Segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, 137.336 postos formais de trabalho foram criados no mês de setembro, número medido a partir da diferença entre contratações e demissões. A última vez em que a criação de empregos tinha superado esse nível foi em setembro de 2013. Para esclarecer esse fenômeno, o Jornal da USP no Ar conversou com o professor Wilson Amorim, do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP.
A crise econômica também atingiu o mercado de trabalho e o especialista revela que setembro foi o único mês, desde 2014, que mostrou expressividade na criação de postos de emprego. Apesar de a situação apresentar uma leve recuperação, o País ainda não atingiu as taxas de geração de emprego de antes do início da crise, que eliminou quase 3 milhões de postos de trabalho no setor privado, completa Amorim. O maior questionamento é em relação a quando acontecerá essa retomada, considerando o aumento populacional e a maior demanda por emprego.
Os setores de destaque na geração de postos de trabalho foram as áreas de serviços e indústria de transformação. O professor explica que duas questões contribuem para o cenário, além da maior concentração de empregos em serviços no Brasil. A sazonalidade é uma delas, em que ocorre o aumento de ocupação e geração de empregos no segundo semestre, com crescimento da área de produção industrial até meados de novembro e do setor de serviços até dezembro. Outra questão é o dinamismo que a indústria de transformação fornece à economia, pois ela gera demandas para outros campos de trabalho.
Amorim também trata das novas modalidades de contratação propostas pela Reforma Trabalhista, o contrato intermitente e o regime de jornada parcial. A iniciativa permitiu a abertura de novas possibilidades formais de relação empregatícia, mas somou apenas uma pequena parcela na geração de empregos. O especialista afirma que a perspectiva para os próximos meses é de aumento da contratação sazonal, favorecida por essas novas modalidades, porém ressalta que a situação brasileira ainda é incerta. Para o professor, a definição da política econômica pelo novo governo, uma nova legislação trabalhista em vigor e a evolução da tecnologia são âmbitos de mudança para o País que requerem tomada de novas direções.
FONTE: JORNAL DA USP