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Barcaças de soja estão paradas na Tietê-Paraná desde agosto; preocupação já é com safra de 2022

A pior crise hídrica dos últimos 91 anos interrompeu ou reduziu a navegação nos principais rios do país. As hidrovias Tietê-Paraná, Paraná-Paraguai e Madeira enfrentam dificuldades.

Para evitar o racionamento de energia, o governo federal diminui a vazão dos reservatórios das hidrelétricas. A medida baixou o calado dos rios e prejudicou o transporte de cargas.

Na hidrovia Tietê-Paraná, as barcaças de soja estão paradas desde o fim de agosto. Com o rio mais vazio, as embarcações correm o risco de encalhar numa região de pedras no canal da usina de Nova Avanhadava, em São Paulo.

Em tempos normais, a soja é embarcada em São Simão (GO) e segue pelo rio até Pederneiras (SP). De lá, vai de trem para o Porto de Santos. A opção agora para a maior parte da carga é ir desde o Centro-Oeste até o porto paulista de caminhão. A preocupação do agronegócio já é com a volta da hidrovia prevista para fevereiro de 2022.

Se não voltar a chover em breve e o nível de rio baixar ainda mais, isso pode inviabilizar a retomada. “Se a hidrovia não voltar a operar, vamos perder toda a movimentação de grãos na safra de 2022”, diz André Nassar, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

No Rio Paraguai, praticamente parou o transporte de minério de ferro de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, até os portos da Argentina e do Uruguai. Já no Rio Madeira, na região norte do país, as barcaças ainda saem de Porto Velho (RO) até Itacoatiara (AM), mas com um volume menor de soja.

Segundo a Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária (Fenavega), o custo do frete pela hidrovia é 70% menor do que o transporte por caminhão. Enquanto uma barcaça carrega 6 mil toneladas de soja, um caminhão leva 50 toneladas.

“Existe uma lei do uso múltiplo das águas: navegação, agricultura irrigada, uso de peixes e produção de energia. Nós sofremos um embate o tempo todo com o setor elétrico. E falta investimento nos rios brasileiros”, diz Raimundo Holanda, presidente da Fenavega.

Procurada pela CNN, a secretaria de Logística e Abastecimento de Transportes de São Paulo disse que a hidrovia Tietê-Paraná acabou parando porque o Ministério da Infraestrutura não liberou o dinheiro para a retirada das pedras no canal da usina de Nova Avanhadava.

Já o ministério da Infraestrutura afirmou que a paralisação das obras no local não ocorreu por falta de recursos, mas por causa do atraso na entrega da complementação da documentação pelo Departamento Hidroviário de São Paulo.

FONTE: CNN