Uma frota com cerca de 260 navios de pesca, a maioria com bandeira chinesa, foi descoberto recentemente a cerca de 200 milhas (aproximadamente 322 km) das ilhas Galápagos. O alarme foi dado pela marinha do Equador, responsável pela jurisdição das ilhas.
Segundo o ministro da defesa do Equador, Oswaldo Jarrín, a marinha equatoriana tem vindo a monitorizar a frota pesqueira desde que foi avistada na semana passada. O estado de "alerta, vigilância e patrulha" serve para "evitar um incidente como o que aconteceu em 2017", esclareceu ao The Guardian.
Em 2017 um navio chinês foi capturado pela marinha equatoriana dentro da reserva marítima das Galápagos. Verificou-se na altura que o Fu Yuan Yu Leng 999, parte de uma frota ainda maior do que a atual, transportava 300 toneladas de vida selvagem marinha, na sua maioria tubarões.
A descoberta da semana passada criou uma onda de preocupação entre os ambientalistas quanto à possibilidade de sérios danos ao ecossistema marinho já de si delicado. A ex-ministra do ambiente do Equador, Yolanda Kakabadse, disse ao The Guardian que "o tamanho e agressividade desta frota contra as espécies marinhas é uma grande ameaça ao equilíbrio das espécies nas Galápagos".
Kakabadse e o ex-presidente da Câmara de Quito, Roque Sevilla, foram na segunda-feira encarregues de conceber uma "estratégia de proteção" para as ilhas, que se encontram a 563 milhas (aproximadamente 906 km) a oeste do continente sul-americano e formam o arquipélago que inspirou a teoria da evolução de Charles Darwin.
Os navios de pesca chineses vão todos os anos para os mares que circundam as Galápagos, declarados Património Mundial da Unesco em 1978, mas a frota avistada agora é uma das maiores observadas nos últimos anos.
Roque Sevilha disse que seriam feitos esforços diplomáticos para solicitar a retirada da frota. "A pesca chinesa sem controlo apenas no limite da zona protegida está a arruinar os esforços do Equador para proteger a vida marinha nas Galápagos", disse Sevilha, citado pelo The Guardian. Acrescentou ainda que a equipa está empenhada em fazer cumprir os acordos internacionais que protegem as espécies migratórias.
"Ficámos chocados ao descobrir que uma enorme frota de pesca industrial chinesa está atualmente ao largo das ilhas Galápagos", disse John Hourston, porta-voz da Sociedade Planeta Azul, uma ONG que faz campanha contra a pesca excessiva.
A reserva marinha destas ilhas tem uma das maiores concentrações mundiais de espécies de tubarões do mundo, incluindo as espécies de baleia ameaçadas e de cabeça de martelo.
A ex-ministra garantiu que seriam feitos esforços para alargar a zona económica exclusiva a uma circunferência de 350 milhas em torno das ilhas, que se juntaria à zona económica continental equatoriana, fechando um corredor de águas internacionais entre as duas onde se encontra atualmente a frota chinesa.
O Equador está também a tentar estabelecer um corredor de reservas marinhas entre os vizinhos do Pacífico, Costa Rica, Panamá e Colômbia, com o objetivo de proteger ainda mais importantes áreas de diversidade marinha, disse Kakabadse.
O presidente do Equador, Lenín Moreno, descreveu o arquipélago como "uma das zonas de pesca mais ricas e um viveiro de vida para todo o planeta". Numa mensagem no Twitter durante o fim-de-semana em que declarou a intenção de "trabalhar numa abordagem regional para defender e proteger a zona". As ilhas são famosas pelas suas plantas e vida selvagem únicas.
FONTE: CONTACTO