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O governo Biden está discretamente pedindo a seus parceiros na UE e no Reino Unido que suavizem uma proibição recentemente anunciada de seguro marítimo para cargas de petróleo russas, de acordo com o Financial Times.
A proibição foi acordada no final de maio e, quando entrar em vigor, cortará os exportadores de energia russos do mercado do Lloyd's e do Grupo Internacional de Clubes de P&I, que fornece cerca de 95% da cobertura global da responsabilidade dos navios-tanque. Também cortará cargas russas de grande parte do mercado de resseguros, que está fortemente concentrado na Europa.
A expectativa de uma próxima proibição já está surtindo efeito, segundo a Reuters: as seguradoras ocidentais já começaram a se afastar das cargas de petróleo russas, deixando os operadores de navios-tanque dispostos a movimentar o petróleo com menos opções. Os efeitos dessas primeiras decisões de "auto-sanção" começarão a ser vistos já no próximo mês, disseram executivos de navegação à Reuters, e os comerciantes de petróleo já começaram a precificar os efeitos.
A preocupação em Washington é que uma proibição total de seguros tornaria o comércio de petróleo russo quase impossível e removeria até 8% da oferta mundial de petróleo do mercado. Afinal, esse é o objetivo declarado da proibição, e é provável que consiga reduzir a receita do Kremlin. No entanto, espera-se que o choque de oferta resultante cause outro salto nos preços da energia para todos, logo antes das eleições de meio de mandato dos EUA.
Em um editorial recente, o proeminente economista Olivier Blanchard estimou que cortar a Rússia do mercado global de petróleo poderia levar a um aumento de 20% a 30% no preço do petróleo. Isso teria efeitos prejudiciais para a economia global, não apenas para a Rússia. Em vez disso, ele sugeriu, seria menos prejudicial se a UE e o Reino Unido permitissem que a Rússia continuasse enviando petróleo - mas apenas se fosse vendido a um preço baixo. "O objetivo da política deve ser tornar muito caro o manuseio de cargas de petróleo russas, mas não proibitivo", argumentou.
De acordo com o Financial Times, o governo Biden está pedindo a seus parceiros europeus que suavizem a proibição do seguro marítimo exatamente dessa maneira - para permitir algumas exportações de petróleo russo, mas apenas para cargas vendidas abaixo de um determinado limite de preço. No entanto, o FT relata que essa ideia não está se consolidando entre os formuladores de políticas da UE, que já legislaram uma proibição total de seguros e não têm planos de rever a questão.
FONTE: THE MARITIME EXECUTIVE