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Como saldo, em tempos de rede sociais, discutiu-se mais as aberrações proferidas, que de fato as ideias apresentadas, consolidando em memes o fiasco do debate que deveria ser tema dos próximos dias nos lares, nos bares e nos ambientes de trabalho.

Ricardo Flaitt*

O primeiro debate televisivo dos presidenciáveis, exceção a dois ou três que tentaram apresentar propostas, mas que ficaram espremidos pela quantidade insana de candidatos, expôs a desconexão de políticos com a realidade, com a história e materializou o vazio de projetos para a formação de uma nação. Na maior parte do tempo, foi um acinte.

Como saldo, em tempos de rede sociais, discutiu-se mais as aberrações proferidas, que de fato as ideias apresentadas, consolidando em memes o fiasco do debate que deveria ser tema dos próximos dias nos lares, nos bares e nos ambientes de trabalho.

Sob o contexto de um país em que somente 8% da população é considerada capaz de compreender e se expressar em letras e números (fato tenebroso, que reforça a condição de ignorância da massa pela ausência de políticas públicas para a Educação), o debate, em sua maior parte, constituiu-se como um rocambole conceitual a ser digerido pela grande massa que é o povo, com direito a momentos de delírios em nome do Senhor e teorias da conspiração sem lastro com a realidade.

A maioria da população não consegue explicar a profunda crise social e econômica por meio de verbetes sociológicos e outros recursos metafísicos para as suas realidades práticas, no entanto, compreende a crise no dia a dia, por meio do desemprego na família, na redução das compras no supermercado, no posto de gasolina, nas contas de água e energia elétrica, no achatamento de uma vida que sempre esteve longe de um patamar minimamente digno.

Não há como pensar o desenvolvimento de uma nação sem explanar projetos sobre questões básicas como educação, saúde, moradia, transporte, saneamento básico, dentre outros itens essenciais, que constituem a cidadania, termo ainda abstrato para o povo brasileiro.

Independente de o candidato ser um representante de um projeto neoliberal ou de ideias sociais-progressistas, um debate de presidenciáveis há que se expor e debater ideias para desenvolvimento de um país. É o futuro da nação que está em pauta. Esse pensamento remete-se ao óbvio, nem deveria ser motivo de um parágrafo, mas o óbvio precisa ser repetido ad nauseam quando a realidade começa perder espaço para a ficção.

É necessário rever os critérios de participação dos presidenciáveis nos debates televisivos. O povo, desesperançoso, cansado, moído pelo sistema, sofrendo diariamente com a insensatez e a desfaçatez política praticada há décadas, já não encontra mais espaço em suas vidas para assistir um desfile de verborragias e bizarrices. O povo merece, no mínimo, que sejam apresentados projetos.

Não se trata apenas de rever o número de participantes, mas também a forma como se conduz o debate.

Além das perguntas de candidato para candidato, deveria haver um bloco para que o condutor do debate perguntasse questões fundamentais, que deveriam ser comum a todos os participantes, tais como:

– Qual o seu projeto para a Educação? (considerando um país de analfabetos funcionais)

– Qual o seu projeto para geração de empregos? (com 15 milhões de desempregados).

– Qual seu projeto para a saúde pública? Qual seu projeto para moradia? (pois milhões moram nas ruas).

– Qual seu pensamento sobre as alterações nas leis trabalhistas?

– Qual seu pensamento sobre a Reforma da Previdência?

E assim sucessivamente, partindo de questões concretas, formando um panorama das posições de cada candidato. No entanto, o que se assistiu no debate foram o vazio e os delírios consumindo o tempo de gente que precisa acordar cedo para garantir o pão.

O Brasil precisa de projetos para avançar no sentido de uma nação digna para se viver, porque lidar com o delírio, o povo já enfrenta uma situação surreal todos os dias.

FONTE:DIAP (*) Jornalista, assessor do Sindicato Nacional dos Aposentados.