A Diretoria-geral de Navegação da Marinha do Brasil (DGN) convidou a Conttmaf para uma reunião na última sexta-feira (21), no Centro do Rio de Janeiro, a fim de conhecer a visão dos trabalhadores sobre a conjuntura da Marinha Mercante brasileira.

Ao Almirante de Esquadra Sílvio Luís dos Santos (Novo diretor da DGN), o presidente do Sindmar e da Conttmaf, Carlos Augusto Müller, fez uma apresentação sobre o histórico de lutas das entidades sindicais ao longo dos anos na defesa de uma Marinha Mercante genuinamente nacional, com navios arvorando a bandeira brasileira e empregando os nossos marítimos em águas nacionais.

O dirigente sindical também destacou a participação da Conttmaf na criação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e da Transpetro, subsidiária da Petrobras que, nos últimos anos, viu a sua frota ser reduzida a apenas 26 embarcações – eram 72 em 1998, ano de sua fundação.

“Defendemos que é necessário voltar a haver navios brasileiros dentro do Sistema Petrobras”, disse Carlos Müller ao lembrar a atuação da Conttmaf em reunião do Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante (CDFMM) no fim de 2022 para evitar a venda de cinco navios Suezmax da empresa de logística e transporte da Petrobras.

Müller ressaltou a relevância da Confederação para o País já que a entidade reúne seis federações representativas de trabalhadores marítimos, hidroviários, pescadores, portuários, mergulhadores, aeroviários e práticos que, juntas, somam cerca de 250 sindicatos os quais representam 750 mil profissionais que movimentam 99% do nosso comércio exterior.

“Nos preocupamos muito com a possibilidade de o Brasil não conseguir manter o seu poder de fazer comércio por seus próprios meios e sustentar a sua logística sem depender de outros países num mundo a cada dia mais conflituoso”, alertou.

Entre outros temas, Müller abordou a necessidade de se liberar verbas do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Profissional Marítimo (FDEPM) para modernizar as instalações dos Centros de Instrução (CIAGA e CIABA), seus laboratórios e simuladores, bem como atualizar os currículos das Escolas de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM).

Müller classificou, ainda, o setor de transporte marítimo de óleo e gás como uma das maiores preocupações da representação sindical no momento. Como destacou, a Petrobras é a principal beneficiária do uso das bandeiras de conveniência em nosso país.

“São mais de 100 navios-tanque estrangeiros operando na cabotagem continuamente. E a maior parte deles com contratos por tempo, que podem chegar a 20 anos. Então, a gente vai ter, por duas décadas, um navio de bandeira estrangeira na nossa cabotagem sem empregar um número significativo de brasileiros, se nada for mudado. Defendemos que em águas brasileiras essa atividade tem de empregar marítimos do nosso próprio país”, salientou.

Na ocasião, o DGN Sílvio Luís dos Santos se mostrou interessado pelos temas apresentados e afirmou que o canal de comunicação com as entidades sindicais está aberto ao diálogo.

“Nós pensamos no Brasil, como vocês. As empresas também estão sintonizadas. A gente tem ouvido todos os entendimentos que fazem parte do nosso processo de tentar fazer o melhor para o País”, declarou.

Além do presidente da Conttmaf e do Diretor-geral de Navegação, participaram da reunião o segundo-presidente do Sindmar e diretor da FNTTAA, José Válido da Conceição, o diretor do Sindmar e da Conttmaf, Odilon Braga, o Contra-almirante Cassiano Marques e o Capitão de Mar e Guerra Alexandre Lustoza.