Pressionado pelas centrais sindicais, o presidente Michel Temer tenta dividir o desgaste da discussão de uma alternativa ao fim do imposto sindical com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). De olho em votos contra a segunda denúncia do Ministério Público, o presidente negocia com parlamentares da base aliada uma alternativa ao fim do imposto sindical, extinto pelo Congresso Nacional na reforma trabalhista aprovada em julho.
As centrais sindicais pressionam o governo em busca de compensação para o fim do imposto. O deputado Paulinho da Força (SP), presidente do Solidariedade, lidera as negociações com Temer. Ao Blog, ele disse que o governo "não descarta" enviar à Câmara um projeto que regulamente a criação da nova contribuição - mas critica a demora do governo.
Segundo o Blog apurou, o Planalto ainda não tomou uma decisão por temer o desgaste de tomar a iniciativa em mais uma matéria polêmica e rechaçada pelo Congresso para atender a um grupo de aliados. Por isso, o governo tenta atrair Maia para a discussão, e, assim, dividir o desgaste do projeto com ele.
Maia, que preside a Câmara, tem interlocução entre os partidos da base mas também com os deputados da oposição.
O presidente da Casa, no entanto, rechaçou a possibilidade de se envolver nesta iniciativa.
Na última terça-feira (17), Paulinho tentou uma reunião entre Maia e Temer para discutir o assunto. Maia disse que não sentaria com o governo para discutir o tema. Procurado pelo Blog, Maia afirmou: "Eu disse ao Paulinho que não iria discutir o texto com o governo. Que o governo deveria decidir se vai enviar e, uma vez enviando, a Câmara vai discutir".
Paulinho disse à reportagem na última quarta-feira (18) que, se o governo não enviar o projeto em breve, ele tentará articular uma proposta de iniciativa do legislativo.
Nova contribuição
Uma vez reinstituída pelo Congresso, essa contribuição deveria ser aprovada pelas assembleias de cada sindicato. Paulinho da Força nega se tratar da recriação do imposto sindical. Mas parlamentares da própria base aliada afirmam que a ideia, na prática, reinstituirá o imposto sindical, ao permitir que os próprios sindicatos aprovem a cobrança da contribuição. Estes parlamentares não enxergam clima no Congresso para aprovar a medida.
Na semana passada, procurado para comentar o assunto, o Planalto respondeu que o governo "nada fará no caso do imposto sindical".
Mas, em conversa no início do mês, Temer disse a Paulinho que o governo não vai se opor se o deputado conseguir articular com líderes da base aliada a recriação do imposto.
Fonte: G1