 36 portos. Esta é a primeira grande paralisação em quase 50 anos, interrompendo o fluxo de cerca de metade do transporte marítimo dos EUA depois que as negociações por um novo contrato de trabalho fracassaram devido à questão dos salários.

A greve bloqueia o transporte de tudo, de alimentos a automóveis, em dezenas de portos do Maine ao Texas, em uma paralisação que, segundo analistas, custará cerca de US$ 5 bilhões (R$ 27,32 bilhões) por dia à economia, ameaçará empregos e, potencialmente, impulsionará a inflação.

O sindicato ILA (Associação Internacional dos Estivadores, na sigla em inglês), que representa 45 mil trabalhadores portuários, está negociando com o grupo patronal USMX (Aliança Marítima dos Estados Unidos, na sigla em inglês) um novo contrato de seis anos antes do prazo final de 30 de setembro à meia-noite.

A ILA disse em um comunicado nesta terça-feira que fechou todos os portos do Maine ao Texas às 0h01 (horário local) e rejeitou a proposta final da USMX feita na segunda-feira (30), acrescentando que a oferta ficou "muito aquém das exigências de seus membros para ratificar um novo contrato".

O líder da ILA, Harold Daggett, disse que os empregadores não têm oferecido aumentos salariais adequados ou não concordaram com as exigências de interromper os projetos de automação portuária. A USMX informou em um comunicado na segunda-feira que havia oferecido um aumento salarial de quase 50%, acima de uma proposta anterior.

"Estamos preparados para lutar pelo tempo que for necessário, para permanecer em greve pelo tempo que for preciso, para obter os salários e as proteções contra a automação que nossos membros merecem", disse Daggett nesta terça-feira.

"O USMX é o dono dessa greve agora. Agora eles precisam atender às nossas exigências para que a greve termine."

A USMX não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.

36 PORTOS ATINGIDOS

A greve, a primeira da ILA desde 1977, está preocupando as empresas que dependem do transporte marítimo para exportar seus produtos ou garantir importações cruciais, pois afeta 36 portos que movimentam uma série de mercadorias em contêineres.

Nos últimos meses, os varejistas têm acelerado as importações de fim de ano para mitigar o problema e estão transferindo outras remessas para a costa Oeste dos EUA sempre que possível.

Há cerca de 100 mil contêineres esperando para serem descarregados somente nos portos da cidade de Nova York, agora paralisados pela greve, e 35 navios porta-contêineres com destino a Nova York na próxima semana, disse Rick Cotton, diretor executivo da Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey. 

A disputa também está colocando o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, favorável a ações trabalhistas, em uma posição praticamente sem saída, já que a vice-presidente, Kamala Harris, está em uma disputa eleitoral acirrada contra o ex-presidente republicano Donald Trump.

O chefe de gabinete da Casa Branca, Jeff Zients, e a principal conselheira econômica, Lael Brainard, pediram aos membros do conselho da USMX em uma reunião na segunda-feira para resolver a disputa de forma justa e rápida, disse um funcionário da Casa Branca. Mas o governo tem repetidamente descartado o uso de poderes federais para interromper a greve.

A Casa Branca disse nesta terça-feira em um comunicado que está monitorando os efeitos na cadeia de suprimentos "e avaliando maneiras de lidar com possíveis impactos", observando que o efeito inicial sobre os consumidores deve ser limitado.

FONTE: REUTERS