As próximas eleições gerais em outubro vão definir o quadro institucional em que se travarão as lutas futuras a partir da correlação de forças democraticamente aferida pelas urnas.
João Guilherme Vargas Netto*
O bom senso indica que na ordem natural das coisas a grande preocupação do movimento sindical (atormentado pelos efeitos nefastos da lei celerada e confortado por sua criminalização pela OIT) deve ser a participação no processo eleitoral que já se encontra a pleno vapor apesar do cronograma legal.
Pouca ou quase nenhuma importância têm as análises do que aconteceu recentemente ou do que anda acontecendo, se elas não apontarem esta necessidade de participação.
As próximas eleições gerais em outubro vão definir o quadro institucional em que se travarão as lutas futuras a partir da correlação de forças democraticamente aferida pelas urnas.
E, deste ponto de vista, as eleições gerais exigem que o movimento se preocupe com todos os cargos em disputa ainda que formalmente não se deva falar de uma “chapa” única porque o voto não é vinculado e as entidades têm simpatias e orientações diversas.
Vejamos o exemplo da revogação da lei celerada. Não basta que o candidato a presidente assim se posicione, embora isto seja muito importante. É preciso garantir também uma correlação de forças na futura Câmara dos Deputados e no futuro Senado favorável a tal intenção.
De modo semelhante devemos raciocinar a respeito da manutenção da política de valorização do salário mínimo, o que nos obriga a nos preocuparmos também com as bancadas estaduais de deputados e com os governadores a serem eleitos (no caso dos salários mínimos regionais, por exemplo).
Sem partidarismos o movimento sindical deve escolher, desde já, um conjunto de candidatos a serem apoiados e, mais que apoiados, que contem com o suporte orgânico e com a experiência do movimento sindical.
Estes candidatos pertencentes aos mais diversos partidos (e que não constituem o que se chama uma “bancada sindical”) devem ter um ponto em comum: sua simpatia e seu comprometimento com a agenda prioritária e unitária do movimento sindical apresentada à sociedade (aos candidatos e aos eleitores) pelas centrais sindicais.
Em cada campanha eleitoral o movimento deve se articular para, com a proximidade ao candidato, reforçar o peso de nossa participação e garantir nossa influência na vitória.
(*) Membro do corpo técnico do Diap.