O Brasil tem hoje nove hidrovias principais, em funcionamento pleno ou parcial, ou em projeto, aguardando os recursos financeiros e técnicos para a sua implementação.

CENTRO-NORTE:

HIDROVIA AMAZONAS-SOLIMÕES

A hidrovia Amazonas-Solimões tem cerca de 6.500 km de extensão, sendo 3.220 km em território brasileiro, entre a foz do rio Amazonas e o porto peruano de Iquitos. Em todo o País, é a que apresenta a maior movimentação  de cargas gerais, passageiros, grãos, e minérios, além de constituir a mais importante via de transporte para a população que vive às suas margens e de seus afluentes.

A hidrovia é plenamente navegável por embarcações de grande porte durante todo o ano, requerendo apenas cuidades especiais nos trechos em que o rio apresenta grande sinuosidade. Em seu trecho oriental (da foz até Manaus), encontra-se totalmente balizada e sinalizada. No trecho ocidental, de Manaus até Tabatinga (AM), existem algumas restrições na vazante, onde alguns pontos do rio limitam a passagem de embarcações com calado superior a 4 metros.

HIDROVIA ARAGUAIA-TOCANTINS

a hidrovia Araguaia-Tocantins tem uma extensão variável, dependendo da inclusão ou não de afluentes ou, ainda, o trecho do rio Tocantins a montante da usina hidrelétrica de Tucuruí e, depois, do rio Pará, até Belém (PA). Em sua configuração, de acordo com a Lei nº 6.6.30/1989, do extinto Plano Nacional de Viação, a hidrovia tem 4.098 km de extensão e inclui os trechos dos rios potencialmente navegáveis na região.

A capacidade máxima projetada de comboios com 2.000 toneladas, compostos por empurrador e quatro balsas alinhadas duas a duas, com 108 m de comprimento, 16 m de boca e calado máximo de 1,5 m nos períodos de vazante. A capacidade de transporte projetada para a hidrovia é da ordem de 6 milhões de toneladas por ano. Dentre os principais obstáculos físicos naturais para a navegação no rio Araguaia, destacam-se os famosos pedrais e a cachoeira de Santa Isabel, entre Xambioá e Marabá.

O maior entrave à implantação da hidrovia Araguaia-Tocantins tem sido o licenciamento ambiental. De fato, há quase uma década, vem sendo feito um grande esforço para se elaborar e aprovar o licenciamento ambiental da hidrovia, o qual tem sido obstaculizado pela intensa campanha de ações políticas e judiciais promovidas pelo aparato ambientalista-indigenista internacional.

HIDROVIA DO MADEIRA

Em sua configuração atual, a hidrovia do Madeira tem uma extensão de 1.056 km entre Porto Velho (PO) e Itacoatiara (AM), sendo navegável durante todo o ano. Por sua posição estratégica, é de vital importância para o desenvolvimento socioeconômico em sua área de influência, sendo usada predominantemente para o transporte de grãos (com destaque para a soja), cimento, combustíveis, automóveis e cargas gerais.

A importância estratégica da hidrovia será consideravelmente amplificada com a implantação integral do Complexo do Rio Madeira, o qual poderá vfiabilizar um corredor bimodal do Caribe ao rio da Prata.

HIDROVIA TAPAJÓS-TELES PIRES

A hidrovia Tapajós-Teles Pires tem uma extensão aproximada de 1.600 km, entre Santarém  (PA) e Sinop (MT). O trecho entre Santarém e Alta Floresta (MT), com 1.150 km de extensão, é o que possui estudos mais avançados, sendo, portanto, o mais factível de ser implementado em uma primeira fase.

O Baixo Tapajós, entre Santarém e São Luis do Tapajós (345 km) é francamente navegável por todo o ano, necessitando apenas de balizamento e sinalização. A partir daí, encontram-se as corredeiras de São Luís e as cachoerias de Mangabalzinho, Baburé e Chacorão, além de diversos afloramentos rochosos e outros obstáculos naturais, que exigem dragagens e derrovamentos.

Para viabilizar a hidrovia, será preciso construir um canal de navegação com eclusas nas corredeiras de São Luís, além de dragagens e derrocamentos nos demais trechos encachoeirados ou que apresentam afloramentos rochosos. Segundo o PNLT, a Tapajós-Teles Pires é uma das hidrovias economicamente mais viáveis de serem implantadas, devido à localização estratégica da sua área de influência, que inclui grandes regiões produtores de grãos do País,, com previsão de forte crescimento até 2023, período contemplado pelo PNLT. O projeto da hidrovia foi iniciado em 1990. Desde então, vários estudos e projetos foram elaborados, porém, nenhum deles foi viabilizado, em função da complexidade dos probelmas acarretados pelo licenciamento ambiental, devido ao fato de a hidrovia ser praticamente cercada por reservas ambientais e indígenas.

