Apesar da incontestável contribuição de milhares de homens e mulheres do mar que vêm desempenhando papel essencial para a sociedade em meio à grave pandemia de Covid-19, o que se observa ao redor do mundo são inúmeros exemplos do descaso dos governantes para com os trabalhadores marítimos.
Em muitos locais, continuam a existir absurdos obstáculos para que os marítimos trabalhem com dignidade. Restrições no acesso aos portos, proibição de trocas de tripulação e de repatriação e dificuldades no reabastecimento das embarcações são alguns exemplos. Para muitos marítimos, há ainda a total falta de perspectiva de quando poderão retornar a suas casas, mesmo já tendo completado seus períodos de embarque.
A recomendação inicial das autoridades, de atrasar as rendições nos navios para conter a pandemia, se deu num momento em que pouca informação havia sobre o novo coronavirus e já cumpriu o seu papel. Agora, não há mais justificativas para que trabalhadores marítimos continuem a ser retidos a bordo além do período previsto. Principalmente diante de protocolos de prevenção que têm se mostrado efetivos, incluindo a utilização testes confiáveis que contribuem para evitar o contágio a bordo quando utilizados de forma apropriada.
O que falta, em alguns casos, é um real compromisso de quem nos emprega com a saúde e a segurança dos marítimos. Não podemos deixar de registrar o enorme desrespeito que alguns armadores demonstraram com os tripulantes de suas embarcações nos últimos meses. No Brasil, houve empresas do apoio marítimo que se destacaram por práticas lamentáveis. Entre elas, não adotar medidas preventivas no tempo adequado, esconder casos de Covid-19 das autoridades, tentar tirar proveito indevido da pandemia e coagir seus marítimos a assinarem documentos modificando as condições de trabalho, além de demitir os marítimos com mais de 60 anos para se livrarem de qualquer responsabilidade em função das medidas que não tomaram. E, com total desfaçatez, após seguidos abusos na relação de trabalho e desrespeito aos marítimos, hoje publicam postagens em que dizem homenagear aqueles que, na verdade, desrespeitam nos demais dias do ano.
O compromisso do Sindmar com aqueles que representa sempre foi e continuará sendo a luta em defesa dos interesses coletivos, buscando contribuir para que possam encontrar postos de trabalho na cabotagem e no offshore em navios de bandeira brasileira que empreguem marítimos brasileiros, com bons salários e condições de trabalho. Havendo participação efetiva e disposição dos marítimos de lutarem unidos, continuamos tendo possibilidade de obter avanços.
Neste Dia do Marítimo, o Sindmar envia saudações marinheiras a todos marítimos que lutam junto com seus sindicatos por uma Marinha Mercante verdadeiramente brasileira!
Juntos somos mais fortes.
Unidade e luta!