Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Senado, orientou o voto contra o emprego de marítimos brasileiros na Lei BR do Mar

Sob forte articulação do governo federal, o Congresso Nacional decidiu, nesta quinta-feira (17), manter o veto do presidente Jair Bolsonaro ao emprego de 2/3 de marítimos brasileiros nos navios estrangeiros inscritos no programa BR do Mar, de estímulo ao transporte de cabotagem, instituído pela lei nº 14.301/2022.

Ao mesmo tempo, por orientação do próprio governo, deputados e senadores derrubaram outros vetos presidenciais ao BR do Mar a fim de beneficiar empresas. Foi rejeitado o veto aos dispositivos referentes ao Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), que traz regras de cálculo de frete nas navegações.

As alíquotas do AFRMM, ficam reduzidas a:

• 8% na navegação de longo curso e de cabotagem, e no transporte fluvial e lacustre de granéis sólidos e outras cargas nas regiões Norte e Nordeste
• 40% na navegação fluvial e lacustre para o transporte de granéis líquidos nas regiões Norte e Nordeste

No caso do Reporto – benefício tributário concedido ao setor portuário, que foi extinto em dezembro do ano passado -, este fica renovado até 31 de dezembro de 2023 com a derrubada do veto.

As entidades sindicais tiveram acesso à informação de que, na regulamentação do BR do Mar, o governo pretende aumentar significativamente o número de navios estrangeiros que poderão ser afretados com lastro na tonelagem de navios brasileiros. A atuação do governo, coordenada pelo ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas, busca assegurar a desnacionalização da frota mercante brasileira, empregando um número extremamente reduzido de marítimos nacionais, o que poderá acarretar enormes prejuízos à soberania brasileira no transporte marítimo.

“Com a perda do efetivo controle dos navios em sua cabotagem, o Brasil irá se tornar ainda mais dependente de outras nações no transporte marítimo. No comércio exterior, já não temos capacidade de transportar as commodities agrícolas e os minerais que produzimos em navios de bandeira brasileira, o que nos torna dependentes de países que efetivamente controlam frotas mercantes, e vulneráveis a instabilidades no cenário internacional”, explica Carlos Müller, presidente do Sindmar e da Conttmaf.

Dep. General Peternelli (União-SP) discursou contra o emprego de 2/3 de marítimos brasileiros nos navios estrangeiros autorizados no BR do Mar

A organização sindical marítima recomenda aos seus representados e representadas que avaliem com extrema atenção como agem os políticos investidos em cargos públicos; de que modo os partidos políticos se posicionaram em relação a este tema e qual foi o voto dos parlamentares. Nas próximas eleições, é recomendável que procurem votar em candidatos de legendas que efetivamente apoiam o emprego de brasileiros no Brasil e a existência de uma Marinha Mercante com bandeira nacional.

Os falsos nacionalistas, aqueles que defendem interesses de grandes empresas estrangeiras sem contrapartidas justas e os que impedem a bandeira que um dia juraram defender de ser efetivamente arvorada em águas brasileiras, podem ser facilmente identificados por quem assistiu à sessão conjunta do Congresso Nacional nesse 17 de março”, conclui Müller.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB – RJ), que tem um longo histórico de defesa de legislação que beneficiou a Marinha do Brasil e o emprego de marítimos brasileiros, foi a parlamentar que mais se destacou entre os que apoiaram a derrubada do veto presidencial.

FONTE: SINDMAR