IMAGEM: BRASIL/ESCOLA-UOL
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sediou, no último dia 8 de novembro, a IV Conferência de Comércio Internacional e Serviços do Mercosul (C123). O encontro contou com a participação de representantes de Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Brasil, que debateram caminhos para aprimorar a integração entre os setores dos países que compõem o Mercosul.
— A América do Sul é a região mais rica do mundo. Tem gás, petróleo, trigo e proteína animal. O que está faltando é união. Se a Europa conseguiu se unir, por que a América do Sul não consegue? — comentou José Roberto Tadros, presidente da CNC.
Tadros abriu o evento destacando a importância da retomada do diálogo com outros blocos de países, como a União Europeia, além de fortalecer as parcerias com instâncias que auxiliam no desenvolvimento das Câmaras de Comércio do Mercosul.
— Vislumbramos os ganhos extraordinários que podem ser obtidos com a atuação em bloco dos nossos países no cenário internacional — afirmou ele.
Filipe Lopes, chefe da Divisão de Coordenação Econômica e Assuntos Comerciais do Mercosul, do Ministério das Relações Exteriores, explicou que o Mercosul, embora já tenha 32 anos, ainda possui uma operação aduaneira imperfeita.
— O primeiro passo seria termos uma área de livre-comércio entre o bloco. Esse aspecto está mais avançado, mas não contamos com os setores açucareiro e automotivo.
O segundo passo seria a adoção de uma tarifa externa comum, outro aspecto avançado, mas que tem mecanismos de exceção — disse ele.
Representantes de países parceiros do Brasil destacaram as expectativas e contribuições empresariais do Conselho de Câmaras de Comércio do Mercosul diante das crises internacionais, salientando o papel do setor privado na solidificação do Mercosul:
— Temos o desafio e o trabalho de seguir construindo institucionalidade entre nós, gerando eventos e mantendo a agenda ativa, mostrando que o setor privado é o motor do que entendemos como uma maior integração do Mercosul com o mundo e dentro do Mercosul — disse Rodrigo Graziano, secretário da Câmara Argentina de Comércio e Serviços.
Ernesto Figueiredo Coronel, presidente da Câmara Nacional de Comércio e Serviços do Paraguai, reforçou que o setor privado é o principal responsável pela geração de riquezas.
— Temos o que as pessoas querem. As pessoas querem alimentos, tranquilidade e moradia. Temos qualidade de vida e recursos naturais. Enquanto setor privado, temos que mirar essa oportunidade. Precisamos fortalecer a cadeia produtiva, atrair capital estrangeiro e criar riqueza para alavancar a economia e tirar cada vez mais pessoas da pobreza — apontou ele.
O presidente da Câmara de Comércio e Serviços do Uruguai, Júlio César Lestido, endossou as falas dos colegas:
— Temos que trabalhar em conjunto. Chegou o momento de dizer ao Mercosul que vamos adiante. Somos nós, do setor privado, que nos comprometemos fortemente, enquanto geradores de riqueza.
Douglas Ascarrunz Aramayo, vice-presidente da Câmara Nacional de Comércio da Bolívia, comentou a possibilidade da entrada do país para o bloco do Mercosul. A adesão está em processo de aprovação.
— É um passo muito importante para a Bolívia. Uma adesão ao Mercosul abre muitas janelas, entre elas, ampliar o comércio de produtos bolivianos para os países-membros. Poderemos também ser parte das discussões sobre energia, telecomunicações e meio ambiente, que são fundamentais para o nosso progresso — destacou.
O diretor da Câmara de Indústria, Comércio, Serviços e Turismo de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, Jorge S. Castellanos, defendeu a integração da Bolívia ao Mercosul e a responsabilidade do empresariado na geração de renda para os países.
“A América do Sul é a região mais rica do mundo. Tem gás, petróleo, trigo e proteína animal. O que está faltando é união”
José Roberto Tadros
Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Brasil“Queremos mais Mercosul. Precisamos de um Mercosul cada vez mais sólido dentro do mundo e dentro do próprio bloco”
Rodrigo Graziano
Secretário da Câmara Argentina de Comércio e Serviços
“Precisamos fortalecer a cadeia produtiva, atrair capital estrangeiro e criar riqueza para alavancar a economia”
Ernesto Figueiredo Coronel
Presidente da Câmara Nacional de Comércio e Serviços do Paraguai
“Temos que trabalhar em conjunto. Chegou o momento de dizer ao Mercosul que vamos adiante”
Júlio César Lestido
Presidente da Câmara de Comércio e Serviços do Uruguai
“Uma adesão ao Mercosul abre muitas janelas, entre elas ampliar o comércio de produtos bolivianos para os países-membros”
Douglas Ascarrunz Aramayo
Vice-presidente da Câmara Nacional de Comércio da Bolívia
Durante a conferência, José Roberto Tadros assinou a entrada da CNC na Federação Sul-Americana de Turismo (Fedesud), ao lado de Marina Cantera, presidente da entidade, e de Maximiliano Mauvecin, secretário-geral e coordenador do projeto Sirta, na Fedesud. A entrada da CNC no grupo possibilita a abertura de um corredor turístico para os países.
— O Brasil tem muito a contribuir para o desenvolvimento do turismo na América do Sul. Temos a maior biodiversidade do planeta e mais de 7 mil quilômetros de litoral. O objetivo é somar e nos integrar — afirmou ele.
Para Marina Cantera, a entrada do Brasil na Fedesud era fundamental, uma vez que o país tem uma grande quantidade de turismo receptivo.
— Enquanto América do Sul, trabalhando em uma marca conjunta para promover o continente para fora das fronteiras, o Brasil, junto com os outros países, faz uma oferta de turismo que é identitária da América Latina. É muito importante para nós que todos os países estejam presentes na federação — destacou.
A presidente da Fedesud avaliou ainda que a entrada do Brasil no grupo vai ser importante para a retomada do turismo no contexto de pós-pandemia.
— Neste momento, estamos com 80% a 85% do que era o turismo na América antes da pandemia. O Brasil tem um papel importantíssimo na geração de turismo receptivo, porque esse produto sustentável que temos na América está no top da busca de turistas a nível internacional. Por isso, o trabalho conjunto que fazemos é tão importante — afirmou Marina.
FONTE: O GLOBO