Experiência ajudou as pessoas com mais de 60 anos, mas a necessidade de compor a renda familiar e a ausência de aposentadoria também levaram os idosos a voltar ao mercado no País
Mesmo com uma quantidade menor de trabalhadores em busca de emprego, o grupo das pessoas com 60 anos ou mais encontrou maior facilidade para voltar ao mercado brasileiro durante este ano.
No terceiro trimestre, 6,910 milhões de idosos estavam trabalhando, um aumento de 6,1% na comparação com o primeiro trimestre. O segundo melhor resultado foi registrado pelos mais jovens, com idade entre 18 e 24 anos: um crescimento de 4,9% na quantidade de ocupados, que chegou a 11,706 milhões.
Entretanto, o número de pessoas tentando voltar ao mercado foi bastante diferente nas duas faixas etárias. Enquanto 309 mil idosos estavam desempregados, 4,224 milhões de jovens não encontravam trabalho entre julho e setembro deste ano.
Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) trimestral, divulgada no último dia 17 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com o aumento na quantidade de trabalhadores ocupados, a taxa de desemprego entre os mais velhos recuou para 4,3% no terceiro trimestre, depois de chegar a 4,6% entre janeiro e março, o pior resultado da série histórica, iniciada em 2012. A taxa mais recente ficou bem abaixo da média nacional (13,7%) e dos dados vistos nas outras faixas etárias. Para os mais jovens, por exemplo, a taxa de desemprego ficou em 26,5%.
Porta-voz da PNAD, Cimar Azeredo afirma que a experiência dos mais velhos pesa para a recuperação dessa faixa etária. "A maioria dos jovens não têm a vivência e o conhecimento necessários para abrir o próprio negócio", explica ele.
De acordo com o entrevistado, uma parcela dos trabalhadores mais velhos voltou ao mercado no emprego por conta própria. "É uma alternativa que ganha força em períodos de recessão." Essa categoria é constituída, em boa parte, por empreendimentos informais de pequeno porte.
Sem parar
A necessidade de se manter trabalhando depois da aposentadoria é vivida por vários dos empregados com mais de 60 anos, diz Denise Delboni, professora da faculdade de economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). "Muitos idosos fazem isso para compor a renda familiar."
Outra parte desse grupo segue no trabalho à espera do benefício da Previdência, afirma a especialista. "É o que acontece com aqueles que fazem parte do mercado informal e não podem se aposentar por tempo de serviço."
Sobre esse ponto, Denise diz que a reforma na CLT pode incentivar a formalização de cargos que hoje não são registrados. "A adoção do trabalho intermitente na lei pode beneficiar vários idosos que já fazem esse tipo de serviço."
A PNAD também mostrou que a taxa composta da subutilização da força de trabalho ficou em 23,9% no terceiro trimestre, o que representa 26,8 milhões de pessoas. Essa taxa agrega os desempregados, os que não estão procurando emprego e os que trabalham menos horas do que gostariam, como ocorre com parte dos indivíduos que ocupam funções intermitentes no País. De acordo com Cimar, do IBGE, a subocupação é vivida por uma parcela dos idosos que está voltando ao mercado.
Fora do mercado
O trabalho nas faixas intermediárias também melhorou, mas seguiu em níveis elevados. Para os adultos com idade entre 40 e 59 anos, a taxa de desemprego recuou a 7,4% (2,919 milhões de desempregados), após começar o ano em 7,9%. Já entre as pessoas com idade entre 25 e 39 anos, a taxa diminuiu para 11,3% (4,433 milhões), depois de atingir 12,8% no primeiro trimestre.
Fonte: DCI