Foto: André Rodrigues/FramePhoto/Folhapress
A taxa de desemprego no Brasil foi de 14,1% no trimestre de setembro a novembro de 2020 e atingiu 14 milhões de pessoas. Os dados foram divulgados hoje e fazem parte da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa foi a mais alta para esse trimestre desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. Na comparação com o trimestre anterior (junho a agosto), o cenário é de estabilidade (14,4%). Já em comparação com o mesmo trimestre de 2019, são 2,9 pontos percentuais a mais (11,2%).
A pesquisa também identificou um aumento de 4,8% no número de pessoas ocupadas no trimestre encerrado em novembro, chegando a 85,6 milhões. São 3,9 milhões de pessoas a mais no mercado de trabalho em relação ao trimestre anterior. Com isso, o nível de ocupação subiu para 48,6%. A analista da pesquisa, Adriana Beringuy, relaciona o crescimento da ocupação a dois fatores: o retorno das pessoas ao mercado de trabalho após a flexibilização das medidas restritivas sazonalidade de fim de ano especialmente no comércio.
O crescimento da população ocupada é o maior de toda a série histórica. Isso mostra um avanço da ocupação após vários meses em que essa população esteve em queda. Essa expansão está ligada à volta das pessoas ao mercado que estavam fora por causa do isolamento social e ao aumento do processo de contratação do próprio período do ano, quando há uma tendência natural de crescimento da ocupação. Adriana Beringuy, analista do IBGE.
Comércio se destaca
Segundo o IBGE, o aumento na ocupação foi mais intenso no comércio, sendo que mais 854 mil pessoas passaram a trabalhar no setor no trimestre encerrado em novembro. "O comércio nesse trimestre, assim como no mesmo período do ano anterior, foi o setor que mais absorveu as pessoas na ocupação, causando reflexos positivos para o trabalho com carteira no setor privado que, após vários meses de queda, mostra uma reação", disse Adriana Beringuy. A Indústria Geral (4,4%, ou mais 465 mil pessoas) e serviços sociais (2,6%, ou mais 427 mil pessoas) também se destacaram no aumento da população ocupada.
Informalidade em alta
A maior parte do crescimento da ocupação veio novamente do mercado informal. O número de empregados sem carteira assinada no setor privado subiu 11,2%, (mais 980 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior, chegando a 9,7 milhões de pessoas. Porém, em comparação com o mesmo trimestre de 2019, caiu 17,6% (menos 2,1 milhões de pessoas). "Os trabalhadores informais foram os mais afetados no começo da pandemia e também foram os que mais cedo retornaram a esse mercado", afirmou Adriana Beringuy.
Emprego formal cresce, mas não recupera nível pré-pandemia O número de empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada aumentou 3,1% (895 mil pessoas a mais) em relação ao trimestre anterior, e agora soma 30 milhões. No entanto, se comparado ao mesmo período de 2019, essa categoria perdeu 1,7 milhão de trabalhadores. Embora haja esse crescimento na ocupação nesse trimestre, quando a gente confronta a realidade de novembro de 2020 com o mercado de trabalho de novembro de 2019, as perdas na ocupação ainda são muito significativas. Adriana Beringuy.
O total de pessoas ocupadas no país caiu 9,4% na comparação com o trimestre encerrado em novembro de 2019, o que representa uma redução de 8,8 milhões de pessoas. "O avanço da ocupação é significativo, tanto em aspectos quantitativos quanto qualitativos, uma vez que vimos o crescimento da população com carteira assinada e a sua disseminação por diversas atividades. Mas a gente ainda está bem distante de um cenário pré-pandemia", completa.
Desalentados
Metodologia da pesquisa A Pnad Contínua é realizada em 211.344 casas em cerca de 3.500 municípios. O IBGE considera desempregado quem não tem trabalho e procurou algum nos 30 dias anteriores à semana em que os dados foram coletados. Existem outros números sobre desemprego, apresentados pelo Ministério da Economia, com base no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Os dados são mais restritos porque consideram apenas os empregos com carteira assinada.
FONTE: UOL ECONOMIA