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No próximo dia 15 de novembro, a população humana global deverá ultrapassar os oito mil milhões, de acordo com previsões das Nações Unidas. Em 2023 a China vai perder pela primeira vez, para a Índia, a classificação de país mais populoso do mundo.

Os efeitos da explosão demográfica humana desde que foi atingida a marca de mil milhões há cerca de 200 anos, vão fazer-se sentir ainda durante décadas faz notar o relatório do Departamento da ONU para os Assuntos Económicos e Sociais, responsável pelas previsões. 
 
A marca dos sete mil milhões foi ultrapassada em 2011 e atualmente haverá 7.942 seres humanos no planeta. 
 
A velocidade do crescimento populacional anual tem vindo contudo a registar uma desaceleração global, tendo caído abaixo dos 1 por cento pela primeira vez desde 1950, sobretudo devido ao declínio das taxas de fertilidade nos países desenvolvidos. A estabilização demográfica ainda está distante, deduzem as contas das Nações Unidas. O relatório da ONU antevê que no planeta existam 8.5 mil milhões de pessoas em 2030 e 9.7 mil milhões em 2050, com o pico de 10.4 mil milhões a ser atingido na década de 2080 e mantendo-se nestes níveis até 2100.
 
 A ocasião “lembra-nos a nossa responsabilidade partilhada no cuidado com o nosso planeta e é um momento para refletir onde é que ainda falhamos nos nossos compromissos com os outros”, reagiu o secretário-geral da ONU, António Guterres, sem especificar. 
“Esta é uma ocasião para celebrar a nossa diversidade, reconhecer a nossa humanidade comum e maravilhar-nos com os avanços em saúde que prolongaram a esperança de vida e reduziram dramaticamente as taxas de mortalidade infantil e materna”, acrescentou Guterres. 
 
Em 2021 a esperança de vida era de 71 anos, um decréscimo face aos 72,8 anos em 2019, um facto atribuído pela ONU à pandemia de Covid-19, que terá causado a morte a mais de seis milhões de pessoas, de acordo com a Universidade John Hopkins.
 
Desigualdade permanece
 
As Nações Unidas referem que, enquanto o crescimento populacional resulta do desenvolvimento global económico e de saúde, é necessário sublinhar a necessidade de políticas eficazes para enfrentar alguns dos problemas mais prementes, como as alterações climáticas. 
“O crescimento dramático deve-se sobretudo ao aumento do número de pessoas que sobrevive até chegar à idade reprodutiva e foi acompanhado de grandes alterações nas taxas de fertilidade, urbanização crescente e migração acelerada”, explicou a ONU. “Estas tendências terão consequências de grande amplitude para as próximas gerações”. 
 
“O progresso não é universal o que torna evidente a desigualdade”, acrescentou. “As mesmas preocupações e desafios identificados há 11 anos mantêm-se ou pioraram: alterações climáticas, a violência e a descriminação”.
 
Mais de metade do aumento populacional previsto para as próximas décadas irá concentrar-se em apenas oito países, refere o relatório, identificando a República Democrática do Congo, o Egipto, a Etiópia, a Nigéria, o Paquistão, as Filipinas e a Tanzânia.  
Os 46 países menos desenvolvidos verão globalmente a sua população aumentar de 1.11 mil milhões para 1.91 mil milhões entre 2022 e 2050, estima a ONU.
 
Em contraste, na maioria dos países em desenvolvimento regista-se uma quebra nítida de nascimentos, sublinha o relatório. A população da Europa e da América do Norte irá passar somente dos 1,12 mil milhões para os 1.13 mil milhões no mesmo período.
A "maior ameaça à civilização"
 
O Gabinete de Censos dos EUA identificou a pandemia de coronavírus, a redução migratória e de nascimentos, assim como a crise da Economia como causas do abrandamento. O censos norte-americano acrescentou outros índices demográficos, como o maior crescimento da pobreza devido ao encerramento de empresas à boleia dos confinamentos e a diversificação étnica com o declínio da população caucasiana.
 
De acordo com os censos, registaram-se nos EUA somente mais 148 mil nascimentos do que óbitos, o menor diferencial em mais de 80 anos.
 
O relatório da ONU coincide com um aumento da discussão em torno de questões demográficas depois do homem mais rico do mundo, Elon Musk, ter considerado o declínio dos nascimentos como a “maior ameaça à civilização”.
 
Numa publicação na rede Twitter, Musk escreveu que “o colapso das taxas de nascimentos é de longe a maior ameaça que a civilização enfrente”, considerando que o anúncio do nascimentos dos seus oitavo e nono filhos era a sua forma de falar da “crise de subpopulação”.
 
FONTE: RTP