Com as taxas de frete desenfreadas no segundo e terceiro trimestres, analistas do mercado de transporte marítimo se viram obrigados a abrir mão das previsões pessimistas publicadas até junho para prever o que promete se tornar o ano mais lucrativo já registrado pela indústria.
Taxas crescentes da Ásia para os EUA e sinais de recuperação em outras rotas comerciais importantes levaram Lars Jensen, co-fundador do grupo de consultoria Sea-Intelligence, a reformular sua previsão para a lucratividade geral da indústria pela segunda vez em dois meses. Na melhor hipótese, os lucros girariam em torno de US$ 15 bilhões, caso as linhas consigam repetir os resultados impressionantes que tiveram no primeiro semestre do ano.
Uma das empresas que permanecem otimistas no segundo trimestre de 2020 é a Maersk. A armadora anunciou lucros antes de juros, impostos, desvalorização e amortização de US$ 1,7 bilhão no período, um aumento de 25% no segundo trimestre de 2019, chegando a triplicar seu lucro líquido para US$ 427 milhões.
Fontes: Container News e Reuters
Os bons resultados observados globalmente já são rotina para os armadores brasileiros. Por aqui, empresas como Aliança (Maersk), Mercosul Line (CMA-CGM) e LogIn há mais de uma década atuam na cabotagem registrando invejável crescimento de 12% ao ano na movimentação de contêineres.
A despeito disso, o oligopólio que controla os contêineres na cabotagem e grande parte das cargas de longo curso continua com o conhecido discurso de dificuldades, busca evitar a entrada de outras empresas que poderiam competir na cabotagem, oferecendo opções para o mercado brasileiro, e se recusa a partilhar seus fartos lucros com os trabalhadores marítimos, justamente aqueles responsáveis por transportar com eficiência e segurança as cargas que lhes geram riqueza.