IMAGEM: REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS
Nível do rio está em 12,66 na manhã desta sexta-feira (4), segundo dados de medição do Porto de Manaus
O Rio Negro atingiu sua menor marca em mais de 120 anos de medição.
A tendência, contudo, é que o nível siga caindo, já que o rio desce cerca de 15 centímetros por dia desde o início de setembro, podendo renovar suas mínimas históricas até o fim de outubro, quando há a expectativa de estagnação na descida para, na sequência, começar a encher novamente.Rio Solimões também tem recorde negativo
O Rio Solimões, um dos dois maiores afluentes do Rio Amazonas no Brasil, caiu ao seu nível mais baixo na segunda-feira, na pior seca já registrada na região amazônica, deixando vilarejos às suas margens sem comida, água e transporte.
Em Manacapuru, a cerca de 100 km rio acima da capital do Estado, Manaus, onde o rio se encontra com o Rio Negro para formar o Amazonas, a profundidade do Solimões era de apenas 3 metros, segundo a Defesa Civil.
Isso é 11 cm mais baixo do que o recorde anterior registrado, em 25 de outubro do ano passado.
Faltando quase mais um mês para as chuvas voltarem e acabem com a estação seca, o nível do Solimões, que desce dos Andes no Peru, deve cair ainda mais nas próximas semanas, aprofundando a crise para as comunidades ribeirinhas.
Menores níveis da história
Segundo projeções do Serviço Geológico do Brasil (SGB), o rio passa por descidas médias diárias de 19 cm.
“As descidas estão muito acentuadas em Manaus e, se continuar com essa média de descida de 19 cm por dia, em uma semana poderemos ultrapassar a marca histórica”, comenta o coordenador nacional dos Sistemas de Alerta Hidrológico do órgão, o pesquisador em geociências Artur Matos. O coordenador aponta, também, que o rio pode ficar abaixo dos 12 metros nas próximas semanas.O pesquisador alerta que o rio pode permanecer abaixo da cota de 16 metros na capital por mais dois meses, o que leva em consideração o observado no ano de 2023 e que se assemelha ao atual cenário.
Em grande parte da Bacia do Amazonas, os rios se encontram abaixo do nível da faixa de normalidade para o período. As cotas de algumas dessas já chegaram aos níveis mais baixos da história.
Seca em toda a Amazônia
Em muitas regiões da Amazônia, “a seca já é mais intensa hoje do que no pior momento do ano passado”, disse Rômulo Batista, biólogo e porta-voz do Greenpeace Brasil.
“Os mínimos nesses rios… geralmente são no final de outubro”, disse Adriana Cuartas, pesquisadora do Cemaden. Este ano, eles aconteceram mais cedo e os níveis de água continuarão a diminuir, ela disse à CNN.
As consequências são graves para a população que depende dos rios para alimentação, remédios, meios de subsistência e transporte, disse André Guimarães, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, uma organização sem fins lucrativos.
“Estamos sofrendo uma situação que nunca aconteceu antes”, disse ele à CNN, acrescentando: “a redução do fluxo do rio é absolutamente enorme”.
Os 62 municípios do Amazonas enfrentam uma situação de emergência devido à seca. De acordo com a Defesa Civil do estado, todas as calhas de rios na região estão com níveis abaixo da normalidade para o período. Quase 750 mil pessoas estão sendo afetadas diretamente pela seca.
FONTE: CNN