IMAGEM: BLOG Naval Univali

Representante do ministério disse que agentes vêm discutindo temas como financiamento, tributação, regulação e descarbonização em busca de estabilidade para períodos de baixa demanda, independente de metas de conteúdo local.

O coordenador-geral de bens de capital do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Carlos Halfeld, disse, nesta quinta-feira (14), que vem sendo feito um trabalho de médio e longo prazo cujo foco é atingir a independência de uma eventual exigência de conteúdo local. Ele ressaltou que o objetivo final precisa ser o ganho de competitividade no atendimento dos produtos demandados. Halfeld apontou a necessidade de um trabalho conjunto para que a indústria tenha maior estabilidade e consiga superar momentos de menor demanda.

O MDIC considera que o setor naval obteve avanços, mas enfrentou momentos de forte retração. Um dos desafios para impedir uma nova desmobilização da indústria brasileira passa por ela suprir parte da demanda com exportações. “Temos que desenvolver uma indústria competitiva a nível internacional que consiga fornecer por seus próprios méritos, pelo interesse dos compradores em adquirir produtos com tecnologia e pegada de carbono adequadas”, afirmou Halfeld, durante o webinar ‘Energy Talks – Revitalização da Indústria Naval’, promovido pela agência EPBR.

Ele ponderou que todos os países buscam, de alguma forma, exigir algum conteúdo local para que indústrias instaladas em seus territórios evoluam de forma mais rápida. “Não descartamos alguma ação nesse sentido, mas entendo que seria importante [ganho de competitividade] como ponto inicial para que a indústria possa se levantar nesse momento em que está com dificuldade”, comentou.

Halfeld afirmou que o governo tem a preocupação de que o setor naval receba atenção diferenciada para aumentar o número de empregos gerados, assim como a atração de tecnologia e o desenvolvimento de engenharia. “Esperamos que, com sua revitalização, haja reflexos positivos, inclusive na navegação marítima (cabotagem) e reflexos em toda indústria que fornece equipamentos para construção e às cidades que abrigam os estaleiros”, projetou.

O MDIC vê a necessidade de atacar diversas vertentes para a indústria retomar as atividades e ter uma capacitação no longo prazo. Halfeld lembrou que o setor perdeu profissionais qualificados e disse que a formação de profissionais é um dos primeiros aspectos a ser considerado para uma expansão das atividades de construção naval no país.

Ele avalia que a indústria naval carece de uma projeção de trabalho interno e de possíveis exportações, para não sofrer tanto se houver outros períodos de retração. Segundo o coordenador, existem pontos que vêm sendo estudados que impactam o setor, como financiamento, tributação e regulação. O MDIC também observa a tendência de redução de emissão de carbono na construção e na operação das embarcações.

Halfeld observa uma preocupação maior em observar a economia circular abrangendo o ciclo de vida completo de embarcações, da concepção do projeto até o desmantelamento. Ele acrescentou que a futura construção de geradores eólicos offshore deverá mobilizar estaleiros brasileiros em algum momento, já que essa é uma tendência mundial e também porque o Brasil tem um grande potencial mapeado. “Estamos otimistas que, em conjunto com trabalhadores, setor produtivo, governo e usuários finais consigamos desenvolver bem e levar esse setor ao patamar que merece e que o Brasil precisa”, afirmou.

FONTE: Portos e Navios – Danilo Oliveira