A Petrobras está perto de sacramentar a venda de sua fatia de 50% na PetroAfrica, segundo uma fonte. A operação está sendo feita em conjunto com o BTG Pactual e a Helios Investment Partners, que detém os 50% restantes da companhia e também estão se desfazendo do ativo.
Segundo uma fonte, a PetroÁfrica é avaliada em US$ 2,6 bilhões, dos quais a Petrobras receberia US$ 1,3 bilhão — referente a sua fatia de 50% no ativo. A outra metade cabe ao BTG Pactual e a Helios Investment Partners.
De acordo com a mesma fonte, a multinacional suíça Glencore e a holandesa Vitol competem pelo negócio.
A venda da PetroÁfrica representa, ainda, mais um passo no movimento de redução da participação internacional da Petrobras. Desde 2014, quando os desdobramentos da Lava-Jato e da queda do preço do barril do petróleo mergulharam a estatal numa crise financeira, a empresa interrompeu a trajetória de crescimento de seus negócios fora do país.
Nesse período, se desfez de uma série de ativos, como os de distribuição de combustíveis no Paraguai, Argentina e Chile. A empresa também quer se desfazer da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). A companhia já vendeu a Nansei Sekiyu (Japão) e Bahía Blanca (Argentina).
Programa de desinvestimentos
Ao se desfazer da empresa africana, a Petrobras marca novo avanço no seu programa de desinvestimentos. Se confirmada a operação, a estatal pode ultrapassar a marca de um quarto de sua meta, num momento em que a empresa enfrenta algumas dificuldades para cumprir o compromisso de atingir US$ 21 bilhões no biênio 2017-2018.
Com a negociação, a Petrobras pode atingir a marca de US$ 5,9 bilhões em ativos vendidos entre 2017 e 2018 — o equivalente a 28% da meta.
Na semana passada, a Petrobras anunciou a suspensão da venda de suas refinarias, da Transportadora Associada de Gás (TAG) e a Fábrica de Fertilizantes de Araucária (PR), depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski concedeu liminar proibindo a venda do controle de estatais e suas subsidiárias sem o aval do Congresso.
A expectativa é que, mesmo que a decisão de Lewandowski seja revista no plenário do tribunal, a Petrobras perca ao menos um mês nos trâmites dos negócios, já que o STF está em recesso.
Desde o ano passado, a estatal anunciou a venda do campo de Azulão, para a Eneva (por US$ 56,5 milhões); de 25% do campo de Roncador (US$ 2,667 bilhões), para a Equinor (ex-Statoil); dos ativos de distribuição de combustíveis do Paraguai (US$ 383 milhões); e abriu o capital da BR Distribuidora, o que lhe garantiu R$ 5 bilhões (US$ 1,5 bilhão na época da operação, em novembro do ano passado).
Para atingir a meta de desinvestimentos, a petrolífera precisa acelerar as negociações em curso, para alcanaçar US$ 15 bilhões. A TAG e os polos de refino das regiões Sul e Nordeste, suspensos, e a Braskem são os ativos com maior potencial de geração de receitas. O UBS estima que só a TAG poderia render entre US$ 8 bilhões e US$ 9 bilhões à petroleira brasileira.
A Petrobras possui, contudo, uma série de outros desinvestimentos em curso. Se por um lado sofreu um revés com a decisão do ministro Lewandowski, por outro avançou com algumas negociações.
Desde junho, iniciou a fase vinculante da venda do pacote de campos terrestres do Ceará, Rio Grande do Norte e Sergipe; deu início à fase não vinculante da venda de 50% do campo de Tartaruga Verde e do Módulo III do campo de Espadarte, em águas profundas na Bacia de Campos; e do desinvestimento do campo de Baúna, em águas rasas na Bacia de Santos.
A estatal também concluiu a venda de Roncador e dos ativos de distribuição do Paraguai e anunciou, na semana passada, a assinatura de uma carta de intenções com a chinesa CNPC para uma parceria na conclusão da refinaria do Comperj e na revitalização do campo de Marlim, na Bacia de Campos.
Nesse período, houve avanços na venda da petroquímica Braskem, com o anúncio de que a Odebrecht iniciou as tratativas para negociação de sua fatia de 38% na companhia para a holandesa LyondellBasell. A Petrobras divide o controle da petroquímica: detém pouco mais de 36%. A petroleira tem direito, estabelecido por acordo de acionistas, de preferência e “tag along”.
Outras negociações em andamento, em fase vinculante, são a refinaria de Pasadena (nos Estados Unidos); o pacote de campos de águas rasas do Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe; o conjunto de campos terrestres da Bahia e Rio Grande do Norte; os campos de Piranema e Piranema Sul (Sergipe); o campo de Maromba (Bacia de Campos); e o pacote de campos terrestres do Ceará, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Fonte: Valor