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Com a oficialização das candidaturas ao Planalto, o governo de Michel Temer passa a cumprir um aviso prévio de 90 dias. A partir de novembro, o presidente eleito nomeará sua equipe de transição e o atual vai perder importância e protagonismo até a posse em janeiro.

Temer é o mais irrelevante comandante da República em uma corrida eleitoral desde a campanha de 1989, quando José Sarney virou figura radioativa na disputa vencida por Fernando Collor, do nanico PRN.

As convenções dos candidatos competitivos desprezaram o governo do MDB. Temos um presidente e ninguém lembra dele. Sobrou a Temer celebrar a candidatura do seu ex-ministro e neoemedebista Henrique Meirelles, aposta que não é levada a sério dentro da própria legenda.

Os partidos que sustentaram o processo de impeachment de Dilma Rousseff para subir no barco de Temer já pularam dele há tempos.

O sedento centrão pendurou-se nas asas do tucano Geraldo Alckmin, que, por sua vez, passou a contestar a legitimidade de Temer no cargo.

A Esplanada dos Ministérios respira um clima seco e melancólico de fim de governo. Ministros inexpressivos despacham nos gabinetes.

"Quando saio da minha sala e venho para cá, me engrandeço, me fortaleço", disse Temer em discurso de cinco minutos para 150 pessoas em Salgueiro (PE) durante visita a obras da transposição do São Francisco.

O caso JBS apequenou e enfraqueceu o emedebista, alvo de duas denúncias da PGR. A PF continua no encalço com o inquérito que investiga o pagamento de propinas de empresas do setor portuário ao presidente.

Parece pequena a possibilidade de uma terceira denúncia da Procuradoria —e, mesmo que surja, é improvável que o Congresso o tire da cadeira em período eleitoral ou de transição. Incerto é o que vai ocorrer a partir de janeiro. Se Temer não conseguir uma posição com foro especial, sua vida ficará bem mais difícil.

FONTE:FOLHA DE S.PAULO