IMAGEM: PETROBRAS/DIVULGAÇÃO

Impactos inesperados ocorrem na indústria, no Brasil ou no exterior

A indústria naval cresceu 19,5% ao ano entre 2000 e 2013, segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Em 2014, havia recuperado posição de destaque, com encomendas da Petrobras. Os estaleiros locais participaram da construção de 19 plataformas de produção offshore, total ou parcialmente construídas no Brasil, e empregavam, diretamente, 82 mil trabalhadores. Os números foram apresentados pelo presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha, eu audiência na Câmara dos Deputados esta semana.

Em maio de 2022, após a Lava Jato, a derrubada do governo Dilma e a mudança na política da Petrobras, os estaleiros brasileiros empregavam apenas 21.447 trabalhadores. Há quem defenda a encomenda ou fretamento de plataformas e embarcações no exterior por serem “mais baratos”. Uma posição difícil de sustentar do ponto de vista econômico.

Às contas: foram perdidos 60 mil empregos diretos (noves fora os que poderiam ter sido criados) e 180 mil empregos indiretos. No total, 240 mil trabalhadores desempregados. Com um salário médio de R$ 5 mil/mês, isso representa retirar da economia brasileira R$ 16 bilhões por ano, mais R$ 3 bilhões em seguro-saúde e R$ 2 bilhões em vale-alimentação, somando portanto R$ 21 bilhões anuais. As perdas nas contribuições governamentais totalizam R$ 12 bilhões/ano. Somando tudo, R$ 33 bilhões/ano.

Na recente história de sucesso da indústria naval brasileira, além das plataformas, foram construídos 15 petroleiros de grande porte, 6 navios gaseiros, 5 petroleiros de produtos, 4 PLSV, 377 navios de apoio marítimo, 250 rebocadores, mais embarcações para navegação interior etc. A plataforma P-56 tem 73% de conteúdo local – foi quase totalmente construída no Brasil, com o casco feito na Nuclep e a montagem feita no BrasFELS (RJ).

E não venham com a história de atrasos ou má qualidade: impactos inesperados ocorrem na indústria no Brasil ou no exterior. A P-66, com boa parte construída aqui e integrada no Brasil, produziu o 1º óleo em maio de 2017. A P-67, integrada na China, enfrentou problemas construtivos e só foi produzir em fevereiro de 2019, depois da P-69, integrada no Brasil e que iniciou a produção em outubro de 2018.

FONTE: Marcos de Oliveira (Fatos & Comentários) – Monitor Mercantil