Mais de 100 marítimos do offshore participaram da videoconferência realizada pelo Sindmar nessa quinta-feira, dia 26, para alinhar ideias sobre como reagir diante da falta de respeito das empresas do apoio marítimo no tratamento dispensado ao acordo coletivo de trabalho – ACT da categoria.

Na ocasião, oficiais e eletricistas se mostraram indignados com a mais recente proposta apresentada pelos armadores ligados à Associação Brasileira das Empresas do Apoio Marítimo – Abeam.

Em uma minuta de ACT denominada “emergencial”, de cláusula única, as empresas focam na manutenção do esquema de embarque e repouso 56×56, com pretensão de estendê-lo até a declaração oficial do fim da pandemia do novo coronavírus.

A proposta aviltante foi feita após o Sindmar enviar à Abeam os pleitos dos seus representados, os quais incluem a manutenção das cláusulas do acordo anterior e a correção da inflação do período em aberto, além da possibilidade de discutirem disposições transitórias para regular a relação de trabalho no período da pandemia.

O prolongamento do regime de embarque e repouso, medida adotada no início da quarentena para garantir o isolamento social a bordo e evitar a propagação da Covid-19 entre os marítimos, não se faz mais necessário, de acordo com o Sindicato.

Para a representação sindical, os protocolos de segurança recomendados pela Anvisa para o setor durante a pandemia têm se mostrado eficazes e suficientes se respeitados pelas empresas.

Cabe lembrar que o Sindmar tenta negociar um ACT justo para os marítimos do offshore desde meados de 2015. Além do desapreço com aqueles que tanto contribuem para aumentar os seus lucros, os armadores que fazem parte da Abeam têm desrespeitado os seus colaboradores.

Durante a videoconferência com o Sindmar, os companheiros e as companheiras de bordo relataram abusos praticados pelas empresas, que vão desde a falta de cuidados na prevenção ao novo coronavírus – o que expôs centenas de marítimos à Covid-19 – e a ausência de registro de Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT para quem foi infectado pelo vírus.

Diferenças remuneratórias praticadas por algumas empresas, falta de reajuste de salários e casos de extensão do período de embarque, com marítimos a bordo por até 90 dias, também foram denunciados.

Em uma enquete realizada durante a reunião virtual, 91% dos participantes se mostraram dispostos a lutar por um ACT justo e sem perdas.

O Sindmar ressalta que continua aberto a um diálogo franco com os armadores, que possibilite negociar um acordo com condições justas, mas se mantém firme no posicionamento de não aceitar perdas nem legitimar abusos das empresas contra os seus representados.