Estresse e 'burnout' são muitas vezes apresentados como problemas de saúde agravados por aspectos pessoais ou pelo ambiente de trabalho do profissional. Uma das variantes que torna indivíduos mais vulneráveis a eles, no entanto, é a falta de estabilidade e segurança no emprego – que pode ser encarada de forma diferente de acordo com a situação econômica do país do profissional.
É o que apontam duas pesquisadoras de psicologia em um estudo publicado na edição mais recente do “Journal of Applied Psychology”. Por meio de dois experimentos, Tahira Probst, da Universidade do Estado de Washington, e a chinesa Lixin Jiang, da Universidade de Wisconsin, identificaram que trabalhadores que vivem em países e regiões com maior desigualdade de renda apresentam mais risco de sofrer 'burnout'.
Em um estudo, as pesquisadoras usaram dados sobre nível de segurança no emprego e casos de burnout de mais de 23 mil profissionais de 30 países, e os compararam com o coeficiente Gini desses lugares. Trabalhadores com pouca segurança no emprego apresentaram mais risco de sofrer esgotamento profissional, ou burnout, e esse risco é maior em países onde a desigualdade de renda é mais acentuada. 
Um relatório da Organização Mundial do Trabalho realizado em 2015 analisou mais de 80% da força de trabalho mundial, em 180 países, e identificou que apenas um quarto dela tem uma relação de trabalho considerada estável. A maioria está empregada com contratos temporários, em empregos informais ou trabalhando por conta própria em situação precária.
As autoras fizeram um segundo experimento usando dados de 402 profissionais de 48 Estados americanos – e encontraram resultados similares nos Estados que têm mais desigualdade de renda. As únicas exceções foram Utah, Alaska, e Idaho, onde a desigualdade de renda é relativamente baixa, mas os níveis de burnout de profissionais com pouca segurança no emprego foram similares ao de indivíduos com relação de trabalho estável.
Em um artigo publicado na “Harvard Business Review”, Lixin Jiang destaca que a maioria das pesquisas anteriores sobre segurança de emprego considerava essa característica em um vácuo, isolando os trabalhadores dos contextos sociais nos quais eles estão inseridos. “Mas os fatores que influenciam as reações de trabalhadores à falta de estabilidade no emprego podem operar tanto no nível individual quanto em níveis mais altos, como o grupo, a organização, o setor ou até a nível nacional”, diz.

Fonte: Valor Econômico