A Petrobras teve, em 2017, seu quarto prejuízo anual consecutivo, de R$ 466 milhões. Mais uma vez, os resultados foram pressionados por efeitos não recorrentes, com destaque para o provisionamento de R$ 11,2 bilhões para encerrar a ação coletiva movida nos Estados Unidos.
Desde 2014, nos últimos quatro exercícios, eventos extraordinários como baixas contábeis, adesão a programas de regularização de débitos federais e o provisionamento dos recursos para pagar os acordos em ações coletivas reduziram o patrimônio da estatal em R$ 160 bilhões.
Petrobras tem 4º prejuízo e indica que ajustes estão perto de acabar
Cerca de R$ 120 bilhões dessas perdas decorrem do que os contadores chamam de redução dos ativos ao valor recuperável, "impairment" no termo em inglês. O esquema de corrupção revelado pela Operação Lava-Jato foi responsável por parte dessas baixas.
Esses ajustes gigantescos estão entre as maiores "limpezas" de balanço já feitas por uma empresa de capital aberto no mundo. Mas podem estar chegando ao fim, segundo o presidente da estatal, Pedro Parente.
A confiança de que a companhia vai registrar lucro nos próximos balanços trimestrais levou o conselho de administração a propor a realização de estudos para mudar a política de distribuição de dividendos. A ideia é adotar pagamentos trimestrais já a partir deste 1º trimestre.
O balanço da Petrobras teve impacto direto na cotação de suas ações. Na bolsa de São Paulo, os papéis PN da estatal tiveram baixa de 4,78% e os ON, de 2,08%. O valor de mercado da companhia hoje é de R$ 292,4 bilhões e seu patrimônio líquido vale R$ 269,6 bilhões. Em 2013, antes da Lava-Jato, o patrimônio líquido era de R$ 350 bilhões. Além das baixas contábeis feitas desde então, o patrimônio menor de hoje reflete também as vendas de ativos. Na ponta positiva, há a redução do endividamento. A dívida líquida da companhia somava R$ 280,7 bilhões no fim de 2017 - no 3º trimestre de 2015, chegou a R$ 402 bilhões.
Fonte: Valor