Seis petroleiras estrangeiras estão buscando oportunidades para entrar no mercado brasileiro este ano, a partir da 14ª Rodada de blocos exploratórios, em setembro. A lista inclui desde gigantes do setor, como a Petronas, da Malásia, a produtores independentes de menor porte, como indiana Capricorn e a americana Murphy Oil.
Chama a atenção também a presença das alemãs: Wintershall e DEA Deutsche Erdoel AG estão entre as 32 inscritas no leilão. A lista inclui, ainda, companhias nacionais estreantes no mercado de óleo e gás, como a Bertek e a Greenconsult, que miram, sobretudo, ativos terrestres.
Murphy Oil e Wintershall não são inteiramente estreantes. Embora não possuam ativos no país, já chegaram a participar de alguns leilões no início dos anos 2000, no Brasil. A alemã, inclusive, saiu como vencedora na 4ª Rodada, em 2002, ao arrematar três concessões, mas depois saiu do país.
A grande novidade da 14ª Rodada gira em torno da Petronas, uma das maiores petroleiras do mundo, com uma produção de óleo e gás média de 2,39 milhões de barris de óleo equivalente (BOE/dia), e que nunca participou de um leilão no Brasil. O Valor apurou que a estatal malaia vem mapeando oportunidades de negócios desde o ano passado. Esta, aliás, não é a primeira vez que a Petronas se aproxima do mercado brasileiro. Em 2013, chegou a fechar um acordo com a OGX, para comprar 40% do campo de Tubarão Martelo (Bacia de Campos), mas desistiu depois que a antiga petroleira de Eike Batista entrou em recuperação judicial.
“Vejo com bos olhos a estreia da Petronas nos leilões. Estamos falando de uma grande estatal. A 14ª Rodada, aliás, se caracteriza pelo perfil variado das petroleiras inscritas. Temos as grandes ‘players’, muitos produtores independentes…” avalia o Diretor da Accenture Strategy Energy, Matheus Nogueira.
A pouco menos de um mês para a licitação, as companhias intensificam os estudos sobre os ativos disponíveis e buscam parcerias. Controlada pela LetterOne Energy, a alemã DEA, por exemplo, fechou em julho um acordo com a australiana Karoon para avaliar conjuntamente oportunidades de negócios no Brasil. O foco da parceria está na exploração e produção de ativos offshore (marítimos). Além da 14ª Rodada, a empresa também avalia oportunidades de aquisições no país e assumiu uma opção de compra de 50% de Echidna e Kangaroo, descobertas feitas pela Karoon no pós-sal de Santos.
No ano passado, o presidente do conselho de administração da LetterOne, Lorde Browne, disse ao Valor que a meta da companhia era que o Brasil respondesse por 25% da produção da empresa, contribuindo para que a petroleira alcançasse um patamar de 300 mil barris/dia – a DEA produz, em média, 138 mil barris/dia, com foco no Mar do Norte e Alemanha.
Outra que se prepara para estrear nos leilões da ANP é a Petro Victory. Oriunda do Texas, EUA, a empresa foi criada com o foco na exploração e produção de campos terrestres no Brasil. Em julho, anunciou sua entrada no mercado brasileiro, por meio da aquisição de quatro campos no Nordeste, mas ainda aguarda o aval da ANP para assumir os ativos. Enquanto isso, mira oportunidades para fortalecer sua presença no país.
A 14ª Rodada será a primeira licitação de blocos exploratórios desde a flexibilização do conteúdo local e da extensão do Repetro (regime aduaneiro especial para o setor de óleo e gás). Segundo fontes consultadas pelo Valor, a movimentação em torno da formação de consórcios, às vésperas da licitação, está mais intensa este ano, na comparação com a 13ª Rodada, de 2015, considerada um fracasso.
O número de estreantes poderia ter sido ainda maior se o governo tivesse conseguido anunciar a prorrogação do Repetro antes do fim do prazo de inscrição na rodada.
A extensão do Repetro é uma sinalização muito positiva para o leilão, porque tem um impacto muito grande, pode representar a viabilidade ou não de um projeto de exploração. Mas investidores podem ter deixado de entrar na licitação, porque houve uma demora no anúncio.
Fonte: Valor Econômico