O projeto Empoderando Mulheres tem buscado alternativas de emprego e renda para refugiadas em São Paulo. A iniciativa da Rede Brasil do Pacto Global e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) encerrou a segunda edição hoje (29) com o lançamento de um minidocumentário com os resultados dessa etapa.
Entre as ações promovidas estão oficinas para as estrangeiras participantes, acompanhamento para inserção no mercado de trabalho e geração de renda e interação com as empresas, que firmaram uma carta compromisso e cederam mentores voluntários para o projeto. Segundo a coordenadora do projeto, Vanessa Taratini, o contato com os possíveis empregadores é justamente a parte mais sensível do trabalho. “Engajar as empresas é sempre um desafio. Tem muito desconhecimento sobre quem é o refugiado”, enfatizou.
Um dos pontos de confusão costuma ser, de acordo com Vanessa, a falta de informações sobre a situação legal do refugiado. “Tem a ignorância em relação à lei, acham que não pode trabalhar, que o refugiado está ilegal”, afirmou. Refugiados são estrangeiros que tiveram de deixar o país de origem devido a riscos ou perseguições e foram acolhidos como residentes no Brasil.
A coordenadora acrescenta que a inserção de uma pessoa pode se multiplicar em outras oportunidades. “Uma vez que a gente quebra essa barreira [do desconhecimento], o fluxo vai abrir uma porta para um refugiado, para uma refugiada, e os outros conseguem se aproveitar disso”. O programa contou, nas duas etapas, com a participação de 50 mulheres e de representantes de 10 empresas. Conseguiram colocações 21 das atendidas.
Além de fazer a intermediação com empresas, o projeto também apoia empreendedoras, como a síria Salsabil Matouk. Farmacêutica de formação, ela chegou ao país há menos de três anos e agora vive da venda de comida árabe. “Antes não sabia como atrair os meus clientes. Mas agora eu tenho uma página”, conta sobre como a iniciativa a ajudou a se estabelecer no negócio, que funciona sob encomenda.
Depois que já estiver estabelecida no mercado, Salsabil pensa em expandir o empreendimento. “Eu quero abrir o meu restaurante, mas não agora, daqui a uns cinco anos. Quero conhecer mais”, diz.
Segundo o Acnur, existem em todo o mundo mais de 20 milhões de refugiados. No Brasil, foram acolhidas 9,5 mil pessoas nessa situação, de 82 nacionalidades.
Fonte: Agência Brasil