CENTRO-SUL:

HIDROVIA PARAGUAI-PARANÁ

A hidrovia Paraguai-Paraná é uma via navegável natural e internacional. Constitui o eixo fluvial longitudinal mais extenso da América do Sul, abrangendo, al´m do Brasil, a Bolívia, o Paraguai, o Ureuguai e a Argentina. Por isso, juntamente com a Tietê-Paraná, é conhecida como a Hidrovia do Mercosul. A hidrovia tem 3.442 km de extensão (1.278 km em território brasileiro), entre os portos de Cáceres (MT) e Nueva Palmira, no Uruguai.

A navegação é viável em toda a extensão da hidrovia, pois não existem grandes obstáculos naturais, como corredeiras, mas em alguns locais, são necessários certos cuidados, devido à profundidade reduzida e aos ângulos fechados. A navegação fica prejudicada durante o período seco (maio-setembro), principalmente no trecho brasileiro, onde, em alguns anos, tem chegado até mesmo a ser interrompida.

Em junho de 1992, foi concluído o Acordo de Transporte Fluvial pela Hidrovia Paraguai-Paraná, consagrando os princípios de livre trânsito, livre participação de bandeiras no tráfego entre os países membros (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia), igualdade de reciprocidade de tratamento, simplificação administrativa, segurança da navegação e proteção do meio ambiente.

HIDROVIA TIETÊ-PARANÁ

A Tietê-Paraná tem uma extensão de 1.585 km, sendo 1.019 km no rio Paraná, entre os terminais de São Simão (SP) e a usina hidrelétrica de Itaipu (PR), e 566 km no rio Tietê, entre a foz e o terminal de Conchas (SP). Possui oito barragens com eclusas, 23 pontes e 12 terminais portuários, distribuídos em uma área de 76 milhões de hectares.No trecho do rio Tietê, admite a navegação de embarcações de 2,7 m de calado, totalizando 3.000 toneladas de carga por comboio ou 6.000 toneladas por comboio do tipo Tietê.

Com a inauguração do canal Pereira Barreto, ligando os reservatórios das usinas de Três Irmaõs e Ilha Solteira, possibilitou o transporte de longa distância ao longo de todo o rio Tietê e do Tramo Norte do rio Paraná, permitindo que a navegação alcançasse o sul de Góias e o oeste de Minas Gerais, perfazendo 1.100 km de hidrovias principais.

Os rios Paranaíba, Grande e Paranapanems tem um potencial para ampliar a hidrovia em mais de 1.000 km de vias navegáveis, dependendo da construção de eclusas e outras obras complementares.

 HIDROVIAS DO SUL

O Rio Grande do Sul dispõe de cerca de 900 km de hidrovias, no trecho formado pelos rios Jacuí e Taquari, Lagoa dos Patos, Lagoa Mirim e o canal de São Gonçalo. Contudo, os rios Uruguai e Ibicuí têm um potencial de 1.200 km adicionais de vias navegáveis.

CENTRO NORDESTE

HIDROVIA DO PARNAÍBA

Com uma extensão de cerca de 1.600 km, a hidrovia tem um potencial para transportar cerca de 1 milhão de toneladas de grãos por ano produzidos no Sudoeste do Piauí, Sudeste do Maranhão, Nordeste do Tocantins e Noroeste da Bahia. Dentre as cargas potenciais destacam-se a soja, cana-de-açucar, arroz, milho e combustíveis.

A navegação no rio Parnaíba encontra-se obstaculizada pela usina hidrelétrica de Boa Esperança. O sistema de transposição da barragem é constituído por duas eclusas com um lago intermediário, cuja construção foi iniciada em 1982, mas posteriormente paralisada.

 HIDROVIA DO SÃO FRANCISCO

A hidrovia do São Francisco tem uma extensão de 1.371 km, de Pirapora (MG) a JUazeiro (BA)/Petrolina (PE), permitindo a navegação de embarcações com calado de até 1,5 m no período de estiagem (agosto-novembro).A sua movimentação anual de cargas é baixa (soja). A maior parte proveniente da Bahia. De fato, uma das vocações naturais do rio São Francisco é o escoamento de graõs, mas há um potencial para o transporte de combustíveis, minérios e veículos.

Fonte: A HORA DAS HIDROVIAS

(Geraldo Luís Lino, Lorenzo Carrasco, Nilder Costa)