Luiz Inácio Lula da Silva chega ao Palácio do Planalto com grupo que representa diversos segmentos da sociedade após sua posse como novo presidente em Brasília, Brasil, domingo, 1º de janeiro de 2023

IMAGEM: AP Photo/Eraldo Peres

Eleito em outubro passado e diplomado em dezembro, Lula foi formalmente empossado à tarde, ao lado de seu vice, Geraldo Alckmin, em sessão do Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados.

“Reconstruir o País e fazer de novo um Brasil de todos e para todos.” Assim Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se comprometeu a governar o Brasil a partir deste domingo (1/1), data em que inicia seu terceiro mandato como presidente da República. Eleito em outubro passado e diplomado em dezembro, Lula foi formalmente empossado à tarde, ao lado de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), em sessão do Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados.

“Nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução”, declarou Lula, cuja gestão no Planalto sucederá o governo de destruição de Jair Bolsonaro (PL). “O grande edifício de direitos, de soberania e de desenvolvimento que essa nação levantou a partir de 1988 vinha sendo sistematicamente demolido nos anos recentes. É para reerguer esse edifício de direitos e valores nacionais que vamos dirigir todos os nossos esforços.”

O discurso de posse do presidente teve diversas referências à democracia. “Sob os ventos da redemocratização, dizíamos: ‘Ditadura nunca mais!”. Hoje, depois do terrível desafio que superamos, devemos dizer: ‘Democracia para sempre’”. A Constituição Federal de 1988 também foi reverenciada, sobretudo seu “amplo conjunto de direitos sociais, individuais e coletivos, em benefício da população e da soberania nacional”. Lula chegou a lembrar que foi deputado quando a “Constituição Cidadã” foi promulgada.

“Renovo o juramento de fidelidade à Constituição da República, junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros que conosco vão trabalhar pelo Brasil”, frisou. “Se estamos aqui hoje, é graças à consciência política da sociedade brasileira e à frente democrática que formamos ao longo desta histórica campanha eleitoral. Foi a democracia a grande vitoriosa nesta eleição.”

O novo presidente criticou duramente Bolsonaro e “a devastação” imposta ao Brasil sob seu governo. Segundo Lula, “nunca os recursos do Estado foram tão desvirtuados em proveito de um projeto autoritário de poder”. O legado é o de “destruição de políticas públicas que promoviam a cidadania, os direitos essenciais, a saúde e a educação”.

Lula assegurou que todos que cometeram crimes sob o governo Bolsonaro – como a negligência no combate à pandemia de Covid-19 – serão julgados e punidos. Para o petista, seu antecessor liderou uma gestão “negacionista, obscurantista e insensível à vida. As responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem ficar impunes”.

Embora tenha agradecido ao Congresso pela aprovação da PEC do Bolsa Família, Lula recordou que o Orçamento 2023 não dispõe, ainda, de “recursos para a merenda escolar, a vacinação, a segurança pública, a proteção às florestas, a assistência social”. Além de denunciar o descompromisso de Bolsonaro, Lula prometeu revogar a “estupidez” do Teto de Gastos para “recompor” os orçamentos de áreas sociais como a Saúde e a Educação. “Este é o investimento que verdadeiramente levará ao desenvolvimento do País.”

Lula, em contrapartida, renovou seu “compromisso com a responsabilidade, a credibilidade e a previsibilidade”, evocando seus dois mandatos presidenciais anteriores. “Foi com realismo orçamentário, fiscal e monetário, buscando a estabilidade, controlando a inflação e respeitando contratos, que governamos este país. Não podemos fazer diferente. Teremos de fazer melhor.”

Em aceno à delegação recorde de autoridades estrangeiras presentes à cerimônia de posse, Lula sublinhou sua preocupação com a política externa. “Os olhos do mundo estiveram voltados para o Brasil nestas eleições. O mundo espera que o Brasil volte a ser um líder no enfrentamento à crise climática e um exemplo de país social e ambientalmente responsável.”

Conforme Lula, o “protagonismo” do Brasil “se concretizará pela retomada da integração sul-americana a partir do Mercosul, da revitalização da Unasul e demais instâncias de articulação soberana da região”, além de um novo “diálogo altivo e ativo com os Estados Unidos, a Comunidade Europeia, a China, os países do Oriente e outros atores globais”.

“O Brasil tem de ser dono de si mesmo, dono de seu destino, tem de voltar a ser um país soberano”, disse Lula. “Somos responsáveis pela maior parte da Amazônia e por vastos biomas, grandes aquíferos, jazidas de minérios, petróleo e fontes de energia limpa. Com soberania e responsabilidade, seremos respeitados para compartilhar essa grandeza com a humanidade – solidariamente, jamais com subordinação.

O fim do discurso foi em tom de mobilização democrática. A política, segundo Lula, “é o melhor caminho para o diálogo entre interesses divergentes, para a construção pacífica de consensos”. Eleito com mais de 60 milhões de votos, Lula afirmou que governará o Brasil “com a força do povo e as bênçãos de Deus”, a fim de “reconstruir este país”. E concluiu: “Viva a democracia, viva o povo brasileiro”.

FONTE: PORTAL VERMELHO