IMAGEM:O PETRÓLEO
Frente de Defesa da Indústria Naval enviará relatório ao governo federal para impulsionar estaleiros após visita ao Enseada
Até o fim deste ano, a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria Naval deverá produzir um relatório para o governo federal retomar os investimentos no setor, que já chegou a gerar cerca de 100 mil empregos diretos no país, mas hoje opera abaixo da capacidade.
O ponto de partida foi a visita técnica convocada pelo deputado federal Jorge Solla (PT-BA), que, nesta sexta-feira (18), guiou uma comitiva com mais cinco parlamentares – duas delas estaduais -, em um tour pelo estaleiro Enseada, no município de Maragogipe (BA).
“O papel do parlamentar não se atém apenas a legislar, mas também provocar o Executivo para a formulação de políticas de desenvolvimento socioeconômico, neste caso, impulsionar a indústria naval a operar com plena capacidade para gerar empregos”, avalia Solla.
No auge das operações, o Enseada chegou a gerar mais de 7.500 empregos diretos, número que caiu para 50 postos a partir de 2014, após a maior cliente, a Sete Brasil – composta pela Petrobrás – suspender as encomendas depois de afetada no âmbito da operação Lava Jato.
A estagnação econômica afetou não apenas o Enseada, mas diversos municípios do Recôncavo Baiano, região que chegou a registrar a abertura de cerca de 7.000 empresas em função das atividades do estaleiro, em setores como alimentação, transporte e hospedagem.
Além do próprio Solla, estiveram presentes os deputados federais Alexandre Lindenmeyer (PT-RS), que preside a Frente, Daniel Almeida (PCdoB-BA) e Paulo Magalhães (PSD-BA), além das estaduais Maria Del Carmen (PT-BA) e Fabíola Mansur (PSB-BA).
Integraram a comitiva os auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) Luiz Fragoso Júnior e Joaquim Tonhá, o assessor técnico do Ministério de Portos e Aeroportos Júlio Dias, prefeitos, vereadores e entidades de classe ligadas ao setor naval, em um total de 60 pessoas.
Solla se vê otimista com o anúncio do novo PAC, que prevê R$ 300 bilhões para a Petrobras, principal cliente do setor naval no país. “E, para isso, vai precisar de plataformas e navios, que serão equipamentos produzidos no Enseada e demais estaleiros”, prevê.
Segundo o deputado federal Alexandre Lindenmeyer, a Frente atuará na revisão da legislação para dar maior segurança jurídica à indústria naval. “Para que ela seja perene e não fique sujeita apenas a políticas de governo, mas de Estado, com projetos duradouros”, observa.
Presidente do Enseada, Ricardo Ricardi, fez uma apresentação para a comitiva, na qual ilustrou a capacidade de operação do estaleiro, hoje com 200 funcionários. “Estamos prontos para produzir até cinco navios/ano, com gente capacitada e equipamentos de ponta”, informa.
Representando a Coordenação de Incentivos Fiscais da Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia, Sílvio Ataliba frisou que a retomada do setor requer preparação. “É preciso não só recuperar os empregos, mas reciclar toda essa gente que ficou parada”, diz.
Coordenador da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar, vislumbra um horizonte promissor com a mudança de diretrizes do governo federal. “Queremos que a Petrobras volte a ser a indutora da engenharia nacional e da indústria naval”, conclui.