Recuperação do mercado de trabalho formal permanece lenta

O balanço do emprego formal de fevereiro apresentou notícias positivas, mas ainda frustrantes.

Criaram-se mais vagas com carteira assinada do que no mesmo mês de 2017 (61,2 mil contra 35,6 mil), mostra o registro do Ministério do Trabalho, o Caged.

Entretanto os números vieram abaixo das previsões de economistas do setor privado —e restam setores e regiões em crise.

Neste ano, o número de celetistas cresceu em pouco mais de 100 mil —contam-se 38 milhões desses trabalhadores; antes do agravamento da recessão de 2014-16, eram mais de 41 milhões.

Em relação ao ano passado, a indústria de transformação e o comércio apontam recuperação mais clara. Na construção civil, por outro lado, observa-se tão somente uma degradação menos acelerada, mas ainda dramática.

No período de 12 meses, houve queda de 4% na quantidade de empregos do setor, abaixo dos brutais 15% de 2016. Longe de servir de consolo, tal sequência é sintoma de fragilidades persistentes na economia e nas finanças públicas.

Tanto o governo federal como os de estados e municípios, em penúria, vêm cortando investimentos em infraestrutura. O setor imobiliário, com grandes estoques de casas, apartamentos e espaços comerciais encalhados, retraiu-se.

Não houve providências governamentais relevantes a ponto de ao menos atenuar a derrocada.

A gestão Michel Temer (MDB) não conseguiu deslanchar um programa de concessões de obras e serviços para a iniciativa privada.

Tampouco houve capacidade de desembaraçar os problemas de contratos mal feitos em administrações passadas —em desequilíbrio financeiro devido à crise ou comprometidos pela corrupção descoberta nas empreiteiras. Inércia e inépcia contribuíram para prolongar a crise do emprego.

Postos ainda são cortados em vários estados do Nordeste, afetados pelo colapso da indústria do petróleo e pela seca. O Rio de Janeiro, como era de esperar, é outro destaque negativo, longe de ter superado a ruína deixada por seus governos corruptos e irresponsáveis.

Em suma, a recuperação do mercado de trabalho formal permanece lenta. Indica reticência e capacidade ociosa nas empresas. A escassez de vagas de melhor qualidade é, decerto, um obstáculo à expansão do consumo e da economia.

Fonte: Folha de S. Paulo