A última semana de novembro terá como destaque o encontro do Grupo dos 20 países mais ricos em Buenos Aires. O clima da cidade ainda segue tenso pela violência das torcidas que impediu a decisão da Copa Libertadores entre Boca Juniors e River Plate no fim de semana e deve continuar assim nas negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China. A expectativa é sobre como será a postura do presidente americano Donald Trump ao se encontrar com o colega chinês Xi Jinping, depois de uma semana de acusações americanas de roubo de tecnologia por parte de companhias chinesas. Trump já demonstrou desprezo pelas reuniões do G-20 e pode aumentar a preocupação mundial com as relações comerciais das duas maiores economias do mundo.
Já o acordo preliminar entre Reino Unido e União Europeia para a saída do país do acordo comercial pode ajudar a reduzir a tensão na Europa. O texto, porém, ainda terá de passar pelo Parlamento britânico e há sinais de que a oposição pode tentar derrubar o texto, que não foi dos mais favoráveis aos britânicos, como já se esperava.
Espaço para novas altas dos mercados
No Brasil, com a equipe econômica do futuro governo praticamente pronta, a expectativa será com relação ao que vai ser negociado com o Congresso para aprovação ainda este ano, e que pode ser a independência do Banco Central ou uma reforma fiscal. A reforma da Previdência, ao que tudo indica, não terá espaço para discussão este ano e poderá ser reiniciada no ano que vem.
“Se o governo conseguir aprovar alguma coisa até o fim deste ano, ou a reforma tributária ou a independência do Banco Central, e aí no ano que vem a reforma da Previdência começar a andar, acho que vamos ver aquela coisa gradual e constante (de retomada dos investimentos)”, afirmou o presidente do BTG Pactual (SA:BPAC11) Ricardo Sallouti. Segundo ele, todos estão otimistas com o novo governo, mas sabem que o desafio é implementar as reformas necessárias. “À medida que o governo for vencendo as barreiras, temos tudo para ver uma tendência de retomada de crescimento, até porque temos uma capacidade ociosa na economia muito alta e o maior reflexo disso é o desemprego”, diz. Para ele, a aprovação da reforma provocaria uma nova onda de alta dos preços da bolsa e queda dos juros e dólar. “Nesses preços de mercado ainda não estão incluídos uma aprovação de uma reforma, há espaço para avançar”, afirma.
PIB brasileiro
Na agenda econômica, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará na sexta-feira, dia 30, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas produzidas pelo país) no terceiro trimestre. O Banco Fator estima uma alta de 0,8% sobre o segundo trimestre e de 1,5% em relação ao terceiro período de 2017. Estes valores levariam a um crescimento de 1,5% em 2018, em relação a 2017.
Já a MCM Consultores revisou ligeiramente para cima na sexta-feira a estimativa, de 1,4% de alta para 1,5% na comparação anual e manteve a trimestral em +0,8%. Se confirmado, esse resultado poderá levar a consultoria a rever para cima a projeção de crescimento do ano, hoje em 1,3%. As principais contribuições positivas para a revisão vieram do setor de serviços – sobretudo do comércio – e da agropecuária, diz a MCM. Já as maiores contribuições negativas vieram de outros serviços e da indústria de transformação.
Para o Departamento Econômico do Bradesco (SA:BBDC4), o PIB deve ter alta de 0,5%, com dinâmica favorável do consumo das famílias e dos investimentos.
Desemprego
O IBGE divulgará também dados relativos ao emprego na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de outubro na quinta-feira. A LCA Consultores trabalha com uma taxa de desemprego de 11,6%, ligeiramente do estimado pelo mercado e pelo Banco Fator, de 11,8%. A pesquisa anterior mostrou uma desocupação de 11,9%.
Já o Banco Central divulgará na próxima semana três notas à imprensa: estatísticas do setor externo na terça-feira, dados de crédito e base monetária na quarta-feira e o resultado fiscal do setor público na sexta-feira. Antes, na quinta-feira, o Tesouro divulga o resultado do Governo Central, que inclui Banco Central, Previdência e o próprio Tesouro. Para o Bradesco, a expectativa para esses dados são: déficits das contas públicas mais controlados, balanço de pagamentos ajustado e concessões de crédito acelerando.
O Banco Fator estima um déficit de US$ 6,37 milhões na conta corrente de outubro. Já a LCA Consultores estima um déficit de US$ 570 milhões. A mediana do mercado trabalha com um superávit de US$ 600 milhões.
Contas públicas
Com relação aos indicadores fiscais, o Fator estima um déficit primário (sem os juros da dívida) do Setor Público consolidado de R$ 33,35 bilhões e um resultado nominal (com os juros) negativo em R$ 39,94 bilhões. A dívida pública líquida em relação ao PIB deve recuar para 51,5%, estima o Banco Fator. Para o resultado primário do Governo Central divulgado pelo Tesouro, o Fator espera um déficit de R$ 2,34 bilhões. no mês.
IGP-M deve indicar deflação
Na quarta-feira, a Fundação Getulio Vargas (FGV) deve divulgar o IGP-M de novembro, usado na correção de contratos de longo prazo, como aluguéis e tarifas públicas. O Banco Fator espera uma uma deflação de 0,55% no mês e alta de 9,62% em 12 meses. Já a LCA espera deflação também, de 0,47%, e alta em 12 meses de 9,72%.
PIB dos EUA e ata do Fomc
O destaque na agenda internacional será a divulgação do resultado do PIB do terceiro trimestre dos Estados Unidos na quarta-feira. O Bradesco destaca também a ata do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, banco central americano) os dados de inflação e o início da reunião do G-20. A ata do Fomc deverá trazer mais detalhes sobre a mudança do tom recente, que tornou o discurso marginalmente mais preocupado com a atividade global e resultou em retração dos juros longos americanos. “Ao mesmo tempo, acreditamos que os dados de inflação nos EUA e na Europa deverão seguir sem sinais de pressão”, diz o banco.
Por fim, estarão em destaque o acordo entre Reino Unido e Comissão Europeia no domingo e o início do encontro do G-20, cujas expectativas estão voltadas às negociações entre EUA e China, diz o banco.
FONTE:INVESTING.COM